2007

O optimismo é uma preguiça do espírito. E. Herriot
Espera-se vivamente que quem convidou Linda Vojtova para a Passagem de Ano não tenha feito duas asneiras em vez de uma. A dúvida incide sobre o apetrecho que ela aperta na mão, na foto de cima. Os optimistas dirão que se trata da carteira, outros temerão que seja aquele utensílio empregue na conservação da baixa temperatura das garrafas de Champagne. O que se não quer, aqui.
Já na fotografia de baixo, o convite dizia «preto e branco» e vejam como Ela observou a prescrição!
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Saberão os Desportistas que o São Silvestre que hoje se comemora, Papa do tempo de Constantino, dá o nome a muita Maratona de fim d´ano. tempos havia em que eu me punha, transistor colado ao ouvido, à cata dos resultados que os nossos grandes fundistas de antanho obtinham nessas corridas. Mas para além de Patrono de provas de resistência, é-o também de velocidade, no sentido em que trouxe uma rapidez desusada à justiça, no lendário caso em que, ameaçado de tormentos por um funcionário imperial, lhe previu a morte, de facto ocorrida nessa mesma noite, através de um engasganço fatal e antes da ministração da tortura. Como foi Ele que recebeu no seio da Igreja o Imperador tomado de piedade de indefesos bebés votados ao sacrifício, paralelo muito actual nos tempos que correm, em que um Poder descristianizado investe contra aqueles que, concebidos sem terem sido tidos ou achados, não se podem defender. E, claro, com o célebre episódio aludido na imagem, em que amordaçou o Dragão que comia 300 pacatos humanos por dia. Claro que este não era o Nosso, o do DRAGOSCÓPIO, que se espera jamais ter a boca assim cerrada. Embora se faça votos para uma santa intervenção similar, no plano desportivo...
Este indivíduo era num dia um cabaz de esperanças no diálogo com os terroristas e na manutenção da vontade destes em mudar de vida. No seguinte fazia de vítima chocada e suspendia o objecto de esperanças da véspera, agarrando-se ao vácuo para não considerar definitiva a ruptura, mais uma inconsciência criminosa que raia a cumplicidade. Há transigências que, em quem tem a responsabilidade da condução de um País, são verdadeiras cumplicidades com os inimigos Dele. E optimismos desmentidos são uma forma de ter sangue de Compatriotas entre as mãos. Com o atentado da ETA que feriu vários Espanhóis e talvez venha a matar Um, Inocente, o adepto do entendimento com eles deve raspar a língua com escamas e tem uma bota dura de descalçar, apesar do nome.
Alguém tem coragem, mesmo o Arturiano mais empedernido, de manter que Morgane é uma fada má? Clara Morgane! E como dizia no outro dia a Marta, sim, os fins justificam os meios...
Aproveito a ausência do Caro JM para publicá-la com o adereço umbilical, caso contrário já estaria a caminhar para o pelourinho...
São o Poder e o Saber mas a História separou-os. Na antiguidade temos, intimamente relacionados com a famosa Bibloteca de Alexandria, aqui numa especulativa imagem moderna facultada por Paul Joachim, dois Homens que personificaram vias inversas na caminhada para a Perfeição. O primeiro foi Demétrio de Falera, cuja efígie se reproduz ao lado, que não hesitou depois de ter governado Atenas a seu bel-prazer, em se tornar o superlativo bibliotecário do maior depósito de escritos da Antiguidade, até que a mordedura de uma serpente, cúmplice, desta feita, em vez de instigadora, da maldade humana, o fez caminhar do exílio para a morte.
Já o Imperador Dioceciano foi o responsável por uma destruição de parte do acervo daquele altar da Sabedoria. É costume falar apenas das outras três grandes destruições de livros, a da tomada da cidade no tempo de Júlo César, a Cristã ordenada por Teófilo e a final, dos Árabes de Omar. Mas este governante de Roma ordenou uma outra, especializada, a de todos os livros de magia e alquimia que lá se encontrassem. Justificou-a por recear que, se conseguissem fabricar ouro, os Egípcios usassem os recursos para levantar exércitos contra si. Mas é mais natural que este filho de um antigo escravo, tão lesto a eliminar enraizamentos quase sagrados, como o do governo do império a partir da Cidade Eterna, quisesse, pura e simplesmente, cortar rente as asas de um poderio concorrente, baseado numa sabedoria de alcance prático que não dominaria. No que viria a encarnar pioneiramente o que tanto se viu repetido mais tarde: o afastamento grosseiro dos políticos de um ideal de aperfeiçoamento espiritual que também vazia parte do fulcro das aspirações alquímicas.
Não resisto a reproduzir aqui este extraordinário ex-libris incluído num livro que hoje adquiri. A imagem de uma leitura feminina seria, já de si, susceptível de me cativar. Os livros, como o pormenor da indicação do ano em que foi adquirido, constituiriam, por si só, um decor sedutor. As ligações modernas, fossem telefónicas com o reforço da simbologia da ligação ao Mundo Exterior, fossem as energéticas que sugerissem o carácter electrizante dos textos, contribuiriam para uma imagem inspiradora. Mas o climax está no lema: «Ócio com Dignidade». Para quem, alheio às fantasias da "realização pessoal", vê no Trabalho uma única qualidade - a de viver com honra, sem prejudicar o próximo, o que para a maioria é o único caminho posível -, esta reabilitação de uma situação completamente diversa também é cara: a da utilização dos tempos libertados, não para a omnipresença e omnipotência dos prazeres imediatos que atirassem para a boçalidade, mas para o aperfeiçoamento de si, da parte daquele que lê, é evidente motivo de júbilo.
Dia laborioso, com um final em Companhia Invejável e, pouco antes, a descoberta desta pérola póstuma do grande polemista José Agostinho de Macedo, em que são postos a nu os principais traços deste teorizador e contraditor de génio: um carácter desgraçado na vida privada, um talento e força imensos na escrita, ao serviço da Verdade da Tradição. Justo é que dedique a memória desta compra há muito apetecida a Quem tanto faz por manter viva a memória de um vulto extraordinário.
«Retrato com Céu Azul», de Marion Wagschal. Deu-me para pensar como a explicação para a cor celeste que considera serem as moléculas do ar mais aptas a espalhar o azul do que o vermelho solares encontraram uma tradução no template deste blogue, sendo o dono benfiquista. E para Os que já se estejam interrogando sobre que ócio pletórico me terá induzido tal fantasia, terei de confessar que foi a única maneira que encontrei de comparar o meu cérebro ao Sol.
Estou perdoado?
Morreu Gerald Ford. É talvez o primeiro Presidente Americano de que me lembro de seguir , com alguma consciência, a acção política, num período do nosso País em que o assalto revolucionário vermelho ameaçava os adultos e me formava, na pré-adolescência. Tinha sido escolhido por Nixon para substituir um Agnew qacusado de corrupção por factos concernentes ao seu desempenho como Governador do Maryland. Oriundo do fundamental e disputado Estado industrializado que é o Michigan, Leader da minoria Republcana na Câmara dos Representantes, ultrapassou uma quantidade de políticos que já lambiam os beiços com a perspectiva do lugar, maxime um cortejo de Senadores. Foi escolhido por ser reconhecidamente honesto, o que, se diz muito da classe política americana dos anos 1970´s, não foi credencial suficiente para o manter num cargo para que não fora eleito. Subiu a dono e senhor da Casa Branca quando a Imprensa liberal viveu o auge do seu poderio e derrubou Nixon, que sempre odiara, por infracções suficientes, mas não maiores que vigilâncias aos adversários levadas a cabo por Johnson, Kennedy e... F. D. Roosewelt! Sendo um Republicano pró-aborto, não gozava das boas graças das bases do GOP que então começavam a emergir. Visto como uma solução de recurso, sem imagem de duro num Mundo em que os Soviéticos iam conquistando influência, veio a provar a própria fraqueza ao preterir Nelson Rockfeller para Vice-Presidente de um hipotético segundo mandato, optando, para agradar à ala Direita dos seus, por um Bob Dole que viria a ser o emblema dos Moderados.
Por isso um Governador da Georgia sem estatura nacional lhe ganhou, vindo a ser o derradeiro passo na rampa da fraqueza.
Mas o Homem Ford, todos o dizem, era muito melhor que o Político. E talvez o ateste a amizade que, sem rancores, desenvolveu com a Família Reagan, de um seu opositor encarniçado de outros tempos, após ambos se retirarem da Vida Pública.
É ao Homem - e não ao Estadista que não terá sabido ser -que dirijo o meu pensamento.
Gostaria muito de acreditar que esta estatística exprimisse uma realidade, até porque num Futuro ainda afastado uma intervenção no sentido de artificial acrescento na composição genética talvez pudesse ajudar no combate a este flagelo, o que sempre é menos repulsivo do que a pré-programação. Mas, a olho, desconfio. Muitos dos casos da doença de Alzheimer que verifiquei ocorrem em pessoas que ou ultrapassaram, ou estão prestes a passar, os noventa. Terão sido todos revéis à predisposição que se pensa ter descoberto e velhos apesar de desprovidos do gene miraculoso, ou renitentes à influência dele?
A imagem é de William Utermohlen, «Auto-retrato com Alzheimer», em que até dos traços do próprio rosto sentia dificuldade em recordar.
Direccionado para Quem sofre, neste Natal: Ao Miguel, cujo Pai passa por um momento menos bom, da parte de quem vive aflição similar, embora menos concentrada num instante, a Deusa antiga da Saúde, Hygeia, como símbolo da pronta recuperação que desejo a um Vulto da Investigação Histórica Portuguesa.