O Misantropo Enjaulado

O optimismo é uma preguiça do espírito. E. Herriot

Thursday, June 29, 2006

A Mística de Uma União

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Rubens faria hoje anos. Altura pois para lhe publicar «A União entre a Terra e as Águas». Nas cosmogonias construídas arcaicamente, a partir das sementes elementares, de uma carnal fusão da terra e da água resultaria o Reino Vegetal, o que ainda hoje é descritivo, se abstrairmos da personificação dos dois componentes do Par. Mas era affaire com autónomia, entre duas entidades supra-humanas. O Fogo que, esse sim, era património de todos os Deuses seria o elemento que, acrescido, entraria na composição da animalidade. No seu surgimento, na sua essência, pois quando roubado por uma das espécies para a banalização da instrumentalidade em proveito próprio, na vã e invejosa ilusão de se elevar ao nível de Quem os detinha, só correntes se obteriam, em único proveito de aves devoradoramente justiceiras. Quem melhor que o Grande Pintor seiscentista para nos dar uma imagem largamente corporizada do Mistério da Vida?

4 Comments:

  • At 11:46 PM, Blogger Jansenista said…

    Resta saber se foi ele mesmo que pintou, porque, como é sabido, o Grande Rubens transformou-se numa indústria, e ele só assinava...

     
  • At 7:51 AM, Blogger Paulo Cunha Porto said…

    Claro, Caro Jans. A atribuição é, aqui, uma comodidade, embora, neste caso, nem estejamos perante um problema resolvido com o "pseudo", porque os pintores que ele empregava mão eram verdadeiramente artistas, mas técnicos que tentavam aproximar-se da concepção das formas e das cores do Patrão. O enigma será sempre determinar em que grau a concepção se ficou, em cada obra, a dever ao signatário.
    Abraço.

     
  • At 11:57 AM, Anonymous Anonymous said…

    Sensualidade e magnificência exuberantes deste Mestre do Barroco final que, com Rembrandt e Velázquez, ilustrou este brilhante período. Nesta altura já tinha ganho um estilo pessoal inconfundível, em que os contrastes de claro-escuro se tinham transformado num colorido a transluzir através da matéria, com os gestos e as figuras a marcar o ritmo da composição. Estava na fase dos "ajudantes" mas, aqui, talvez só no ramo da flores onde dispunha dos especialistas Peter de Vos e Frans Snyders e, mais remotamente, do Mestre da composição A. Van Dyck, como sabe, também seu colaborador.
    Foi um génio até na escolha dos seus colaboradores. Quatro séculos depois, neste aspecto das escolhas, oxalá um Sócrates cá do Ocaso tivesse este acerto.

     
  • At 8:35 PM, Blogger Paulo Cunha Porto said…

    UUUummmmm é verdade que ele escolhe alguns artistas, mas no sentido da gíria.
    Grato pelo contributo.

     

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