O Oitenta e o Oito
Os Leitores tinham dado por a área florestal ardida neste semestre ser superior à da média dos últimos 5 anos, tendo, apenas num mês, virado carvão 6799 hectares, quase o dobro do termo com que se compara? Pois, eu também não, mas é o que o «DN» de hoje garante. O que faz pensar, se não na missão, ao menos no paradeiro das televisões. E todos temos a resposta: estão pela Alemanha a cobrir a saga da Selecção, o que está muito bem; e andam por cá a auscultar os adeptos e seus comportamentos, o que é excessivo. Não sou como os opinion makers que se indignam com as aberturas de telejornal a falar do Campeonato do Mundo e sempre me irritaram as reportagens de meia hora a mostrar serras a arder. Mas talvez não fosse desequilibrado de todo sacrificar um minutinho dos inquéritios aos torcedores portugueses, sobre sentimentos e comportamentos a que têm inteiro direito mas nada adiantam quanto à performance germânica dos nossos rapazes, para dar conta e a conta das chamas que lavram. Mas já se sabe, a Comunicação Social só liga aos incêndios quando não tem à mão um fogo mais telegénico - o das esperanças e afectos do futebol. Há quem agradeça: o Ministro Costa, modalidade António, até pode passar por menos incompetente.
6 Comments:
At 11:29 AM, C said…
Excelentíssimo senhor,
já vi que foi ao meu blog e caso tenha gostado espero que o visite regularmente e peço tambem caso nao se importe que ponha um link no seu blog para o nosso.
At 5:00 PM, Nuno Adão said…
Caro Paulo, afinal, para que servem as televisões, não servirão para entreter as massas?
At 7:33 PM, MRA said…
Olá,
é verdade, mesmo eu que dependo da Net para saber notícias de casa, só me chegam as noticias do futebol...ainda bem que há o misantropo. Um abraço Verde e Amarelo
At 9:10 PM, Paulo Cunha Porto said…
Meu Ilustríssimo Confrade:
É bem verdade que por lá andei e aproveitei para fazer uma pequena brincadeira com a citação/identidade do primeiro Imperador dos Franceses. Terei muito gosto em "linkar" o «Jornal O Crítico». Amanhã, que hoje estou pelos cabelos com o computador e insucessos correlatos.
Meu Caro Thoth:
Sem dúvida, mas terá de ser à custa das massas? Das populacionais, que das outras é um fado...
Meu Caro MRA:
Olha que ao intervalo esse abraço está para o empatado. Mas já me esquecia, dessas notícias tens Tu pelo País-Irmão.
Abraços aos Três.
At 11:24 PM, Anonymous said…
Quando a bola acabar, a televisão logo se deita ao fogo: entrevistará o fogo, irá a casa da mãe do fogo, estará em directo do café onde o fogo comeu um pires de caracóis, falará do autoclismo do fogo... Mas para já faz isso tudo com a bola!
...
Obrigado pela notícia, caro Paulo: ocorre-me (por isto dos incêndios e pelo saque generalizado que noto) que Portugal é uma teta que nunca seca.
Cumpts.
At 8:06 AM, Paulo Cunha Porto said…
Meu Caro Bic Laranja:
essa Sua dorida constatação fez-me lembrar uma entrevista num pano de fundo muito menos triste, a Jean Cocteau, em que lhe perguntaram o que procuraria ele salvar, se ardesse a respectiva biblioteca. E a resposta foi, justamente: «o Fogo!». Mas de outros fogos e de outros focos se trata.
Abraço.
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