O Misantropo Enjaulado

O optimismo é uma preguiça do espírito. E. Herriot

Sunday, April 30, 2006

Pobre Condição

.
Faz pena ver a Rainha da acção reduzida a esperar por sapatos de defunto. Um jogo para ganhar, na capital do móvel, de nada servirá se o Vizinho do Campo Grande não baquear diante do homónimo de Bracara Augusta. Mas tudo isto vem de culpas próprias, também aqui já pisadas e repisadas. Ainda hoje, em casa, nada de arriscar um bocadinho na linha. E quem não arrisca... Sabe-se bem que o petisco é o acesso directo à Champions, de onde, mais que não fosse pelo Passado, faz impressão ver a Águia excluída. Arre! Três tristes trincos a jogar em casa! E o Luisão enraizado na titularidade! Proibição de pôr o Mantorras a combinar com o Miccoli! Prolongamento do ostracismo do Nélson! São exclamações demasiadas para mim. Até para a semana, no que a bola toca.

Tipicidade em Beleza

Apresento-Vos Sofia Arzhakovskaya, a bailarina russa que ganhou o concurso Miss Mundo 2006. É sem dúvida uma bela Mulher. Mas poder-se-á objectar que não corresponde exactamente à imagem que temos da beleza característica da grande Nação euro-asiática.
.

Sorte teve ela em não ter nascido por Angola, onde as autoridades competentes exercem um policiamento feroz, traduzido em pressões para que a homóloga do PALOP prescindisse da representação por se não inserir no cânone, na ocasião criado, de um padrão de beleza consubstanciado numa tonalidade dérmica de escuridão mínima...

Banhos de Antanho

.

«Domingo em Bougival», de Felicien Rops.

O Segredo?

Muito crítico que sou quanto à continuada actuação de várias
administrações americanas, tanto interna como externamente, apesar de as reconhecer como resultando de uma adequação invejável de um sistema político ao espírito de uma nação, procuro com afã a razão do sucesso delas. O poderio económico explica os efeitos no estatuto de potência, mas não as causas psicológicas profundas da identificação de um País com os seus dirigentes, mesmo considerando o sempre recorrente reconhecimento da falta de confiança na classe política.
Cada vez mais creio que a força suprema deste binómio político-nação dos States deve ser encontrado no infantilismo que se expressa na presença do lúdico e do humour na actuação eleitoral e governativa. Considerar como uma corrida tanto a disputa eleitoral, como eventuais prolongamentos de contestação judicial, por um lado. Ironizar sobre si próprio, como ainda agora fez o Presidente George W. Bush, de parceria com o actor Steve Bridges, por outro. No velho continente seria muito difícil fazer parecido, sem quebra da credibilidade. É o insustentável peso da seriedade. Mas cada um tem de trilhar o caminho que lhe convenha, não importar acefalamente exemplos recebidos pela TV.

Sem Vergonha na Cara

Imploro aos meus Leitores que perdoem mais uma intrusão da política no dia da semana que deveria estar isento dela, porém sabe-se como é a actualidade que faz, também, o misantropo. Tudo para dar conta da execrável situação governamental francesa. Costumo dizer - e o que é mais, pensar - que nunca poderia ter uma carreira política, desde logo por me recusar a apertar a mão de gente a que conheça motivos para não respeitar. Fico, assim, perplexo, ao constatar que o Ministro do Interior, Sarkozy, se encontra, tranquilamente, com o chefe do governo que integra, o Sr. de Villepin, para discutir l´affaire que terá conduzido a uma já comprovadamente artificial e falsificadora inclusão do seu nome numa lista de políticos comprometidos em percepção de comissões ilegais. O caso é grave, ao ponto de o Primeiro Ministro estar em vias de ser ouvido, judicialmente, por conspiração contra... o seu ministro. Como é que há estômago para empurrar garganta abaixo uma maldosa mediocridade como esta?
Por outro lado, o General Rondot, à frente dos serviços secretos, afiançou que as malfeitorias que lhe teriam ordenado que executasse, teriam sido transmitidas pelo chefe de governo, em nome de Chirac. Ainda ninguém esclareceu o bom do Militar que não é necessário dar como novidade o que toda a gente sabe...
Eis a partidocracia, no seu máximo esplendor, o das tricas pela liderança, elevadas ao expoente do crime.

Sombras da Excentricidade

.

Pode parecer tema demasiado tétrico para uma primaveril e luminosa manhã de Domingo, mas gostaria, hoje, de Vos deixar algumas linhas sobre George Selwyn, aqui ao lado representado, numa pintura de Reynolds. Disse tétrico porque é considerado o maior necrófilo do Ocidente Europeu. Quem delirou com as cenas imortais de «BELLE DE JOUR», de Buñuel, viu muito pouco, quando as comparamos com a biografia deste Gentleman.
Trata-se de de uma estranha personalidade que o setecentismo inglês produziu, uma espécie de proustiano Swan avant la lettre, frequentador exaustivo das mais requintadas festas da Aristocracia, e da Realeza, até. Relacionado com o Dr. Johnson, expulso no entanto de Oxford por ter celebrado uma ceia com um cálice consagrado, reivindicando ser uma reencarnação de Jesus Cristo, era, segundo todos os testemunhos, muito agradável de trato e, com Walpole, o autor da melhor epistolografia da época.
O seu traço mais visível, contudo, era a paixão que a morte lhe despertava. A sua rede de correspondentes e informadores avisava-o sempre que se perspectivava ou constatava uma morte com carácter peculiar. Adorava assistir a execuções, enterros, ou, simplesmente, a pessoas expirando, tranquilamente, no leito. Não se sabe em que grau a sexualidade interviria nesta minoritária modalidade de excitação e não parece que qualquer pendor sádico possa ser diagnosticado, porque delirava igualmente com os tormentos mais terrífcos ou com os mais pacíficos dos passamentos.
Além de uma língua temida por todos, era dono de um certo sentido de humor. Tendo sido distinguido com um local privilegiado para testemunhar a crudelíssima execução de Damien, o frustrado assassino de Luís XV, por se tratar de um conhecedor, num tempo em que a tentativa de assassinato de um Rei suscitava tal horror reactivo, foi-lhe perguntado, por um dos auxiliares da cerimónia, se era ele o carrasco. Ao que respondeu «Não, Monsieur. Não tenho essa honra. Não sou mais do que um amador».
O seu grande amigo Lord Holland, agonizante, conseguiu, nos últimos momentos, dar ao mordomo a instrução seguinte: «Da próxima vez que Mr. Selwin perguntar por mim, tragam-no ao meu quarto. Se eu estiver vivo terei muito prazer em vê-lo; se já estiver morto, ele terá muito prazer em ver-me.». Mas uma figura como já não há.

O Tempo das Descobertas

O misantropo aproveita o fim de semana parra arribar a Novos Mundos. Acabou de encontrar um Espaço de Maravilha, em que Duas Senhoras escrevem belissimamente e, ainda por cima, se dão ao luxo de brincar connosco, titulando o blogue com uma das mais extremadas ironias que conheço. Xô! Vão visitar Quem merece!

Saturday, April 29, 2006

Reforma do Parlamento

Depois do desconforto que se propagou um pouco por todo o lado, na sequência da voracidade dos nossos parlamentares por dias de lazer, sem que achassem especial obrigação em comparecer no plenário, admira como ainda se não tentou resolver o imbróglio, da maneira que, desde há uns duzentos anos, é panaceia para todo o mal - imitar o que pela estranja se faz. Nesta onda, sugiro que voltem os olhos para a Roménia, onde o Senador Norica Nicolae resolvera ir dar uma volta; mas, ciente de que a sobrinha se encontrava de visita à Câmara Alta do Parlamento, instruiu-a para produzir o voto, em seu lugar, contra uma proposta da oposição, o que veio, subrepticiamente, a verificar-se. O que pelos Cárpatos está a dar escândalo, por cá seria solução aclamada. Pôr ramos mais jovens da parentela dos eleitos a botar por eles. Dada a sem-vergonha cá do burgo, estou mesmo a ver que o único óbice a apontar seria a desigualdade que acarretaria entre deputados com e sem família...

O Prazer de Conduzir

...é coisa que, finalmente, consegui compreender. Das três Máquinas expostas no Salão Internacional Automóvel de Lisboa 2006 focadas nesta imagem prefiro a que tem a pintura em tom mais escuro.
.

Verduras Que Não Fazem Bem

Os «Verdes» conseguiram o inimaginável: que fosse noticiado um seu projecto de lei. Primeiro garantem que a escola não está a promover os direitos de igualdade», o que é péssimo português e contradição nos termos. Tanta infelicidade visa apenas bem pouca coisa. A saber, que se altere a imagem feminina nos manuais escolares, «por se continuarem a identificar representações de género estereotipadas». Huuum, se eu fosse aluno, também gostaria muito de ver maior representação feminina em todas as áreas, desde que consubstanciada em medidas capazes. Mas imagino o desgosto que a alteração suscitará na maior parte das Meninas em idade escolar, as quais se deliciariam em olhar para a iconografia de rapagões vigorosos. De tanto tentarem engraxar, acabam por dar um tiro no pé. Mas não é grave. Afinal trata-se de partido sem existência real...
...A menos que tenham algum propósito de favorecimento de negociata no campo dos livros de estudo, por via da alteração ridícula. Não digo que o queiram fazer. Apenas que é a única explicação em que encontro algum sentido.

Críticas Cravadas

No «DN» de hoje pode, quem paciência tenha, divertir-se com um espectáculo curioso: um dueto empenhado em atacar a imaterialidade, o que é tido pelas Gentes sempre como sinónimo de loucura, quando o é apenas de má-vontade. O Editor de Nacional atira-se ao Presidente Cavaco, por querer uma ordem de prioridades arrumada, enquanto que, presumivelmente, ele a preferiria desarrumada. E por ter alimentado um «tabu» sobre se usaria ou não cravo na cerimónia do 25A, como se os políticos estivessem obrigados a um dever de revelar a indumentária do dia seguinte. O problema é outro. Como há uma vaga reminiscência de ter um tabu contribuído para o até agora maior insucesso cavaquista, pretende-se, desde já, tentar repetição da dose.
No mesmo jornal de referência Fernanda Câncio, em nome das massas para quem o derradeiro herói é o preservativo, tenta identificar ameaças para o futuro, emergentes da evaporação do cravo vermelho da lapela presidencial. A profecia tem o valor mitigado do vago e da inexistência de previsões concretas. Fala da dificuldade de edificar um futuro, sobre um passado - o do Presidente -, a que contrapõe outro - o da flor murcha. Vamos analisar com um grau de imprecisão quase igual, pois não se deve desagradar, deliberadamente, a uma Senhora: de tão habituada que está a estimar um discurso de "uma no cravo, outra na ferradura", não se conforma que um político do quadrante adverso apenas releve um dos elementos. Mas há que não ser apocalíptica! Tudo tem explicação. A ferradura, como se sabe, é sinal da sorte. O cravo vermelho tem vindo a tornar-se no signo do nosso azar.

Homem Dividido

.

«Entre a Poesia e a Prosa», de Albert Chihwang.

Leitura Matinal -325

Quando nos falta algo de nós, somos tentados a acreditar que é a
parcela do nosso espírito que nos poderia elevar para lá da opressiva submissão à vulgaridade da vida, por muito resgatada que ela tente ser, através da rédea solta concedida à sensibilidade. Ao sentir a ausência da inebriante visão salvadora que, mitificando, sem a megalomania da falsidade, mas com o poder transformador do acto de amor em que intervêm pessoalismo e gosto, permite dar à luz um ser diverso, com os genes do nosso,
o Poeta, ou o simples amante extraconjugal da Poesia tomam consciência da sua secura, afastados que estão da idealidade que lhes permitiu fazer germinar o produto mais atractivo do seu espírito. Dessa relação defunta sobra então a memória da lição e da pureza cujo ocaso deixou desprovido de verve o rememorador lamentoso. Porque será sempre no que dela consiga recuperar que se conseguirá reinventar razão para continuar a viver. É a mesma ambição, em idade variável, que faz suceder à criatividade a lembrança.
De João de Barros:

ADEUS À POESIA

Poesia, aadeus! Perdi-me
Ou te perdi, talvez,
nalgum caminho obscuro
Do meu incerto andar...
Em vão já te procuro,
Em vão te ouço chamar...
Perdi-me e não me vês,
Perdi-te e não te vejo,
Meu único desejo
De ser, mais do que sou,
Sofreguidão da vida
Que em ti e só em ti
Eu aprendera a amar...
Onde te escondes, onde
Se oculta essa esperança
Mais forte do que a Morte,
mais pura que a verdade
Que em ti jamais se cansa
De sempre madrugar?
Eis-me sòzinho - e longe
Eis-me esquecido - e pobre...
Mas da minh´alma ansiosa
Voam ainda, fluem
De mágicas redomas,
Os bálsamos e os aromas,
Os pólens e os eflúvios
Duma presença eterna
Que um dia me enleou...


Inspirando em «Garrafa de Poesia», de Jules
Gotay e «Poesia», de Mikhail Schigol.

Longe

.

«Poesia» de Sir Lawerence Alma-Tadema.

"Eu Hoje Acordei Assim"

.

...Mas façamos das tripas coração!

Friday, April 28, 2006

Voto

.


Más notícias, de última hora, dão Elizabeth Taylor à beira da morte. Após um dia cansativo, tenho de sair para jantar. Que os nossos pensamentos a acompanhem e o rumo das expectativas possa ser invertido

A Saída do Sendeiro

O Ministro Freitas abriu o espumante: afinal os portugueses ilegais expulsos do Canadá são apenas 1, 7% do total das expulsões do País! Depois das entradas de leão da deslocação a Otava, deixa-se "fotografar" contentinho com a reduzida dimensão da nossa quota de pontapés no traseiro! Esta gente não sabe o que quer, ou contenta-se com muito pouco do que disse querer! E passa a vida a comparar-se com os outros. Assim se tranquilizam. Tinham eleito um objectivo já de si duvidoso, o de, em nome da nacionalidade, tentarem proteger infractores à lei. Na impossibilidade do êxito que se propuseram, consolam-se por os outros levarem muito mais pancada.
O MNE disse, textualmente, que «os dados que lhe foram fornecidos permitem tranquilizar (...) a Comunidade Portuguesa no Canadá»! Esperança vã. Os nossos compatriotas, se intranquilos com alguma coisa, estão-no é por verem os seus interesses defendidos por este politicozinho, como demonstram as declarações do Seu Leader, Peter Ferreira, aquanto da freitesca expedição colaboracionista: «só esperamos que a vinda dele não venha piorar as coisas».

Quem Manda?

Salazar! Salazar! Salazar!
Que nasceu a 28 de Abril.

Tudo pareceria, em características pessoais, afastar-me Dele. Onde detesto os Humanos nas suas manifestações grupais, mas tendo disponibilidade para gostar de alguns deles, individualmente, Ele tinha a afeição ao Seu Povo que ditou o sacrifício de uma vida, mas nutria pelos homens, mesmo por aqueles que Consigo colaboraram, o desdém ancorado na superioridade que sabia existir de Si sobre os outros. Recrutou os governantes no melhor que a Universidade Portuguesa de então produziu. Mesmo assim, creio que só dois dos Seus ministros ganharam a sua admiração, que é coisa diferente da cordialidade: José Alberto dos Reis, que conheceu como professor, e Duarte Pacheco.
Querem os que gostam de apoucar que fosse o tirano empenhado em reprimir. Não era tal. Sempre deixou o combate aos subversivos a funcionários de segunda, que para isso haverá sempre gente competente. O que nunca fez foi trair a confiança, entregando de mão beijada o poder, ou indo para onde o pudessem caçar e apear. Veja-se a diferença entre a sua reacção ao golpe Botelho Moniz e a do seu sucessor, enfiando-se no Carmo.
Quatro tarefas de tomo Lhe ocuparam a vida:
Pacificar a sociedade portuguesa, depois do mais iníquo regime que este País conheceu, em que os brandos costumes tinham sofrido um parêntese de década e meia, com assassínio quase diário de inocentes, espancamentos por grupos de malfeitores a soldo dos partidos, perseguição religiosa e pronunciamentos militares mais frequentes que os dos generais Alcazar e Tapioca .
A recuperação financeira, que não admira em professor da especialidade, mas não estaria ao alcance de qualquer um.
O jogo arriscado, apoiando o Campo Nacional, na Guerra Civil de Espanha, que os vermelhos de Madrid multiplicavam as declarações de federalismo socialista ibérico. E garantindo a neutralidade peninsular, colaborante com a Velha Aliança na estrita medida do necessário, estendendo-a a contragosto, mas em nome do interesse nacional, ao lado de lá do Atlântico.
E, por fim, em idade em que já seria difícil pensar tal energia, mobilizando o País contra a insurreição em África, alimentada pelas duas superpotências da época e defendendo o Portugal multi-continental que tinha herdado, frente às pressões internacionais de uma comunidade hostil, encabeçada pela mais anti-portuguesa administração norte-americana, a de J. F. Kennedy. A Esquerda Republicana portuguesa, que se fizera na defesa das Colónias da boca para fora, com as notáveis excepções simbolizadas por Hernani Cidade e Armando Cortesão, depois de ter morto um Rei e um Príncipe, em nome do Portugal Africano, havia muito que se tinha transferido para a clientela dos inimigos deste.
Nos dois últimos pontos se revelou Diplomata sem par. Ao nível de Metternich, Talleyrand e Bismarck, mas sem a desonestidade dos primeiros, ou a brutalidade do Junker. E Portugal era um pequeno País, sem a incontornabilidade de uma potência com que fosse necessário contar, apesar de vencida, desprovida de Arquiduquesas para casar, ou canhões e exércitos que apoiassem os esforços da Diplomacia.
Foi demasiado Grande para aquilo em que o Nosso País se tornou. Mas nem sempre fomos assim...

Outro Aniversariante

.


Este Cavalheiro, que também é uma Amizade indiscutível, celebra, igualmente, hoje o seu nascimento. O Gold tem sete anos!

Orgulho de Um Amigo


Andei muitos meses com a pena e a espada cruzadas nas bandas do blusão do uniforme do Exército Português. É que integrei o Serviço de Pessoal desse glorioso corpo. Mas ter esses dois utensílios tão próximos do coração poderia também simbolizar a Amizade que, anos mais tarde, me uniria ao Duarte Branquinho, que com elas baptizou o Seu excelente Blogue, hoje bi-aniversariante. Onde Camões segurava um com cada uma das mãos, mas apenas os usava à vez, o Duarte empunha ambos com mestria, em simultâneo.
Corresponde a uma luta permanente pelos ideais que defende, como poderia aproximar-se do ideal de perfeição dos Samurais, esse BumBuRyoDo, que significava a pena e a espada caminhando conjuntamente.
Muitos anos antes de me tornar blogueiro, habituei-me a trocar ideias com o Duarte, em tertúlias que ambos integrámos, ou em circunstâncias em que só estivemos presentes os dois. Habituei-me a admirar a Sua honestidade intelectual, os Seus enormes conhecimentos e, last but not the least, o Seu amor aos livros. Mesmo quando divergi Dele, nunca esmoreceu o meu entusiasmo pela forma como defendia aquilo em que acreditava. Quando criou o Pena e Espada tudo se confirmou. Um grande espaço de debate cultural, cuja leitura, não só me enriqueceu, como constituiu, de alguma forma, o tirocínio que me permitiu aceder à actividade em que me vêem. Nele aprendi muito.
Por tudo isso, quero endereçar ao Duarte os parabéns que amplamente merece. Posso dizer que nunca conheci alguém tão leal, não só para os amigos, como para com os adversários.
Um grande abraço.

Thursday, April 27, 2006

O Achado do Dia

.


Comprei este para mim desconhecido livro, do qual apenas já li 56 das 269 páginas. O Autor parece partir de posição bastante crítica. Importa reter estas palavras, aplicadas ao tema do livro, mas estendida expressamente aos restantes centros de poder discretos:
«Les dictatures occultes sont les plus odieuses, car elles n´ont pas la franchise de leur responsabilité; elles ont alors toutes les audaces puisqu´elles demeurent impunies et que leur pouvoir les protège mieux que n´importe quel faisceau noir, brun ou rouge. Elles ne peuvent exister d´ailleurs qu´en democratie.».
Quando acabar o livro darei mais notícia dele.

 Posted by Picasa

Alternativa

.


Caso o Ocidente consiga resistir à ofensiva do extremismo islâmico, será este o aspecto que o misantropo apresentará, daqui a uns anos. Vejam as diferenças, face ao retrato publicado ontem!

Novas Andanças

Arautos, anunciai! SOPRAI BEM ALTO ESSAS TROMBETAS! O
misantropo queria, há muito, homenagear a Extraordinária Autora de um blogue em que muito tem comentado e cujas respostas notabilísimas lhe têm permitido extasiar-se, repetidamente. A condescendência Dela permitiu que o preito a render-Lhe se tornasse em partilha, não só das vistas de ambos, como até aqui, mas num projecto a dois, um bloguismo dialogal, expresso numa velha cumplicidade a que demos o nome de Ponte Encantada. Levámos a seriedade do acto ao ponto de anglicizarmos os nomes pelos quais somos conhecidos na blogosfera, para acentuar a credibilidade ambiente.
É aí que, doravante, também A servirei, em tudo o que esta pobre espada possa. Disso é penhor a imagem que Vos deixo. E não sejais por ela enganados: a Co-Autora do blog que ora se inicia é Senhora de escrita muito mais viva do que a impassibilidade desta Dama sugere. Ambos Vos convidamos a Todos para um acompanhamento regular de aventura intelectual que nos promete tão grande satisfação. Visitai-nos, que nesta Ponte não há portagens.

Em Redor de Um Grande Drama

Eu estou fora da jogada porque os meus receios residem na própria detenção pelo Irão de potencial atómico transformável em armas. Mas para aqueles que acreditavam, ou fingiam acreditar, na razoabilidade e contenção de um regime fundamentalista, com o auxílio de um novo Equilíbrio do Terror, actualizando o da Guerra Fria, deveria ser objecto de meditação uma recente mensagem do Ayatollah Ali Khamenei, Guia Espiritual da Revolução e o homem que, verdadeiramente, manda. Disse ele que os iranianos estão preparados para exportar a respectiva tecnologia nuclear.
Só esta manifestação de intenções seria mais do que suficiente para um ataque. Mas um que seja decisivo, ou nunca mais saímos da cepa torta.

Um, Dois, Esquerda, Direita!

A reacção que o discurso do Presidente Cavaco nas exéquias do 25 de Abril, no Parlamento, suscitou a Manuel Villaverde Cabral, um dos mais categorizados representantes da Esquerda intelectual portuguesa, é bem significativa da preocupação que hoje absorve esse lado do espectro político. Leia-se, como vem, hoje, transcrita no «DN»:
«Eu não apreciei que o presidente piscasse o olho à esquerda, ao mesmo tempo que se recusava a pôr o cravo da praxe».
É que esta Esquerda precisa das dissenções no País, como um vampiro necessita do sangue das suas vítimas. Se o Chefe de Estado lhes faz um discurso que não podem recusar, transferem a crítica para o folclore floral das lapelas. O que lhes dói não é a existência de pobreza, é a inexistência de luta e revolta. Um cravo vermelho, sabem bem que repugna a grande parte da população: não só a muitos daqueles que se sentem incomodados com as jogatanas partidárias e nelas não participam, como a outros que, inseridos no sistema, o associam, preferencialmente, aos desmandos do PREC.
Longe vai o tempo em que as questões económico-sociais marcavam a agenda deles. Com a falência técnica da vulgata marxista e das aspirações respectivas à cientificidade, voltaram-se - salvo o PCP, cuja razão de existir ainda depende de delas salvar qualquer coisa - para os temas político-morais, onde farejam mais possibilidades de confronto. Foi esse o segredo do êxito relativo do Bloco de Esquerda; e certificação suficiente pode ser encontrada no incómodo do penúltimo Presidente da República gauchiste, quando o principal partido que rivalizava com o seu lhe manifestou apoio à reeleição.
As Esquerdas nunca tiveram escrúpulos de maior. Apropriaram-se brutalmente da Ecologia e do Direito à Diferença, depois de décadas e décadas de oposição a essas teses reaccionárias, em nome do "Desenvolvimento" e da "Igualdade". Nunca reconheceram o direito à existência a um Direita anti-concorrencialista e socialmente empenhada, que, no entanto, era bem real. Dependem da agressão, para sobreviver, como, a um nível mais rarefeito, reconheceu Lyotard.
M.V.C. conclui: «se o Presidente da República se transformasse numa espécie de adjuvante do Primeiro Ministro desaparecia politicamente». Esperemos que isso venha a acontecer. Não ao Ocupante, mas ao cargo.

Prioridades

.


Celebrizado por Schopenhauer, mas conhecido desde a Grécia Antiga, encontra-se muito espalhado o reconhecimento da superioridade dos animais irracionais sobre os seus colegas humanos. Ora, o que em muito pessimista vem do puro desgosto, é preferência naturalíssima noutros, como a satirizada por um prisioneiro de guerra francês, nos princípios do Século XIX, sobre a hierarquia de afectos familiares de um aristocrata britânico.

Wednesday, April 26, 2006

Política à Inglesa

Um exemplo de responsabilização, o dos nossos velhos aliados. O Home Secretary - Ministro do Interior lá da terra -, Charles Clarke, enfrenta a perspectiva de despedimento, vulgo demissão, por um recentíssimo escândalo relacionado com a libertação de criminosos estrangeiros cuja expulsão estava decidida, ou com o respectivo processo em curso, a qual prosseguira mesmo após ter sido dado o alerta quanto a um número inferior de casos. Claro que cá seria prática tida por normal, quando não recomendável, em nome de uma qualquer solidarieade delirante relativa aos que não se lembraram de ser solidários para com a População e a Lei do País de acolhimento.
Por outro lado, o meu governante trabalhista preferido, o ex-sindicalista John Prescott, que, há anos, chamou à responsabilidade com um valente murro um manifestante que lhe atirara um ovo, andou metido em caso de adultério com a secretária, pavoneando-o por elevadores, inclusivé. Se sair, é grande machadada para Blair que o usou, durante estes anos, como diversão que atraísse a curiosidade tabloidesca. Sem o seu vice orgânico, é de crer que se virem para o patrão. O que, no Reino Unido, pode decidir eleições, apesar de já não dever ser ele a disputar a próxima.

A Parte e o Todo

Quem me dera que o País estivesse como o Sporting! Não, não me refiro a encontrar-se fora da discusssão de corridas que até há pouco alimentou; e prestes a ser ultrapassado por vizinho poderoso, como o SLB. Refiro-me é à inveja que sinto, como membro deste nosso Portugal, daqueles de nós que, sendo sócios do SCP, se indignam contra a alienação de património imobiliário e têm meios de frustrá-la, ao contrário dos dez milhões de associados como portadores do B.I. passado pela República Portuguesa, cuja voz em nada conta, para impedir que voem os imóveis dependentes do Ministério da Defesa, conforme decidido pelo Governo.
Não sendo economista, parece-me, realmente, não estarmos perante a percepção de uma receita extraordinária. Ela é bem ordinária, só que noutro sentido...

O Futuro Aqui Tão Perto

.


Eis o que os menos sensíveis ao perigo terrorista do radicalismo islâmico de alguns grupos querem fazer do misantropo. Falo da facção moderada, não na extremista, que desejaria abreviar-lhe qualquer possibilidade de leitura...

Bibices

Querem crer que vi, ontem, a entrevista televisiva do Bibi, o do Processo Casa Pia? Para além de o entrevistador orientar descaradamente certos passos, do nojo das descrições e do comportamento dos arguidos - que ainda não é altura de comentar - duas notas brevíssimas. Uma para o facto de o entrevistado parecer achar que o pedido de desculpas resolve tudo, neutralizando as responsabilidades gravíssimas do que assume ter feito. Mas enfim, dir-se-á que há que começar por algum lado e que é melhor apresentá-las, do que não o fazer. O segundo ponto fia mais fino. É o de meditar sobre como agressões e violações alegadamente sofridas impelem a fazer o mesmo a inocentes, anos mais tarde. Muitos dirão que é o Mistério do Mal. Outros, menos optimistas, acharão que é o mal, sem mistério.

Perigos

Ao ler a notícia de que Jackie Stalone, mãe do Sylvester do mesmo apelido, lê o futuro nas nádegas dos clientes, pensei logo que se tratava de profissão de alto risco. Afinal, o caso não é tão grave, já que a predição parece operar-se através de fotos enviadas por e-mail. No entanto, devemos equacionar outra periculosidade: a dupla dimensão em que a Senhora terá de cindir-se, numa inocente ida à praia, sobrecarregada não apenas com o presente dos banhistas, como com os respectivos futuros.
Ah! Mas nem tudo é prjuízo. Os protestatários que, nas ruas, praças e outros locais públicos virarem os respectivos traseiros para as câmnaras perderão, doravante, muito da força da sua provocação. Pode o espectador eleger a explicação menos incómoda, de que estarão a procurar obter uma consulta grátis!

Tarefa Ciclópica

Devo dizer que tenho as mais inamovíveis dúvidas sobre se a melhor maneira de controlar o excesso de gastos seja criar mais um cargo. Sempre me pareceu que a via única, para além das reestruturações restritivas, seria a nomeação de um responsável com pulso, para a tutela. Posto isto, deseja-se a melhor sorte ao novíssimo Controlador Financeiro do Ministério da Educação, o Dr. Raul Esteves. Vai enfrentar um mastodonte que, com os anos, foi ganhando proporções inimagináveis e que suspeito viciado em torrar verbas. Espera-se que a cura seja levada a bom termo e não o contrário, situação em que, tornando-se organismo inútil, viesse a agravar o mal, com os custos do seu funcionamento.

A Nossa Sina?

.


Esperar, desanimados, embora guardando a Luz no nosso íntimo, que a tempestade à nossa volta amaine?
«Esperando», de Sergei Rakhmanov.

Tuesday, April 25, 2006

Estado de Coma

.

«Castelo Arruinado Junto a um Lago», de William Leighton Leitch.

Luto Carregado

Há trinta e dois anos resolveram uns militares, ciosos das suas regalias e desejosos de prescindir dos sacrifícios que as legitimavam, mudar a forma do País. Digo a forma, que o espírito tinha-se alienado, desde 1968. Quiseram fazer de Portugal uma imitação dos outros, pois têm das costas uma concepção de receptáculo de palmadinhas e não de coisas para se ter direitas. Esquecem que, nos momentos de crise, as pancadinhas amistosas para jornalista ver se podem transformar em pauladas.
Apregoaram a liberdade. E deram-na, aos atrevidos, como aumentaram a impunidade e ausência de repressão do criminoso comum. Substituíram assim um Estado em que os fora-da-lei não tinham à vontade, por outro em que as Pessoas Honestas vivem aflitas. Deram cabo da vida da Província e da tranquilidade, pondo em seu lugar a constante mutação e os traumas depressivos da vida metropolitana. O consumismo e a vida a crédito imperam, fingindo-se não reparar que o excesso e o que assenta no ar eliminam o gosto e a credibilidade.
A referência deixou de ser a Bandeira Nacional, salvo no Desporto. Por isso vou gostando um pouco mais dele que do resto. Das bandeiras multi-coloridas das facções em que cada um se inscreve, em vez de se querer adstrito ao Todo Nacional, nada tenho a dizer, porque nada me dizem. Falaram contra o «respeitinho», que era a única forma de Respeito que muita gente conhece. Agora não se queixem.
Por andarem a mando dos americanos e de Bruxelas, não merecem o nome que se inventaram de «Revolução dos Cravos», mas antes de Revolução dos Escravos. Aliás, essa floração do golpe - de estado e de baixo que foi -, é cópia descarada do 28 de Maio de 1926, em que os Soldados colocaram cravos brancos na boca das armas, por se estar a desenrolar um importante congresso Mariano. Os cravos de 1974 tiveram pois, apenas o trabalho de se tingir de vermelho. Do sangue das vítimas da "descolonização exemplar", decerto.

Monday, April 24, 2006

A Imagem da Traição

.


Na morte de Alida Vali, ouso contestar o relevo que tem sido dado no Mundo anglo-americano ao seu protagonismo em «O TERCEIRO HOMEM», de Carol Reed. Se é certo que ia bem nessa fita notável, estava longe de nela ter o protagonismo que a imortalizou no papel da Condessa Serpieri, em «SENSO», de Visconti. Nunca a traição teve quem melhor a encarnasse, como autora, no plano nacional, contra os seus; e como vítima, no passional, humilhada e preterida por aquele que a levara a descer aos Infernos do Crime.

Isocracias

A sentença de Isócrates:
«Pela elevação de vossos pensamentos, manifestai que aspirais à imortalidade, e pelo uso moderado das coisas, que vos reconheceis mortais».
No Século XXI, bem ao contrário, toda a publicidade quer sugerir que, para se esquecer a mortalidade, se faça um uso imoderado das coisas. E que seria deselegância digna de troça exprimir Esperança de Imortalidade, como presunção querer colocar os pensamentos próprios muito acima da média.
A tirania da padronização pela moda é tão real filha da Igualdade como as tentativas de nivelamento pela Lei. E muito mais eficaz, impingindo a ideia de paridade elitista dentro dos que exerçam um mínimo aquisitivo.
Cadê o Progresso Moral?

Lisboa na Primavera

.


Manhã perdida para a blogação, por renitência do Blogger de «O Misantropo Enjaulado» em cumprir o seu dever. Almoço e tarde passeando por Lisboa em Maravilhosa Companhia. No fim, ainda tempo para encontrar num Grande Alfarrabista esta gravura setecentista de qualidade mais do que aceitável, dando testemunho do carácter atrabiliário que Alguns Amigos celebrizaram. Melancolia e livros, parelha ideal para o autor, boca amordaçada, desejabilidade para Os que o conhecem bem. E no Século XVIII não havia blogosfera...

Posted by Picasa

O Apoio Esquecido

.

«Um Amigo Atento», de Edward John Cobbett. Posted by Picasa

Leitura ao Entardecer -2

Em dia de ponte no calendário, bem como de pontes outras em vias de
acabamento, veio-me ao espírito a belíssima ideia do mundo anglo-saxónico que se traduz num recanto do Paraíso para onde vão os bichos que fizeram as alegrias dos seus donos, até que um dia sejam reunidos a eles. Não é sentimentalidade lamechas, como a satirizada por Evelyn Waugh em «O ENTE QUERIDO», senão uma autêntica tristeza,
já tantas vezes experimentada, perante a amiga bicharada que nos deixou, e, que, na maior parte dos casos, nos terá, em vida, dado alegrias e provas de fidelidade bastante mais raras nos Humanos. Como na necessidade de a Inocência - que não pode integralmente ajuizar do Bem e do Mal - encontrar um local perto do dos Eleitos, para que Justiça se faça. É pensando na importância que dei a esses Amigos que já cá não estão, bem como à memória que deles guardo, que deixo estas palavras, de anónimo Autor,
dedicadas aos gatos que me faltam.

Just this side of heaven is a place called Rainbow Bridge.

When an animal dies that has been especially close to someone here, that pet goes to Rainbow Bridge. There are meadows and hills for all of our special friends so they can run and play together. There is plenty of food, water and sunshine, and our friends are warm and comfortable.

All the animals who had been ill and old are restored to health and vigor; those who were hurt or maimed are made whole and strong again, just as we remember them in our dreams of days and times gone by. The animals are happy and content, except for one small thing; they each miss someone very special to them, who had to be left behind.

They all run and play together, but the day comes when one suddenly stops and looks into the distance. His bright eyes are intent; His eager body quivers. Suddenly he begins to run from the group, flying over the green grass, his legs carrying him faster and faster.

You have been spotted, and when you and your special friend finally meet, you cling together in joyous reunion, never to be parted again. The happy kisses rain upon your face; your hands again caress the beloved head, and you look once more into the trusting eyes of your pet, so long gone from your life but never absent from your heart.

Then you cross Rainbow Bridge together...


Ajudado por «Bons Companheiros», de John Emms e
«A Ponte do Arco-Íris», de Frank Marshall.

Os Nossos Afectos

.

«Os Novos Animais de Estimação», de Emile Munier. Posted by Picasa

Sunday, April 23, 2006

Pássaro Mentiroso

.

Esta Águia, hoje, mascarou-se de Pinóquio. Ameaçou, até ao fim, ganhar ao Nacional e, no derradeiro instante do tempo regulamentar, deixou o Oponente chegar ao empate. Ainda não se sabe o que os Vizinhos do Alvalade XXI farão, ao intervalo estão a zero. Mas uma Ave Real não pode depender do que outros façam, ou deixem de fazer. Deve sobrevoar, olimpicamente, adversidades como a perda do Título, ou os diversos adversários. Consolos de fracos? Deles não reza a História. Que adianta dizer «Luisão só teve uma falha»? Pois se chegou e sobrou... E alguém muito duro poderá dizer que Miccoli se anda a estragar, naquela equipa!

Beijando o Chão

O episódio caricato dos votos para delegados ao congresso do CDS/PP espalhados pela Marginal, em virtude de uma acção de protesto do militante Fernando Albarran, da Concelhia de Oeiras, é apenas um epifenómeno, todavia significativo da sujeira partidária. Depostos no asfalto, não haverá título saramaguiano que lhes possa valer. No entanto, é apenas uma das muitas mediocridadezinhas presentes nas lutas autofágicas das facções das fracções. Estas transplantaram para dentro do partido o já enquistado ridículo das "vitórias de todos". A direcção do Dr. Castro, porque obteve maior número de delegados a nível nacional. As listas oposicionistas, argumentando terem prevalecido nas Concelhias mais importantes. Toda a gente pode abrir Champagne, tal como no Passado em eleições gerais. Não seremos um País de População contente, mas vingamo-nos bem: temos uma classe política de contentinhos. Mesmo a calhar, para celebrar condignamente o 25A.

Triste Fado

.


O do Dragão, certamente. Penso no Nonas, no Nelson, no Fernando Carvalho, no TSantos... O day after da conquista do título calha a 23 de Abril... Dia de São Jorge, que teve encontro imediato nem sei já de que grau com o réptil alado. Juro, a pés juntos, que não me estou a meter com o nosso Colega do Dragoscópio. Só quero deixar aqui as minhas felicitações à Espécie animal que se pretendia extinta, pedindo-lhes perdão por não deixar de invocar o Santo que é o Padroeiro de Inglaterra desde o reinado de Eduardo III. E de Lhes sugerir que vivam com os olhos postos no dia de ontem e não no de hoje.
Abraços com a chama do lampião, que não a que se deita pela boca. O quadro alusivo é de Rafael.

Dominica in Albis deponendis

.


A designação precursora do Domingo de Pascoela, o primeiro após o da Páscoa, tinha origem no antigo hábito de ser neste dia que os baptizados da Festa Maior largavam as vestes brancas que usavam durante uma semana também sagrada, em que até os escravos eram poupados ao trabalho duro. Tempo pois da renovação humana por excelência, após o Sacrifício Divino que culminara a Nova Aliança. Mas este Dia, também designado por Quasimodo, a partir das palavras litúrgicas, foi também ocasião para a mais célebre das dúvidas. A de São Tomé, cuja exigência de tocar a Chaga aqui se deixa, segundo Caravaggio. Dia profundamente humano pois, quer no repensar, quer na força da Fé, fontes para meditarmos a nossa condição e a nossa relação com a Sagrada Mensagem.

O Terceiro Homem


Alvíssaras a quem esclarecer cabalmente o mistério da identidade do Gentleman de fato azul que assistiu, na primeira fila, ao debate sobre a bloguística nas Galveias, aqui anteriormente publicitado. Quem ler os comentários a este post perceberá a razão. O BOS nega que seja Ele, o que ainda não está comprovado. O Jansenista voluntariou-Se, mas o meu serviço de informações já se encarregou de infirmar a coisa. Estamos como Joseph Cotten na Viena de Greene/Reed, à procura do Terceiro Homem.

Saturday, April 22, 2006

Uma Medicina Amadora

.

«Sinfonia de Verão», de Lajos Szelénki. Posted by Picasa

Nocturno -1

É um tanto divertido constatar a visão que, por hábito, se faz do
Poeta,como estimável descobridor de imagens, disfarçadas de forma a resistirem à visão reduzida do vulgo. Pois se este entendimento é, também ele, congénere dessa habilidade, embora centrado na pessoa do vate! Este é tão homem como os restantes, com as cadeias que o prendem e as suas propriedades cortantes, pelo que cada
salto que o seu olhar permite a quem o lê ou ouve, com sublimação, diriam uns, ou aproveitamento da integralidade do sabor, contestariam outros, espera a reciprocidade, na forma criativa como é encarado esse condutor. Assim se compreende que esta mútua expectativa possa ser tida como a mais entranhada forma de
realismo, na precisa medida em que dá nota da necessidade quer do escapismo, quer da ilusão, para permitir perceber completamente. Lembram-se da prevenção de Eliot sobre a espécie humana? Resposta não tão irónica como parece é a formulação de um desejo por cumprir, que afinal corresponde ao que já se tem - a ambição de se ser poeta expressa através de um poema...
De Albertino Calamote:

JEITO DE POETA

Quisera ter olhos de poeta
Para ver flores onde só há cardos;
Para ver canteiros sobre a valeta,
Para ver gente onde só há escravos.

Quisera ter ouvidos de poeta,
E, com chilreios e outros sons puros,
Compor uma sinfonia completa
P´ra unir as almas adentro dos muros.

Quisera ter um jeito de poeta,
Para nunca me tomarem a sério
E para iludir, ledo, a realidade...

Quisera ter a dimensão correcta,
Quisera ter o exacto critério
P´ra analisar a minha sociedade.

Composto com ««Flores», de Andriu Kovelinas,
«Cardos», de John Singer Sargent e «Escravos»,
de Renzo Castaneda.

Só Ele

.

«O Poeta», de Ines Wetzel.

Discurso Hermético

Todos os que, porventura, tenham razão em acusar o Presidente Cavaco de economicismo e de deficitário noutras vertentes da cultura, deveriam agora, para serem coerentes, pôr em evidência a grande conta em que o PR demonstrou ter as Forças Armadas. Com efeito, que maior elogio lhes poderia fazer um "obcecado com a economia", para além da qualificação de «investimento»?

Nós e os Outros

Leitura de um interessante artigo, assinado por Sandra Adams, sobre
.

o Lotus Dourado, resultado da atrofia do crescimento dos pés das Mulheres das classes altas da China, o qual, originado no princípio da Dinastia Song pela preferência de um Imperador que gostava de Raparigas de pé pequeno, desencadeou uma moda que durou mais de mil anos. A peça, publicada no Número 24 (II Série) da «REVISTA DE CULTURA» do Instituto Cultural de Macau,
oferece um interessante confronto entre a prática ainda largamente subsistente no Séc. XIX e a indumentária oitocentista das ocidentais, assente na utilização do espartilho. É curioso ver o horror de uma Imperatriz do Meio face a esse "costume bárbaro" que não deixaria a apertada vítima respirar, contraposto à tentativa revoltada de um casal anglo-saxónico de impedir uma vizinha china de mutilar os pés da filha de poucos anos que ia urrando de dor ao ser enfaixada, perante a reacção indignada da mãe, que sabia ser esse o meio mais eficiente de furtá-la à condição servil.
O que mais retive, por muito estranho que o aperto corporal me surja, foi a desfaçatez com que, não sentindo horror por uma alteração da natureza, de deformação certa, com quebras internas, se condenava um traço da outra cultura, que, mesmo reprovado, nos parece relativamente benigno. Conta a velha história que quando saiu o édito prescrevendo a morte para todos os animais de boca grande, o hipopótamo também comprimiu a sua o mais que conseguiu, dizendo: «coitadinho do crocodilo».

As imagens são dos sapatinhos que cobriam os pés submetidos à estagnação, com a evidência da respectiva pequenês. e do que eles envolviam, com realce para o tipo de deformação a que obrigavam.

A Falar É Que a Gente Se Entende

Dia cheio, ontem. Almoço em Belém, com um grande Bloguista. À tarde, presença num debate entre Várias Figuras Blogosféricas, com um Cliente Habitual no elenco e Uma Protagonista de Culto na direcção. Ao contrário do veredicto impiedoso de Outro Amigo, achei interesse no que se discutiu.
O ponto culminante versou a abertura, ou não, das caixas de comentários. Houve quem defendesse o seu fecho, dizendo «em minha casa só entra quem eu quero». O argumento deve ser escalpelizado. Tenho por absolutamente inalienável o direito de cada qual escancarar ou cerrar as portas que queira, embora a minha radical concepção do bloguismo implique que todos possam botar faladura sobre o que leiam. Não creio que o paralelo da particularidade da residência colha, na medida em que editar, seja em livro, ou na net, é aceitar submeter-se ao escrutínio público, ao contrário de uma festinha privada, que funciona por convites. Se a blogosfera dá a vantagem de permitir a actualidade plena da transmissão das impressões, parece-me implicar, como contrapartida, uma similar imediaçao da expressão dos juízos, que só é cabalmente conseguida, espacial e temporalmente, com a permissão de o Leitor se pronunciar in loco.
Tudo dependerá do conceito que se faça de um blogue. De quem o tenha por um livro facilitado, caso em que a crítica deverá ser remetida para outros espaços, ou por um espírito de tertúlia, o que obriga, não só a facultar a intervenção alheia, como a acompanhá-la de respostas que desenvolvam o debate.
Simplesmente, tudo depende do gosto pessoal. Abrir a todos, só a bloggers, ou a ninguém, é, um pouco, e não tão mal comparado como isso, parecido com as preferências de outros campos da Vida. Também há quem se cinja às práticas solitárias, quem interaja com um ou alguns eleitos e quem participe em orgiásticos eventos grupais. Gostos não se discutem. Desde que não procure prejudicar, ou incomodar os outros, o que nem sempre acontece, sobretudo quando se tenta estatuir sobre estes assuntos.
Disse.

Representação Sem Entraves

.


Bo Derek foi nomeada, no seu País, Advogada do Governo para a Vida Selvagem. Se demonstrar pelos animais em liberdade condicionada o mesmo amor que tem alardeado por cavalos e cães, temos Mulher. Mas os Fans, em cujo número me não incluo, dirão que esse é estatuto mais do que adquirido. De qualquer forma, o meu primeiro pensamento vai para a felicidade dos bichos... como a ilustrada na fotografia.

Friday, April 21, 2006

Curricula Recheados

O Sr. Siad Siam, Ministro do Interior Palestino fez um anúncio a muitos títulos esclarecedor, revela-nos o «DN» de hoje. Criará, de imediato, um novo Serviço de Segurança, constituído por activistas de todas as facções. Parece-me duvidoso uma força com tal fim que assente na coligação das filiações dos membros e não na disciplina e obediência aos superiores, mas enfim, é lá com eles. Já alimmento mais reservas acerca de que levar a cabo atentados e fomentar rebeliões seja a preparação ideal de uma polícia.
É que tenho por muito duvidoso o entusiasmo com que o político citado referiu o regime de voluntariado que imperará no novo organismo. Não recebendo ordenados, cheira-me que os encarregados de manter a ordem os substituirão por subornos ou extorsões, quiçá pilhagens, em períodos mais agitados.
Mas todo background de facciosismo revela as suas virtualidades e razoabilidade quando se lê que a função da entidade ora criada será «apoiar as forças de segurança dependentes do Presidente», o qual é de outra cor política, já que o Governo Hamas estava descontente por ele controlar todo o sector. Deve-se pois entender «apoiar» como sinónimo de "concorrer", o que justifica a iniciativa. E não se admire que Israel, informal e veladamente, apoie - agora no sentido mais habitual - esta iniciativa, dado que é garantia de dissenções entre o inimigo. A questão estará em saber se a situação é «perigosamente preocupante», como se diz no texto, ou se será "preocupantemente perigosa". Para a população dos territórios, em primeira linha.

Falhas de Energia

Foi um espectáculo de baixa comédia o das insuficiências electrónicas da votação que, a propósito da mentirosa lei da paridade entre os géneros integrantes das listas de candidatos a cargos públicos, teve o condão de deixar os deputados do PS - que perderam a contagem antes de a ganharem -... eléctricos. Nada tenho contra a verificação do sistema e seu funcionamento. Do fundo da lei, já disse e redisse que o considero tímido e insuficiente, pois quereria, tocando às Deputadas, que fossem muitas e boas, aí uns dois terços. O que pode e deve ser salientado é que nunca se chegaria ao caricato impasse de ontem, se não tivessem abandonado a sala onde deveriam estar tantos parlamentares necessitados de exercício. Isto demonstra bem a importância real que eles dão às Mulheres. Votar, contra, ou a favor, poderá ser justificado por diversas ordens de argumentos. Ir tomar um café, quando se decide "essa questão secundária" é que é esclarecedor do respeito tributado ao Tema por aquelas criaturas. Mas como se quereria que corresse bem um sufrágio assente na luz, protagonizado por gente com tanta falta de luminosidade?

A Evasão

.


O misantropo conseguiu fugir da cela onde exerce o seu vício internáutico, para assistir à conferência de logo, que será moderada por Esta Grande Blogger. Estou certo de que Ela o fará às mil maravilhas, como tudo em que toca. Mas numa coisa está antecipadamente Fracassada: em conseguir alguma moderação da parte deste admirador incondicional, agora à solta.

O Doping

.

- Bichano, o Patrão vai falar hoje para uns senhores muito sisudos. Temos de nos portar bem e fazer tudo o que Ele queira, para que não vá nervoso para lá...
 
">
BuyCheap
      Viagra Online From An Online pharmacy
Viagra