O Misantropo Enjaulado

O optimismo é uma preguiça do espírito. E. Herriot

Monday, July 31, 2006

As Frustrações da Ironia

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Calhou num 31 de Julho o derradeiro dia da vexação oficial imposta a Daniel Defoe, através da exposição no pelourinho. Fruto também das sucessivas transferências de causas e Senhores que serviu, quer como panfletário, quer como "assessor" gestor de imagem, ou espião, dos Stuarts ao seu rival de proveniência holandesa, passando aos governos Tories e Whigs que se sucederiam até aos primeiros tempos da Dinastia de Hanover, não tinha uma alma, com excepção do Conde de Oxford e Mortimer, que se apiedasse dele. Como em tudo na vida, quisera defender os puritanos Dissenters, de que era originário, após tê-los criticado severamente. Tentou fazer tal com a redacção de um "manual" sobre a maneira mais «eficaz» - shorter - de lidar com o grupo, como se tivesse sido um fanatizadíssimo adversário deles, um exterminante Pastor High Church - a assiná-lo. Parte do Governo percebeu quão corrosivo era o tom humorístico e processou-o em conformidade. Mas muitos dos pretensos alvos que procurava beneficiar e alguns perseguidores deles tomaram à letra o escrito, fundando nele a sua hostilidade ao Autor, ou aos visados, respectivamente.
O resto é o que se sabe. Apesar do contentamento de um Pope, que chegou a ficcionar um já em desuso corte de orelhas do condenado, dessa forma enganando ainda hoje muitos investigadores estrangeiros, portugueses de vulto incluídos, a multidão, habitualmente colaborante nestas execuções soft, em fez de atirar os ovos e excrementos do costume, dava-lhe água e comida e recitava o seu «Hino ao Pelourinho», como manifestação anti-governamental. Mas o Escritor, que não era a corajem personificada, já tinha experimentado suficientes sofrimentos.
Moral da História: só pode com êxito esgrimir ironias quem se sabe inequivocamente de que lado está.

A Grande Sorte

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Há dias que nem contados! De mil e um afazeres que me tinha ingenuamente proposto levar a cabo, antes que as Pessoas com eles relacionadas fossem de férias, nem uma quarta parte foi bem sucedida, na maior parte dos casos... por as Gentes já terem ido para a praia, ou para a terra. A antecipação de Agosto para a véspera cortou-me rente muitas asas e, com trunfos baixos, muitas vazas. Quando já desesperava, numa jornada em que até pouco capazmente pude blogar, dou com um livro que procurava há vinte e três anos, o dos textos escritos por Luís de Almeida Braga, de 1916, muitos deles evocativos das bel(g)as terras em que procurara acolhimento.
E não consegui conter a tentação comparativa de confrontar esta taluda, que não era a Sorte Grande, com outro desmentido da má fortuna. Afinal, se o Velho Mestre não tivesse tido necessidade de se exilar nessas paragens do Norte da Europa, não teria surgido, da forma conhecida, o extraordinário florilégio doutrinal que foi o movimento do Integralismo Lusitano. Numa lenta imersão no apaziguamento voltei à paz espiritual.

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Qualitas X Quantum

Diz a Ministra Isabel Pires de Lima que acha pouco só haver duas mulheres no governo». Considerando a contestação de que vêm sendo alvo as titulares da Cultura e da Educação, melhor iria "acho pouco só haver estas mulheres no governo".

Destino e Garantia de Ouro

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A todos os que estejam preocupados quanto à falta de cobertura de que esta Piquena, eventualmente, poderia padecer, cumpre tornar efectivo o preceito "dar a Cesare o que é de Cesare" e demonstrar como a Federal Reserve considera que Carmella DeCesare vale ouro.

O Truísmo

Os cientistas descobriram que o veneno do escorpião é eficaz contra os tumores cerebrais, destruindo o que é mau e preservando o que importa. Num sentido mais lato, o misantropo tem de reconhecer que era verdade sabida há muito por quem se desse o trabalho de conciliar a condição astrológica do autor deste blogue e o bem que a leitura dele faz ao cérebro. Mas no que toca exclusivamente ao campo oncológico, devo dizer que não estou preocupado com a hipótese de os inimigos do Sionismo rejeitarem o recurso a esse tratamento, por o animal benéfico a ser empregue na luta contra a doença ser israelita. Afinal, serão muito poucos os que, de entre eles, recusam recorrer à aspirina, a qual foi inventada por dois Judeus...

Ballets Cor-de-Burro-Quando-Foge

A notícia é tremenda, mas ilógica. As duas miúdas de 14 e 12(!) anos encontradas a prostituir-se num estabelecimento de Sintra foram retiradas, provisoriamente ou não, às famílias, mas os relatos não dizem que tenham sido as famílias a incitá-las a essa prestação, ou a exigi-la, o que aparenta ainda ignorar-se. Se não havia conhecimento, parece que a medida apropriada seria chamar a atenção delas para que seguissem as crianças. Caso estivessem por detrás da infame exploração, tal deveria ser publicitado. Da forma como está redigido o texto parece que elas se aventuravam no aluguer de si, por iniciativa própria. E é inaceitável que não haja revelações quanto aos clientes. É mais do que duvidoso de que elas se prostituíssem com o ar. Tanto falaram do caso dos Ballets Roses, em que as envolvidas eram, etariamente mulheres, apesar de menores de 21 anos e nada se diz da clientela fantasma do lupanar infantil de Rio de Mouro. Depois de todas as pressões que se verificaram e continuam a verificar no Processo Casa Pia, com processos disciplinares instaurados a inspectores da PJ por prestarem depoimentos judiciais não-rejeitados pelo colectivo, este silêncio quanto aos utentes dos corpos das meninas dá para desconfiar muitíssimo.

Ambições Modestas

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Apesar de repetidas tentativas, a superpotência sobrante não conseguiu impor o 31 de Julho, dia nacional declarado de uma certa realidade, como Dia Internacional da mesma, havendo muitas vozes que se insurgem e sugerem antes o 8 de Agosto. Sem falar em povoações brasileiras que o colocaram em Maio, o que vem, finalmente, estabelecer algum bom senso, ao contrariar a redução a um dia do que é bom que ocorra com mais frequência.
Quem tenha curiosidade de saber do que falo leia o primeiro comentário.
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Sentido Útil da Bizantinice

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Troça-se habitualmente dos Sábios de Bizâncio por, cercados pelos turcos ameaçadores, continuarem embrenhados na discussão teológica versando o sexo dos Anjos, em vez de porem a salvo o pelo. Preferível seria reconhecer que se tratava de Homens para quem os princípios doutrinais eram mais importantes do que a miserável segurançazinha própria. Porque sem fundamentos uma vida interventiva vale menos que nada. Como "bizantinice" passou, por portas travessas, a significar "excentricidade", aproveito o termo para felicitar o Manuel Azinhal por mais um aniversário do seu extraordinário Blogue, que tomou para nome a controvérsia supra referida, da Constantinopla agonizante. Como se comprovará pela divisa que consta no cabeçalho, também Ele se sente como um estranho no mundo que nos rodeia. A Quem tanto me inspirou e com Quem tanto aprendi, um forte abraço de parabéns.

Sunday, July 30, 2006

(D)A Arte e (d)a Vida

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Outro 30 de Julho, o de 1898, deu-nos o grande escultor Henry Moore. Combatente na I Guerra Mundial, gaseado em Cambrai, não se deixou marcar, vida fora, por esse desagradável contratempo, "reciclando-o", muito britanicamente, num «período da vida muito romântico», que se teria traduzido na participação combatente. Esta mesma concepção aplicou-a no seu labor artístico, cuja grandeza excede em muito as dimensões físicas descomunais de algumas das suas realizações. Sempre privilegiou ao eros criador à finalidade, teorizando repetidamente que, num artista, o principal não é o objectivo, mas, «como na droga, a excitação». Foi esta, como sobreabundante (pre)enchimento da vida que o levou a sintetizar: «o segredo da existência é ter uma ocupação, alguma coisa a que devotes a tua vida inteira, algo a que tragas tudo, todos os minutos da vida. E o mais importante é que deve ser alguma coisa que não consigas fazer». Convido-Vos a que fiquem com o seu «O Rei e a Rainha».

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As Tempestades Interiores

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1818 foi o ano de nascimento, a 30 de Julho, de uma pacata jovem, de vida social breve e rotineira que escreveu o mais terrível dos livros - Emily Brontë, a qual deu à estampa «O MONTE DOS VENDAVAIS». Apesar dos contínuos esclarecimentos da sobreviva e relativamente emancipada irmã, Charlotte, ninguém acredita que que a produção de tão tormentosa obra haja nascido de uma alma plácida que se limitasse, mecanicamente, a reproduzir o que os vizinhos lhe contavam. Narrar, com tal força o maior dos ressentimentos, o daquele Heathcliff - muito mais credível por Olivier do que por Fiennes - que conformava a vida ao objectivo da vingança nos filhos daqueles de quem imaginava agravos, ainda que um deles fosse seu próprio, exigia, se não a partilha desses sentimentos, ao menos a maturação horrorizada deles. E a concepção do antídoto final, do fantasma da única pessoa que esse personagem amara, e que permitira que o manejasse a seu bel-prazer, desviando-o do Mal, ao impeli-lo para a morte que libertasse da opressão o sangue dela, também não é de molde a fazer-nos crer em impassibilidades espirituais de uma obscura e recatada filha dum pastor. É que neste livro não é a frieza do artífice, fautora do estilo, o principal. É, isso sim, toda a desequilibradíssima tensão entre as humilhações de um ego desmedido fermentado na infelicidade do nascimento que não buscava mais, afinal, do que a mansa submissão ao império da que fora a sua outra e verdadeira, porque maior, paixão.

A Ironia Trágica

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A mais trágica que conheço é a do significado de Jerusalém - Cidade da Paz. Isto porque creio que é o verdadeiro factor de eternização da guerra entre Árabes muçulmanos e Judeus. Os territórios palestinianos poderão transitar de soberania, como já timidamente tentaram arvorar autonomia. O reconhecimento do Estado Hebraico pode ser conseguido quando os radicais forem reduzidos a franjas eleitorais, o que não é impossível. Mas enquanto persistir a problemática da bandeira flutuando sobre a Cidade Triplamente Santa não se irá a lado algum. Em 30 de Julho de 1980, para além de se celebrar, como hoje, mais um aniversário do Matrimónio dos Pais de quem escreve, o Knesset deu um passo atrás no já de si impossível consenso sobre a questão, ao transferir da tolerável Tel-Aviv para a inaceitável Jerusalém a capital do País. E pior, consagrou a indivisibilidade dela, num acto típico de um homem de notável envergadura, mas duma dureza assustadora como era Begin. A esperança de dividir para alcançar a Paz ficou assim derrubada, apesar de já ser ténue, por inadmissível pelos Muçulmanos. E quer uns, quer outros, se apressaram em rejeitar a proposta do Extraordinário Papa João Paulo II, de uma internacionalização do controlo da cidade, que garantisse o respeito paritário dos Três Cultos que a reverenciam. Por isso continuo a acreditar que a única solução passará por um condomínio que, não divida pelo fraccionamento nem pelo predomínio de um dos lados. Mas para isso será preciso melhorar a capacidade palestina de erguer um estado, bem como o relacionamento com os vizinhos. Não vejo outra esperança.

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É Uma Dança!


A Sr.ª D. Teresa Mendes inaugurou um curso de «Dança Com Varão» e diz que as Mulheres entram nessa onda «para combater o tédio da vida conjugal». Até aqui, nada de novo. Há muito que os casais se tentam reinventar fogos com expedientes eróticos mais ou menos soft. De notar que a escolha da preposição não é inocente; e acredito que muito do efeito de satisfação que deste ensino se retira resulta da conjugação dela com os vários sentidos do substantivo que se segue. A ilustre docente espanta-se com o facto de muitas pessoas associarem «a dança com varão às dançarinas de striptease». E eu acompanho-a na estupefacção, pois não consigo perceber o porquê de tal relação! Mas dois pormenores me angustiam: que haja varões de aluguer a 25 euros e que neste auxiliar matrimonial a instrutora repise que o que é importante é a saída...

«Rebecca»

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Para o caso de Vos aparecer à frente um inapagável «R», como no filme, ao ponto de Vos fazer duvidar da sanidade mental, Rebecca Romijn demonstra que vê-la com mais ou menos roupa é tudo uma questão de fusos... horários.
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Prazeres Proibidos

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Aquando das lutas relativas à independência da Irlanda, numa das prisões que De Valera sofreu, este, a caminho do cárcere, atirou, subitamente, com o cachimbo contra uma parede, espatifando-o. Interrogado pelos agentes britânicos acerca da razão do seu acto, disse: «Foi para lhes tirar o prazer de me probirem de fumar enquanto estiver preso. Antes que vocês me proibissem o gosto do tabaco, resolvi eu deixar de fumar. Neste instante acabou-se!».
Uma história exemplar de como um gosto a que se renuncia para privar os demais de um outro transforma a vida num empate. Aos meus Amigos fumadores, este grito de liberdade.

Retrato do Artista Quando o Sovem

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Espera-se torturadamente que «Dark Cloud», de Gloria Rabinowitz, passe a fazer parte da colecção Berardo, porque ilustrativa da «nuvem negra» correspondente às dúvidas presidenciais, com que o novo Mecenas diz iniciar o excelente negócio que também lhe promete ser a contratualizada exibição pública; que faz lembrar os empréstimos com opção de compra dos futebolistas. Os quadros serão bons, mas não gostei nem um poucochinho do estilo com que o coleccionador se deu a conhecer aos Portugueses. Porém, muito melhor do que eu saberia, disso fala Este Gentleman. Não percam!

Saturday, July 29, 2006

Caminhos da Vida

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Deixando-se impregnar pelo fascínio do Colorado, que também exerceu a sua acção sobre Kerouac, Dennis Stock deu-nos «Estrada Aberta Para o Motociclista». Como cumprir a sua rota deve fazer passar para segundo plano o temor de se cruzar com um obstáculo mais forte, quando as alturas cimeiras estão à vista, em jeito de referência que guia.

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La Nuit Parisienne

Para quem esteja de boca aberta ao ver o Maire rosa de Paris, Bertrand Delanoë, bruscamente, investido no papel de virgem púdica e interditando, sob pena de multa de 38 euros, o uso do monokini e o do fio dental nas tangas das banhistas das praias de Paris, o misantropo está em condições de fornecer uma explicação alternativa àquela que convoque a vida pessoal do autarca como causa da insensibilidade a tais hipóteses de fruição acrescida da beleza: é que talvez tenha passado pela cabeça do edil parisiense a percepção de que as prevaricadoras que se possam dar ao luxo de pagar o montante penalizador coincidam com as que têm disponibilidade financeira para frequentar diariamente o ginásio. E, assim, seria um tributo à Estética, mediante o mecanismo da Selecção Artificial...

Sagacidade

A transsexualidade repugna-me bastante, mas, por enquanto, ainda não é prática corrente dos poderes constituídos em Portugal, ao contrário da translógica, como o caso Gisberta veio demonstrar. O Ministério Público entendeu que não podia acusar por homicídio um grupo de 13 indivíduos que aplicaram uma sova num desgraçado trânsfuga sexual, atirando-o, de seguida a um fosso, onde se veio a afogar, mesmo que não tenham movido uma palha para o/a salvar. Provavelmente terão entendido que esses maus tratos não pretenderiam mais do que proporcionar à vítima uma banhoca forçada. Cuidado, oh frequentadores de festarolas em que é hábito atirar à piscina participantes da diversão, doravante o espancamento poderá passar a ser tido como pré-requisito desse lançamento ao mundo aquoso.
Vou desistir de pensar. Sinto que começa a ser demasiado para mim, acompanhar estas luminárias.

Epístola de Paulo aos Amigos da Al-Queda

Caríssimos:
Por muito que vos julgueis fora da adoração da Cruz, esse médico renegado que outrora jurou com Esculápio salvar vidas e hoje jura com Sayyid Qtb extingui-las, considera-Vos «Cruzados».
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Por muito que façais por distinguir Portugal da Espanha, ele considera o nosso País pertencente ao El-Andaluz dependente, em outras eras, do Califado de Córdova e quer repor o islamismo nele, porque o pretende fazer em todo o território que historicamente o Islão dominou, «de Espanha ao Iraque».
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Por muito que seja obsessão da Vossa vontade acreditar que «atacaremos em todo o lado» se não refere ao Vosso bairro, o literalismo deste profeta do terror não coincide com os Vossos desejos e «todo o lado» inclui a porta das Vossas casas e põe em risco a vida dos Vossos Filhos.
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Por muito que o Vosso Intelecto haja concluído pelo "carácter maligno" dos Judeus, o Estado de que estes dispõem não ameaça as Vossas Famílias, mas, pelo contrário, promete lutar contra os que o fazem, agora que não restam dúvidas da sintonia, por reconhecimento do "inimigo comum", entre os sunitas do movimento de Bin Laden e os xiitas do Hezbollah.
Por isso pensai bem antes de exteriorizar simpatias. A menos que engolir um sapo vivo seja mais intolerável do que a vida Dos que Vos são caros.

Encorajadora de Talentos

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Mesmo com um ar escorrido, em vez de escorreito, Belinda Chapelle é motivo mais do que suficiente para me induzir ao que não ousaria de outro modo: cantar à Capela...

Três Pecados Mortais 3

INVEJA ou LUXÚRIA?
Mas nada é tão grave quanto o aparente suicídio de uma jovem campeã de xadrez do Surrey, Jessie Gilbert, que habituée da depressão, se terá atirado de uma janela de um hotel, na República Checa, onde se encontrava a disputar um torneio. O pai, um alto quadro bancário, foi preso sob suspeita de violação da própria filha, que já se teria tentado suicidar duas vezes. Era um homem com a vida familiar desfeita, o que me faz pensar se não estaria na base das respectivas motivações repelentes, mais do que o puro desejo físico, a vontade de demonstrar poder sobre o rebento admirado e promissor, tão obscuros são os fundamentos do Mal...

Três Pecados Mortais 2

GULA
E que dizer da Esquadra da Polícia do Sussex, no Sul de Inglaterra, em que agentes se viram obrigados a prender outros, que haviam furtado chocolates do balcão que os vendia, no interior da delegação? Quando instituição tão austera e frugal cai nestas tentações, dadas como hábitos meridionais de apetite desenfreado, com que cara irão deter o assaltante de uma pastelaria que só se abotoe com géneros alimentícios, por exemplo?

Três Pecados Mortais 1

PREGUIÇA
Sim, bem sei que não se trata da originária acedia, mas da pura e dura vontade de dormir. O que importa é salientar que as cúpulas da sociedade germânica, durante tantos anos críticas dos hábitos de repouso do Sul da Europa, vêm agora propor, por intermédio de dois seus categorizados políticos de orientação Social-Democrata, a instituição da siesta, para enfrentar o aumento das temperaturas no respectivo Verão. A pausa para uma soneca após o almoço há muito está instituída entre os Chineses, sendo apontada como um dos segredos da produtividade das empresas de Taiwan, cujos funcionários dormem, na mesma sala, inclinados sobre as respectivas mesas de trabalho. Mas enquanto que aqui é uma concorrência aos estimulantes que se procura, para aumentar os níveis de prontidão, além do Reno quer-se essa instituição pela razão contrária, como recato e refúgio das altas temperaturas. É a padronização pelo aquecimento, que levou à colocação de cartazes em Berlim, dizendo «Pausa Mediterrânica». Espera-se que a lição estenda às sociedades dominadas pela religião dita reformada o calor humano.

Friday, July 28, 2006

A Pantera Cor-de-Rosa

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Remake misantrópico com Charlie ONeale. Lotação Esgotada!

Democracia e Desporto

Com a habitual riqueza expressiva, o «CORREIO DA MAAANHû titula: «Corrida às Pensões», para relatar os nomes dos deputados que solicitaram a atribuição de uma subvenção vitalícia mensal. Não atacarei a moralidade da norma que o permite, por entender, há muito, que o bago e o exercício da política, em partidocracias, são gémeos siameses. Volverei apenas ao título para frisar que, podendo ser uma corrida, não é uma maratona popular. Nem no acesso, nem na imagem que dá.

...Outra Frente

Se os azares da frente velha embaciaram a confiança que os Europeus têm nas armas, a da Nova não para de fazer triunfar o Seu Autor, expandindo as fronteiras para além das iniciais, as da blogosfera, anexando o rico território do livro impresso. Para a população do Nova Frente, que somos todos nós, os seus leitores, é motivo de júbilo e inquestionável melhoria da vida a Glória a que acedeu o BOS. Com as armas da Cultura e do Talento vale a pena combater. Muitos parabéns ao Criador e a nós que mostramos um gosto esmerado em segui-Lo.

Outra Declaração...

Viena está na berra. Foi em 1914 aos Sérvios, é hoje o Áustria da capital do seu País ao Glorioso SLB. Esperemos que na Champions o resultado seja igual, para os Austríacos, ao que, infelizmente, tiveram na I Guerra Mundial. Apesar de ser dos adversários teoricamente mais fortes na pré-eliminatória que o Benfica disputará, estou optimista. O que eu não queria, nesta fase, era equipas espanholas ou italianas. Ainda não há pulmão nem entrosamento para pensar em fazer-lhes frente. Com os que calharam, o ritmo pode ser mais moderado, que é o que convém.

O Socialismo Privatizador

A anunciada extinção dos serviços de auditoria jurídica dos ministérios, com a decorrente substituição dos magistrados do Ministério Público que as integravam, por empresas privadas pode até não ter consequências, quanto à independência com que os elaboradores de pareceres actuem, pois a prewssão de agradar ao cliente pode encontrar contraponto na que se pretende extinguir, de expectativas de prosseguimento de carreira com inerentes voluntarismos no sentido de agradar aos topos das hierarquias correlacionadas.
Do que não há dúvida, porque é visível, apontado e não desmentido é que vai sair muito mais caro a todos nós. Penso nas lamentações do JSM, quando aponta o facto de os particulares em Portugal estarem sempre à espera do Estado para singrarem, quer como distribuidor de benesses, quer como cliente.
Mas aproveitando a embalagem, pergunto: não se pode transferir TODA a governação para o sector privado? Se é a panaceia para todos os males, esfera do Direito incluída... Quem detivesse mais acções mandaria. Mas isso, sem estar preto no branco, é já o que vai acontecendo.

A Guerra Podre

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A 28 de Julho de 1914 a Europa estava farta de paz. Não se lembrava de guerra generalizada, pois praticamente não restavam sobreviventes com memória da última que se conhecera, durante o governo de Napoleão I. Não admira pois que, na sequência de sucessivos ultimatos à Sérvia para que a polícia austríaca pudesse actuar contra os culpados do assassínio de Sarajevo do Herdeiro das Coroas Imperial e Real, o Império Austro-Húngaro declarasse a guerra nessa precisa data, sendo a notícia recebida nas populações da França e da Alemanha, que pelos jornais adivinhavam a participação dos seus países, com alegria muito maior do que a que consta do desenho alusivo de Max Beckman, aqui reproduzido. Na Áustria não foi tanto assim, que as pessoas prezavam mais a alegria de viver vienense e estavam escaldadas de derrotas sucessivas e debilitantes.
Ir-se-ia a breve trecho cair na pior das desilusões, a da guerra arrastada nas trincheiras e dos morticínios em massa, com a entrada em cena do gás e a queda de milhares para conquistar meia dúzia de metros de terreno. Só um pouco mais para a frente a aviação prometeu, pelos duelos individuais que proporcionou, dar um novo fôlego à glória guerreira, afogada na lama e no sague da mortífera imobilidade dos combates terrestres.

Essa mesma aviação viria no Conflito que se seguiu a desmentir as esperanças que a ela haviam sido dirigidas na Grande Guerra. Por uma demoníaca ironia estendeu-se a massificação da morte aos civis, igualmente num 28 de Julho, o de 1943, numa escala e numa escalada sem precedentes, com os sucessivos bombardeamentos de Hamburgo pelos aparelhos ingleses, de noite, e americanos, de dia. Apesar de convencional foi de tal forma sobreaquecido o ambiente, com bolas de fogo e ventos quentes, atingindo os 800 graus C, que 42.000 civis encontraram morte horrível por sucção e combustão. O triste acontecimento valeu ao Air Marshal Harris, seu planeador, a triste alcunha de Bomber Harris.
Era um preliminar da generalizada ameaça do armamento nuclear, pelo que não posso considerar esta data senão como um dia maldito. O fogo desta «Operação Gomorrah» era tudo menos divino.

Thursday, July 27, 2006

Uma Questão de Honra

Julgo que nem o meu pior inimigo terá coragem para me acusar de simpatias por Saddam Hussein, mas apoio incondicionalmente a pretensão dele de, em caso de condenação à morte, ser fuzilado e não enforcado. Defendo que o mesmo deveria ter acontecido em Nuremberg com os arguidos militares, porque um Homem que fez a sua vida defendendo o seu País tem o direito a um tratamento diverso do de um criminoso comum. Mesmo que se tenha depois servido do seu País, como o ex-senhor de Bagdad. E mais defendo, que, em casos de mérito anterior, seja, quando solicitado, permitido que o próprio executado dê a voz de «FOGO» ao pelotão, como sucedeu com o Marechal Ney.
É uma questão de honra, mas esta não pode ser assunto secundário.

A Horizontalidade do Vício

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Não sou fumador e quero alertar os meus Leitores para o perigo de acenderem cigarros perto de madeiras. Em jeito de prova, deixo-Vos a piromania mais certeira, com Susan Ward, que, indubitavelmente, me deixou a deitar fumo...

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Inversão dos Papéis

Como retrato do País também não é nada isolada a atitude dos pescadores de Matosinhos que acusaram a Armada de os perseguir. Informado de recentes irregularidades nas forças policiais, o zeloso misantropo correu a ver o que se passava. Afinal a «perseguição» consistiu na vigilância e detecção de ilegalidades confessadas pelos queixosos, quanto às condições das redes, sobretudo. Mas a desfaçatez foi ao ponto de bloquearem as entradas e saídas da Docapesca de Matosinhos, como protesto contra a fiscalização. E a dizer que as ilegalidades que cometem se justificam pelo aumento dos preços dos combustíveis e por o Governo não os apoiar nessa contingência. Já se sabe que é a eterna sobreposição do interesse pessoal ao público que justifica todas as infracções próprias e reserva o papel de maus às autoridades. Mas é mais: não pensando na delapidação de recursos que provocam, é também navegar no ganho imediato sem que para o Futuro se reserve mais do que um «depois se verá». Jesus mandou que se não pensasse no dia de amanhã, mas fê-lo na perspectiva da disponibilidade para o Bem, não para a trapaça. É atitude muito nossa diabolizar quem nos prejudica a vidinha, mesmo que ela seja pouco limpa.

Contemporização Desastrosa

O caso narrado hoje no «CORREIO DA MANHû é, a muitos títulos, exempificativo do que vai acontecendo País fora, embora seja muito pouco exemplar do que deveria suceder. Ressabiados por não obterem contribuições para comprar tabaco, dois toxicodependentes atacaram com gás pimenta e ameaçaram com um punhal os utentes de uma esplanada de Viana do Castelo, obrigando dois casais e um bebé a ser assistidos. Com algum paroxismo actuante, corresponde ao que se vai testemunhando por essa lisboa, em que os pedintes a que são recusadas as esmolas crescentemente ameaçam com: «é melhor pedir que roubar», ou «eu estive preso, e ainda posso fazer alguma asneira». Tem esta generalização comportamental o mérito desgostante de infirmar as teses especializadas que dão este tipo de gente como não-violenta e sem oferecer perigo de maior. Mas a reacção do dono do estabelecimento, mostrando-se céptico quanto à punição dos prevaricadores e receoso de a queixa lhe poder trazer vendettas futuras é mais do que suficiente ilustração do medo que ganha asas e do reconhecimento de qual o poder que, no imediato, mais fortemente vinga.
Quando numa sociedade se generaliza o medo de elementos ilegais e a desconfiança da força pública sobra muito pouco.

Voto Para um Sombrero

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Disse aqui que queria que o Benfica, aproveitando a crise milanesa, se reforçasse com um Kaká. Não veio, mas, em lugar dele surge um Kikin... Fonseca. A imagem que acompanha é a de um merecido descanso que antevejo, depois do que se espera que ele faça, desportivamente falando, aos adversários do Glorioso SLB.

O Forum a Seguir

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Recheada de grandes vultos da Cultura Portuguesa, apresenta-se, em grande forma, a ALAMEDA DIGITAL. Promete muita e boa leitura, quer pela Direcção, quer pela Colaboração.

Wednesday, July 26, 2006

Reflexos

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«O Homem com a Trompa», de Charles Harbutt. Como por trás e pela frente a imponência e a indiferença cercam a necessidade criativa que, por deficiência ou concentração, consegue ignorá-la, mas não dela prescindir. Posted by Picasa

Monstruosidades Móveis

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Esta é endereçada à Grande Especialista Blogosférica em Gárgulas, mas aberta ao interesse de Todos: assim como nos computadores há os fixos e os portáteis, no que toca à gargulice, sempre tive que certos capacetes de armaduras medievais estavam para os PC´s mais leves como as gárgulas de pedra, normalmente nos edifícios, estariam para os que temos imobilizados sobre as secretárias. Ora vejam o caso deste, made in Russia.

Arranhaduras

Vi ontem, num noticiário televisivo, um morador do Sul do Líbano dizer: «nós somos do Hezbollah, mas somos civis». Esclarecimento escusado. O Hezbollah só é um estado dentro do estado pela sua força, não de jure, logo não pode ter militares organizados, reconhecidos e certificados como se de uma nação à séria se tratasse. O que conta é o que esses "civis" fazem.
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Eu não dizia? Não só o poder de Berlusconi, por cima e por baixo da mesa, tinha, numa primeira decisão, impedido a despromoção da A. C. Milan, como conseguiu agora ter o que lhe faltava: ver revogada a decisão que lhe barrava o acesso à Champions. A Juve que se cuide.
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Aviso amigo aos meus Leitores que tenham exteriorizado simpatias por selecções que não a Portuguesa: um senegalês tentava, ilegalmente, entrar, munido de um passaporte francês, na UE, envergando uma camisola da Selecção Inglesa. O guarda fronteiriço - que era um adepto do futebol, mas outro tanto poderia ter acontecido com um conhecedor da História - achou que a combinação era impossível e descobriu a marosca. Cautela com as incoerências!

Homenagem a M. De Barros

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Uma das mais irredutiveis Leitoras do misantropo resolveu prestar um justo tributo a um dos seus mais extraordinários Confrades, magnânimo ao ponto de comentar assiduamente neste pobre blogue. Resolveu fazê-lo pela escolha do nom de guerre. Mas saiu um resultado algo açambarcador: Donna D´Erico

Uma Deselegância

Que o Governo haja decidido vender muitas casas de função, outrora usadas para albergar os magistrados deslocados, não suscita reparo, já que vêm evidenciando muito menor popularidade do que o subsídio alternativo. Que o faça ao mesmo tempo que aliena prisões é que já não parece opção feliz. Por um lado pode magoar os mantenedores da Lei serem metidos no mesmo pacote que os violadores dela. Por outro, pode fazer muita gente pensar que os antigos edifícios prisionais se encontram disponíveis por motivo idêntico aos das antigas moradas facultadas aos Membros dos Tribunais. Se, com os tratamentos demasiado benevolentes, até nem anda muito longe da verdade, é, ainda assim, uma assimilação desagradável.

Coisas Boas

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Não, não viso as que o inefável Artur Jorge popularizou, mas sim o chocolate. Quem pense que ele é coisa de Inverno está redondamente enganado, como pode comprovar em qualquer gelataria, ou, se for até Londres, numa das grandes atracções de Picadilly, La Maison du Chocolat, que, em plena forma, oferece o refrescantíssimo sortido Sevillane. Mas esta doçura de alimento divide quase tanto as opiniões como a Palestina. Para Bachot, era de enaltecer ao ponto de a qualificar como «alimento dos Deuses». Já Lister dava-a, depreciativamente, como «comida de Índios». E ambos eram médicos célebres. Que eé Índios fora, não há dúvida, pois os soldados de Cortez conheceram-na ao ver os nativos do México comê-la, sob a forma de papa. Experimentando, acharam-na amarguíssima, mas, ainda assim, decidiram trazer largas porções de cacau, que, sendo usado pelos Mexicanos de então como moeda, constava, na quantidade de 1.200.000 kilos, do resgate de Montezuma, tanto que ainda há quem localize nessa origem o termo de gíria que desigma o dinheiro. Pensaram os conquistadores usar o produto para alimentar os presos, numa espécie de castigo-extra. Mas arrepiaram caminho: juntando-lhe açúcar criaram a substância que conhecemos. Não admira que não tivessem gostado do chocolate do Novo Mundo. Este era obtido pela adição de milho e pimenta, não pela eterna satisfação dos gulosos.
A imagem, em estilo Art Nouveau, foi concebida por Alfons Mucha.

Caso a Caso

Para verem como, mutatis mutandis, não me é aplicável qualquer recomendação paralela à que exponho no curto post anterior, chamo a atenção para o meu desacordo com o PCP - o outro - quanto à avaliação da situação no Líbano e na Palestina, uma vez que a força dos factos me leva a simpatizar com a luta de Israel e dos Cristãos Libaneses contra Hamas, Hezbollah, Síria, e Irão, mas não me tolhe minimamente numa absoluta concordância, em ambos os termos da oposição, com as posições daquele Partido, expressas por Ângelo Alves, de não aceitar que militares portugueses integrem uma força internacional de paz e de considerar o próprio envio dela indesejável. Como acaba de comprovar a morte de observadores da ONU, na sequência de um bombardeamento, a presença de tais enviados traz proveitos nulos à pacificação e aumenta o risco de morte de inocentes, sem vantagem equacionável que justifique o risco. Além de se não ver que mais-valia poderia uma participação portuguesa trazer a uma zona da qual o nosso País anda afastado há séculos. Não se pode condenar com ligeireza os nossos soldados a uma postura de imobilidade e inutilidade tão perigosas, sob pena de, para além das vidas, arriscarem o próprio espírito indispensável à sua condição, pelas frustrações e raiva que uma inacção forçada e flagelada pode trazer.

As Más Companhias

A todos os Leitores deste blogue roga-se que tomem nota do que Vasco Graça Moura, com a categoria intelectual que O caracteriza, aqui relembra; e que se não deixem perder, em tão tristes convivências e empenhamentos. Por vezes, alinhar tão incondicionalmente com eles acaba por fazer com que se torne um deles. E quem quererá isso?

Tuesday, July 25, 2006

Atracção Fatal

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Foi num 25 de Julho que rolou a cabeça de um Poeta, André Chénier, que está longe de ser, das muitas vítimas ilustres da Revolução, a que mais prezo. Ao contrário de Cazotte, que nunca se deixou fascinar pela política, mas morreu fiel ao Deus e ao Rei que conhecera, este jogou o seu papel. Viu assim como estão condenadas ao fracasso, em tempos revoltos, as tentativas de limitação da Realeza que excedam as ditadas pelo trabalho da Tradição. Quis-se constitucionalista e acabou a escrever panfletos contra o jacobinismo, hinos a Charlotte Corday, a menos condenável das assassinas; e a contemplar a divisão política que o apartava do seu próprio Irmão. Teve a dignidade de participar na defesa do Rei que queriam matar e mataram. Estava condenado. Como a permanência no cárcere foi longa, ainda deu para confirmar que na prisão alguns escritores se tornam bastante melhores do que o foram fora dela. O mesmo tribuno que gritou «A República não precisa de sábios», ao ser decidido o envio de Lavoisier para a guilhotina, poderia ter bradado neste caso: «A República não precisa de Poetas».

Movimento de Libertação

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Eis o que convinha a esta jaula, uma rapariga com a força de Katie Richmond, para remover as grades!

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De Olhos Bem Abertos

O Diagnóstico de ameaças, nucleares, sobretudo, no Mundo, pela mão de Adriano Moreira, hoje, no «Diário de Notícias»:
«A situação de alto risco em que o mundo se encontra tem as ameaças mais notórias implantadas em Estados que nasceram da descolonização ou da recusa do domínio equivalente de sociedades afluentes e com supremacia militar».
Culpa dos próprios? Sem dúvida. Mas culpa das potências colonizadoras que impuseram na contemporaneidade um modelo opressor, o qual desencadeou sedes de revanches e, depois, obrigaram os que tinham um padrão de presença ultramarina diverso a segui-los numa apressada emenda consagrando um remorso para que não havia substrato bastante.
Hoje paga o justo, além do pecador.

Erro de Casting

Leio no «DN» de hoje:
«Moisés prepara estratégia para convencer Leões».
Não posso deixar de pensar que houve uma confusão de Personagens Bíblicos. Daniel pareceria muitíssimo mais adequado...

A Salto

Um comentário tão simpático como anónimo ao meu post de ontem sobre a tortura que certas concepções do salto alto podem implicar chama a atenção para dois pontos fundamentais: o mal que fará à saúde, presumivelmente à coluna, bem como o desconhecimento que desta predilecção a Grécia Antiga faria gala. No tocante ao primeiro ponto, é inegável que o exagero acarreta potencialmente problemas, mas tantos ou quase tantos como o salto raso a todo o tempo. Ouvi no outro dia um especialista defender, na TV, que o ideal é algum salto, sem pretensões a bater records. Quanto aos Gregos, seria pouco usado na vida de todos os dias, mas era empregue, tal como na Tebas egípcia 1000 anos antes do Salvador, para distinguir pela altura conforme a proeminência social dos personagens. E «personagem» não vai inocentemente, já que foi sobretudo no teatro, a partir de Esquilo, que este padrão foi usado. Assim como se indica que Alcibíades teria calçado, num transe de travestismo como o imputado ao Cristiano Ronaldo, uns coturnos elevados, o que indica que também Mulheres os utilizariam.
De resto, há alguns equívocos ligados ao caso. Diz-se ter sido a pequena Pompadour, para se elevar, a popularizá-los, quando modas similares tiveram breves vogas, séculos antes, nas cortes de Catarina de Médicis e Maria Tudor, que haviam introduzido a "inovação". E nos homens, Luís XIV, sem travestismo, também teria o que dizer.
Muita da culpa da carga erótica atribuída à alcandoração do calcanhar a níveis superiores é imputável a Casanova, creio que o primeiro a escrever sobre o agrado e o desejo que a coisa lhe provocava.
Quanto ao ataque das feministas, assentou na fantasia de que, restringindo os movimentos, impediria a «libertação pelo trabalho», o que é, para mim, conceito ininteligível. E que por os Homens gostarem de ver esses acessórios em femininos pés era uma submissão à vontade masculina que «transformaria a Mulher em objecto» Claro qua a primeira tese foi por água abaixo, quando as Mulheres começaram a usar os tacões para trabalhar. E a segunda acha-se algo prejudicada pelo quanto as Nossas Queridas Contrapartes se gostam de ver com eles. Moral da História: uma feminista vê opressão em tudo o que traz prazer.
E para rematar, um anexim norte-americano:
Good Girls usam saltos altos para trabalhar. Bad Girls usam saltos altos na cama».
Acrescento eu:
"Real Bad Girls usam-nos para ambos os propósitos, ao mesmo tempo".
Usem, mas não abusem.

Crónica Eleitoral

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Tremo só de pensar o que admiradores do espírito dos Samurais, como o Je Maintiendrai, ou dos respectivos sabres, como o Legionário, assim como do recato e suavidade da Mulher Asiática, tal o Confrade das Combustões, terão a dizer da ideia da Miss Japão, concorrente ao certame «Miss Universo» 2006, de desfilar com uma espada tradicional do seu País!
De nada valeu, com um top-ten dominado pelas belezas latino-americanas, com um reduto europeu vindo da neutralidade suíça a marcar presença e passo. Ao menos a boliviana não foi a escolhida de entre elas, o que me faz pensar se a organização, influenciada pelos fundos do Sr. Trump, uma eterna plausibilidade política, não terão pensado mais no Presidente Morales do que na Jovem presente à compita.
Ganhou um meio-País que quer tornar-se menos ainda: Porto Rico. Não se deve ter o triunfo como prémio de consolação pelo contínuo adiamento do almejado ingresso do Território, esse Estado Associado, como a 51ª estrela da Federação Norte Americana, antes há que considerar haver agora mais uma arma para levar a cabo o combate por tal desiderato. É que na conferência de Imprensa após a vitória, a Coroada Morena portadora de 1,75m, desmaiou. Seria interessante confrontar com recentes colapsos célebres, o de Heidi Klum no sorteio do Mundial, ou o da entrevistadora televisiva ao desportista, vendo que o interrogatório não corria de feição. Em como o investimento total de uma Mulher nos poucos e decisivos minutos que vão para o ar lhe transtorna o equilíbrio e em que medida isso trairá mais do que o momentâneo enfraquecimento...
Mas claro que a simpatia despertada pode ser usada como instrumento de propaganda.

Monday, July 24, 2006

Encontro Com Um Clássico

Para que se não diga que mimo demasiado o Jansenista e o Je Maintiendrai exclusivamente com Deneuves e outros Doces, vou bombardeá-Los com algo que Lhes recorde os bancos escolares. Em pleno Chiado dou com um Pensador de referência que nem sabia vertido para a nossa língua. Como tem duas partes, metade da semana fica Um com a custódia da primeira e o Outro com a da segunda. Na outra, trocam.
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Entretanto, apreciai e meditai:
«A Politica considerada a respeito dos Estados estranhos: he aquella destreza, com que o Soberano prove na conservação, segurança, prosperidade, e gloria da Nação, que governa, respeitando as Leis da Justiça, e da humanidade; isto he, sem fazer injuria nenhuma aos outros Estados, antes procurando a sua vantagem, quanto razoavelmente póde ser. Desta sorte a Politica dos Soberanos he em hum corpo maior o que em hum menor he a Prudencia dos Particulares; e assim como nestes se condena a malicia, que faz que procurem a sua vantajem propria com prejuizo dos outros; do mesmo modo naõ seria menos condemnavel esta malicia nos Principes, se cuidassem em procurar a vantagem do seu Povo, fazendo injuria aos outros Póvos. A razão de Estado, que tantas vezes se alega para justificar os procedimentos, ou emprezas dos Principes, naõ póde verdadeiramente ter este effeito, senão em quanto se concilia com o interesse commum das Naçoens, ou, o que vem a ser o mesmo, com as regras invariaveis da boa fé, da justiça e da humanidade.».

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Multi-Usos

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Para encerrar o pronunciado tema que os saltos propiciam, deixo aqui sugestão de uso deles como bengaleiro, desde que se trate da peça de roupa correcta a pendurar. Agradeço a participação de Sophie Anderton.

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Verão!

O «CORREIO DA MANHû apresenta uma mesma notícia como se fossem duas: fala do aumento estival do apetite sexual e do dos furtos, quando o título do primeiro se aplica a ambos: «Mais Desejo no Verão». Há é que não cair num reducionismo sexualista e considerar desejo também na vertente da rapina, que não apenas na da satisfaçao da libido. Claro que a explicação tem de estar para além da que se estriba na hibernação feminina e na ausência dos donos das casas em férias, já que também as viaturas têm sido objecto de furtos e os marginais parece não poderem passar sem companhia, acompanhando os fluxos das férias. A razão surge-me muito outra: como o futebol é desporto de Inverno, na época quente este povo de desportistas tem de inventar sucedâneos
Façam campeonatos em non-stop e...

Pôr, Dispor e Interpor

Não creio que tenha pés para andar a imaginada força de interposição para o Líbano. Os Responsáveis Israelitas, dizendo aceitá-la, contudo, permitem que a questão paire sobre os nossos espíritos. Continuo a pensar que o "se" é inaceitável, já que o Hezbollah não me parece capaz de concordar em desarmar-se, o que o faria perder a sua função. E o "desde" também cria um caso bicudo, pois a exigência de Jerusalém de que a tropa tenha instruções e poderes reais quase que elimina a possibilidade de ser uma executora de mandato da ONU, que, como se sabe só serve para preencher papelada. Se a opção for um contingente da NATO é que a porca torce o rabo. Ao contrário do Prof. Marcelo que manda «esperar para ver», não quero sequer pensar em enviar Portugueses para um cenário em que a paz está condenada a recorrentes desaparições. Espero que Sócrates/Amado não vão nisso.

Misantropização Encarnada

O misantropo acha-se um progressista em muitos domínios. Não pode, por conseguinte, deixar de saudar a evolução que se verifica com a introdução das Cheerleaders no Glorioso SLB, assente na colaboração de uma agência de modelos, o que garante a qualidade, bem como a de um produtor de analgésicos, escapatória para o conforto, nos casos em que o resultado não seja o desejado. Em atenção às meninas, penso até criar uma rubrica intitulada "A Cheerleader da Semana". Há hábitos americanos mais do que estimáveis!

E Viva a Exactidão!

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Em homenagem devotada à Miss Pearls, a Qual, em comentário ao post de ontem sobre a chinelomania, insistiu na diferença entre chinelos e chinelas, a conciliação possível entre os extremos das alturas que os saltos podem fazer atingir e a economia que, libertando o calcanhar e o tornozelo, pode ir ainda mais além. Gostaria de que em lugar das pedras estivessem pérolas, mas temos de ficar pela adequação mitigada. A inicial será de "Best"?

Sunday, July 23, 2006

Autópsia da Perda

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23 de Julho era o dia de aniversário de um extraordinário Actor que, pelas obscuras teias do acaso ou do critério, viria a dar um rosto a uma das mais incómodas e vulgares transformações humanas, a da degradação. Fê-lo em dois filmes famosíssimos, que todos conhecem: «O ANJO AZUL», transformando-se de Rath em Unrat, transitando da autoridade professoral para brinquedo da fatal Lola Lola que se tornou uma segunda identidade da vida de Dietrich.
E em «O ÚLTIMO DOS HOMENS», quando, pela decadência, é transferido para funções menos apetecidas, obrigado a abdicar do uniforme de porteiro que lhe dava o auto-respeito e a aparência do dos outros. Ambos foram quedas de homens presos à sua função social nas vias da dejecção. Um, passando a trazer o estigma na adulteração do nome, outro pela aproximação imposta pelas novas tarefas.
E tanto importa que a causa eficiente fosse a submissão preferencial ao desprezo conectado à condição de joguete de um, no filme de V. Sternberg, como à insuportabilide do escárnio de todos, presente no de Murnau. Se no segundo ainda
era possível localizar num elemento exterior, como a perda da farda, a semente geradora da evaporação da dignidade, num desengano quanto à fraqueza real, imposto de fora, ainda pior porque imune à piedade do espectador, é a progressiva descaracterização por culpa exclusiva da própria debilidade de ânimo que o primeiro evidencia. É que, em matéria de despromoção do homem, quando a sua dignidade está assente apenas nas ficções comunitárias, o fato de cerimónia pode ser mesmo pior insígnia de condenado do que os andrajos.
EMIL JANNINGS.

A Política do Desperdício


Prescindir das Receitas Extraordinárias, para equilibrar o orçamento, estará muito bem. Mas não seria melhor deixar de insistir em despesas tão ordinárias?

A Nova Lei de Murphy

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Ao princípio era a acepção agora acabada de prescrever: «Se alguma coisa puder correr mal, correrá».

Hoje temos o incentivo contrário: "Se alguma coisa puder correr bem, há que tentar". Com Carolyn Murphy.

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