Sunday, April 30, 2006
Tipicidade em Beleza
O Segredo?
administrações americanas, tanto interna como externamente, apesar de as reconhecer como resultando de uma adequação invejável de um sistema político ao espírito de uma nação, procuro com afã a razão do sucesso delas. O poderio económico explica os efeitos no estatuto de potência, mas não as causas psicológicas profundas da identificação de um País com os seus dirigentes, mesmo considerando o sempre recorrente reconhecimento da falta de confiança na classe política.
Cada vez mais creio que a força suprema deste binómio político-nação dos States deve ser encontrado no infantilismo que se expressa na presença do lúdico e do humour na actuação eleitoral e governativa. Considerar como uma corrida tanto a disputa eleitoral, como eventuais prolongamentos de contestação judicial, por um lado. Ironizar sobre si próprio, como ainda agora fez o Presidente George W. Bush, de parceria com o actor Steve Bridges, por outro. No velho continente seria muito difícil fazer parecido, sem quebra da credibilidade. É o insustentável peso da seriedade. Mas cada um tem de trilhar o caminho que lhe convenha, não importar acefalamente exemplos recebidos pela TV.
Sem Vergonha na Cara
Sombras da Excentricidade
Pode parecer tema demasiado tétrico para uma primaveril e luminosa manhã de Domingo, mas gostaria, hoje, de Vos deixar algumas linhas sobre George Selwyn, aqui ao lado representado, numa pintura de Reynolds. Disse tétrico porque é considerado o maior necrófilo do Ocidente Europeu. Quem delirou com as cenas imortais de «BELLE DE JOUR», de Buñuel, viu muito pouco, quando as comparamos com a biografia deste Gentleman.
Trata-se de de uma estranha personalidade que o setecentismo inglês produziu, uma espécie de proustiano Swan avant la lettre, frequentador exaustivo das mais requintadas festas da Aristocracia, e da Realeza, até. Relacionado com o Dr. Johnson, expulso no entanto de Oxford por ter celebrado uma ceia com um cálice consagrado, reivindicando ser uma reencarnação de Jesus Cristo, era, segundo todos os testemunhos, muito agradável de trato e, com Walpole, o autor da melhor epistolografia da época.
O seu traço mais visível, contudo, era a paixão que a morte lhe despertava. A sua rede de correspondentes e informadores avisava-o sempre que se perspectivava ou constatava uma morte com carácter peculiar. Adorava assistir a execuções, enterros, ou, simplesmente, a pessoas expirando, tranquilamente, no leito. Não se sabe em que grau a sexualidade interviria nesta minoritária modalidade de excitação e não parece que qualquer pendor sádico possa ser diagnosticado, porque delirava igualmente com os tormentos mais terrífcos ou com os mais pacíficos dos passamentos.
Além de uma língua temida por todos, era dono de um certo sentido de humor. Tendo sido distinguido com um local privilegiado para testemunhar a crudelíssima execução de Damien, o frustrado assassino de Luís XV, por se tratar de um conhecedor, num tempo em que a tentativa de assassinato de um Rei suscitava tal horror reactivo, foi-lhe perguntado, por um dos auxiliares da cerimónia, se era ele o carrasco. Ao que respondeu «Não, Monsieur. Não tenho essa honra. Não sou mais do que um amador».
O seu grande amigo Lord Holland, agonizante, conseguiu, nos últimos momentos, dar ao mordomo a instrução seguinte: «Da próxima vez que Mr. Selwin perguntar por mim, tragam-no ao meu quarto. Se eu estiver vivo terei muito prazer em vê-lo; se já estiver morto, ele terá muito prazer em ver-me.». Mas uma figura como já não há.
O Tempo das Descobertas
Saturday, April 29, 2006
Reforma do Parlamento
Verduras Que Não Fazem Bem
Críticas Cravadas
Leitura Matinal -325
parcela do nosso espírito que nos poderia elevar para lá da opressiva submissão à vulgaridade da vida, por muito resgatada que ela tente ser, através da rédea solta concedida à sensibilidade. Ao sentir a ausência da inebriante visão salvadora que, mitificando, sem a megalomania da falsidade, mas com o poder transformador do acto de amor em que intervêm pessoalismo e gosto, permite dar à luz um ser diverso, com os genes do nosso,
o Poeta, ou o simples amante extraconjugal da Poesia tomam consciência da sua secura, afastados que estão da idealidade que lhes permitiu fazer germinar o produto mais atractivo do seu espírito. Dessa relação defunta sobra então a memória da lição e da pureza cujo ocaso deixou desprovido de verve o rememorador lamentoso. Porque será sempre no que dela consiga recuperar que se conseguirá reinventar razão para continuar a viver. É a mesma ambição, em idade variável, que faz suceder à criatividade a lembrança.
De João de Barros:
ADEUS À POESIA
Poesia, aadeus! Perdi-me
Ou te perdi, talvez,
nalgum caminho obscuro
Do meu incerto andar...
Em vão já te procuro,
Em vão te ouço chamar...
Perdi-me e não me vês,
Perdi-te e não te vejo,
Meu único desejo
De ser, mais do que sou,
Sofreguidão da vida
Que em ti e só em ti
Eu aprendera a amar...
Onde te escondes, onde
Se oculta essa esperança
Mais forte do que a Morte,
mais pura que a verdade
Que em ti jamais se cansa
De sempre madrugar?
Eis-me sòzinho - e longe
Eis-me esquecido - e pobre...
Mas da minh´alma ansiosa
Voam ainda, fluem
De mágicas redomas,
Os bálsamos e os aromas,
Os pólens e os eflúvios
Duma presença eterna
Que um dia me enleou...
Inspirando em «Garrafa de Poesia», de Jules
Gotay e «Poesia», de Mikhail Schigol.
Friday, April 28, 2006
A Saída do Sendeiro
Quem Manda?
Tudo pareceria, em características pessoais, afastar-me Dele. Onde detesto os Humanos nas suas manifestações grupais, mas tendo disponibilidade para gostar de alguns deles, individualmente, Ele tinha a afeição ao Seu Povo que ditou o sacrifício de uma vida, mas nutria pelos homens, mesmo por aqueles que Consigo colaboraram, o desdém ancorado na superioridade que sabia existir de Si sobre os outros. Recrutou os governantes no melhor que a Universidade Portuguesa de então produziu. Mesmo assim, creio que só dois dos Seus ministros ganharam a sua admiração, que é coisa diferente da cordialidade: José Alberto dos Reis, que conheceu como professor, e Duarte Pacheco.
Querem os que gostam de apoucar que fosse o tirano empenhado em reprimir. Não era tal. Sempre deixou o combate aos subversivos a funcionários de segunda, que para isso haverá sempre gente competente. O que nunca fez foi trair a confiança, entregando de mão beijada o poder, ou indo para onde o pudessem caçar e apear. Veja-se a diferença entre a sua reacção ao golpe Botelho Moniz e a do seu sucessor, enfiando-se no Carmo.
Quatro tarefas de tomo Lhe ocuparam a vida:
Pacificar a sociedade portuguesa, depois do mais iníquo regime que este País conheceu, em que os brandos costumes tinham sofrido um parêntese de década e meia, com assassínio quase diário de inocentes, espancamentos por grupos de malfeitores a soldo dos partidos, perseguição religiosa e pronunciamentos militares mais frequentes que os dos generais Alcazar e Tapioca .
A recuperação financeira, que não admira em professor da especialidade, mas não estaria ao alcance de qualquer um.
O jogo arriscado, apoiando o Campo Nacional, na Guerra Civil de Espanha, que os vermelhos de Madrid multiplicavam as declarações de federalismo socialista ibérico. E garantindo a neutralidade peninsular, colaborante com a Velha Aliança na estrita medida do necessário, estendendo-a a contragosto, mas em nome do interesse nacional, ao lado de lá do Atlântico.
E, por fim, em idade em que já seria difícil pensar tal energia, mobilizando o País contra a insurreição em África, alimentada pelas duas superpotências da época e defendendo o Portugal multi-continental que tinha herdado, frente às pressões internacionais de uma comunidade hostil, encabeçada pela mais anti-portuguesa administração norte-americana, a de J. F. Kennedy. A Esquerda Republicana portuguesa, que se fizera na defesa das Colónias da boca para fora, com as notáveis excepções simbolizadas por Hernani Cidade e Armando Cortesão, depois de ter morto um Rei e um Príncipe, em nome do Portugal Africano, havia muito que se tinha transferido para a clientela dos inimigos deste.
Nos dois últimos pontos se revelou Diplomata sem par. Ao nível de Metternich, Talleyrand e Bismarck, mas sem a desonestidade dos primeiros, ou a brutalidade do Junker. E Portugal era um pequeno País, sem a incontornabilidade de uma potência com que fosse necessário contar, apesar de vencida, desprovida de Arquiduquesas para casar, ou canhões e exércitos que apoiassem os esforços da Diplomacia.
Foi demasiado Grande para aquilo em que o Nosso País se tornou. Mas nem sempre fomos assim...
Orgulho de Um Amigo
Andei muitos meses com a pena e a espada cruzadas nas bandas do blusão do uniforme do Exército Português. É que integrei o Serviço de Pessoal desse glorioso corpo. Mas ter esses dois utensílios tão próximos do coração poderia também simbolizar a Amizade que, anos mais tarde, me uniria ao Duarte Branquinho, que com elas baptizou o Seu excelente Blogue, hoje bi-aniversariante. Onde Camões segurava um com cada uma das mãos, mas apenas os usava à vez, o Duarte empunha ambos com mestria, em simultâneo.
Corresponde a uma luta permanente pelos ideais que defende, como poderia aproximar-se do ideal de perfeição dos Samurais, esse BumBuRyoDo, que significava a pena e a espada caminhando conjuntamente.
Muitos anos antes de me tornar blogueiro, habituei-me a trocar ideias com o Duarte, em tertúlias que ambos integrámos, ou em circunstâncias em que só estivemos presentes os dois. Habituei-me a admirar a Sua honestidade intelectual, os Seus enormes conhecimentos e, last but not the least, o Seu amor aos livros. Mesmo quando divergi Dele, nunca esmoreceu o meu entusiasmo pela forma como defendia aquilo em que acreditava. Quando criou o Pena e Espada tudo se confirmou. Um grande espaço de debate cultural, cuja leitura, não só me enriqueceu, como constituiu, de alguma forma, o tirocínio que me permitiu aceder à actividade em que me vêem. Nele aprendi muito.
Por tudo isso, quero endereçar ao Duarte os parabéns que amplamente merece. Posso dizer que nunca conheci alguém tão leal, não só para os amigos, como para com os adversários.
Um grande abraço.
Thursday, April 27, 2006
O Achado do Dia
Comprei este para mim desconhecido livro, do qual apenas já li 56 das 269 páginas. O Autor parece partir de posição bastante crítica. Importa reter estas palavras, aplicadas ao tema do livro, mas estendida expressamente aos restantes centros de poder discretos:
«Les dictatures occultes sont les plus odieuses, car elles n´ont pas la franchise de leur responsabilité; elles ont alors toutes les audaces puisqu´elles demeurent impunies et que leur pouvoir les protège mieux que n´importe quel faisceau noir, brun ou rouge. Elles ne peuvent exister d´ailleurs qu´en democratie.».
Quando acabar o livro darei mais notícia dele.
Novas Andanças
misantropo queria, há muito, homenagear a Extraordinária Autora de um blogue em que muito tem comentado e cujas respostas notabilísimas lhe têm permitido extasiar-se, repetidamente. A condescendência Dela permitiu que o preito a render-Lhe se tornasse em partilha, não só das vistas de ambos, como até aqui, mas num projecto a dois, um bloguismo dialogal, expresso numa velha cumplicidade a que demos o nome de Ponte Encantada. Levámos a seriedade do acto ao ponto de anglicizarmos os nomes pelos quais somos conhecidos na blogosfera, para acentuar a credibilidade ambiente.
É aí que, doravante, também A servirei, em tudo o que esta pobre espada possa. Disso é penhor a imagem que Vos deixo. E não sejais por ela enganados: a Co-Autora do blog que ora se inicia é Senhora de escrita muito mais viva do que a impassibilidade desta Dama sugere. Ambos Vos convidamos a Todos para um acompanhamento regular de aventura intelectual que nos promete tão grande satisfação. Visitai-nos, que nesta Ponte não há portagens.
Em Redor de Um Grande Drama
Um, Dois, Esquerda, Direita!
Prioridades
Celebrizado por Schopenhauer, mas conhecido desde a Grécia Antiga, encontra-se muito espalhado o reconhecimento da superioridade dos animais irracionais sobre os seus colegas humanos. Ora, o que em muito pessimista vem do puro desgosto, é preferência naturalíssima noutros, como a satirizada por um prisioneiro de guerra francês, nos princípios do Século XIX, sobre a hierarquia de afectos familiares de um aristocrata britânico.
Wednesday, April 26, 2006
Política à Inglesa
A Parte e o Todo
Bibices
Perigos
Tarefa Ciclópica
Tuesday, April 25, 2006
Luto Carregado
Monday, April 24, 2006
A Imagem da Traição
Na morte de Alida Vali, ouso contestar o relevo que tem sido dado no Mundo anglo-americano ao seu protagonismo em «O TERCEIRO HOMEM», de Carol Reed. Se é certo que ia bem nessa fita notável, estava longe de nela ter o protagonismo que a imortalizou no papel da Condessa Serpieri, em «SENSO», de Visconti. Nunca a traição teve quem melhor a encarnasse, como autora, no plano nacional, contra os seus; e como vítima, no passional, humilhada e preterida por aquele que a levara a descer aos Infernos do Crime.
Isocracias
Lisboa na Primavera
Manhã perdida para a blogação, por renitência do Blogger de «O Misantropo Enjaulado» em cumprir o seu dever. Almoço e tarde passeando por Lisboa em Maravilhosa Companhia. No fim, ainda tempo para encontrar num Grande Alfarrabista esta gravura setecentista de qualidade mais do que aceitável, dando testemunho do carácter atrabiliário que Alguns Amigos celebrizaram. Melancolia e livros, parelha ideal para o autor, boca amordaçada, desejabilidade para Os que o conhecem bem. E no Século XVIII não havia blogosfera...
Leitura ao Entardecer -2
acabamento, veio-me ao espírito a belíssima ideia do mundo anglo-saxónico que se traduz num recanto do Paraíso para onde vão os bichos que fizeram as alegrias dos seus donos, até que um dia sejam reunidos a eles. Não é sentimentalidade lamechas, como a satirizada por Evelyn Waugh em «O ENTE QUERIDO», senão uma autêntica tristeza,
já tantas vezes experimentada, perante a amiga bicharada que nos deixou, e, que, na maior parte dos casos, nos terá, em vida, dado alegrias e provas de fidelidade bastante mais raras nos Humanos. Como na necessidade de a Inocência - que não pode integralmente ajuizar do Bem e do Mal - encontrar um local perto do dos Eleitos, para que Justiça se faça. É pensando na importância que dei a esses Amigos que já cá não estão, bem como à memória que deles guardo, que deixo estas palavras, de anónimo Autor,
dedicadas aos gatos que me faltam.
Just this side of heaven is a place called Rainbow Bridge.
When an animal dies that has been especially close to someone here, that pet goes to Rainbow Bridge. There are meadows and hills for all of our special friends so they can run and play together. There is plenty of food, water and sunshine, and our friends are warm and comfortable.
All the animals who had been ill and old are restored to health and vigor; those who were hurt or maimed are made whole and strong again, just as we remember them in our dreams of days and times gone by. The animals are happy and content, except for one small thing; they each miss someone very special to them, who had to be left behind.
They all run and play together, but the day comes when one suddenly stops and looks into the distance. His bright eyes are intent; His eager body quivers. Suddenly he begins to run from the group, flying over the green grass, his legs carrying him faster and faster.
You have been spotted, and when you and your special friend finally meet, you cling together in joyous reunion, never to be parted again. The happy kisses rain upon your face; your hands again caress the beloved head, and you look once more into the trusting eyes of your pet, so long gone from your life but never absent from your heart.
Then you cross Rainbow Bridge together...
Ajudado por «Bons Companheiros», de John Emms e
«A Ponte do Arco-Íris», de Frank Marshall.
Sunday, April 23, 2006
Pássaro Mentiroso
Esta Águia, hoje, mascarou-se de Pinóquio. Ameaçou, até ao fim, ganhar ao Nacional e, no derradeiro instante do tempo regulamentar, deixou o Oponente chegar ao empate. Ainda não se sabe o que os Vizinhos do Alvalade XXI farão, ao intervalo estão a zero. Mas uma Ave Real não pode depender do que outros façam, ou deixem de fazer. Deve sobrevoar, olimpicamente, adversidades como a perda do Título, ou os diversos adversários. Consolos de fracos? Deles não reza a História. Que adianta dizer «Luisão só teve uma falha»? Pois se chegou e sobrou... E alguém muito duro poderá dizer que Miccoli se anda a estragar, naquela equipa!
Beijando o Chão
Triste Fado
O do Dragão, certamente. Penso no Nonas, no Nelson, no Fernando Carvalho, no TSantos... O day after da conquista do título calha a 23 de Abril... Dia de São Jorge, que teve encontro imediato nem sei já de que grau com o réptil alado. Juro, a pés juntos, que não me estou a meter com o nosso Colega do Dragoscópio. Só quero deixar aqui as minhas felicitações à Espécie animal que se pretendia extinta, pedindo-lhes perdão por não deixar de invocar o Santo que é o Padroeiro de Inglaterra desde o reinado de Eduardo III. E de Lhes sugerir que vivam com os olhos postos no dia de ontem e não no de hoje.
Abraços com a chama do lampião, que não a que se deita pela boca. O quadro alusivo é de Rafael.
Dominica in Albis deponendis
A designação precursora do Domingo de Pascoela, o primeiro após o da Páscoa, tinha origem no antigo hábito de ser neste dia que os baptizados da Festa Maior largavam as vestes brancas que usavam durante uma semana também sagrada, em que até os escravos eram poupados ao trabalho duro. Tempo pois da renovação humana por excelência, após o Sacrifício Divino que culminara a Nova Aliança. Mas este Dia, também designado por Quasimodo, a partir das palavras litúrgicas, foi também ocasião para a mais célebre das dúvidas. A de São Tomé, cuja exigência de tocar a Chaga aqui se deixa, segundo Caravaggio. Dia profundamente humano pois, quer no repensar, quer na força da Fé, fontes para meditarmos a nossa condição e a nossa relação com a Sagrada Mensagem.
O Terceiro Homem
Alvíssaras a quem esclarecer cabalmente o mistério da identidade do Gentleman de fato azul que assistiu, na primeira fila, ao debate sobre a bloguística nas Galveias, aqui anteriormente publicitado. Quem ler os comentários a este post perceberá a razão. O BOS nega que seja Ele, o que ainda não está comprovado. O Jansenista voluntariou-Se, mas o meu serviço de informações já se encarregou de infirmar a coisa. Estamos como Joseph Cotten na Viena de Greene/Reed, à procura do Terceiro Homem.
Saturday, April 22, 2006
Nocturno -1
Poeta,como estimável descobridor de imagens, disfarçadas de forma a resistirem à visão reduzida do vulgo. Pois se este entendimento é, também ele, congénere dessa habilidade, embora centrado na pessoa do vate! Este é tão homem como os restantes, com as cadeias que o prendem e as suas propriedades cortantes, pelo que cada
salto que o seu olhar permite a quem o lê ou ouve, com sublimação, diriam uns, ou aproveitamento da integralidade do sabor, contestariam outros, espera a reciprocidade, na forma criativa como é encarado esse condutor. Assim se compreende que esta mútua expectativa possa ser tida como a mais entranhada forma de
realismo, na precisa medida em que dá nota da necessidade quer do escapismo, quer da ilusão, para permitir perceber completamente. Lembram-se da prevenção de Eliot sobre a espécie humana? Resposta não tão irónica como parece é a formulação de um desejo por cumprir, que afinal corresponde ao que já se tem - a ambição de se ser poeta expressa através de um poema...
De Albertino Calamote:
JEITO DE POETA
Quisera ter olhos de poeta
Para ver flores onde só há cardos;
Para ver canteiros sobre a valeta,
Para ver gente onde só há escravos.
Quisera ter ouvidos de poeta,
E, com chilreios e outros sons puros,
Compor uma sinfonia completa
P´ra unir as almas adentro dos muros.
Quisera ter um jeito de poeta,
Para nunca me tomarem a sério
E para iludir, ledo, a realidade...
Quisera ter a dimensão correcta,
Quisera ter o exacto critério
P´ra analisar a minha sociedade.
Composto com ««Flores», de Andriu Kovelinas,
«Cardos», de John Singer Sargent e «Escravos»,
de Renzo Castaneda.
Discurso Hermético
Nós e os Outros
oferece um interessante confronto entre a prática ainda largamente subsistente no Séc. XIX e a indumentária oitocentista das ocidentais, assente na utilização do espartilho. É curioso ver o horror de uma Imperatriz do Meio face a esse "costume bárbaro" que não deixaria a apertada vítima respirar, contraposto à tentativa revoltada de um casal anglo-saxónico de impedir uma vizinha china de mutilar os pés da filha de poucos anos que ia urrando de dor ao ser enfaixada, perante a reacção indignada da mãe, que sabia ser esse o meio mais eficiente de furtá-la à condição servil.
O que mais retive, por muito estranho que o aperto corporal me surja, foi a desfaçatez com que, não sentindo horror por uma alteração da natureza, de deformação certa, com quebras internas, se condenava um traço da outra cultura, que, mesmo reprovado, nos parece relativamente benigno. Conta a velha história que quando saiu o édito prescrevendo a morte para todos os animais de boca grande, o hipopótamo também comprimiu a sua o mais que conseguiu, dizendo: «coitadinho do crocodilo».
As imagens são dos sapatinhos que cobriam os pés submetidos à estagnação, com a evidência da respectiva pequenês. e do que eles envolviam, com realce para o tipo de deformação a que obrigavam.
A Falar É Que a Gente Se Entende
Representação Sem Entraves
Bo Derek foi nomeada, no seu País, Advogada do Governo para a Vida Selvagem. Se demonstrar pelos animais em liberdade condicionada o mesmo amor que tem alardeado por cavalos e cães, temos Mulher. Mas os Fans, em cujo número me não incluo, dirão que esse é estatuto mais do que adquirido. De qualquer forma, o meu primeiro pensamento vai para a felicidade dos bichos... como a ilustrada na fotografia.
Friday, April 21, 2006
Curricula Recheados
Falhas de Energia
A Evasão
O misantropo conseguiu fugir da cela onde exerce o seu vício internáutico, para assistir à conferência de logo, que será moderada por Esta Grande Blogger. Estou certo de que Ela o fará às mil maravilhas, como tudo em que toca. Mas numa coisa está antecipadamente Fracassada: em conseguir alguma moderação da parte deste admirador incondicional, agora à solta.
O Doping
- Bichano, o Patrão vai falar hoje para uns senhores muito sisudos. Temos de nos portar bem e fazer tudo o que Ele queira, para que não vá nervoso para lá...