Friday, June 30, 2006
A ex-Spice Girl Victoria Adams, vulgo Posh, foi ao cabeleireiro fazer umas extensões, coisa que nem sei o que seja, capilarmente falando, pelas quais pagou mil euros, para estar apresentável na bancada do jogo de amanhã, Inglaterra contra Portugal. Espero que enfrentar a nossa Selecção também saia caro aos compatriotas dela, mas no campo.
Escrito Ao Vento
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Em dias de ameaças à assinatura a que nos habituámos, eis volume com profusão delas. Uma fotografia aparentemente simples, mas que tem que se lhe diga. Mais do que a firma que coexiste com outras, o local de exposição ao público, num "atril" improvisado na rocha, sublinhado pela pétrea marca que pisa a página certa, mediação e ponto intermédio entre a perenidade e solidez desta base e a volatilidade de um leitor eventual que se não divisa e não sabe se já não existe, ou alguma vez existiu. O título é «Identidade», a autoria de Simone Cianci. No precário da condição do papel se engana a ainda menos resistente condição do Humano, quer sob a forma do que legou, quer na do que acedesse.
O Misantropo Aliviado
O Ministro Freitas demitiu-se, coisa pela qual há muito este blogue vem pugnando. Alega razões de saúde e, porque ao Homem não me move ódio, desejo que consiga ultrapassar satisfatoriamente todos os problemas físicos que atravessa. Mas, como se sabe, sou muito crítico desta sua reencarnação governamental. Desde a própria escolha, que pareceu um tirocínio para a Presidência, abortada pelo Eng.º Sócrates ao ver o povo do PS em revolta declarada. Já sei, toda a gente tem direito a mudar. Mas num regime como o actual, essa mudança tem, no mínimo, de ser acompanhada de legitimidade eleitoral conquistada pelo próprio. E sempre me fez espécie que alguém que reconhece ter-se enganado, permaneça com tanta desfaçatez na vida pública, trocando de família e deixando-se nomear. Mas isso é lá com eles.
O que é comigo é a imagem que um ministro dos negócios estrangeiros dá do que resta do meu País. E branquear o terror de uns quantos fanáticos do islamismo, colocando o Ocidente no lugar que é o deles, não posso admitir. Como me entristece a patetice de não querer dar o braço a torcer na sova que apanhou em Otawa, onde foi tratado de forma a envergonhar qualquer Português, por culpa própria e da prosápia com que se fez anunciar. Ou ainda a esperteza saloia de garantir que a GNR não estava sob comando australiano em Timor, como se isso fosse uma vitória, quando o que estava na mesa era a capacidade de ela transitar e actuar com as suas armas em zona mais relevante do que o pequeno sector a que ficou confinada.
Por tanta asneira duvido que o próximo titular do cargo não faça um pouco melhor. Num momento de inspiração, o nosso Confrade Jansenista baptizou-o de «Professor Trocado». Hoje a alcunha atingiu a sua plenitude.
Em Busca da Identidade Perdida
O salta-pocinhas tecnológico que é o Governo socrático promete ditar-nos nova forma de assinar. Impedido está, constitucionalmente, de o fazer por meio de um número, pelo que me deixa ansioso a iminência de conhecer o que me reservam. Tratando-se de uma «assinatura electrónica qualificada» parece-me mais do que lícito fazer um requerimento para que passe a ser "Misantropo Enjaulado". Irão eles nisso?
A Aflição da Escolha
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Em vez de ficarem especados a pensar que cruzinha porão no EUROMILHÕES, toca a ajudar Lisa Dergan a encontrar o cacifo onde guardou a roupa. E não encham o saco - mesmo no sentido brasileiro da expressão -, que naquele só mora uma toalha. Vá, sejam úteis! Ajudem o Próximo, sobretudo quando é tal e tão próxima.
Contradição Insanável
Já disse das razões que me levam a opor-me frontalmente à integração da PJ na Administração Interna e das motivações que creio estarem por trás desse intento. Inspirava-me pois alguma simpatia, ao menos por uma vez, a posição do Ministro da Justiça Alberto Costa. Mas eis que, com a falta de jeito que o torna singular, S. Ex.ª vem dizer que defende a não-integração, mas que é favorável à criação de um «superministério» que tutele segurança e justiça. Ou seja, muito iria dar no mesmo. Se é certo que talvez não fosse tão gritante a assimilação dos procedimentos dos dois tipos de polícia, claro que a cobertura a amálgama de actos e a arbitragem dos conflitos operariam a partir da cadeira ministerial, cerceando as possibilidades que a autonomia resultante da separação de ministérios oferece. E, aqui para nós, será que o Ministro pensa poder vencer o seu colega e homónimo, o António, na corrida para superministro? Durante muito tempo acreditei que a colocação no governo deste inábil político se devesse à sua vocação suicidária, que permitiria uma maior rotação ministerial do pessoal partidário. Agora, com a concentração de pastas, nem isso!
O Terno Retorno
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Recebi, da mão amiga do DFF, esta imagem sobre as idades líquidas do Homem. Quatro. E sobressaem a necessidade de cuidados que está presente no começo, como no fim, as xaropadas que nos impingem na adolescência e o sabor da vida com perigos inerentes da idade viril. Não há dúvida de que a água é a condição sine qua non da vida. Sem ela não seria possível qualquer destes produtos essenciais à existência humana. Digamos que ela é a rainha da manifestação transversal.
Recebi, da mão amiga do DFF, esta imagem sobre as idades líquidas do Homem. Quatro. E sobressaem a necessidade de cuidados que está presente no começo, como no fim, as xaropadas que nos impingem na adolescência e o sabor da vida com perigos inerentes da idade viril. Não há dúvida de que a água é a condição sine qua non da vida. Sem ela não seria possível qualquer destes produtos essenciais à existência humana. Digamos que ela é a rainha da manifestação transversal.
A Sabedoria do Supremo
O Supremo Tribunal dos Estados Unidos produziu uma decisão, com o seu mais veterano Juiz, um liberal, no sentido de esquerdista, a dar a cara, que contenta toda a gente e dificilmente alterará qualquer coisa. A única relevância do acordão está em a Administração ter excedido os seus poderes, ao criar as comissões militares que decidem sobre os suspeitos de terrorismo, a que, pomposamente, chama tribunais. Não o são, verdadeiramente. Nem substancial, nem formalmente, têm as garantias de defesa dos tribunais comuns, ou a vaga protecção da publicidade, no caso dos constituídos para julgar crimes de Alta Traição. Paradoxalmente, este aresto pode beneficiar o Presidente. Ao pedir ao Congresso - o qual, esse sim, tem autoridade para tanto - que aprove a criação destas entidades julgadoras, pode, de novo, dividir os Democratas e avocar a condução da luta anti-terrorista, já que o Povo Americano não está grandemente interessado em regularidades processuais, mas em inflicção de castigo expedita. Quanto à segunda parte da deliberação, devo dizer que simpatizo plenamente com a posição de Bush. Trata-se da (des)conformidade com tratamento dos prisioneiros de guerra previstos nos textos da Convenção de Genebra. Os governantes americanos, ao contrário do que pretende o Senador Specter, presidente do Comitê Judiciário, querem excluir de um qualquer estatuto de combatente priviligiado, ou aproximação, os irregulares da Al Qaeda e similares. Não posso estar mais de acordo, porquanto sempre defendi uma diferenciação abissal entre o tratamento de militares devidamente creditados, comandados, uniformizados e organizados, do que venha a ser dado a guerrilheiros, seja de que causa forem. Aliás era este o propósito inicial da assinatura do Acordo internacional em questão.
Thursday, June 29, 2006
A Esmola
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Mais do que dos nus que se impõem e das cadeiras que obrigam a passar pela Ausência, gosto desta fotografia de Eva Rubinstein. As mãos em concha parecem implorar uma dádiva que se deseja conservar, uma recordação, quem sabe? E o fragmento que ainda se vê, já de si uma cristalização da memória porque reprodução de um rosto, persistindo desacompanhado do resto, sugere-me todas as lembranças que se escaparam por entre os dedos, deixando esse solitário pedaço a que a reconstituição espiritual se pudesse agarrar. A dor do que já não se consegue alcançar, compensada e intensificada, em simultâneo, por um caco que também não é pouco ilustrativo da percepção de insuficiência da mente que queria ir além.
A Mística de Uma União
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Rubens faria hoje anos. Altura pois para lhe publicar «A União entre a Terra e as Águas». Nas cosmogonias construídas arcaicamente, a partir das sementes elementares, de uma carnal fusão da terra e da água resultaria o Reino Vegetal, o que ainda hoje é descritivo, se abstrairmos da personificação dos dois componentes do Par. Mas era affaire com autónomia, entre duas entidades supra-humanas. O Fogo que, esse sim, era património de todos os Deuses seria o elemento que, acrescido, entraria na composição da animalidade. No seu surgimento, na sua essência, pois quando roubado por uma das espécies para a banalização da instrumentalidade em proveito próprio, na vã e invejosa ilusão de se elevar ao nível de Quem os detinha, só correntes se obteriam, em único proveito de aves devoradoramente justiceiras. Quem melhor que o Grande Pintor seiscentista para nos dar uma imagem largamente corporizada do Mistério da Vida?
O Efeito Pretendido
Não devemos deixar-nos enganar pela actuação do Hamas no caso do soldado israelita raptado. Era a única saída que tinha, entalado que estava na questão do reconhecimento de Israel. Assim se percebe que Khaled Meshal, o leader exilado do Partido, negando um evidente envolvimento, tenha, concomitantemente, louvado a acção. Com as represálias conta ganhar uma de duas coisas, senão ambas: obter de novo a maioria das vontades palestinianas para a intransigência do não-reconhecimento do Estado Hebraico e livrar-se do Primeiro Ministro Haniyeh e da sua equipa, que teriam celebrado um compromisso com o Presidente Abbas, no sentido contrário ao pretendido. Israel já fez saber que poderá eliminar o próprio P-M palestino, se o seu militar for morto. Não dou um tostão furado pela vida do Jovem Israelita.
Dúvida Inocente
Num louvável esforço de harmonizar o seu projecto com as aspirações presidenciais, o PS vai modificar as sanções previstas na célebre Lei da Paridade. Assim, os partidos que não cumpram os ditames da inclusão de Mulheres nos termos previstos, verão cortadas as subvenções estatais para as campanhas respectivas. Pergunto sem malícia: mas então, dar dinheiro a ganhar a terceiros, em troca de Mulheres não é o que se fai fazendo em muitas esquinas do País? Não terão os autores da alteração pensado que, desta forma, podem ofender todos os envolvidos?
A Expiação Mediática
Deus é Testemunha - e Vós, Leitores, também o podereis ser, um tanto - de como eu sou muito crítico de algum do jornalismo que se pratica por cá. Mas ainda o sou mais dos dirigentes desportivos ou dos políticos que se insurgem contra a imprensa, após derrotas que não souberam evitar. A escola pintodacostasoarescarrilhiana vive agora, neste Nosso Portugal, os seus dias de maior glória, quando chega até nós a indignação do aprisionado matador das Três Miúdas de Santa Comba. Não podendo dizer que as matou por causa dos jornalistas, culpa-os, entretanto, da admissão de que tivesse morto mais alguma, com um despudorado «só matei três vezes» e não hesita em criticar os Media, dizendo que «tem lido muita aldrabice», dando-lhes lições de moral, ao achar que «se está a escrever demais». Não há dúvida de que o homem tem um certo sentido do valor persuasivo da retórica, ao mitigar os seus crimes com um fortíssimo «só», ampliando alguma falha das coberturas com um substantivo pejorativo reforçado pelo aumentativo que precede. E a conclusão é deliciosa, por se permitir apontar comportamentos a adoptar.
Claro que tudo isto é coerente com a única estratégia que lhe convém. Não falando já de alguma motivação inconsciente do crime, como via para a celebridade, fazer-se de vítima é o único meio que verá como capaz de lhe trazer alguma simpatia. Não tendo sido maltratado por quem o prendeu, resta-lhe vender a imagem de estar a ser denegrido por quem o noticia. Mas para ambas as coisas necessita dos jornalistas. Um blackout atirá-lo-ia para o esquecimento. Resta-lhe zurzir a classe dos que o mantêm no mundo, confiando no masoquismo de uns e na concorrência entre todos.
Este caso prova que a nossa Sociedade não produziu um, mas dois monstros - o assassino e os veículos pelos quais se lhe tenta dar um rosto humano. Mas gostava de ler o Américo de Sousa, sobre o estratagema do sevo declarante.
Wednesday, June 28, 2006
Memória Colectiva?
Talvez, quanto ao objecto. Mas no que toca ao sujeito, basta uma dose individual dela. Notícia de última hora revela um árbitro argentino como o indigitado para apitar o Portugal-Inglaterra do Mundial. Espero que ele tenha presente o desfecho da Guerra das Malvinas.
Thalassa! Thalassa!
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No «Peixinho em Aquário», de Herbert List, quanta semelhança com as lutas interiores do Homem! A extensão imensa mesmo ao lado, que passa por Liberdade, apenas porque é o contrário da ausência de risco previsível que confina e faz mirrar a ideia de si... Contemplando a vastidão que permite a consecução de destinos tidos por heróicos, senti-la ali tão perto, como ver-se incapaz de transpor a frágil redoma que permite ver para além dos círculos em que se nada, mas não escapar à atrofia deles resultante. Venham cá generalizar a validade da expressão «sentir-se como um peixe na água»! Há águas e Águas. Quase tantas como as ideias que fazemos delas.
Anjo ou Demónio?
Se houve um vulto intelectual francês de relevo que se pode chamar um Nacional-Socialista, ele é Alexis Carrel, nascido num 28 de Junho. Há vozes conhecedoras que sugerem Céline, mas, quanto a mim, deixam-se enganar pelo anti-semitismo dele, como o próprio também o terá sido, já que os escritos respectivos o tornam incompatível com partidos. Não assim outro médico, de muito maior dimensão, porque investigador, esse Carrel que aderiu ao PPF de Jacques Doriot. É um caso estranhíssimo: um Homem contemplado com o Prémio Nobel da Medicina e admirado
por razões com que todos concordarão, como a introdução do método de Dakin-Carrel, que salvou tantos feridos de guerra, antes da generalização do uso dos antibióticos. Como precursor foi dos transplantes cardíacos, ao prolongar a vida útil dos orgãos, de parceria com Lindberg, graças a um aparelhómetro por este concretizado. Mas o mesmo homem que diminuiu o sofrimento de tanta gente era o mesmo que defendia a eliminação dos «membros inferiores das sociedades», num eugenismo à outrance. Como estranha e repulsiva nos surge a sua admiração por todos os altos índices de inteligência, criminosos incluídos, a quem reservaria um papel na condução dos negócios públicos. Também na Religião a sua atitude foi dúbia. Se descobriu o valor da Oração na véspera de ser perseguido por colaboracionismo, do que a morte o terá, atempadamente, livrado, caiu mal em toda a Igreja Francesa a sua insistência em desvalorizar os métodos de análise usados por colegas seus a propósito do Fenómeno de Lourdes, considerando os seus os únicos fiáveis. Se não se pode concordar com o ridículo apagamento do nome do grande cientista das ruas francesas, surge sempre o incómodo de equacionar a vida de um homem que não se importava de matar inocentes, em clara colisão com o juramento profissional a que se vinculara. Não esqueço que «O Homem, Esse Desconhecido» me revelou, na adolescência, muito sobre a Espécie. Porém, olhando-lhe a vida fica-me, tal como da leitura dessa obra, um travo muito amargo.
por razões com que todos concordarão, como a introdução do método de Dakin-Carrel, que salvou tantos feridos de guerra, antes da generalização do uso dos antibióticos. Como precursor foi dos transplantes cardíacos, ao prolongar a vida útil dos orgãos, de parceria com Lindberg, graças a um aparelhómetro por este concretizado. Mas o mesmo homem que diminuiu o sofrimento de tanta gente era o mesmo que defendia a eliminação dos «membros inferiores das sociedades», num eugenismo à outrance. Como estranha e repulsiva nos surge a sua admiração por todos os altos índices de inteligência, criminosos incluídos, a quem reservaria um papel na condução dos negócios públicos. Também na Religião a sua atitude foi dúbia. Se descobriu o valor da Oração na véspera de ser perseguido por colaboracionismo, do que a morte o terá, atempadamente, livrado, caiu mal em toda a Igreja Francesa a sua insistência em desvalorizar os métodos de análise usados por colegas seus a propósito do Fenómeno de Lourdes, considerando os seus os únicos fiáveis. Se não se pode concordar com o ridículo apagamento do nome do grande cientista das ruas francesas, surge sempre o incómodo de equacionar a vida de um homem que não se importava de matar inocentes, em clara colisão com o juramento profissional a que se vinculara. Não esqueço que «O Homem, Esse Desconhecido» me revelou, na adolescência, muito sobre a Espécie. Porém, olhando-lhe a vida fica-me, tal como da leitura dessa obra, um travo muito amargo.
O Sinal do Crime
O Tribunal da Relação de Lisboa deu razão ao recurso apresentado pelo Ministério Público de uma decisão da 1ª instância que absolvera uma Mulher de 30 anos apanhada com 20.000 comprimidos de ecstasy, ao aceitar a versão dela de que os tinha trazido da Holanda, onde teria ido procurar emprego, a pedido de um ex-namorado, que lhe dissera serem «três presentes para alguém que entraria em contacto consigo». E mais, que voltara, por temer ser levada para a prostituição. Consideraram os Venerandos desembargadores que nem era crível que ela sentisse tal temor, dada a relação afectiva com o mencionado indivíduo, nem a história encaixava, por a busca laboral da trabalhadora cidadã apenas ter durado três dias, pelo que mandaram repetir o julgamento, considerando ter havido erro notório na apreciação da prova. Não se pode concordar mais com a doutíssima decisão do Tribunal Superior. Até porque, mesmo para os mais cépticos quanto à ideia de o afecto inviabilizar o receio de vir a ser a Arguida a traficada, deve-se notar que, então, se o supunha capaz de lenocínio, não se percebe como não o acreditaria também capaz de tráfico de droga...
A justificação cheirava a esturro por todos os lados. Fica avisado algum vigarista que me leia de que os Meritíssimos Juízes da Boa Hora que julgaram o processo são as pessoas ideais para lhe comprar a Ponte sobre o Tejo.
Uma História de Amor
A injustiça do predomínio da política faz esquecer-nos de recordar que os Baleados Seres de Sarajevo não eram meros instrumentos das relações internacionais, mas seres humanos de carne e osso e que viveram uma romântica história pessoal. Sobrinho do Imperador Francisco José, o Arquiduque Francisco Fernando só ascenderia a herdeiro do trono após a tragédia de Meyerling, em que o seu primo Rodolfo, provavelmente, se suicidou. E era um Homem que, temível para muita gente por militarão, tinha qualidades inegáveis, sendo popularíssimo no Exército e havendo incrementado a construção de uma marinha, num tempo em que o seu País tinha mar.
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A sua história pessoal é cativante, resistindo a todas as pressões para não casar com a Mulher que amava, de ilustríssima família, mas não da Realeza, o que contrariava as regras dos Habsburgos para a escolha conjugal do Sucessor das Coroas. Estabeleceu pois um acordo, traduzido num casamento morganático, sabendo de antemão que os filhos lhe não poderiam herdar o Cargo nem a Esposa assumir o título de Imperatriz. A coragem e o apego aos seus que o moveram no campo particular seriam igualmente a causa da sua morte. Tinha sobrevivido a um atentado à bomba, horas antes, a caminho da cerimónia em que ia participar. Sabendo que dois elementos da comitiva tinham ficado gravemente feridos, insistiu, contra todos os conselhos, em ir visitá-los. Por uma falha de comunicação, o cortejo enveredou por uma artéria arriscada, onde se encontrava um dos fracassados assassinos da primeira tentativa, o qual, desta vez, à bala, não falhou. As últimas palavras deste Homem de Valor, já atingido, foram: «Sophie, fica viva, pelos nossos Filhos!». Morreram ambos. Em breve o significado da Sua Família e da Sua Pátria lhes seguiria o exemplo.
O Fim de um Mundo
A 28 de Junho de 1914 as balas assassinas de uma Mão Negra sérvia - já que outra, bem perto de nós, "tivemos" -, patrocinadas pelo fanatismo de um chefe dos serviços secretos deste País à revelia do seu próprio governo, matavam o Herdeiro do Imperio Austro-Húngaro, regime benévolo que tinha conseguido manter a paz sobre uma paleta enorme de povos, durante décadas. Mas o pior de tudo estava para vir. O jogo das alianças e a irredutibilidade de posições no cenário imediatamente posterior ao atentado viriam a desencadear um conflito europeu diferente de todos os outros, por substituir à guerra dos Reis a guerra dos ódios. Arrastando-se por essa novidade que era a idade da massificação e da trincheira, ambas minorações do homem, condenado a diluir-se ou enterrar-se, viria a terminar com o fim de quatro Impérios e o surgimento de repúblicas num Continente que, antes, só conhecia as da França, da Suíça, de São Marino e (oh vergonha!) de Portugal.
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Toda uma geração de combatentes ficou marcada por essa forma de lutar em que a morte sobressaía face à glória, sendo que, nas nações que perderam ou ganharam mal - como a Itália -, se avolumou entre os sacrificados sobreviventes o sentimento de camaradagem com os que lutaram e da frustração do seu esforço, com inerente culpabilização dos governantes. A insensatez dos vencedores lançou gasolina no fogo, criando fronteiras abstrusas e estados artificiais que toda a gente via potencialmente criadores de novo e ainda mais mortífero embate, como veio a acontecer e cuja sombra ainda hoje nos marca.
E para quê? A Sérvia voltou às suas dimensões primitivas e, bem ao contrário do que pretendia o despoletador do atentado, luta para não se apequenar ainda mais, com a perda do Kosovo. Aquelas malditas balas fizeram mal imenso e a ninguém aproveitaram.
Salvo aos inimigos da Europa, mas esses são os meus adversários.
Tuesday, June 27, 2006
A Teia da Incerteza
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Ambiguidade e estranheza entre todas, as desta aranha fotografada por Alessandro Butteri. Não evoca uma figura humana, com os membros em aspa, a forma da Cruz de Santo André, ou a posição em que eram esquartejados os regicidas franceses? Mas não será culpa do nosso ensimesmamento, a procura e achamento de antropomorfismos em toda e qualquer outra manifestação da natureza? Obcecados com a nossa imagem, caímos amiudadamente na esparrela de vermos traços humanos em qualquer parcela do Mundo. Quando, se conseguisse falar, talvez a aranha dissesse: «pois, eu envergonho-me disso... mas não tenho culpa!»
Os Inimigos da Escolha
Por muito que faça parte das palavras de ordem o "direito à escolha", sempre se procurou uma forma de desresponsabilizar dela, em sede de orientação sexual. Era difícil culpar a herança genética, pois imãos havia com preferências totalmente opostas, sem que se pudesse questionar, com credibilidade, a paternidade idêntica de ambos. Mas esses problemas acabaram, ao menos para os desculpadores militantes da homossexualidade masculina. Segundo o «GUARDIAN», o psicólogo Bogaert veio estabelecer uma "lei" segundo a qual os homens com irmãos mais velhos têm uma predisoposição para a homossexualidade e tanto maior quanto mais fraternais antecedentes possuírem. E quer procurar razões na secreção de anti-corpos pela mãe, após uma primeira maternidade de um rapaz. Claro que isto estabeleceria uma grande desiguladade, injustiça da natureza de que se poderiam queixar os primogénitos homo. E estabeleceria um ónus absurdo e confrangedor de desconfiança, recaindo sobre cada último rebento macho hetero. Mas o pior é que se trata de um mero devaneio estatístico que navega pelas águas insusceptíveis de prova da psicologia, procurando enfeitar-se com penas biológicas que não apresentam qualquer conexão segura. É apenas mais uma arremetida contra o livre arbítrio. No passado houve muitas noutros âmbitos. Por que não, também, em matéria de sexualidade?
Um Modo de Vida
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E já não um ideal político, como se vê. Imagino que os mais preocupados com as questões de desigualdade de tratamento estejam a preparar uma subscrição on line a favor Desta Notória Vítima da Discriminação do regime...
E já não um ideal político, como se vê. Imagino que os mais preocupados com as questões de desigualdade de tratamento estejam a preparar uma subscrição on line a favor Desta Notória Vítima da Discriminação do regime...
Vento de Leste
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Para dar resposta à dúvida existencial que forma a Identidade da página deste nosso Colega, um Ente vindo da Polónia, que pede manipulação e ardor de descoberta similares aos do cubo homónimo: Anja Rubik.
Identidade e Carácter
Lendo a súmula de uma conferência realizada por António Costa Pinto que o «DN» hoje dá, deparo com a exultante conclusão de que os nossos se identificavam paritariamente, no sentido sério, não no socrático, em 2004, como «cidadãos portugueses» e «cidadãos europeus», a um tempo. E mais, que, ao contrário de muitos recém-chegados à Europa integrada, não houve em Portugal grande sucesso do eurocepticismo, tudo isto num País sem grandes problemas de indefinição da nacionalidade. Penso que foi descurada uma linha de análise. Refiro-me à que faça entrar na equação o carácter luso. Se, tradicionalmente, não temos dificuldades em dizer quem somos, costumamos sentir imensas em prezar o que somos. Daí a atávica subserviência perante o estrangeiro, seja no tratamento popular ao turista, melhor do que o tributado aos compatriotas, seja no seguidismo governamental dos modelos de fora, sempre preferidos aos da nossa História. Este "desprezo de si" encontra concretizações no maravilhamento dos emigrantes perante os países que lhes pagaram, como na elevação da continentalidade ao nível identitário da nacionalidade, até pela esperança do mendigo, de que, dizendo-se da família, a esmola seja maior, quem sabe se com um pratinho de sopa à mesa dos primos.
Mas se os turcos entrassem, tudo isso mudaria, porque quem estaria no papel de abrir a porta seríamos, também, nós. E isso já não atrai, pelo que se redescobriria a predominância da lusitaneidade, mais intensamente do que seguindo as exortações de Scolari. Vai uma apostinha?
Mas se os turcos entrassem, tudo isso mudaria, porque quem estaria no papel de abrir a porta seríamos, também, nós. E isso já não atrai, pelo que se redescobriria a predominância da lusitaneidade, mais intensamente do que seguindo as exortações de Scolari. Vai uma apostinha?
Para Quê?
O caso não é tão grave, em termos de falha, como o que se passou no Reino Unido, com a colocação em escolas, como auxiliares, de condenados por pedofilia, já que, ao contrário desses, o curriculum do serial killer de Santa Comba não continha um registo criminal anterior. Mas há outra perspectiva que deve ser abordada, a propósito - a das avaliações psicológicas. Sabendo-se que o ex-cabo da GNR foi um dos escolhidos que integraram as equipas de protecção «Escola Segura», com o objectivo de proteger adolescentes, alguns da idade das que matou, impõe-se saber se foi ou não aquilatada tecnicamente a sua aptidão para o desempenho. Se não, então para que servem estes meios? Se sim, estamos perante uma completa ineficácia e falência deles, a raiar a fraude.
A Luz ao Fundo do Túnel
É o que se divisa, finalmente, um pouco, para Timor Leste. Não, não falo, aqui, das demissões no executivo, isso já foi abordado no Calma Penada de ontem. O que acontece é que surge agora a esperança de que os serviços de informação australianos abrandem o seu labor de tentar influir sobre o Presidente Xanana, ocupadíssimos que andarão nos próximos tempos em descobrir o paradeiro do árbitro do Itália-Austrália, com o objectivo de o sovar em devida forma.
Monday, June 26, 2006
A Correria e os Sentidos
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É preconceito ou experiência, associar a Vida ao Movimento? Para mais quando a figura que se desloca sugere juventude e alegria, três entradas assim dispostas não lembrarão cavidades, à escolha, que captem a agitação revigorante? Olhos, ouvidos, iluminados, nas laterais? Nariz, boca, ao centro? Tudo entradas para contrariar o abatimento que é a morte antes da altura dela, numa fotografia de Elio Gianfranceshi que revela olho: «Vivere».
Sabor Moderado
Fui ver o filme «A Lula e a Baleia». Fita feita com sensibilidade, porém os seus maiores trunfos são, igualmente, os seus limites. É o mal de apelar à observação, mais do que à adesão do espectador, em tratando-se de abordar a desagregação de um casamento. A menos que se encontre na biografia do espectador alguma similitude de factos com as vicissitudes narradas, dificilmente se conseguirá o grau de comoção e entusiasmo que um tal tema, com outro tratamento, propiciaria, como em «Kramer Contra Kramer, apesar de ostensivamente lacrimoso. Mas o maior handicap contra o qual luta este empreendimento cinematográfico é estar inquinado pela demonstração da tese de que, no seio familiar, uma preferência filial por um dos progenitores é consequência da cumplicidade contrária que se perdeu. Uma direcção demasiado inteligente, sem as personagens de que se gosta com facilidade, ou as qualidades a embotarem o salto em frente.
Maldita Cocaína!
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No Dia Internacional da Luta Contra a Droga quero levantar a minha voz face às injustiças generalizadoras e afirmar peremptoriamente que nem tudo o que vem da Colômbia entra na noção do alvo desse bom combate. Veja-se Sofia Vergara. Como me não hei-de vergar diante deste Saber, a significação do seu nome próprio? E por favor, o pó esbranquiçado da foto é areia, só areia!
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Por outro lado, leio que era uma pilhéria popular em 1920, em Paris, garantir que, daí a X tempo, Léo Poldès daria mais um jantar temático no Faubourg, mas subordinado ao mote «Pode uma Mulher amar um Orangotango?». Se fosse com um gorila, a mesma Piquena dava aqui a resposta, com esta macacada. Mas quem pode o mais pode o menos...
Ignorar os Presságios
Porque não teve desenlace fatal, pode-se fazer uma pequena brincadeira com a queda de mais de dez metros de um Compatriota nosso que celebrava a vitória de Portugal sobre a Holanda, escalando o suporte da estátua da Rotunda: quem manda exprimir contentamento abraçado a uma coluna onde era projectada a bandeira republicana e que serve para manter de pé o nefastíssimo Pombal? Nem falo no leão, que o momento desportivo é de unidade. Mas o péssimo agoiro abundava. É no que dá desafiar a sorte...
Stevenson à Moda da Beira
O sórdido caso do cabo reformado da GNR que era dado como um modelo social de Santa Comba Dão e se revelou, afinal, um serial killer frio e eficaz pode revestir-se de uma espécie de coabitação de Dr. Jekyll e Mr. Hyde ou, em alternativa de uma mera competência de escolha e encenação de disfarce. Quer dizer, ou actuaria por uma hegemonizante alteração periódica de personalidade que o impelisse à prática das acções contrárias às de que a comunidade o julgava capaz, ou, pura e simplesmente algum ressentimento acumulado contra as vítimas que conhecia havia muito, contra as famílias destas, ou ainda morbidez libidinosa, o terão guiado. Em qualquer dos casos, parece mais do que provável que a continuação criminosa viesse sendo encorajada pela única excepcionalidade de que muitas frustrações se revelam susceptíveis - a de transgredir sem ser apanhado. A descoberta e captura infirmam o sentimento, no que toca ao próprio, mas a difusão da sua notícia pode induzir outros a pensar que "eles é que são os eleitos", aptos a este tipo de sucesso. Também por isso, só a condenação à morte, com publicidade igual poderia colocar um peso comparável nos pratos da balança do que hesita entre dar ou não o passo para o crime.
Paraísos Superficiais
A celebração do Dia Internacional de Luta contra a Droga merece a misantrópica simpatia. Muitos são os caminhos para interessar por essa alteração de vivência e quase tantas as vias para lá chegar, que não escalpelizarei aqui. Falarei somente dos instintos e desejos que conduzem ao que não hesito em classificar sempre como um mal. Autores que leio, como Huxley, ou que amo, como Ernst Jünger encaminharam-se para experiências com substâncias propícias a levarem-nos a estádios psíquicos diferenciados dos naturalmente atingíveis. Mas, no primeiro, tratava-se de buscar um redimensionamento psíquico que lhe permitisse superar uma incapacidade interior de associar imagens às palavras, para além do trivial, numa senda de aproximar-se dos mundos de outra forma para ele pouco acessíveis de vários poetas, místicos e artistas plásticos que admirava, com Blake à cabeça. Quanto ao Escritor Alemão, as motivações incidiam num prolongamento da condição de viajante, almejando o conhecimento de países de relativo exotismo e o estabelecimento dos paralelos e confrontos culturais. Devo dizer que nenhuma das duas justificações me comove por aí além. Alargar os limites espirituais com substâncias químicas diferentes em quantidade ou qualidade das que, sem estímulo, segregamos parece-me tão condenável como bater um record do Mundo de Atletismo ou Natação estando dopado, pelo elemento de falsidade com que, mesmo confessando, se engana o leitor. E julgo que ainda há muitos cantos para descobrir no Planeta não-alienado, pelo que a ministração desses combustíveis espirituais que não dispensam o veículo corporal me aparece como contrária ao «Conhece-te a Ti Mesmo» do Oráculo de Delfos, até na intenção original de desvendamento dos limites próprios, que são o que, por este meio, se visa não re-conhecer.
Fora desta aristocracia que tenta legitimar a droga, ainda é pior. A esmagadora maioria dos fracos que snifam ou metem para a veia não visa agigantar-se interiormente, apenas escapar a um mundo externo cujo peso não aguenta, ou tentar ganhar mais atenção do que aquela que lhes foi, até aí, prodigalizada. Com a agravante de não conseguir escapar às malhas de rede tão eficaz, contrariamente ao que fizeram raros intelectuais.
No «DN» de hoje Rute Araújo dá-nos uma noção das tendências da estação, nesta triste matéria. Parece que o dernier cri é o consumo de cogumelos alucinogénicos, o que, como todos os fenómenos de moda, é um retorno que vem substituir o que se usou na véspera. Como comprova este livro de René de Soller, o qual demonstra, outrossim, como esta macrobiótica da droga e o acesso a ela são o contrário da experiência iniciática que era tradicionalmente praticada pelos nativos do México, em íntima conexão religiosa, que não por fúria consumista que brande, por vezes, o estandarte do anti-consumismo.
Uma última nota: como quase sempre, penso que que a criminosa conduta que é o fornecimento dos produtos que destroem tantos de nós só pode ser combatido com a repressão feroz dos traficantes, sendo o meio de a alcançar o estabelecimento de penas elevadas de trabalhos forçados. É que para quem oferece a evasão do Real à custa do adormecimento, para obter uma vida descansada e ociosa, nada é tão aterrador como perspectiva da imposição sem retribuições de uma realidade ocupada e dura.
Fora desta aristocracia que tenta legitimar a droga, ainda é pior. A esmagadora maioria dos fracos que snifam ou metem para a veia não visa agigantar-se interiormente, apenas escapar a um mundo externo cujo peso não aguenta, ou tentar ganhar mais atenção do que aquela que lhes foi, até aí, prodigalizada. Com a agravante de não conseguir escapar às malhas de rede tão eficaz, contrariamente ao que fizeram raros intelectuais.
No «DN» de hoje Rute Araújo dá-nos uma noção das tendências da estação, nesta triste matéria. Parece que o dernier cri é o consumo de cogumelos alucinogénicos, o que, como todos os fenómenos de moda, é um retorno que vem substituir o que se usou na véspera. Como comprova este livro de René de Soller, o qual demonstra, outrossim, como esta macrobiótica da droga e o acesso a ela são o contrário da experiência iniciática que era tradicionalmente praticada pelos nativos do México, em íntima conexão religiosa, que não por fúria consumista que brande, por vezes, o estandarte do anti-consumismo.
Uma última nota: como quase sempre, penso que que a criminosa conduta que é o fornecimento dos produtos que destroem tantos de nós só pode ser combatido com a repressão feroz dos traficantes, sendo o meio de a alcançar o estabelecimento de penas elevadas de trabalhos forçados. É que para quem oferece a evasão do Real à custa do adormecimento, para obter uma vida descansada e ociosa, nada é tão aterrador como perspectiva da imposição sem retribuições de uma realidade ocupada e dura.
Sunday, June 25, 2006
A Criatura de Franken-Stadium
Chama-se Ivanov e nasceu na Rússia. Por que razão me terá parecido apropriado publicar esta pintura de Hendrick Staetens, «Barco Holandês Colidindo Contra um Rochedo»? Não será de pedra a nossa defesa, já que deu casa bastante para qualquer outro que não fosse o rapazinho Kuyt. Se tem alinhado de início o Van Nistelrooy, não sei, não. Claro que é fácil de dizer, agora, mas julgo que qualquer um que tenha visto jogar ambos compreenderá o que pretendo significar.
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Mas houve dureza, sim senhor e até uma trave amiga, duro mais duro não há. Daí a rocha e o naufrágio dos súbditos da Rainha Beatriz. Têm bons médios, mas péssimos defesas e estão ainda um pouco verdes. E do avançado em cunha já falei. Nós? Meira ao seu nível, isto é mal. Ronaldo com azar, mas parecendo que tem a cabeça na Merche. Costinha sem cabeça e com mãozinha do finado no lugar dela. Pauleta um pouco apático, mas acordando para dar um golo redentor e quase marcar outro. E os outros, muito bem, salvo o Valente que se deixou papar várias vezes pelo extremo direito holandês. Maniche, Figo, Simão e Deco óptimos. Mas Miguel sobre todos. Venha a Velha Aliada e que, por uma vez, sejamos nós a dar a facadinha nesse entendimento historicamente tão desigual.
Abraço-Vos Todos.
A Imagem do Herói
Festeja-se o centésimo sexto aniversário do nascimento do Almirante Lord Louis Mountbatten, Conde da Bimânia. Um símbolo da própria grandeza britânica, mesmo quando o poder já não é o que era, bem como da tragédia que o terrorismo sempre será, ao conseguir o que os conflitos abertos falham. De uma Ilustríssima Família, que, à semelhança do Ramo da Realeza, não hesitou em trocar o nome germânico de origem, na I Guerra Mundial, por puro patriotismo, viria a distinguir-se invulgarmente na Segunda
e a ser o último Vice-rei das Índias. Não conseguindo fazer do Império que deixava um só País, alcançou, no entanto, o que parecia igualmente difícil, considerando o potencial de desagregação de Índia e Paquistão: fazer-lhe sobreviver um dueto de Estados com maior coesão do que a prevista. Vendo os laços reforçados com a Realeza, pelo matrimónio do Duque de Edimburgo com a Rainha, detinha uma posição única na Corte, como comprova a destacada presença de Lady Edwina, Sua Mulher, nas grandes cerimónias do Reinado. E não esqueço o equilíbrio e naturalidade com que nas suas televisionadas memórias me fez, na adolescência, começar a conhecer o Mundo em que vivo. Apetece dizer que se não fosse já monárquico e anglófilo, ao seguir Aquele Testemunho, me teria tornado ambas as coisas.
e a ser o último Vice-rei das Índias. Não conseguindo fazer do Império que deixava um só País, alcançou, no entanto, o que parecia igualmente difícil, considerando o potencial de desagregação de Índia e Paquistão: fazer-lhe sobreviver um dueto de Estados com maior coesão do que a prevista. Vendo os laços reforçados com a Realeza, pelo matrimónio do Duque de Edimburgo com a Rainha, detinha uma posição única na Corte, como comprova a destacada presença de Lady Edwina, Sua Mulher, nas grandes cerimónias do Reinado. E não esqueço o equilíbrio e naturalidade com que nas suas televisionadas memórias me fez, na adolescência, começar a conhecer o Mundo em que vivo. Apetece dizer que se não fosse já monárquico e anglófilo, ao seguir Aquele Testemunho, me teria tornado ambas as coisas.
Sinais de Empenho
Eis a argentina Yamila Diaz, conterrânea por adopção do Euro-Ultramarino, dando tudo o que tem, tal como as figuras populares representadas atrás de si,
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o que é muito mais do que a Selecção do seu País fez, ontem, contra o México. Mas os dons naturais acabaram por resolver a questão, tal como também o fariam aqui, diga-se em abono da verdade.
As Deusas Morrem Jovens
A 25 de Junho de 1967 deu-se um brutal acidente de viação que iria retirar a vida a Françoise Dorléac. Para mim, sempre foi a grande morte precoce emblemática de uma Estrela Maior do cinema. Aquilo que para quase Toda a Gente significa o falecimento
de James Dean. Talvez por ser F. D. Mulher, ou por ser irmã de Actriz Importante, essa Deneuve omnipresente. E, possivelmente, por haver prometido até mais do que ela, por ter sido vitimada pela pressa em apanhar outro meio de apressar-se, um avião, por não ostentar as taras publicitadas de Dean, encontro-Lhe a aura trágica própria de uma época que não prezo e que, pelo desenlace fatal, não a prezou. Lembro, claro , as «DEMOISELLES...» concebidas por Demy, mas não esqueço a Actriz de Polanski e Truffaut que também foi. É, portanto, com a melancolia de que me não consigo livrar que Vos trago a lembrança de Quem, em tempos admirada por muitos, persiste hoje na memória de um reduzido grupo, compensando contudo a diminuição quantitativa com a intensidade e a persistência.
de James Dean. Talvez por ser F. D. Mulher, ou por ser irmã de Actriz Importante, essa Deneuve omnipresente. E, possivelmente, por haver prometido até mais do que ela, por ter sido vitimada pela pressa em apanhar outro meio de apressar-se, um avião, por não ostentar as taras publicitadas de Dean, encontro-Lhe a aura trágica própria de uma época que não prezo e que, pelo desenlace fatal, não a prezou. Lembro, claro , as «DEMOISELLES...» concebidas por Demy, mas não esqueço a Actriz de Polanski e Truffaut que também foi. É, portanto, com a melancolia de que me não consigo livrar que Vos trago a lembrança de Quem, em tempos admirada por muitos, persiste hoje na memória de um reduzido grupo, compensando contudo a diminuição quantitativa com a intensidade e a persistência.
Contra-Senso
A reforma constitucional italiana, a ser votada hoje, pretende instituir a figura do deputado vitalício, nomeado pelo Presidente da República. Embora fosse estimável a nomeação para um cargo pelo Chefe de Estado, que não pelo jogo dos partidos, está tudo estragado, quando a entidade que nomeia é escolhida, para mais no parlamento, pelas diversas bancadas. O valor da alteração, numa espécie de "eleição mediata", não seria pois mais do que o de uma suplementar condecoração. O que é muito ao gosto transalpino, conceda-se...
Saturday, June 24, 2006
Percepção da Fúria
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Quando a catadura dos elementos é suficientemente má para ameaçar a casca de noz em que qualquer percurso humano se pode transformar, na imensidão desconhecida, são os próprios elementos que parecem endurecer, ao ponto de mudar os respectivos estados, cercando de trevas assanhadas o halo que ainda permite singrar. Não aparentam solidificar-se, ao ponto de comprometer o movimento do barco, as águas desta excelente fotografia de Alessandro Butteri, «Mar Escuro»?
Esforço Patriótico
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«Os Tamancos», de François Boucher. Em véspera de um desafio importante, deixo o voto de que, findo o jogo de futebol, a selecção do País de que este calçado é símbolo se encontre tão esquecida para a história do presente campeonato como os exemplares da pintura. Digam lá que não se pode conciliar Arte e Bola!
A Confissão Sem Segredo
Extra! Extra! Fernanda Câncio confessa a sua vergonha por se julgar democrata e as coisas lhe não terem corrido de feição. Eu, que tenho a certeza de não ser infectado pelo vírus da crença na bondade dos votos, sinto-me recompensado por acreditar-me imune a manifestações de semelhante mau-perder. Só uma nota: o atestado de incompetência que a Autora refere não foi passado às Mulheres. Só à pequena parte Delas que pretende assassinar livremente. A maior das incompetências, a incompetência moral.
Alteração Timor... ata
36 horas atrás, o Presidente Xanana dizia que ia renunciar e o Primeiro-Ministro Alkatiri garantia não se demitir. Passado este pequeno lapso, o Chefe de Estado anuncia a permanência e um membro do executivo(!), o inefável ex-futuro Secretário-Geral da ONU Ramos Horta, anuncia ter-se chegado a um entendimento político sobre a demissão do político que encabeça o governo que integra. Dava tudo para ser mosca e conhecer os termos usados por Camberra para ser tão convincente...
As Lições da História
Os notáveis socialistas andam contentinhos da vida a esfregar as mãos pela pequena patifaria que julgam ter feito, ao deixar de dar salgadinhos às Eminências e Excelências Reverendíssimas do País, hipervalorização quanto a mim devida à fama que o Clero grangeou de ser amante da boa mesa e da boa pinga. Ninguém lhes ligou coisa que se visse, salvo o zeloso leader parlamentar do PP, que sugeriu, por coerência, a extinção dos feriados religiosos. Mas pode sossegar o Dr. Nuno Melo: esses estão seguríssimos, não por serem religiosos, mas por serem feriados. Desde que Cavaco enfrentou, como P-M, a revolta pela extinção da folga do Carnaval que o único que insiste em diminuir dias de descanso aos Portugueses é Pacheco Pereira, condenado, por essas e por muitas outras, a não ganhar uma eleição disputada em nome próprio. Mas há mais, os Jacobinos soft da actualidade ainda se lembram dos fracassos que foram as tentativas revolucionárias de acabar com as festas cristãs e de substituir os nomes do calendário. E eles, hoje por hoje, afrontam quando pensam segurar uns votitos, não quando temem perdê-los.
Friday, June 23, 2006
A Fatalidade da Rota
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Por muito que se determine empreender sozinho uma caminhada, a escolha do trajecto acaba sempre por recair na estrada aberta que vai dar ao encontro de outros, apesar da misantropia programática. Cientes do nosso coxear constante, preferimos a dolorosa travessia de uma linha cheia de curvas e contracurvas ao salto da vedação que fosse capaz de nos atrair para mais alto, mas que estamos impedidos de distinguir, dada a acção das névoas que toldam o apeadeiro último. Ser homem, na mais irredutível humanidade, é nunca dispensar uma bengala, nem que seja a do conforto de um destino previsto. Tudo isto numa bela fotografia de Marco Zamo.
A Verdade do Mito
110 milhões de anos é conta que está na moda em matéria de achados. Depois de ter sido desencantado o antepassado comum dos patos, encontrou-se agora, fossilizada, uma teia de aranha com tão provecta idade, trazendo como brinde alguns insectos nela enredados desde então. A descoberta leva a antiguidade dos aracnídeos direitinha para a contemporaneidade de alguns dinossauros.
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Mas não pude impedir-me de pensar no mito de Aracne, segundo o qual, a portadora do nome, uma notável tecelã imortalizada por Ovídio, teria entrado em despique com Minerva, a Deusa da Sabedoria, por, no seu desmedido orgulho, se achar capaz de tecer melhor do que a Divindade, recusando-se assim a atribuir-lhe o lugar que era Dela. Numa competição feroz até parece ter vencido, ou pelo menos aguentado, o que irritou a versão romana de Atena, que lhe destruiu o trabalho e a feriu, fisicamente, mas, pior, também no domínio espiritual, levando-a a enforcar-se. Apiedada, a Olímpica Rival tê-la-ia transformado no animal que todos conhecemos, para que eternamente tecesse, com o seu maravilhoso dom. A antiquíssima obra fiada que hoje se encontrou vem provar que a mitologia tinha razão. E se atentarem na gracinha final da notícia, verão que o homem também não anda tão longe dessa essência. Conclusão bem alargável à Espécie, na medida em que a jactância resultante dos prodígios técnicos de que somos capazes nos faça esquecer o Divino.
O Contraste Acentuado
Há dias falava, aqui na jaula, com o Nelson Buíça, sobre os méritos e deméritos do Japão contemporâneo, mas acabámos por nos cingir ao aspecto político-económico e a generalidades sobre a beleza da tradição e a repulsa inspirada por alguma remanescente permanência de dureza no carácter. Passo o olhar por «Le Lotus et le Robot», de Arthur Koestler, livro de viagens em que o Autor põe frente a frente o deve e o haver do Japão que encontrou. E na parte negativa salienta o abuso dos tranquilizantes, a obsessão com a saúde ao ponto de, na rua, muita gente andar com máscaras cirúrgicas ajustadas, não por problemas de poluição, mas para contrariar a transmissibilidade dos micróbios; como o hábito de, nos transportes públicos, cada um ir com o seu rádio portátil com alto volume. Não posso deixar de pensar que cada um deseja o que não tem: os ocidentais, fascinados pela intensificação do aproveitamento do instante do Zen e pela permanência pós-morte da pessoa, no Xintoísmo. Os nipónicos apostando na importação do aniquilamento da pessoa expressa nos calmantes e no encobrimento parcelar do rosto, bem como na diluição das e nas várias programações radiofónicas. É o eterno complexo de inferioridade que promove o distante e diminui o próprio, seja pelo turismo espiritual, ou pela subjugação à moda apreendida em revistas estrangeiras, podendo ir à exageração dela, como no caso das protecções, que exacerbam os princípios higiénicos bebidos no Ocidente.
Tão Longe!
À Zazie e ao JSM
Num livro a todos os títulos recomendável, «OS EXCENTRICOS DO MEU TEMPO», de L. A. Palmeirim, encontrei apontamento sobre Julião José da Silva Vieira, o Deputado Julião, o qual pôs e dispôs naquele Oriente que é a própria tradução do nome de Timor. O protagonista era um trânsfuga do Miguelismo, sob o qual fora Governador de Damão. Obcecado por condecorações e prebendas aparentadas foi aproveitado pelo Liberalismo para governar Timor, já nesse tempo o parente pobre da nossa acção ultramarina. Esta reconversão, da autoria de Costa Cabral, revelou-se caricata: com o representante português ignorando olimpicamente leis e instruções, "criando" três deputados onde a legislação só consentia um, deixando o trio sem certeza de qual era o legítimo; imitando o "exemplo irlandês", aquando da morte do Rei de Liquiçá, não permitindo a eleição de outro nativo para o trono, impondo antes um conde-reinante, pelo que foi repreendido em termos severíssimos pelo Governo, com indicação expressa da desaprovação Régia; comparando nas arengas que faziam as vezes de relatórios Timor à Grécia Antiga e «ao rei dos reis» (sic, que isto era designação mais persa que helénica) o Soberano português; e, por fim, desenvencilhando-se das pretensões holandesas que sobre o território começaram no seu tempo a ganhar força, lavrando protestos enérgicos mas cedendo nuns pontos e exprimindo-se em termos vagos noutros, o que, se o tirou de dificuldades no momento, veio a ser mais tarde aproveitado pela potência colonizadora vizinha para pressionar o aumento do seu território em prejuízo do nosso. O personagem, de regresso à Metrópole, veio a fazer carreira no parlamento. Timor, esse, ficando onde sempre esteve, passou a ser local de sedições periódicas, com um pico sinistro no assassinato do Governador Lacerda e Maia. Até que, com o período de António da Costa se pacificou uma terra em que as dissenções entre os diversos reinos foram mais do que muitas. Por fim, a Segunda Guerra Mundial, com invasões japonesa, por um lado e anglo-australiana e holandesa, pelo outro, vieram mostrar de vez a benignidade da soberania lusa. Daí para cá é o que se sabe: aos Países Baixos sucederam os seus ex-colonizados indonésios. Dos australianos, libertos de mais alguns dos laços que os ligavam à brumosa mãe-pátria, parece ter chegado agora a vez.
Que Rica Encomenda!
O Relatório Preliminar Sobre a Reorganização do Sistema de Segurança foi encomendado pelo Ministério da Administração Interna e ajusta-se tintim por tintim às posições e aspirações da pasta do Ministro António Costa. Nomeadamente, ao apontar para a desvantagem de a Polícia Judiciária depender do Ministério da Justiça. Devo dizer que sou frontalmente contra a imcorporação de um organismo investigatório num pelouro governativo que, grosso modo, corresponde ao Interior e visa a manutenção da Ordem Pública. Em primeiro lugar, porque a PJ, apesar das pressões e sabotagens internas de um ou uns poucos dirigentes, vindas a lume a propósito do Processo Casa Pia, ainda vai funcionando a um nível superior ao da actuação das polícias de rua, com o triste espectáculo de agentes agredidos a aumentar a olhos vistos. Mas também porque descobrir é um labor que exige mais detença e pensamento do que reprimir. Acomodando os dois sob a mesma tutela, poder-se-á contagiar com uma imediatez que roce a precipitação o trabalho da ala investigatória das polícias. Além de que há desconfianças atávicas entre os dois corpos, sempre em riscos de frustrar os projectos um do outro, como se viu pelas declarações recentes a propósito da prisão de Mãrio Machado. Se forem ambos vertidos no mesmo recipiente, as tensões acumuladas e abafadas por uma cabeça ministerial comum podem bem transformá-la numa caldeira com demasiada pressão interna pronta a explodir. De resto, apesar do belíssimo trabalho levado a cabo pela Escola Superior de Polícia ainda há entre muitos dos agentes mais antigos uma deficiência cultural e de formação que não facilita a articulação com um orgão trabalhando em sintonia com o Ministério Público.
Quer para salvaguardar abusos, quer para garantir eficácia, parece-me pois que seria de preservar o actual modelo. Não assim se o objectivo for aumentar o poder do Ministro António Costa.
Thursday, June 22, 2006
Luz e Helenismo
Antes de fechar a loja por hoje, altura para me congratular com a contratação do médio grego Katsouranis, pelo Glorioso. O FSantos, não o Bloguista, o outro, afiança que ele é de uma entrega espantosa ao jogo. Esperemos que treine e actue no duro, como faziam, com o método da imagem, os seus antepassados. Alguém hoje se atreveria a saltar em comprimento ou correr com pesos nas mãos «para equilibrar o balanço»?
Off-Line
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Um dia para esquecer! De manhã, uma arreliadora falha nos cabos telefónicos deixou-me sem poder mais do que o postaleco que ainda conseguiu sair. E a situação normal só foi restabelecida pelas 19.00H. Daí que o sinal para determinar a interrupção do jogo por offside sirva para aquela que me fez ficar off-line. Valeu um excelente almoço com o Internauta Descerebrado. Depois do jogo com o Brasil ainda tentarei mandar mais qualquer coisa. Peço imensa desculpa, mas sou alheio ao motivo desta interrupção. Grato pela Vossa atenção.
Um dia para esquecer! De manhã, uma arreliadora falha nos cabos telefónicos deixou-me sem poder mais do que o postaleco que ainda conseguiu sair. E a situação normal só foi restabelecida pelas 19.00H. Daí que o sinal para determinar a interrupção do jogo por offside sirva para aquela que me fez ficar off-line. Valeu um excelente almoço com o Internauta Descerebrado. Depois do jogo com o Brasil ainda tentarei mandar mais qualquer coisa. Peço imensa desculpa, mas sou alheio ao motivo desta interrupção. Grato pela Vossa atenção.
O Oitenta e o Oito
Os Leitores tinham dado por a área florestal ardida neste semestre ser superior à da média dos últimos 5 anos, tendo, apenas num mês, virado carvão 6799 hectares, quase o dobro do termo com que se compara? Pois, eu também não, mas é o que o «DN» de hoje garante. O que faz pensar, se não na missão, ao menos no paradeiro das televisões. E todos temos a resposta: estão pela Alemanha a cobrir a saga da Selecção, o que está muito bem; e andam por cá a auscultar os adeptos e seus comportamentos, o que é excessivo. Não sou como os opinion makers que se indignam com as aberturas de telejornal a falar do Campeonato do Mundo e sempre me irritaram as reportagens de meia hora a mostrar serras a arder. Mas talvez não fosse desequilibrado de todo sacrificar um minutinho dos inquéritios aos torcedores portugueses, sobre sentimentos e comportamentos a que têm inteiro direito mas nada adiantam quanto à performance germânica dos nossos rapazes, para dar conta e a conta das chamas que lavram. Mas já se sabe, a Comunicação Social só liga aos incêndios quando não tem à mão um fogo mais telegénico - o das esperanças e afectos do futebol. Há quem agradeça: o Ministro Costa, modalidade António, até pode passar por menos incompetente.
Wednesday, June 21, 2006
Another Breach In The Wall
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Por que será que tanta reflexão sobre a Liberdade se vê obrigada a pressupor uma libertação? Não podemos pensar, sem as oposições alheias, uma qualquer autonomia, que nunca o é, nem que seja por obrigar a novos vínculos que nos liguem aos que partilhem connosco a evasão aparente da fraqueza a que não mais nos queremos ver sujeitos. Somos incapazes de conceber a nossa capacidade de discriminar e escolher, sem concedermos o que acaba por ser a importância primordial aos obstáculos, vivos ou não, que nos coagem. O que acaba por conduzir de uma prisão a uma servidão, a que emerge de deixarmo-nos seduzir por um qualquer fruto tentador, essa maçã que funciona como a cenoura à frente do burro, como muito bem viu Man Ray, em «O Muro».
Uma concepção de liberdade menos subjugante, como sinónimo da independência de espírito que nada force, nem no sentido de se impor, é o contrário deste mais espalhado entendimento; e imperceptível, por se não encontrar soldada a acidentes exteriores.
O Banqueiro
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Não, não me enganei no ramo de actividade, falo mesmo de Luís F. Scolari. Como havemos de chamar a alguém que dá provas de ter um banco? Foi o que hoje se viu, contra o México, onde meia equipa titular mostrou que pode ser competitiva, apesar de se ter posto a viver dos rendimentos, logo após apanhar-se com um peculiozito. Porém, um suplente, Simão, fez uma g´anda joga, como outro, Caneira, atestou ser opção, sobretudo por combinar melhor do que Valente com o ala do seu corredor. Apesar de indicadores desanimadores como a posse de bola e as faltas, lançaram-se uns quantos contra-ataques nada inocentes. O centro da defesa é que continua a preocupar, sobretudo se calhamos a encontrar equipa com a alça mais regulada do que a da mira mexicana. Mas, para já, a poupança do Seleccionador não indicia uma conta de reforma. Até ver.
Evento Sem Par
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Nem dormi bem, nesta noite, pensando que atingiria hoje o post 3000, nesta jaula, sem a certeza de Tema condigno para assinalar a marca. Os Deuses da Blogosfera ouviram-me e ele aí está: o BOS Bloguista passado a livro! Há muito que reivindico esta concessão. É tanto mais de exultar porquanto duas ordens de razões se evidenciam - não só o volume é dignidade maior do que a armazenagem na Blogspot, como saiu hoje no «DN» a notícia de que mais de metade dos Portugueses não mexe em computadores. Eis então o Maná do espírito blogosférico distribuído aos mais necessitados. Dia Jubiloso e postal rejubilante este, que é o número três vezes mil.
Nem dormi bem, nesta noite, pensando que atingiria hoje o post 3000, nesta jaula, sem a certeza de Tema condigno para assinalar a marca. Os Deuses da Blogosfera ouviram-me e ele aí está: o BOS Bloguista passado a livro! Há muito que reivindico esta concessão. É tanto mais de exultar porquanto duas ordens de razões se evidenciam - não só o volume é dignidade maior do que a armazenagem na Blogspot, como saiu hoje no «DN» a notícia de que mais de metade dos Portugueses não mexe em computadores. Eis então o Maná do espírito blogosférico distribuído aos mais necessitados. Dia Jubiloso e postal rejubilante este, que é o número três vezes mil.
O Desenlace Ambíguo
Aquilo que há muito era previsível aconteceu: foram postas de parte as falinhas mansas que salvaguardavam as aparências e o Presidente Xanana, de Timor, exigiu, preto no branco, a demissão do Primeiro-Ministro Alkatiri. Devo dizer que não há comparação entre a desconfiança que o iminente ex-Chefe de Governo me inspira e a simpatia que nutro pelo ex-Comandante da guerrilha. Quer pelas imagens pessoais respectivas, quer pelo muito mal que, no Passado, a Fretilim fez a Portugueses de cá e de lá, que o eram os habitantes da parte Leste da Ilha. Mas temo que a total xananização do País signifique a derrocada dos últimos obstáculos ao total domínio dele pelos australianos. O futuro do recentíssimo Estado só será viável com a ascensão de gerações não envolvidas nas lutas pretéritas, receio-o bem.
Prós e Contras
Por princípio nada tenho contra a atribuição das competências dos tribunais em matéria de divórcios não-litigiosos aos gabinetes de mediação familiar. Na prática, porém, temo que o caso tenha consequências nocivas. Libertos da intimidadora solenidade da Justiça, com a facilidade e a rapidez desvinculadoras à esquina, temo que muito boa gente se divorciará ou separará legalmente, sem pensar duas vezes, por dá cá aquela palha. Além de que todo o dinheiro que será usado para criar a nova estrutura talvez fosse melhor empregue em reforçar a estrutura judicial, tão sobrecarregada.
Do que não há dúvida é que, se não a concepção, pelo menos a consequência deste projecto equivale a uma banalização do divórcio, visto agora como uma opçãoao nível da escolha da casa, ou ainda menos importante. O que redunda numa igual desvalorização do matrimónio. É paradoxal, mas é assim: a mesma sociedade que pugna pela estabilidade do emprego à outrance não tem um cantinho de cuidados para garantir a permanência do casamento...
Tuesday, June 20, 2006
A Fortuna das Cruzinhas
Não é o totoloto, ao menos literalmente. Sefa Boyar, estudante da Turquia que pretende cursar Engenharia Civil, preencheu erradamente 180 respostas do exame de admissão à Universidade, da modalidade teste americano, como protesto pela forma como foi concebido. Confessou que teve de estudar no duro, para não se enganar e dar alguma resposta certa. Está pois explicada a insistência dos sucessivos responsáveis do ministério da Educação do Governo Português em imporem provas de entrada criticadas por tantos: querem, por esse meio, estimular o estudo dos muitos previsíveis protestatários. Erro grave! Neste jardim à beira-mar plantado é muito mais natural promover uma chinfrineira na Cinco de Outubro.
Barbie Fala!
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O final dos Anos Vinte conheceu exclamação similar referente a Greta Garbo, para sossegar o Mundo quanto à sobrevivência da Estrela Sueca na passagem do Mudo para o Sonoro. Pois este dealbar do Século XXI conhece agora idêntica emoção, com o anúncio da Mattel de que vai produzir uma boneca falante com as barbiescas características, para corresponder aos anseios de muitas crianças que desejam ouvir a voz da sua companheira de brincadeiras. Espera o misantropo que o papel-químico histórico pare aqui e que o coportamento do briquedo não enverede por vias que lhe permitam atribuir anseio paralelo ao que foi colado à Grande Actriz de Outrora: «Quero ficar só». Meditando em como os amantes de cinema e a miudagem se assemelham, resgata-me de melancólicas conclusões a alegria de que o Amigo FSantos poderá hoje, sem margem para contestação, increpar como «viciado em Barbies anglo-saxónicas» o critério de publicação desta jaula, no que a bonecas toca.
O final dos Anos Vinte conheceu exclamação similar referente a Greta Garbo, para sossegar o Mundo quanto à sobrevivência da Estrela Sueca na passagem do Mudo para o Sonoro. Pois este dealbar do Século XXI conhece agora idêntica emoção, com o anúncio da Mattel de que vai produzir uma boneca falante com as barbiescas características, para corresponder aos anseios de muitas crianças que desejam ouvir a voz da sua companheira de brincadeiras. Espera o misantropo que o papel-químico histórico pare aqui e que o coportamento do briquedo não enverede por vias que lhe permitam atribuir anseio paralelo ao que foi colado à Grande Actriz de Outrora: «Quero ficar só». Meditando em como os amantes de cinema e a miudagem se assemelham, resgata-me de melancólicas conclusões a alegria de que o Amigo FSantos poderá hoje, sem margem para contestação, increpar como «viciado em Barbies anglo-saxónicas» o critério de publicação desta jaula, no que a bonecas toca.
Carnaval em New Orleans
A única grande cidade norte-americana com tradição carnavalesca vive agora um evento do género a propósito da actuação dos seus políticos. Depois de casa roubada... No fim de semana, adolescentes empunhando armas de guerra adquiridas ilegalmente fizeram trinta por uma linha, matando seis pessoas. Só então o recém re-eleito Mayor viu que os seus subordinados não conseguiam controlar a situação, pedindo polícias estaduais e tropas da Guarda Nacional, bem como estabelecendo um recolher obrigatório. Nem o autarca nem a Governadora Blanco avaliaram correctamente a situação, o que parece negligência atroz, sabendo-se das pilhagens que tinham ocorrido, aquando da evacuação por causa do Katrina. Incompetência que combina com a que concorreu com a das agências federais no auxílio, sendo grande responsável pela dimensão do desastre, ao não consertar os diques que, com toda a probabilidade, minorariam os estragos. Os restos da civilização francesa no território da Federação já conheceram muito melhores dias.
Exergar-se
Não me deixa especialmente apreensivo a notícia de que cerca de 10.000 alunos, 16% dos inscritos, não tenham comparecido à prova de português, adiando-a para 19 de Julho. O que me preocupa é que a esmagadora maioria dos 63.601 previstos se tenha achado em condições de ser avaliada, prescindindo dessa faculdade dilatória. A minha perturbação é tanto mais acentuada pelo flagelo de conjugações falhadas e pobreza vocabular na Juventude com que contacto, diariamente, no comboio. Pode ser que tenha muito azar e me calhem, repetidamente, os exemplares menos dotados neste campo. Mas suspeito de que a razão profunda estará em a equivalência de escassos conhecimentos das respectivas companhias lhes não permitir vislumbrar o grau de impreparação em que se encontram.
O Cerne da Questão
Os organismos competentes das Ilhas Canárias - leio-o em «THE PORTUGAL NEWS» - temem que o declínio no afluxo de turistas ao até agora tão procurado arquipélago se fique a dever à degradação da imagem que a acostagem da imigração ilegal estará a dar ao território. Eu procuraria averiguar se essa erosão não advirá de se ter espalhado a notícia de um certo residente nobélizado por lá pairar. É que o receio da má vizinhança afasta as pessoas.
Quero, Posso e Mando
É o que os militares australianos destacados para Timor estão empenhados em mostrar. Dou por evidente que a ordem de parar à viatura que transportava S.A.R. o Senhor D. Duarte, bem como a intimação ao agente do GOE que o acompanhava de entregar a arma, não foram decisões impensadas dos soldados do posto de controlo, mas instruções vindas de cima, para marcar a posição de quem proíbe e autoriza. Não foi certamente uma baixa patente que decidiu seleccionar e mandar parar uma viatura da embaixada portuguesa, com matrícula diplomática, transportando uma Figura que acabava de se encontrar com o que passa ainda por Presidente de Timor. Claro que a mensagem que se queria fazer passar era «temos o monopólio das armas e o monopólio da diplomacia». Apesar da manifestação de força, a calma da resposta dos Visados deixou, por enquanto a frase como o significado de «Queremos...». Mas aumenta - e de que maneira - as suspeitas sobre a inspiração dos distúrbios por Camberra, bem como a de que poucos escrúpulos deterão o poder regional para agadanhar o petróleo daquela pobre Gente.
Contra Tudo e Contra Todos
Se em França o tratamento que recebe pela imprensa é de desfavor, em Portugal raia a pura histeria mentirosa. Não me refiro ao costumeiro recurso de chamar «fascista» a um Homem que, aos 16 anos, integrava a resistência contra a Alemanha de Hitler. Nem de dizer torcionário um oficial de forças de elite, por ter participado em operações de contra-insurreição que visavam os irregulares assassinos dos seus compatriotas. Falo de coisas tão mesquinhas como a tentativa de tornar repugnante o indivíduo, quando, no seu País, o entendimento dominante entre os adversários é a rejeição das ideias, mas o reconhecimento do poder atractivo do que as propaga. Ou do eterno rótulo de «racista» com que o mimoseiam, quando ele até acabou por fazer sair da FN os políticos preocupados com prioridades raciais, Mégret e os seus. Jean-Marie Le Pen celebra hoje o seu aniversário. Várias questões me separam dele, a começar pela política
árabe, que, privilegiando a autonomia da França, compromete, quanto a mim, a causa comum do Ocidente. Ou a imigração, problema que será premente para os franceses, mas que não é a principal preocupação em Portugal, sem embargo de merecer acompanhamento e atenção. De qualquer forma, cresci com o exemplo de um Político que nunca se deixou seduzir pela esponja dos partidos do sistema, apesar de ocasiões não terem faltado. Que sendo o mais jovem deputado da França, eleito pelo movimento pujadista, abdicou das possibilidades de conforto que o assento parlamentar dava, para ir para a guerra arriscar os ossos pelos seus. Que conseguiu, num combate de décadas, transformar meia dúzia de seguidores no primeiro partido operário de França, o que mais dói aos marxistas, a quem destroça ver os seus escravos de outrora libertos das cadeias da persistência da luta de classes. Não estimo a falta de critério com que, impensadamente, apoia palhaços como Jirinowsli, demagogos como Haider, ou quaisquer grupúsculos que, por vezes com as melhores intenções, outras sem elas, se denominam "nacionalistas". Mas prezo o admirador de Salazar e o milionário que soube mudar as suas vistas iniciais, de ultra-liberalismo nos domínios fiscal e assistencial, apoiando o magnífico trabalho de militantes do seu partido em prol dos pobres, como em Marselha. Este combate de um Só, que vale bastante mais do que a força que criou, merece respeito. Sinal dele é o que este pequeno texto pretende dar.
árabe, que, privilegiando a autonomia da França, compromete, quanto a mim, a causa comum do Ocidente. Ou a imigração, problema que será premente para os franceses, mas que não é a principal preocupação em Portugal, sem embargo de merecer acompanhamento e atenção. De qualquer forma, cresci com o exemplo de um Político que nunca se deixou seduzir pela esponja dos partidos do sistema, apesar de ocasiões não terem faltado. Que sendo o mais jovem deputado da França, eleito pelo movimento pujadista, abdicou das possibilidades de conforto que o assento parlamentar dava, para ir para a guerra arriscar os ossos pelos seus. Que conseguiu, num combate de décadas, transformar meia dúzia de seguidores no primeiro partido operário de França, o que mais dói aos marxistas, a quem destroça ver os seus escravos de outrora libertos das cadeias da persistência da luta de classes. Não estimo a falta de critério com que, impensadamente, apoia palhaços como Jirinowsli, demagogos como Haider, ou quaisquer grupúsculos que, por vezes com as melhores intenções, outras sem elas, se denominam "nacionalistas". Mas prezo o admirador de Salazar e o milionário que soube mudar as suas vistas iniciais, de ultra-liberalismo nos domínios fiscal e assistencial, apoiando o magnífico trabalho de militantes do seu partido em prol dos pobres, como em Marselha. Este combate de um Só, que vale bastante mais do que a força que criou, merece respeito. Sinal dele é o que este pequeno texto pretende dar.
Monday, June 19, 2006
Pescadinha de Rabo na Boca
«Dor de Cabeça», de Donald Neal McKay.
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Sempre prezei as inspiradas correntes espirituais que procuram tirar partido de qualquer peripécia com que o sujeito se depare, por menos promissora que aparente ser. Assim, a nova utilidade que foi descoberta para as enxaquecas. Há muito que alguns peritos defendiam como boa uma certa forma de sair delas, mas a ciência, honra lhe seja e ao seu profeta, o Presidente Cavaco, veio agora determinar que para se aceder a essa possibilidade há grande vantagem em passar pelo mal de tête. Se isto não é uma concepção circular da vida, não sei o que possa ser! Mãos à obra, nem que seja por razões... terapêuticas.
JOGO NA NET
Estão todos os Amigos do misantropo, Leitores avessos a ele, ou passantes ocasionais, ao longo de uma semana, até à próxima Segunda, convidados a deixar aqui, nos comentários do presente post, uma frase publicada, de Autor que não seja o Próprio, a qual considerem uma formulação feliz do que poderia ser um lema que Os orientasse na Sua vida.
A Blogosfera deve ser intercâmbio e lugar para nos conhecermos melhor. Por isso acredito que esta condensação num curto espaço acrescente algumas virtualidades. Roga-se pois que Àqueles que costumam prescindir de uma assinatura que inventem um nom de tecle, para individualizar a escolha. Perdoar-me-ão que seja eu a começar, mas fá-lo-ei, para dar uma ideia do que se pretende.
Vamos a isso e divirtam-se!
A última Hipótese da Paz
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Como os Ayatollahs e o misantropo têm um Amigo Comum na pessoa do Caríssimo FSantos, não quero ser acusado de fomentar um ambiente tenso, levando o cepticismo ao fanático ponto de não reconhecer as Belezas da Pérsia, dificultando desta forma o diálogo sobre bombas que não entretêm tanto, antes ameaçam acabar com tudo.
Não gosto de ofender quem quer que seja, mas estou certo que mesmo os mais empedernidos desculpadores do regime de Teerão gostariam de ver triunfar um modelo de concurso de misses como o ilustrado na imagem acima. Razão mais do que suficiente para recorrermos à diáspora dos netos de Dario
e encontrarmos duas verdadeiras Beldades: Alida Amin, coroada comme il faut, bem como Shahrivar Shermine, vivissimamente revestida. Reconhecendo grandes potencialidades mediadoras em Ambas as Deliciosas Expressões Civilizacionais cujos retratos se publica, faço questão de salientar que o meu voto iria para a Shahrivar, que até parece simpatizar com o Benfica...