As Tempestades Interiores
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1818 foi o ano de nascimento, a 30 de Julho, de uma pacata jovem, de vida social breve e rotineira que escreveu o mais terrível dos livros - Emily Brontë, a qual deu à estampa «O MONTE DOS VENDAVAIS». Apesar dos contínuos esclarecimentos da sobreviva e relativamente emancipada irmã, Charlotte, ninguém acredita que que a produção de tão tormentosa obra haja nascido de uma alma plácida que se limitasse, mecanicamente, a reproduzir o que os vizinhos lhe contavam. Narrar, com tal força o maior dos ressentimentos, o daquele Heathcliff - muito mais credível por Olivier do que por Fiennes - que conformava a vida ao objectivo da vingança nos filhos daqueles de quem imaginava agravos, ainda que um deles fosse seu próprio, exigia, se não a partilha desses sentimentos, ao menos a maturação horrorizada deles. E a concepção do antídoto final, do fantasma da única pessoa que esse personagem amara, e que permitira que o manejasse a seu bel-prazer, desviando-o do Mal, ao impeli-lo para a morte que libertasse da opressão o sangue dela, também não é de molde a fazer-nos crer em impassibilidades espirituais de uma obscura e recatada filha dum pastor. É que neste livro não é a frieza do artífice, fautora do estilo, o principal. É, isso sim, toda a desequilibradíssima tensão entre as humilhações de um ego desmedido fermentado na infelicidade do nascimento que não buscava mais, afinal, do que a mansa submissão ao império da que fora a sua outra e verdadeira, porque maior, paixão.
1818 foi o ano de nascimento, a 30 de Julho, de uma pacata jovem, de vida social breve e rotineira que escreveu o mais terrível dos livros - Emily Brontë, a qual deu à estampa «O MONTE DOS VENDAVAIS». Apesar dos contínuos esclarecimentos da sobreviva e relativamente emancipada irmã, Charlotte, ninguém acredita que que a produção de tão tormentosa obra haja nascido de uma alma plácida que se limitasse, mecanicamente, a reproduzir o que os vizinhos lhe contavam. Narrar, com tal força o maior dos ressentimentos, o daquele Heathcliff - muito mais credível por Olivier do que por Fiennes - que conformava a vida ao objectivo da vingança nos filhos daqueles de quem imaginava agravos, ainda que um deles fosse seu próprio, exigia, se não a partilha desses sentimentos, ao menos a maturação horrorizada deles. E a concepção do antídoto final, do fantasma da única pessoa que esse personagem amara, e que permitira que o manejasse a seu bel-prazer, desviando-o do Mal, ao impeli-lo para a morte que libertasse da opressão o sangue dela, também não é de molde a fazer-nos crer em impassibilidades espirituais de uma obscura e recatada filha dum pastor. É que neste livro não é a frieza do artífice, fautora do estilo, o principal. É, isso sim, toda a desequilibradíssima tensão entre as humilhações de um ego desmedido fermentado na infelicidade do nascimento que não buscava mais, afinal, do que a mansa submissão ao império da que fora a sua outra e verdadeira, porque maior, paixão.
1 Comments:
At 8:53 AM, Paulo Cunha Porto said…
Querida Graça:
Claro que esse sentimento nos assalta, mas todas as notícias dão as manas em grande concórdia e as negativas da Charlotte quanto a uma vivência mais turbulenta da Irmã, para a época, seriam mais uma tentetiva de protegê-la. Não penso que esta obra, "bigger than life", como bem apontas, corresponda a qualquer passagem biográfica da Autora, ou dos seus próximos. O que me deito a adivinhar é se Ela não terá passado por um envolvimento nas conflagrações do sentir, aparentemente mais prpopícios e propiciatórios do que as alturas da observação.
Obrigado por este belo comentário.
Beijinho.
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