Mas NÃO Convencido!
Tendo sido dos que, na blogosfera, posição mais radical sustentaram quanto à necessidade de criminalizar as autorias e cumplicidades do aborto, conto-me entre os principais vencidos do dia. Mas não venho reivindicar palmas, em mais do que um sentido do termo.
Não posso, contudo, deixar de me envergonhar por pertencer a um país que trata os inocentes como culpados e os culpados como inocentes. Nunca, na vida adulta, havendo descido à condição de democrata, acho-me, por esse lado, isento das formalidades de concessão da razão ao número. Hoje morreu o resto do respeito que sentia pelo presente de Portugal.
Creio, intensamente, que o sangue Dos Que vão ser impunemente martirizados recairá sobre aqueles que o decidiram: em primeira linha sobre os que o derramaram, depois por cima dos que o permitiram e fomentaram, mas também não nos poupando a nós, que não soubemos evitá-lo.
Neste mês, estrangulado por desgosto pessoal tremendo, vivi o drama adicional de ver Pessoas que foram em extremo Boas para mim nessa aflição, defenderem, com fervor, posicionamentos que considero incompatíveis com o Ideal da Bondade. Lembrá-Las-ei sempre pelo Bem que me fizeram, procurando olvidar a participação propagandística que rejeito.
Desta forma, a coisa pública deixa de me interessar. Num regime que permite matar os próprios filhos desprovidos de culpa, para fazer como os outros, não creio ser possível qualquer debate atinente a um ideal de bem comum. Pela primeira vez fico satisfeito por viver numa república, já que não gostaria de ver o meu Senhor obrigado pactuar com a infâmia; e porque atitudes dignas de preservação da Coerência, como a da abdicação por um dia de Balduíno da Bélgica, se esgotam na impotência do gesto simbólico.
Não mais votarei em qualquer acto nacional ou local. Retiro-me também de todas as minhas participações no mundo bloguístico, agradecendo aos Muitos que comigo interagiram, bem como Aos que me leram, a recompensa maior que quem escreve pode obter. E, quanto às hipóteses de vida pessoal, terei de reexaminar seriamente a questão da formação de uma família.
Não aplicarei qualquer invectiva à maioria actual do país em que nasci. Terei sempre presente o Alto Exemplo da Rainha D. Amélia: quando a destronada Consorte de Afonso XIII usou, em conversa particular com Ela, expressões menos elegantes para com os Naturais da Nação em que reinara, a Soberana que tão caluniada fora e que sofrera o assassínio do Fruto da Sua Real Carne respondeu com palavras em que o sangue era impossível de apagar:
- Não digas. Não digas isso. Eu sofri o que tu nunca sofreste, e nunca disse nem senti uma palavra que pudesse ser de censura para os portugueses.
Não posso eu, chorando antecipadamente pelos filhos da minha Pátria que "legalmente" serão mortos, fazer qualificações que Quem perdeu o Seu abafou.
ADEUS.
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