Identidade e Carácter
Lendo a súmula de uma conferência realizada por António Costa Pinto que o «DN» hoje dá, deparo com a exultante conclusão de que os nossos se identificavam paritariamente, no sentido sério, não no socrático, em 2004, como «cidadãos portugueses» e «cidadãos europeus», a um tempo. E mais, que, ao contrário de muitos recém-chegados à Europa integrada, não houve em Portugal grande sucesso do eurocepticismo, tudo isto num País sem grandes problemas de indefinição da nacionalidade. Penso que foi descurada uma linha de análise. Refiro-me à que faça entrar na equação o carácter luso. Se, tradicionalmente, não temos dificuldades em dizer quem somos, costumamos sentir imensas em prezar o que somos. Daí a atávica subserviência perante o estrangeiro, seja no tratamento popular ao turista, melhor do que o tributado aos compatriotas, seja no seguidismo governamental dos modelos de fora, sempre preferidos aos da nossa História. Este "desprezo de si" encontra concretizações no maravilhamento dos emigrantes perante os países que lhes pagaram, como na elevação da continentalidade ao nível identitário da nacionalidade, até pela esperança do mendigo, de que, dizendo-se da família, a esmola seja maior, quem sabe se com um pratinho de sopa à mesa dos primos.
Mas se os turcos entrassem, tudo isso mudaria, porque quem estaria no papel de abrir a porta seríamos, também, nós. E isso já não atrai, pelo que se redescobriria a predominância da lusitaneidade, mais intensamente do que seguindo as exortações de Scolari. Vai uma apostinha?
Mas se os turcos entrassem, tudo isso mudaria, porque quem estaria no papel de abrir a porta seríamos, também, nós. E isso já não atrai, pelo que se redescobriria a predominância da lusitaneidade, mais intensamente do que seguindo as exortações de Scolari. Vai uma apostinha?
1 Comments:
At 11:27 AM, Paulo Cunha Porto said…
Imune SA:
É a "nossa" identidade na faceta que mais agrada aos expoentes do dito...
Ab.
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