O Misantropo Enjaulado

O optimismo é uma preguiça do espírito. E. Herriot

Thursday, August 31, 2006

A Sacola da Caça

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Na corrida do dia pelos Livreiros dou com este Régio de Primeira. Contra mim fala, Mas tudo somando, consideradas as satisfações menores a que remete, interrogo-me bem se, equacionando este mundo dos que não querem ser salvos, por esta ou outras impermeabilidades, não será aos Meus, feridos Pelo que perderam, mas comparativamente bafejados por ausência de rebeldia comprometedora de outros, que fica distribuído o menos mau bocado.
Retiro:
SONETO DE CIRCUNSTÂNCIA

Os semideuses são boxeurs, ciclistas,
Futebolistas ou chauffeurs; e Deus,
Com semideuses tais, deserta uns céus
Que ninguém, já, lograva dar nas vistas.

Para salvar o mundo, há um rol de listas
De provérbios arianos ou judeus;
Mas ninguém quer ser salvo! E os vãos troféus
Bolorecem nas mãos propagandistas.

Aristo, demo-cratas e mais cratas
Vão, de atómicas bombas na algibeira,
Contratar paz com artes diplomatas.

O amor dispensa as setas e a seteira.
E em tal progresso, os santos da Reacção
Masturbam~se na imensa solidão...

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Ele Está de Volta!

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Atenção, Meus Amigos, o Jansenista está de volta e vem com a força toda! Antecipou até, para alegria maior de todos, de um dia, o seu prometido regresso à blogosfera. Momento para me desincumbir de uma tarefa encomendada por M. Pascal, que me disse: «Quando já não puder estragar as férias do Nosso Amigo lembre-Lhe, da minha parte, que "toda a infelicidade dos Homens vem de uma só coisa, que é não saber permanecer em repouso num quarto"». Nisto, apareceu a correr, Rebecca Romijn, gritando: «Em repouso? Um disparate e um desperdício, cá estou eu para provar as virtualidades opostas. Quero ser a primeira a dar-Lhe as boas-vindas». Perante uma discussão filosófica de tão especializado teor, retirei-me, prudentemente. Mas aqui venho, também, fazer a minha parte, conforme posso.

Be My Guest

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Estará Jo Guest a confessar uma dor à Esquerda, ou a esboçar, desajeitadamente, uma saudação militar da Roma Antiga? Ora, que importa isso? O título deste post sublinha o que é importante.

Os Limites da Insensatez

Na sequência da decisão do Conselho Superior de Defesa Nacional de aprovar a ida de uma Companhia de Engenharia Portuguesa para o líbano, supostamente para reconstruir infra-estruturas, alegro-me com o facto de não se ter optado pelo envio de forças encarregues de desarmar partes, ou de garantir que novo armamento a elas não chegasse. Mas o objectivo proposto é igualmente frustrante. Mais tarde ou mais cedo o labor dos nossos Homens acabará por ser bombardeado, em qualquer recrudescer do conflito que agora amaina. E apenas pela «alta visibilidade política» de que fala o Ministro Severiano, se põe em risco vidas dos militares lusos - que as tropas de engenharia também são alvos. Além de a retirada de militares da Bósnia e sabe Deus mais donde dará a Portugal outra imagem, a de inescapável protagonista do acto interrompido.

Conto de Duas Idades

Enquanto a Austrália prende, deixa fugir e, pela voz de um seu brigadeiro, diz saber onde está um evadido que lhe serviu os interesses em Timor, não posso deixar de lembrar os tempos de 1914, em que Soberania Portuguesa, coragem e cavalheirismo ditavam leis no Teritório. Penso naquele Sargento Baptista que, tendo avistado, do alto da montanha o famoso corsário alemão Emden, cruzador comandado por Karl von Muller, ancorado numa baía, se apressou a descer à praia, embarcar num beiro, uma casca de noz quase do tamanho da Bandeira Nacional que arvorou, indo a bordo do grande navio.
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E de aí ter dito, pelo meio das honras e continências regulamentares, que, estando a Alemanha em guerra e sendo Portugal um País neutro, mas aliado britânico, o vaso de guerra teria de retirar de águas timorenses, lamentando não poder convidar os graduados para um almoço, como noutras circunstâncias faria. Tamanha era a desproporção de forças, que consta terem vários oficiais alemães esboçado um sorriso. Mas tal era a honra e o reconhecimento da bravura desse Grande Chefe Militar Germânico, que terá aproveitado para dar uma lição de integridade aos seus subordinados - pedindo desculpas pela infracção, mandou içar o pavilhão português e retirar para águas internacionais. O que comprova que no Mar ainda era possível manter a dignidade que se evaporava dos campos de batalha em Terra. Aconteceu em Agosto, não a 31, mas a 24. E a parcela de injustiça que tenho de confessar é ter apenas para Vos oferecer o retrato de um dos protagonistas.

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Libertação

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Ontem li o «AVANTE». E desse abnegado exercício guardo uma pérola deliciosa: «Naquilo que os média chamam rentrée, o PCP vai ter não um, mas dois comícios». Ou seja, a repulsa inspirada por uma designação de conotações burguesas não impede os nossos Comunistas de quererem fazer o dobro da Burguesia, nessa onda: "rentrar". Estou certo de que o Bic Laranja estará solidário quanto ao desdém pelo galicismo, embora O imagine céptico quanto à fúria activista.
Mas apesar de, tecnicamente, a Estação Política já ter mudado, para um blog, quer em termos de acontecimentos comentáveis, quer quanto ao regresso de Confrades com as pilhas recarregadas, o fim de Agosto é sempre a divisória que alivia. Nos Anos Vinte, como demonstra a capa reproduzida, as cores intensas tinham por companhia a Mulher, hoje são ilustração de incêndios. Mas passou-se.
Lembro que o meu primeiro Agosto na blogosfera foi uma prova de fogo, não pela pirómana atmosfera envolvente, sim porque constituiu o teste de sobrevivência, com pouca coisa sobre que escrever e, então, Poucos para Quem escrever. Este epígono dele, um ano mais tarde, trouxe-me uma ordália diferente: surgiram referências pouco felizes, porque tentadamente desagradáveis, a Duas Comentadoras desta casa.
São estas coisas que desmotivam. Que quem mais não tem para dizer invista contra o enjaulado, é natural, ele não espera outra coisa e vê confirmada com naturalidade a péssima opinião que faz da maior parte da espécie. Gostaria contudo de ver salvaguardada a cortesia, mesmo que em estádios rudimentares, quando de Senhoras que aqui depositam a esmola dos seus escritos se trata.
Espero, por conseguinte, que este 31 de Agosto permita a alguns voltar a ter a cabeça um bocadinho mais fria.


Deixo-Vos com a imagem esclarecedora de tempos em que os preços não se empenhavam em ser a única faceta do País que diminuía a distância para a Europa, acrescida de um dizer que expressa bem a ambição misantrópica de a Todos interessar.

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Wednesday, August 30, 2006

Exaustão

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Um dia absolutamente extenuante, em que não queria deixar de referir o nascimento do grande fotógrafo oitocentista francês Gustave Le Gray, que fotografou as ruínas de Beirute, após o massacre dos Cristãos pelos drusos. Como me sinto uma ruína e o pobre País de que essa cidade é a capital ameaça encarnar outra, aqui fica a evocação. Garanto-Vos que estou mais morto do que vivo.

A Forma e as Formas

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Atentando nas provas dadas por Carolina Ardohain, ouso mudar a maneira de me dirigir a ela. Passa a ser: Carolina: Ardo! Hain!

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O Fugitivo

A fuga da prisão por parte do homem que iniciou as convulsões que deram azo à ocupação de Timor por Austrália & Associados torna-se um tanto suspeita. Por se terem evadido com ele 55 detidos, o que parece difícil de não se detectar, em meio tão pequeno. Dada a falta de escrúpulo com que as forças de Camberra têm intervindo em Dili, caso será para suspeitar de que esta evaporação do Major Alfredo Reinado, seja parte de um prémio eventualmente prometido pelos donos dos interesses que, objectivamente, serviu. Depois de uma detenção sob ridículo pretexto, para observador internacional ver.

Bravatas Que Alastram

Faz parte do alarde de valentia que se esperava de um chefe árabe tradicional o desafio do Leader adversário para um combatte singular, sobretudo quando há a certeza de não haver resposta afirmativa, embora se conceda que nem sempre será esse o factor determinante. Estas declarações são sobretudo para consumo interno, visando reforçar o orgulho do povo no que o conduz. Quem não lembra os desafios de Saddam aos dois Bush, para debates em ambos os casos, como para um duelo, no segundo?
A novidade vem do Presidente do Irão, que desafia o Inquilino da Casa Branca para debater o desafio nuclear do seu País, mas não é árabe. E essa tradição valentona parece-me não estar tão enraizada no modo como a População da Pérsia se relaciona com os seus governantes. Como também suspeito de que o clero xiita que manda na Nação não achará demasiada graça a este centramento individualista da aparência do comando, apesar de ao serviço da radicalidade de posições que preconiza.
De outras duas coisas se esquece, contudo, o desafiador: de que estas discussões são espectáculos para influir em resultados eleitorais, sendo que aqui não há eleitores. E de que G. W. Bush sempre saiu bem dos debates que travou, mesmo daquele em que foi dado como perdedor. Não é fácil vencer os norte-americanos num despique dentro so show business. E esse espectáculo está presente em cada conferência de Imprensa, que é o verdadeiro terreno de discussão de posicionamentos aplicável.

Uma Batalha, Duas Guerras

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30 de Agosto de 1914. Data dominada pela vitória alemã sobre as tropas russas, em Tannenberg. Mais do que outros triunfos, marcaria a incapacidade de a Frente Oriental alterar significativamente o curso das operações, na globalidade do conflito. Anos mais tarde, um dos artífices desta vitória de Pirro, Ludendorff, diante de uma cabana onde o seu superior hierárquico repousara, disse «aqui o Marechal Hindenburg dormiu antes da Batalha de Tannenberg, depois da Batalha de Tannenberg e durante a Batalha de Tannenberg». Esta tranquilidade provisoriamente triunfante contrastaria com o descontentamento dos derrotados que, três anos mais tarde, conduziria às Revoluções contra o Czar. Mas viria, num choc en retour, a determinar a capitulação do mesmo Império Alemão que tinha metido Lenine num comboio, para desestabilizar a Rússia. Essa má acção não o pouparia à agitação dos seus próprios revolucionários. Desde Valmy que sabíamos que, na Europa, as Guerras dos Povos são, por regra, muito mais arrasadoras do que as Guerras dos Reis. Embora já contaminada por quase um século da concepção primeiramente enunciada, o facto bélico que se lembra foi dos últimos em que equilíbrio entre as duas visões da acção militar prevaleceu. A partir daí foi sempre a descer.

Juro, Por Minha Honra...

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Num comentário ao post sobre Sean Connery a Maria faz um importante aviso acerca de depilações de sobrancelhas e suas consequências, bem como dá notícia da recusa do Actor em usar postiços, salvo em casos essenciais para a caracterização da personagem. O misantropo já pouco cabelo tem, mas faz profissão de jamais usar o que lhe não pertença. Com uma ressalva: dado o meu amor aos livros, não sei se conseguiria resistir a este...

Tuesday, August 29, 2006

À Meia-Luz

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E é também o dia de Ingrid Bergman, a Sueca que depois da presença dominadora de Garbo fez também da vulnerabilidade o seu sprint para o mais alto estrelato. Para sempre ficará no nosso espírito a indecisão que transparecia dela em «CASABLANCA», por inacabamentos do argumento, em que pedia aos que o escreviam e ao Realizador: «Por favor, digam-me por quem estou apaixonada». Mas nem só da indecisão viveu a fragilidade fílmica da presença desta Mulher. Aterrorizada em «UNDER CAPRICORN», violada em «POR QUEM OS SINOS DOBRAM», recebendo as forças do Além, que não do seu interior em «JOANA D´ARC», é em «GASLIGHT», levada paulatinamente à "loucura" por um conjugal e perfeito vilão Charles Boyer que eu a prefiro. Ou como a aparente dificuldade em defender-se pode impulsionar o espectador para a ânsia de que uma protecção lhe seja ministrada, ao contrário de tantas outras Celebridades do Ecrã, que subjugavam pelo império que seguramente exerciam.

A Profundidade do Culto

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Dia de lembrar Ingres e o mítico tributo que prestava à Natureza e ao Belo que nela sempre procurava, ao ponto de deixar sentenciado que qualquer fealdade que nela se encontrasse não passaria de um acidente. Era pura modéstia e não optimismo, por não querer para si a glória de melhorar, mas apenas de ser fiel à beleza que distinguia, como atesta a sua reacção quando Granger, um seu amigo lhe disse ter emblezado muito um modelo.
Percorro-lhe os escritos e, a par do «Não estudem o Belo senão de joelhos», observamos a intensidade aplicada com «Não se chega na arte a a um resultado honroso a não ser pelo sofriimento.Quem não sofre não crê». E ostensivamente bania o psicologismo da laboração artistica: «Para chegar à bela forma não é preciso optar por um modelo quadrado ou anguloso; é preciso modelar redondo e sem detalhes interiores aparentes». E levava a falta de soberba à assunção da cópia dos Antigos: «Não há que ter escrúpulo em copiar os antigos. As suas produções são um tesouro comum e cada um pode tomar o que queira. Elas tornam-se as nossas próprias quando nos sabemos delas servir. Rafael, imitando-as sem cessar, foi sempre ele próprio».
Tudo isso está nesta «Venus Anadyomene».

Com Olhos No Céu

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A despromoção de Plutão - que, coitado, nunca se imaginou tão querido - teve a virtude de semear a revolta na blogosfera, mesmo em páginas que, ao contrário do sempre atento «Abrupto», nunca tinham manifestado interesse pelas convulsões do Espaço. ou, melhor dizendo, por aquelas que ele despertou no nosso planeta.
É interessante verificar que as palavras mais procuradas na net passaram a ser Pluto e Neptune, ultrapassando largamente os precedentes Lebanon, Olmert, Israel e Hezbollah, não falando já nos subsidiários e constantes naked women e Al-Qaeda.
Tanto interesse fez-me percorrer o espaço diminuto até à estante, que, no entanto, representou uma viagem de mais de dois séculos. Saquei de um dos escassos tesouros deste amontoado a que ouso chamar biblioteca, a obra de Emmanuel Swedemborg, místico ou mitógrafo sueco do Século XVIII, conforme as perspectivas. Para além de se dizer conhecedor dos meandros de Céu e Inferno, como íntimo dos Anjos, garantiu ser tu cá tu lá com espíritos que habitariam Mercúrio, da Lua, de Marte, de Júpiter e de Saturno, a que chamava também «terras», bem como conhecedor dos homens dos satélites dos dois maiores desses planetas. Penso em como o desconhecimento dos dois planetas humilhados o terá poupado ao sofrimento de ver espíritos e homens por si dados a conhecer impossibilitados de desenvolver as respectivas existências, por o habitat de cada um deles ter deixado de constituir paralelo com o nosso Mundo.
Mas se aqui estivesse Jorge Luís Borges, um leitor desse grande criador setecentista, talvez defendesse, com as mudanças de velocidade inigualáveis do seu estilo, que as descidas de divisão dos corpos celestes talvez fossem, isso sim, motivadas pelo desconhecimento que a pena swedemborguiana deles tinha, privando-os do enchimento de espiritualidade que lhes outorgasse a condição superior.
E a ordem planetária é como a FIFA, não permite recursos para tribunais comuns...

Retrato Falado


Querida Maria:
Era esta a Amiga de que fala, no post sobre Connery? Shirley Eaton num bom 007: «GOLDFINGER».
Beijinho.

Remédio Radical

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Ainda não consegui determinar se o bikini de Amber Smith é verdadeira pele animal, ou imitação, mas concordo com ela: na dúvida, que vá fora!

Procura-se Restaurador


Saído das próprias hostes republicanas a que aderira, George Monck restabeleceu a Coroa de um País a que o regime contra o Realismo tinha estilhaçado a unidade, não falando já de assassínios em massa anti-católicos, como os promovidos por Cromwell, na Irlanda. É a data do regresso do Rei, filho do decapitado Carlos I e futuro Marido da nossa infeliz D. Catarina que aqui se evoca. E para que se veja a superioridade da Monarquia: nem Carlos II, nem Richard Cromwell, filho de Oliver, eram homens excepcionais. Mas a Instituição a que um deu continuidade perdura ainda hoje, enquanto que a tentativa de sucessão do segundo rapidamente desabou, sem deixar fidelidades que contassem. Para quando uma transição semelhante em Portugal, ainda que fomentada por um desenganado da fraude que é a República?

O Outro Lado

Ontem referi por que razão se tornava evidente, segundo as palavras do seu chefe, não ter a apregoada vitória do Hezbollah sido tão ... vitoriosa como isso. Hoje é a vez do outro Beligerante. Não considero um reconhecimento a constituição das famosas comissões de Inquérito para analisar a condução política e militar da guerra. Trata-se de um expediente habitual para os governantes se tentarem salvar, quando todas as expectativas eram demasiado altas, tanto quanto a fasquia da sobrevivência do "Partido de Deus" era baixa. Mas quando o Sr. Olmert declara que a acção militar também teve pontos positivos e, instado a nomeá-los, refere nessa categoria o «envio de uma força internacional para o Sul do Líbano», está tudo dito...

É só Fumaça?

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Ocorreu ao misantropo uma ideia luminosa, para impedir discriminações de compatriotas, muito para além da culpa que lhes caiba. No sentido de contrariar a luz verde, que aparenta ter sido dada, no sentido de as empresas marginalizarem os fumadores, em termos de acessos e contratações, sugere-se que eles invoquem o estatuto de deficientes, mormente a incontestável alínea que prevê o pior tratamento dado a «um doente com um risco agravado de saúde». Não se pode deixar de concordar com os objectivos da norma para cuja notícia o link remete, embora se preveja grandes escolhos e areias movediças na sua aplicação. Mas é absolutamente contrastante com os extremos persecutórios a que chegou a vaga anti-fumo, até porque, como vício que é, muitos casos haverá em que deixá-lo estará para além da capacidade volitiva do sujeito.

Aos Bigodes

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A má imprensa que o bigode vai tendo chegou a, na blogosfera, celebrizar uma página em que a Autora, dizendo procurar marido, excluía os bigodudos. É tido, por outro lado, como incompatível com a feminilidade. Para contestar ambas as posturas, cá deixo a interrogação: não tem a Filó, a mascote do meu Amigo Bernardo Trindade, um perfil ideal para a função de propaganda de um blogue? Desde que a não tentem com o cargo de Procuradora Geral da República... Lá consensual ela seria, mas, para o que se espera que o escolhido não faça, corporizaria desperdício de tomo.

Monday, August 28, 2006

O Tempo em Dois Tempos

Em 1967 um furacão chamado Ernesto, que fora de Cuba para o Sul, extinguiu-se antes de conseguir fazer triunfar o seu intuito de levar a Revolução, isto é, a morte e a destruição, àquelas paragens. Como deu bota, o «Ernesto» de 2006, optou por seguir da mesma Ilha para a Florida, acompanhando o movimento de tantos exilados cubanos. Mas a sorte parece estar a abandoná-lo, pois todos os especialistas o dão como em perda de força. A antiga terra de Batista é paragem aziaga no tocante a itinerários ernestinos.
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Mas as notícias não são demasiado boas para o Tio Sam. Afinal, aquilo que tanto queriam fazer a Castro, fê-lo, por sua iniciativa, um outro do apelido, o Marcelino, que não o Fidel.

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Tacadas da Vida

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Aos Amigos que mergulham no bilhar clássico, como no snooker, a variante com Chasey Lane em cima da mesa...

Verdade ou Mentira?

Ontem, vários noticiários televisivos portugueses deram o avião tragicamente acidentado no Kentucky como sendo um Canadair. Na net vejo-o dado como da marca Bombardier e pertencendo à companhia ComAir. Alguém me sabe dizer se há uma fusão de marcas que justifique a atribuição da paternidade do aparelho, ou se estamos perante a costumeira asneirada?

Luzes e Sombras

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Quanto sofre um escritor, ao ser promovdo a símbolo nacional! Neste País de brandos costumes ainda vimos a coisa circunscrita às apropriações de Camões pelos diversos regimes. Mas pior aconteceu na Alemanha, com esse Goethe cujo nascimento ocorreu a 28 de Agosto. Da sua obra vasta, os Faustos entraram na mentalidade europeia, mesmo dos que os não leram, como talvez só D. Quixote e Sherlock Holmes. Não é por eles, no entanto, nem pelo desesperante best seller que foi «WERTHER», que eu prefiro lembrá-lo, mas pelo excelente romance «AS AFINIDADES ELECTIVAS». Atenção merecem a sua vida pública, como ministro em Weimar, partilhando política e amores com o Grão-Duque, bem como a pessoal. Desta, não hesito em contar uma pequena anedota: Passeando certo dia com o meu Amigo Gerald Bär, professor de literatura, comuniquei-lhe ter adquirido um volume, em francês, intitulado «AS AMANTES DE GOETHE». Ao que o meu Interlocutor respondeu: «Ah, um livro volumoso, então».
Mas o que queria contar-Vos hoje era um episódio não tão conhecido como deveria ser: o do rapto da urna do Escritor e da de Schiller, por 12 SS, obedecendo a ordens superiores, no Inverno de 1944, para que o Inimigo que se aproximava não pudesse deitar as mãos ao Símbolo da Nação. Atiraram com os despojos veneráveis para um abrigo anti-aéreo, com a intenção de, mais tarde, os dinamitarem. Vale que um médico do Exército, que estava perto, conseguiu esconder os recipientes, guardando segredo do local mesmo para além da capitulação alemã. O que demonstra que se pode encontrar um von Choltitz a cada esquina, salvaguardadas as devidas proporções. E que para os mortos, tal como para os vivos, amor em excesso também corre o risco de destruir.

Arrependimento Tardio

O Sr. Nassan Nasrallah confessa agora que se adivinhasse a dimensão reactiva de Israel, não teria dado ordem para o rapto dos soldados que a desencadeou. Para que um Leader radical muçulmano dê assim a mão à palmatória, é preciso que a sua gente tenha sofrido muita erosão e perda. Já se sabe que ele tinha colocado a fasquia da vitória na sobrevivência do movimento. Vê-se agora o quão baixa ela era. Tudo o que estivesse acima seria um triunfo estrondoso. Mas parece que tanto estrondo rebentou com tímpanos suficientes dos que se jactavam do ganho. Israel também perdeu algo, em vidas e em amor próprio. E os que foram apanhados, então...
Como não é natural que um e outro lado façam regredir as extremadas posições que têm defendido, será caso para dizer que no Médio Oriente, ao contrário da Natureza, tudo se perde, nada se transforma.

Sunday, August 27, 2006

O Profeta


No dia em que se celebra o nascimento de Man Ray, portador da elasticidade estilística e mental que caracteriza a generalidade dos Surrealistas, acentuada por uma multiplicidade de talentos ainda mais evidente do que noutros, dou-Vos o seu engaiolado «Manequim», antevisão do que seria um misantropo atrás das grades, exposto, como este, ao tiro ao boneco dos comentários, que, no entanto, são o sal deste blogue. Bem hajam!

O Martírio dos Planetas

Os Astrónomos o dão, os Astrónomos o tiram. Porém, não sendo Job, temos algum direito à indignação que se traduza em protestarmos contra o arrancamento impiedoso de verdades que nos acompanharam como pilares seguros do Saber, sem mais razão do que a das polémicas classificatórias de cientistas insensíveis. Plutão não é mais um planeta. Querem agora que Neptuno lhe siga as pisadas. Insurjamo-nos pois contra esta exautoração dos corpos celestes, sem culpa deles, ou parecer nosso.
Mas não se pense que este massacre de conceitos familiares ocorre apenas na nossa racionalizada Sociedade . É conhecido que no Mundo Islâmico o fim da Festa Sagrada do Ramadão ocorria quando duas testemunhas oculares certificassem, em cada comunidade, nova fase lunar. Pois agora, Autoridades Religiosas, tão ensimesmadas quanto os sábios diplomados da nossa Civilização, pretendem eliminar a relação directa que se estabelecia entre Gente e Satélite, abstractizando o momento do marco sagrado, ao fazê-lo depender de cálculos matemáticos, tão-somente.
A Lua é especial. Para além de reger a expressão tangível da Mais Bela Metade Humana, condicionando ciclicamente a Esperança Vital da Espécie, é o único grão orbital do Espaço com proximidade bastante para nos impregnar de luz e, em simultâneo, se deixar contemplar, sem artifícios. E as diferentes formas com que se torna visível mais ajudam à personificação, tomando-a como um indivíduo, manifestando os seus humores, como qualquer de nós. É desta simbiose cósmica, outorgante da fantasia dialogante essencial, que não podemos abdicar, sob pena de nos tornarmos coisa diferente e menor do que somos.
Dou um poema algo lacrimoso mas apropriado, da Poetisa do Qubeque Pier de Lune; e uma imagem de Frank Lamy, «A Lua» que me sugere a pobre Luna imolada na fogueira, qual Joana d´Arc.

LA LUNE PLEURAIT

Toute la nuit j'ai scruté le cielles
yeux fixés sur cette voûte étoilée
j'ai aperçu le pâle reflet de la lune
les étoiles semblaient lui chanter une valse triste
pour la bercer pour l'endormir
je compris ses craintes ses peurs son grand chagrin
lorsqu'au loin j'entendis les hurlements d'une louve

j'aurais voulu à mon tour la bercer
la prendre dans mes bras la consoler
lui rendre cette tendresse que tant de fois elle a donnée
elle s'éloignait fuyant les crocs d'une louve enragée
et ses hurlements déchaînés

un tourbillon brumeux engloutit
les étoiles une à une
s'empara de la lune
ne restait là-haut que le vide
un trou noir béant

Lune ô chère lune
reviens comme chaque nuit
sans ton sourire les roses
ne pourront plus s'épanouir

mais le nuage continuait sa ronde
la pourchassait l'enveloppait
d'une nuée vaporeuse
puis j'entendis un long sanglot étouffé
tel le son de l'archet du violon
glissant sur une corde éraillée
dans ma main une goutte d'eau se déposa
une larme y gisait
en pierre de lune se métamorphosait
avec comme seul reflet
le triste visage de mon amie

depuis cette nuit je sais que la lune pleure
lorsque que les loups hurlent
et lui montrent leurs crocs acérés
lui arrachant chaque fois
quelque chose qui lui appartient

Une pierre d'amour une pierre de lune

Promessa e Paga

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Perante uma imagem que tanto dava a entender, como não chegar à apoteose que de climax faz, para justificar o derradeiro nome de Giorgia Palmas? Obrigado, Sardenha.

Liberalismo Out

Enquanto o atraso caracteristico com que chegam as modas de Paris vai fazendo com que a Direita residente em Portugal continue a nadar nas águas do Liberalismo económico, apesar do Dr. Castro do CDS, as tendências para a estação Outono/Inverno que se aproxima, sugerem que as maravilhas da concorrência estão, definitivamente, boas para dar ao pessoal doméstico. Assim, à Destra Ma Non Troppo, o Sr. Sarkozy recentrou - é o termo em voga - a sua campanha; e aparece de braço dado com o Sr. Borloo, o qual, honra lhe seja feita, tem passado a vida a falar da «Direita Social», sem que, nos últimos anos, alguém lhe haja ligado a mínima.
Já nos socialistas de sigla, Ségolène Royal, do alto do seu belíssimo nome e ar agradável, é a Rainha das sondagens ao prometer uma «democracia participativa», coisa que tem o condão de excitar recordações na geração do Maio de 1968 e de aparecer como absoluta novidade aos jovens. Contra ela perfilam-se três políticos ligados à finança ou a conhecidos grupos de interesses especiais, Dominique Strauss-Kahn, Jacques Lang e Laurent Fabius, os quais, de raízes Judaicas, têm vindo a suscitar o aparecimento de um surdo anti-semitismo dentro do PSF! Além deles, só o patético regresso de Jospin, a defender a representatividade, isto é o predomínio dos políticos do sistema, que é aquilo de que toda a gente está farta, E que é de rejeitar, sem dúvida alguma. Mas não nos enganemos, as "alternativas" dentro dos partidos do poder já foram defendidas pelo Gaullismo histórico e pela contestação juvenil de do fim dos anos 1960´s e 1970´s. Sabe-se porém como é: as modas vão e vêm

Fé e Valor

Poderia alguém mais informado das minudências da História Religiosa acreditar inocentemente que o contentamento dos raptores de um jornalista norte-americano e outro neo-zelandês, ao noticiarem a conversão de ambos ao Islão, para verem as vidas poupadas, trairia uma antiquuíssima tendência, presente no mundo Árabe muçulmano, de privilegiar as aparências e as manifestações exteeriores, contraposta ao historial do Cristianismo, que tudo baseia na sinceridade da conversão, tendo levado o entendimento a extremos conhecidos como o da vigilância dos Marranos. Mas não parece que seja isso. Os militantes das Brigadas da Jihad Santa, pleonástico nome do grupo entretanto desautorizado pelos responsáveis e Imprensa Palestinianos, terão antes querido demonstrar a fraqueza das convicções do Inimigo, pronto a dizer abraçar o credo adversário, para salvar a pele. Por isso não terá sido inocente a escolha das vítimas entre os profissionais da «FOX NEWS», a conhecida cadeia que tão favorável tem sido à política externa da Administração Bush.
Não foi quem ostenta o nome que, desta feita, demonstrou a astúcia da raposa.

Saturday, August 26, 2006

Uma Aura

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Nascido a 26 de Agosto e aqui retratado por Henri Rousseau, Guillaume Apollinaire viveu uma vida flagelada por acusações falsas e esquecimentos de verdades nobilitantes. Desejando estender os limites da Arte, com a descoberta, para mim encantadora e cúmplice, do parêntesis como propiciador de novos estados de alma, viu os seus propósitos confundidos com as invectivas futuristas de Marinetti, sendo encarcerado, porque acusado de roubar a «Gioconda», do Louvre, suspeito de seguir à risca uma boutade do italiano e pela generosidade amiga com que deu sustento a um Piéret, ladrão de antiguidades do mesmo museu. Quando o seu amor por inovadoras formas de expressão era incontestável, como comprova o seu labor investigatório do acervo erótico de Sade e dos Libertinos, sufocados pela burguesa III República Francesa, a eles avessa. Dos conhecimentos que coleccionou deu prova ao escrever um completo elenco de prazeres, «AS ONZE MIL VERGAS». Mas continuou a saga, ao desafiar para um duelo um plumitivo que o acusou de ter ascendência Judaica, coisa que poucos Polacos Cristãos gostarão de ouvir. E partindo para a Frente, exaltando-se artisticamente na Guerra e lá sendo ferido, após ter sido insultado, dentro do espírito de paranóia contra os Estrangeiros que grassava por Paris. Inventou o Surrealismo, a propósito de um espectáculo de Satie e Cocteau, mas porque nada totalitariamente teorizador como Breton, viu-lhe sonegada a fama da denominação, apesar da honestidade do "papa" que a celebrizou, ao reconhecê-la. Como viu passado para segundo plano a sua inovadora Onirocrítica, precursora de métodos mais famosos que influenciou, como o da Escrita Automática. Considerando toda a conjugação da sua simpatia, correcção e conversação cativantes com tão aventurosos factos, bem podemos dizer que, por muito importante que seja - e é - a obra, ela está longe de lhe igualar a vida.

Lulas Recheadas

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O que têm em comum a bela Cindy Crawford e o tentacular animal? Isto e isto. Sabendo-se como esta injecção mágica, esse sucedâneo da poção, opera através de uma paralisação muscular, apetece dizer que esse modus operandi transbordou para a acção governativa do molusco cefalópode e para a carreira da modelo, bruscamente imobilizada, quando a idade ainda a tanto não obrigava, se tivesse conseguido dar o salto para as telas.
Seja como for, a mensagem que apreendemos é que não se pode confiar em ninguém. Tudo é fácil, artifício de imagem. Pode-se dizer da Vida, hoje, o que os adeptos incondicionais do Teatro disseram dos truques de câmara, na altura do aparecimento do Cinema. Mais do que a inconsciência dos efeitos secundários que este doping de imagem pode acarretar, deveríamos estabelecer controles paralelos aos dos desportistas, pois, para além da saúde dos protagonistas, estamos perante um evidentíssimo intento de iludir o Público.

Grafias Subtis

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Quem contesta que Sylvie Meiss seja um véu para "Sylvie, Mais"?

A Decadência dos Declínios

É uma velha tentação dos intelectuais que conhecem um bocadinho de História comparar o lento fim do Império Romano às situações de retrocesso da proeminência do mundo em que vivem. Nos nossos dias Raymond Aron fê-lo. E é o que faz Buchanan, segundo a notícia que nos dá este artigo. Mas há grandes factores de diferenciação. Os Romanos Antigos acabaram por confiar a sua defesa a exércitos bárbaros com uma consciência nacional própria, independente da da cidadania romana. Enquanto que a América de hoje, como país formado pela imigração, já que americanos de origem só os Peles Vermelhas em vias de extinção, confere a noção de pertença e americanidade a muitos dos que absorve. E como a maioria dos imigrantes tem origens na América Latina, pode bem corresponder a um reforço de uma coesão Cristã contra a ameaça que mais impende, a do fundamentalismo islâmico.
Muito pior está a Europa, porque grande parte da sua imigração é maometana. Turcos na Alemanha, paquistaneses no Reino Unido e provenientes das ex-colónias do Norte de África em França insistem em não se integrar, mantendo a sua demarcação própria. Torna-se assim virtualmente impossível fazer com que essas comunidades, porque teimando em vincar a sua diferença quanto aos que os rodeiam, colaborem no esforço nacional, como os ingleses conseguiram, com êxito assinalável, que os Judeus fizessem nas Duas Guerras Mundiais que ganharam. Ou como aconteceu, nesses exactos e pretéritos tempos com muitos soldados franceses de religião muçulmana.
A situação europeia é, por conseguinte, pior do que a de Além-Atlântico, que Pat enfia no mesmo saco. Mas tem uma vantagem: o inimigo é identificável. Assim se aja consequentemente.

Dois é Bom, Três é Demais

Que dizer então de quatro?
O problema que ocupa as mentes deste nosso querido País, o do adversário do Benfica na primeira jornada da Liga BWin, faz-me lembrar o Grande Cisma do Ocidente, em que uma tentativa para pôr cobro à cisão entre os Papas de Roma e os de Avinhão acabou por criar, em vez de dois, três candidatos.
Sério, sério, a pretensão do Leixões não lembra a ninguém, pois implicaria a descida de mais um clube do que o regulamento estabelecia. A opção seria sempre entre Gil e Belenenses. Parece-me evidente, contudo, que esta iniciativa de última hora do Clube de Matosinhos visa neutralizar o aproveitamento que os barcelistas poderiam retirar da insistência insensata em resolver o assunto pelos tribunais comuns, recurso que lhes estava proibido. A providência cautelar interposta tinha, ademais, a consequência de garantir a posição de uma das partes, sem qualquer decisão sobre o mérito da causa, apenas devido à suspensão dos efeitos das decisões dos orgãos da Liga. Se a moda pegasse, o nosso pobre futebol iria parar muito mais abaixo do que já está. Assim se explica a boçalidade dos urros do presidente do Gil Vicente contra o da Federação Portuguesa de Futebol: era o desabafo de um espertalhaço que via os seus truques contornados pelos de outros, mais vivos.
Mas não deixa de ser comovedor ver tanta gente à bulha pela honra de jogar com o Benfica. E, de uma perspectiva egoísta, até vem a calhar este adiamento: dá tempo para recuperar alguns lesionados e para proporcionar ritmo a jogadores afastados há algumas semanas...

Tudo Sobre Rodas

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Está dada a resposta cabal àqueles que pensavam que a Águia não tinha pedalada. Depois de Vanessa Fernandes, em part time, chega agora a tempo inteiro, pelo ciclismo, com a contratação de outro Ás, José Azevedo, o regresso do Benfica à estrada.
Que bom é ver a roda do emblema de novo com um sentido real! Toca a trepar! E nada de furos, salvo os dos jornais que cubram os nossos triunfos.

Friday, August 25, 2006

Actualização

Nunca fui adepto da modalidade de expressão no dirigismo desportivo do Sr. Luís Filipe Vieira, mas não me espantaria que estivesse, realmente, a ser perseguido. Tanto que recomendo a alteração da expressão que celebrizou, «Deixem jogar o Mantorras», para a que o possa agora aliviar: "Deixem de falar do Mantorras».

Ao Serviço de Sua Majestade?

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Agradecendo toda a paciência das Leitoras que me têm distinguido com a Sua Encantadora Visita, aproveito a passagem de mais um aniversário de Sean Connery, para satisfazer o pedido de Uma das Mais Generosas Delas, a Maria, apresentando a fotografia de um actor famoso. Apesar de uma carreira fílmica que bastante a transcende, com «MARNIE», «O HOMEM QUE QUERIA SER REI» e o "Indiana Jones" em que faz de pai do Herói, à cabeça, a Figura sempre estimável de James Bond (007) ficar-lhe-á para sempre ligada. Vamos esquecer as pequenas misérias, como a da participação num concurso de musculos, «Mr. World», ou «Mr. Universe», nem sei já. Pois, não é só o Governator Arnold, há pechas anteriores.

A fotografia pequenina traduz uma modesta homenagem a um nickname que apareceu a comentar o misantropo. É Miss Moneypenny, versão Lois Maxwell.
Não deixa de ser irónico que o intérprete de uma figura que se distinguiu ao serviço da Coroa Britânica seja o advogado da separação dela por parte da Escócia. Mas tentemos olvidá-lo, em função do que fez pela nossa necessidade de fantasia esta presença marcante do nosso imaginário.

Prudência!

A possibilidade de virem a ser recolhidas/produzidas células estaminais que não afectem o embrião é coisa que se tem de saudar, na medida do que de bom possa trazer, em matéria de possibilidades acrescidas para a medicina. Mas convém ir com cautela, já que os embriões em que estas experiências se basearam foram mortos. Tem de ficar muito bem provadinho que o acesso a elas não envolverá riscos para esses indefesos Seres Vivos.
Aliás, por tabela, gostava de lembrar que a desculpa dada, há um par de dias, pelo Irão para desenvolver um programa nuclear, sossegando, em simultâneo, quem deseje fervorosamente acreditar na bondade do regime, dizia que o controverso programa visava apenas como que uma realização da Pérsia pela Ciência, acrescentando que estava muito à frente dos Estados Unidos, na utilização de células estaminais para investigação, por exemplo. Ora, um observador atento só poderia alarmar-se, em vez de acalmar-se, na medida em que essa jactância revela um absoluto desprezo pela Vida, sentimento nada tranquilizante, quando em alegre convívio com a bomba...

Cruzinhas do Totoloto

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Que Diabo, não há uma Alma Caridosa que ajude Irina Voronina a escolher entre o colchão e o sofá?
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Razões a Descobrir na Falta Dela

O aparecimento, após oito anos de cativeiro, da jovem austríaca de dezoito, Natascha Kampush, sequestrada por um solitário estranho que, nesse mesmo dia, após aperceber-se da fuga se terá suicidado, apresenta estranhos pontos de contacto com o enredo do livro «The Collector», de John Fowles, traduzido em português, do qual foi extraído o argumento para um belo mas mais ambíguo filme, de William Wyler, com Samantha Eggar e Terence Stamp. Desde o confinamento a um espaço limitadíssimo, no caso escavado, a certos cuidados como a ministração de aulas, ou ao modo como os meios foram conseguidos, um enriquecimento súbito por lotaria, na ficção e por herança, na realidade, tudo condiz. Seria interessante saber se o criminoso alguma vez terá lido, ou visto as obras em questão, tendo ou não sido por elas influenciado, o que configuraria um caso em que a Vida imita a Arte. Mas claro que o interesse mais urgente seria descobrir muitos mais casos similares de entre os desaparecimentos registados, que os deve haver, sem qualquer margem para dúvidas. Além de libertar os sequestrados em questão, seria interessante estudar as vias pelas quais a obsessão encontra saídas convergentes.

Execução em Efígie

Chegam de Espanha boas e más notícias, a propósito de uma ordem, dada pelo Ministro da Defesa José António Alonso, de retirar uma Estátua de Franco da Academia Militar de Saragoça, da qual fora o primeiro director.
As más notícias são:
1- A confirmação de que há um governo em Madrid que está mais empenhado em deitar abaixo monumentos do que em proporcionar melhor vida aos Espanhóis.
2- Verificar-se que um Ministro da Defesa insiste em politizar uma homenagem que era do puro âmbito militar e pedagógico, eliminando uma referência que, naquele contexto, respeitava apenas ao meio castrense, perante a repulsa manifesta de Altas Patentes que sublinharam a incapacidade do responsável em campos outros que a remoção de pedras, ou bronzes.
3- A existência de um Executivo que faz do ódio o alimento que lhe permita sobreviver.
As boas notícias, em contrapartida, são:
1- Ter a alteração sido determinada quase à socapa, para não levantar ondas, durante o período morto das férias, o que indicia temerem os auxiliares do Sr. Zapatero a reacção da generalidade das Pessoas à medida.
2- Estar vedado ao actual ocupante da Moncloa & C.ª a destruição do Passado, de forma tão fácil como tirar bonecos de pedestais.
3- Constatarmos que os Socialistas Espanhóis, hoje, se entretêm a liquidar estátuas, o que é grande progresso, relativamente ao que fizeram os seus avós, cujo notório passatempo era o assassínio de pessoas inocentes,
Tudo tem um Deve e um Haver. Franco, lá do Céu, deve ter dado uma gargalhada.

Thursday, August 24, 2006

A Honra Incombustível

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A 23 de Agosto de 1944 o Führer do Reich Hitler deu, de novo, depois de o ter feito a 15, ao Comandante da Guarnição de Paris, ordem para destruir a cidade. Uma vez mais não foi obedecido. A 24 tudo estava como dantes. Do lado de lá estava um Homem de uma família tradicional da Silésia, que, tendo, muito embora, em termos de curriculum, sido um general de segunda linha, era um Cavalheiro: Dietrich Von Choltitz. Tinha do Generalato a ideia correctíssima de que serve para tentar ganhar batalhas, não para operar demolições de edifícios que satisfaçam a vingança de políticos arrivistas. Os historiadores dividem-se sobre se ele teria os meios para uma ofensiva contra os exércitos aliados que se aproximavam de Paris. Mas todos concordam que tinha mais do que suficientes para mandar pelos ares a parte histórica da cidade. Alguns estranham que ele não tenha tido idêntica atitude perante o bombardeamento de Roterdão e os meios de municiamento da artilharia empregue contra Sebastopol. Pura má vontade. Um cínico diria que essas duas cidades não são Paris. Mas qualquer homem de bem que se queira isento como observador poderá concluir que a grande diferença estava em uma destruição da Cidade-Luz não ter qualquer relevância operacional. Para além do bombardeamento da cidade holandesa ter sido conduzido pela aviação, como tantos outros, o que é um pouquinho diferente de colocar cargas explosivas só para infligir tanto mal quanto possível, nem que seja entristecendo.
Este antigo Pajem de uma Rainha sabia a diferença entre um Militar e um encarregado de vinganças sujas.

UUUUUUUUUUUUUUUUUUF!

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Nestas coisas de tirar coelhos de um receptáculo nunca se sabe quando os papéis se trocam e sai um mágico manipulado pela aparente peça de caça. No entanto, aparentemente, o grupo do SLB na Champions não é tão mauzito como os dos nossos Compatriotas. Ao menos não há que enfrentar equipas italianas e espanholas, que eram as que eu mais temia. Vamos ver. Não esqueço que há uns anos fomos vergonhosamente eliminados de uma taça europeia por uns suecos desconhecidos, mas tenhamos fé que escoceses e dinamarqueses não se transcendam. Quanto ao Manchester, vou comentar numa resposta em caixa, mas sempre direi que o que se perca de uma época para a outra com os reforços do adversário se pode ganhar com a falta de entrosamento deles, sobretudo se jogarmos logo de início. Tudo somado, aliviozinho na cara. A confirmar.

Responsabilidade Política

As declarações do Eng. Sócrates, em gozo de férias, sobre o desconhecimento que alegadamente teria do despacho de um seu secretário de Estado, que permitiria a não-publicação no diário oficial de contratos de trabalho a prazo celebrados pelo Estado, castrando toda e qualquer transparência em matéria de controle regularidade financeira e de favorecimentos, não poderia ser feita nos termos descartantes em que foi. Poderia, certamente, assegurar aos Compatriotas que iria pedir satisfações sobre o caso, mas deveria ter assumido como falha do seu governo o acto que, pondo em cheque um responsável individual que assinou a decisão, tem como responsável último o Chefe do Governo a que ele pertence. Em última análise também coube a este uma falha pessoal: a da escolha do desastrado.

A Marca da Espécie

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Não é por estar em cima da pele de um congénere, tãopouco por o nome próprio indicar a respectiva voz, é toda a atitude que revela o carácter felino de Mia Kirshner.

 Posted by Picasa

O Efeito Multiplicador

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24 de Agosto é o dia em que se celebra Jorge Luís Borges, também para lá dos muitos anos que viveu. Tendo contactado bastante novo com a sua obra, logo o apelo irresistível do seu estilo, repleto de improváveis adjectivações, me seduziu para parcial de uma erudição que multiplicava os limites de uma vida humana, fosse pelos desdobramentos matemáticos inspirados em Cantor, pela ambígua repetição duma produção literária tão singular como o Quixote em contextos espacio-temporais diversos, ou a recorrente presença dos duplos e dos espelhos. Nele a leitura da «ENCICLOPÉDIA BRITÂNICA» foi sempre um passo para a Arte, o que outros, como Huxley, não conseguiram, transformando-a num mero tópico de conversa condicionador. Sempre me interroguei em que medida a cegueira, surgida nele, em força, pela idade que hoje vou tendo, condicionou essa concentração do talento. Dir-me-ão que privando-o de outras distracções da vida, lhe facilitou essa aplicação. Mas quem senão ele, atingido por tal limitação, continuaria a canalizar o esforço para a leitura, a actividade em que os olhos intervêm, por definição? Soube tornear as dificuldades arranjando leitores e leitoras, o que, muito embora com estatuto instantaneamente transmissor do escrito, veio, no que lhe tocava, devolver a oralidade da recitação memorizada dos grandes poemas gregos ao seu consumo pessoal de literatura. Daí que tenha invocado a velha figura do Poeta Cego, Homero, Milton, entre outros exemplos, como modelos do que ele próprio personificava, insinuando sempre a Visão maior que os Antigos davam como presente em muitos invisuais. Por este amor ao redigido e ao saber guardado, bem como pela condição física que lhe trazia com mais facilidade o Distante, relativamente à Proximidade, lançou a célebre boutade que identificava Universo e Biblioteca. Na colecção criadora das redacções da História se aumentou operativamente, estendendo-se a espaços e tempos de outra forma interditos. Pela sua qualidade e pelos seus tiques & truques - que os tinha - conseguiu equivalente efeito sobre a minha curiosidade literária.

Sotaque Leiteiro

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De há muito que tinha notado que, conforme as línguas da Humanidade, os animais são pintados com vozes diferentes. O caso dos cães é gritante, dando em inglês buf buf e auf auf, onde nós ouvimos au au e ão ão. Mas sempre imputei esta patente verificação à predisposição dos idiomas dos receptores humanos para determinados sons. Pois agora somos confrontados com a nova de que as vacas, entre outros animais, sofrem distinções de acento, inclusivamente de uma região para a outra!
Pensando na Cow Parade que domina Lisboa, compreendo melhor alguma agitação que se detecte neste Agosto da Capital Portuguesa - é a Babel bovina dos nossos dias. E olhando para a imagem que junto, quase aposto que a pronúncia da dançarina da pista trai origens do Leste Europeu...
 
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