O Misantropo Enjaulado

O optimismo é uma preguiça do espírito. E. Herriot

Sunday, February 11, 2007

Mas NÃO Convencido!

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Tendo sido dos que, na blogosfera, posição mais radical sustentaram quanto à necessidade de criminalizar as autorias e cumplicidades do aborto, conto-me entre os principais vencidos do dia. Mas não venho reivindicar palmas, em mais do que um sentido do termo.
Não posso, contudo, deixar de me envergonhar por pertencer a um país que trata os inocentes como culpados e os culpados como inocentes. Nunca, na vida adulta, havendo descido à condição de democrata, acho-me, por esse lado, isento das formalidades de concessão da razão ao número. Hoje morreu o resto do respeito que sentia pelo presente de Portugal.
Creio, intensamente, que o sangue Dos Que vão ser impunemente martirizados recairá sobre aqueles que o decidiram: em primeira linha sobre os que o derramaram, depois por cima dos que o permitiram e fomentaram, mas também não nos poupando a nós, que não soubemos evitá-lo.
Neste mês, estrangulado por desgosto pessoal tremendo, vivi o drama adicional de ver Pessoas que foram em extremo Boas para mim nessa aflição, defenderem, com fervor, posicionamentos que considero incompatíveis com o Ideal da Bondade. Lembrá-Las-ei sempre pelo Bem que me fizeram, procurando olvidar a participação propagandística que rejeito.
Desta forma, a coisa pública deixa de me interessar. Num regime que permite matar os próprios filhos desprovidos de culpa, para fazer como os outros, não creio ser possível qualquer debate atinente a um ideal de bem comum. Pela primeira vez fico satisfeito por viver numa república, já que não gostaria de ver o meu Senhor obrigado pactuar com a infâmia; e porque atitudes dignas de preservação da Coerência, como a da abdicação por um dia de Balduíno da Bélgica, se esgotam na impotência do gesto simbólico.
Não mais votarei em qualquer acto nacional ou local. Retiro-me também de todas as minhas participações no mundo bloguístico, agradecendo aos Muitos que comigo interagiram, bem como Aos que me leram, a recompensa maior que quem escreve pode obter. E, quanto às hipóteses de vida pessoal, terei de reexaminar seriamente a questão da formação de uma família.
Não aplicarei qualquer invectiva à maioria actual do país em que nasci. Terei sempre presente o Alto Exemplo da Rainha D. Amélia: quando a destronada Consorte de Afonso XIII usou, em conversa particular com Ela, expressões menos elegantes para com os Naturais da Nação em que reinara, a Soberana que tão caluniada fora e que sofrera o assassínio do Fruto da Sua Real Carne respondeu com palavras em que o sangue era impossível de apagar:
- Não digas. Não digas isso. Eu sofri o que tu nunca sofreste, e nunca disse nem senti uma palavra que pudesse ser de censura para os portugueses.
Não posso eu, chorando antecipadamente pelos filhos da minha Pátria que "legalmente" serão mortos, fazer qualificações que Quem perdeu o Seu abafou.
ADEUS.

Contrição

Tendo aqui, em tempos, brincado com as razões aparentes do matrimónio milionário de Anna Nicole Smith, evidenciando a venalidade da saga jurídica que dele decorreu, venho lamentar tê-lo feito, por encontrar no passamento que seguiu o óbito do filho, após uns escassos cinco meses, a hipótese de uma profundidade de sentimentos de que não suspeitara.
Entendendo não ser correcto apagar um post, retracto-me da redução de personalidade que, precipitadamente, possa ter operado.

Friday, February 09, 2007

A Viagem e o Naufrágio

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WHAT IS LIFE?
Is it life to see the hours
Of youth's gay spring unheeded fly,
To droop in sadness, as the flowers,
We nurtured early, fade and die?
Is it life to feel the glow
Of love warm springing in our breast,
Chilled in its currents, as they flow,
The moment when we felt most blest?
To feel that childhood's joys are past,
That sorrowing age is stealing on,
No hope to cheer our heart at last
When all except our cares are gone.
No scene, no light of other days,
Of early joys remote from strife,
By which through memory to gaze
On youth awhile,—this is not life.

To feel a spirit in us move,
Some kindred tie with man to own,
To know that there are those who love,
And smile on us when others frown.
To feel that youth was not unblest,
Nor manhood bowed with hopeless grief,
When age shall find our souls at rest
In hopes of Heaven. This—This is life.

Desde que seja permitido chegar a essa escala da jornada e os rochedos malignos não quebrem os frágeis cascos, ou as vagas insensíveis os não atirem contra as pedras assassinas...
E na condição de os limites fechados que deveriam proteger não se transformarem nos próprios cadafalsos onde as formas mais vulneráveis fiquem irremediavelmente condenadas a arder.
Pois, para quem só se comova perante as atribulações próprias, num figuradíssimo sentido, essas mortes inglórias de inocentes acabarão por ser uma prática de Vodu contra os que cá ficam

A pintura é «Vida», de Alex Levin.
O Poema, de Edmund D. Covington.

Thursday, February 08, 2007

Leitura Que Reforça

Das prateleiras em que encontro o refúgio da dor saquei este escrito com amplo conhecimento de causa que, se salienta demasiado, como suporte, o verdadeiro mas secundário motivo incriminatório do combate à quebra populacional e hipoteca em excesso a realização pessoal aos objectivos comunitários, tem, no entanto, ao longo das suas 133 páginas, a virtude de defender o alargamento penal a todos os que participavam da e na horrenda carnificina, mormente as parteiras, que da lei de então se encontravam excluídas, bem como de realçar a criminalização do horror como traço de crescimento civilizacional específico da nossa cultura.
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«(...) longo terá ainda de ser o caminho prático a percorrer antes de alcançar uma repressão forte das tentativas criminosas que, impulsionadas por doutrinas de propaganda recente, tendem para o extermínio sistemático da vida humana».
«Á medida que a civilização se desenvolve aparecem as leis, o senso moral consolida-se e o infanticídio e o abôrto começam a ser condenados».
«O impudor das mulheres que praticam abôrtos, das mais diversas categorias sociais, casadas ou solteiras, é chocante pela naturalidade, pela tranqilidade da confissão, reveladora de uma estranha baixeza moral.
Mas não devemos ser injustos condenando somente as mulheres. Há um elemento de que se não tem falado suficientemente e cuja cumplicidade moral é importante - o marido. Á gréve da maternidade é preciso juntar a gréve da paternidade»
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Ou seja, de uma penada, três mitos colados à infâmia são postos em causa: o da preponderância abortiva entre as classes desfavorecidas, coisa que contraria, aliás, a minha observação pessoal; a despenalização como sintoma do progresso histórico, com a citação da internacionalização da luta contra o aborto, do Prof. Bossi; e a da exclusiva responsabilização das Mulheres. Quanto a este último caso, parece-me até de ser forçoso ir mais longe, juntando à «cumplicidade» a instigação de que, em tantos casos abjectos, temos notícia.
Para meditar.

Também publicado em Pela Vida.

Tuesday, February 06, 2007

Vislumbre

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Um dos Poemas da Minha vida, o «CAMINHO», de Camilo Pessanha, fala das «saudades do presente» que açambarcam o espírito insatisfeito na detenção do que, contemporaneamente, quer, lastro das escarpas íntimas de onde se pode abeirar nessa atracção galinácea pelo binómio dor-distância que traz a certeza de existir. Da saudade do que se possuiu - ou conheceu - que quase redunda em sinónimo, quer no sentido bíblico, quer no que nos acostumou, se coisa perdida ou retida, é a interrogação de sempre que Allen fez sua na fala final de «UMA OUTRA MULHER». Mas há também as saudades do futuro, das quais mais do que um nos falaram. A vontade está lá. E a contrariedade, pois já Pope dizia ser «a ausência uma espécie de morte», igualmente. Em vez, contudo, do quid pretérito que leva à nostalgia, oprimindo por se haver subtraído às nossas amarras, é a imprecisão que esmaga na impossibilidade de dominar o que virá.
Todo este paleio para saudar o enriquecimento da blogosfera com uma assinatura de peso. O meu Amigo João Marchante chega a ela e promete chegar-lhe, com ETERNAS SAUDADES DO FUTURO. A minha consciência das Suas sensibilidade, qualidade e erudição obriga-me a aconselhar sem reservas a visita e a dar ao nome que escolheu para blogar um outro sentido: o das saudades que sentiremos em tempos vindouros de cada uma das palavras que Ele nos legue.
E assim cedi a um furo mais na última semana de pausa que programara. A janela aberta, a vários títulos associável, é de Frank Horvat.
Obrigado pela Vossa paciência.

Friday, February 02, 2007

A Minha Heterodoxia

«Palavra terrível é o non», disse, aproximadamente, Vieira, com o eco que uma citação cinematográfica despoleta. E sê-lo-á hoje? Certamente que sim, na vertente que nega a um ser sem culpa a possibilidade de continuar a viver. Mas não na pergunta capaz de levar portugueses às urnas. Porque perdi recentemente uma Vida Querida tinha-me proposto, mais do que imposto, silêncio de um mês, até dia 12. A urgência de tentar contribuir para salvar outras obriga-me a manifestar-me.
O Professor Marcelo Rebelo de Sousa, querendo estar bem com Deus e com o Diabo, ensaiou a esmiuçada rábula de ser contra o aborto, mas opondo-se igualmente à penalização das autorias dessa prática repugnantíssima. Chamou a isto a «sua heterodoxia do Não». Como mau jurista que me confesso, nem invocarei a lição recebida de Mestre Cavaleiro de Ferreira, definidora de um crime como a conduta correspondente a um tipo legal que, praticada com culpa, vê corresponder-lhe a previsão de uma pena. Não sei que acrobacia permite escapar a esta definição, a qual faz o jogo do Dr. Louçã e se presta às sátiras mais fedorentas. Porém, o que o entendimento não pode reivindicar-se é de heterodoxo, na medida em que tenho visto na esmagadora maioria dos defensores do NÃO a cedência à conversa de não quererem as pobrezinhas das abortadeiras presas. É aqui que tenho de marcar a minha heterodoxia: eu quero vê-las todas atrás das grades, bem como a todos os homens que, em muitos casos, as levam a tal. Serão os meus companheiros de luta melhores Cristãos do que eu. Mas, se é sublime a Mensagem de perdoar ao nosso inimigo, nada na Religiosidade ou nas atribuições de cargos civis obriga ou aconselha a perdoar os inimigos d´Outrem, mormente dos que são mandados a caminho da pia sem que pronunciar se possam sobre se perdoariam ou não.
Acresce que são asquerosos os argumentos dos que querem pactuar com a cobarde e torcinária eliminação:
1- Dizem que «é muito pior trazer crianças a um mundo que lhes não dê amor»; e fazem-me sempre lembrar aqueles agressivos mendigos que tentam coagir à esmola, ameaçando com a afirmação de ser melhor pedir do que roubar. Não demonstram conhecer a alternativa do trabalho, como os filoabortistas não equacionam sequer amar os desgraçados de que projectam desembaraçar-se.
2- Vêm depois dizer que até às dez semanas os nascituros não pensam nem sentem a morte que lhes inflijam. Recordam-me o célebre caso de crueldade contra animais julgado na Alemanha, há anos, de um fedelho que se divertia a assentar lagostins vivos em bicos de fogão acesos, tendo criativos advogados vindo defender que os referidos crustáceos não possuem o sistema nervoso que lhes permita sentir a dor. Seria cómico, se não fosse trágico, ver argumentos da mesma índole justificar o assassínio de vidas humanas. Por esse andar seria possível defender a eliminação dos pró-abortistas - indivíduos que recusam infundamentadamente o estatuto de vida a algo que respira, se alimenta e cresce demonstram ser incapazes de pensar. E os que não se apiedam dos pobres inocentes indefesos revelam-se incapazes de sentir. Logo... mas dou a mão à palmatória, não devemos ser iguais.
3- E, como a desonestidade argumentativa não paga imposto, dizem que querem combater o número de abortos com a legalização dos mesmos, à revelia da constatação de que as legislações mais permissivas fizeram o número de seres sem mácula legalmente retalhados ultrapassar o dos nascimentos, como na Rússia, ou atingir um em cada três concebidos, como nos EUA. Mas claro que o não-alinhamento com os Grandes, «os Senhores do Mundo», aqui se dissolve, inexplicavelmente.
4- Já que a batota é aceitável para quem defende horrores maiores, fazem-se de vestais da economia e acusam os defensores dos que não têm voz de querer favorecer o negócio das IVG´s clandestinas. Prefiro mil vezes que esse sector continue estigmatizado e subreptício, podendo ser sancionado, se para isso houver vontade e competência, à negociata dos estabelecimentos legalizadamente implementados para o efeito, como vem sendo noticiado e perspectivado no tocante às clínicas da morte estrangeiras, empoleiradas na fronteira à espera da luz verde referendária. E não me venham com a conversa dos cuidados de saúde à mulher indigna de tal nome: é bom que o terror imposto ao que no ventre jaz à mercê de quem o gerou sem o ouvir comporte riscos para as proto-criminosas que o querem pôr em marcha. O medo, recaindo sobre pessoas honestas, é coisa de proscrever. Incidindo sobre quem é tentado a prevaricar, é de enaltecer. Se uma só vida fosse salva pelo receio, mereceria todo o agradecimento das mentes e consciências sãs.
5- Por fim, à míngua de argumentação, tentaram desqualificar Alguns Opositores da infâmia que querem instituir, chamando-lhes «nazis». É o argumento-bumerangue, já que os hitlerianos campeões dos abortos eugénico e étnico alinham precisamente pela admissibilidade e conveniência do sanguinário massacre.
A tentativa a que temos direito de imitação da influência da Aspásia ateniense veio lançar o repto de que seja passado um cheque em branco, dizendo que «se deve confiar nas Mulheres Portuguesas», quanto a abortar ou não. O artigo definido prefigura uma outra infracção, a da usurpação de identidade. Confio muitíssimo em imensas Mulheres do meu País. Não aplico um miligrama da minha confiança nas que pensam como a Sr.ª D. Fernanda Câncio. O simples facto de reivindicarem um direito que é a exaltação do egoísmo define-as.
É a queda da máscara daqueles que, por um lado, têm sempre a liberdade na boca, como, pelo outro, dos que nos lábios têm o disco riscado da defesa dos desprotegidos. Quanto aos primeiros, é na sua e na dos que se lhes assemelham que pensam, exclusivamente. Os outros não prezam aquele que não pode; simplesmente procuram acaudilhar quem aparente possibilidades de revoltar-se e protestar. No momento em que a desprotecção atinge os condenados ao silêncio, passam, com armas e bagagens, para o lado dos opressores, porque, estes sim, podem fazer barulho e travar combates políticos que subvertam.
Ao contrário da esmagadora maioria dos meus Correligionários nesta luta, para mim, nem toda a vida humana é sagrada, o que constitui o segundo ponto da minha heterodoxia. O que define, no que me diz respeito, a sua intangibilidade é a ausência de culpa. Para os responsáveis pelos actos mais desumanos aceitaria bem a morte como pena. Nunca, porém, a inflicção dela a quem não fez mal a uma mosca. Julgo que ninguém, salvo os Grandes Santos dos resgates dolorosíssimos correspondenntes aos mais paroxísticos dos arrependimentos, merece segunda oportunidade. TODOS, NO ENTANTO, MERECEM UMA.
Por isso concluo que, na resposta à questão ridiculamente posta a votos não é terrível a negativa, bem pelo contrário, dado que neutraliza uma outra que o é. Dessa que serve o Bem, em lusitana língua, conhecemos o avesso e o direito.
Que coisa sublime poderá ser um NÃO!


Orgulho-me de que este post haja sido também pubicado no blogue Pela Vida, soezmente atacado que foi, nestes meus dias de recolhimento.

Wednesday, January 24, 2007

GRATIDÃO

É impossível não dar uma resposta, por mínima que seja, a todo o caudal de solidariedade e simpatia que Tantos de Vós me tendes testemunhado, em Pessoa ou nos respectivos Blogues uns, por correios vários ou nas caixas de comentários Outros. Lamento ser como sou, demasiado fraco para encontrar disposição e disponibilidade que permitam retomar um ritmo de postagem semelhante ao anterior à infelicidade que me atingiu. Pensei terminar de vez a página, como a etapa da vida a que correspondia. A Vossa Força faz-me titubear e hesitar em prosseguir nessa resolução. Peço umas duas semanas mais e dou a minha palavra em como tentarei corresponder.
TODO O BEM DO MUNDO A CADA UM DE VÓS, QUERIDOS AMIGOS.

Friday, January 12, 2007

Porto Rico

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Ao contrário de mim, que sou o pobre: a ilha que dá frutos como Christina Santiago.

O Vespeiro

O envio de mais soldados americanos para o Iraque sofre, quanto a mim, de um pecado original: serem considerados como um reforço quantitativo, indiferenciado nas funções que venham a desempenhar. O problema não está no número dos que lá estão. O General Powell afirmou ainda há um par de dias que «os coronéis pedem sempre maior número de efectivos no terreno. Por isso é que temos os generais». Para fazer mais do mesmo os que lá estão chegam. Vão progredindo, embora muito lenta e dolorosamente. Mas reforços não me parece que aumentem a rapidez, podendo, isso sim, multiplicar os alvos dos ataques do inimigo.
O beco com estreitíssima saída vem, sim, da ausência de planos para o País que o tivessem em conta, sem alinhar em preconceitos de secretaria: ou dividi-lo em três, garantindo que a desconfiança recíproca entre a tríade de novos estados os afastaria de afrontar o Ocidente; ou a restauração da Monarquia, bem vista pelos xiitas e curdos, que se lembram dela como a Idade de Ouro pré-persecutória. Incrementos numéricos de tropas relativamente inexperientes só atrapalham, com a criação de problemas logísticos e orçamentais escusados.

Um Cravo Espetado

Até nem digo que o Governo e o PS, ignorando-se qual dos dois prolonga o outro, não tenham querido afastar o Eng. João Cravinho, para se pouparem aos incómodos que a legislação proposta por ele em matéria de transparência lhes acarretaria. Vou fingir acreditar que a única razão da nomeação foi o reconhecimento dos méritos pessoais, profissionais e políticos do futuro administrador do BERD. Com a aceitação, mais coisa menos coisa, o distinguido acaba por justificar o diminutivo que lhe forma o apelido, não chegando ao substantivo inalterado que lhe serve de base. Mas pode ter desencadeado um precedente perturbador para o outro Engenheiro, o de S. Bento: doravante, qualquer deputado obscuro e medíocre que cobice um poleiro dourado apresentará tentativas legiferantes desconfortáveis. E não se sabe se haverá lugares suficientes para contentar todos.

A Verdade dos Dias

«De modo que um amigo pode ver-se como a obra-prima da natureza»
Ralph Waldo Emerson
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Esperando que hoje não seja dia não na alternância dos tons das notícias do que me vem afligindo, atirei-me a reflectir sobre a relação entre exposição dos acontecimentos que tenho vivido e sentido e um blogue. Se puder ser um escape, como Alguns já sugeriram, melhor. Mas nem penso que isso seja o principal. Para quem teve como propósito fazer da página um diário com as possibilidades que o tempo dá, como escamotear, por pudor ou orgulho, o mais importante que o vem tomando? Seria transigir com a falsidade.

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E aqui é que intervém o grande salto que a bloguística permite, para além do registo em cima do acontecimento, quando comparada com os livros: os comentários. As notícias que na diarística clássica se dava dos Amigos eram, ainda e sempre, uma visão do Autor. Com as maravilhosas caixinhas abertas podem, inversamente, intervir, com a sua idiossincrasia, estando, de facto, presentes e eliminando a escrita da lista das práticas solitárias. Transportei-me então a Emerson e às duas características que considerava poderem definir a Amizade: a Verdade, o Outro junto de quem nos podemos sentir bem sem as máscaras do interesse, da sujeição ou da conveniência, dando livre expansão ao nosso próprio ser; e a ternura, de que aqui e no blogue homónimo falava a Mariíta: «quando um homem me é querido alcancei o fim da fortuna». Uma e outra me impeliam a aqui inscrever o que venho passando. Uma e outra permitiram a confirmação do alto conceito que do sentimento amical fazia o Escritor citado.
Penso que não são más escolhas «Diário», de Kappy Trigg
e
«Reunião de Amigos», de Eustache Le Sueur.

 
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