Projectos e Realizações
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Penso nos sucessivos graus de condenação a que a produção feminina de si conduziu. Nem falo já das diatribes que tantos moralistas escreveram contra a maquilhagem, antes dirijo as minhas recordações para aquela lei do parlamento francês de 1770 dirigida em exclusivo ao Belo Sexo: «Qualquer que atrair aos laços do casamento um súbdito masculino de Sua Majestade, servindo-se de vermelhão ou de alvaiade, de perfumes ou de essências, de dentes e cabelos postiços, de algodão em rama, de espartilhos de ferro, de merinaques, sofrerá a pena correspondente à feiticeira, sendo tal casamento considerado nulo e de nenhum efeito». Isto numa época que recorreu aos cosméticos, com prejuízo da água, como nenhuma outra. Muitos pensarão que hoje os implantes mamários labiais, faciais e sei cá que mais ais, justificarão reacções penais semelhantes. Mas que dizer do baton como causa de dissolução do vínculo conjugal?
Era antiga a aspiração à veracidade pura na exposição do físico. Esse Resistente, Político, Sonhador e Santo que foi Thomas Moore já tinha escrito na «UTOPIA» que os corpos dos candidatos ao noivado deveriam, previamente, ser exibidos diante da parte interessada. Assim:
«In choosing their wives they use a method that would appear to us very absurd and ridiculous, but it is constantly observed among them, and is accounted perfectly consistent with wisdom. Before marriage some grave matron presents the bride, naked, whether she is a virgin or a widow, to the bridegroom, and after that some grave man presents the bridegroom, naked, to the bride». E não se pense que era dito de humorismo, numa fantasia que ele pouco levasse a sério. Quando um amigo da sua idade lhe pediu a mão de uma das filhas, levou-o ao quarto das raparigas, onde elas dormiam com as camisas de noite naturalmente puxadas para cima, em função dos movimentos durante o sono, afastou as cobertas e disse: «Escolha».
Para se ver como bem pouca coisa foi inventada na nossa época, que julga ter inventado tudo. E para equilibrar a desproporção do discurso daqueles que fazem depender dos paroxismos da sinceridade a pureza e êxito românticos da atracção...
Penso nos sucessivos graus de condenação a que a produção feminina de si conduziu. Nem falo já das diatribes que tantos moralistas escreveram contra a maquilhagem, antes dirijo as minhas recordações para aquela lei do parlamento francês de 1770 dirigida em exclusivo ao Belo Sexo: «Qualquer que atrair aos laços do casamento um súbdito masculino de Sua Majestade, servindo-se de vermelhão ou de alvaiade, de perfumes ou de essências, de dentes e cabelos postiços, de algodão em rama, de espartilhos de ferro, de merinaques, sofrerá a pena correspondente à feiticeira, sendo tal casamento considerado nulo e de nenhum efeito». Isto numa época que recorreu aos cosméticos, com prejuízo da água, como nenhuma outra. Muitos pensarão que hoje os implantes mamários labiais, faciais e sei cá que mais ais, justificarão reacções penais semelhantes. Mas que dizer do baton como causa de dissolução do vínculo conjugal?
Era antiga a aspiração à veracidade pura na exposição do físico. Esse Resistente, Político, Sonhador e Santo que foi Thomas Moore já tinha escrito na «UTOPIA» que os corpos dos candidatos ao noivado deveriam, previamente, ser exibidos diante da parte interessada. Assim:
«In choosing their wives they use a method that would appear to us very absurd and ridiculous, but it is constantly observed among them, and is accounted perfectly consistent with wisdom. Before marriage some grave matron presents the bride, naked, whether she is a virgin or a widow, to the bridegroom, and after that some grave man presents the bridegroom, naked, to the bride». E não se pense que era dito de humorismo, numa fantasia que ele pouco levasse a sério. Quando um amigo da sua idade lhe pediu a mão de uma das filhas, levou-o ao quarto das raparigas, onde elas dormiam com as camisas de noite naturalmente puxadas para cima, em função dos movimentos durante o sono, afastou as cobertas e disse: «Escolha».
Para se ver como bem pouca coisa foi inventada na nossa época, que julga ter inventado tudo. E para equilibrar a desproporção do discurso daqueles que fazem depender dos paroxismos da sinceridade a pureza e êxito românticos da atracção...
3 Comments:
At 8:51 PM, Anonymous said…
Bom verbete. E eu a aprender.
Cumpts.
At 9:05 PM, Paulo Cunha Porto said…
Sempre amável, Caríssimo Bic. Eu é que rejubilo, como sempre, com a Sua Visita e Estima.
Abraço.
At 12:57 AM, Anonymous said…
S.D.
Pois lembro que saiu agora graças aos profs. Pina Martins e Aires do Nascimento, a primeira tradução do original latino da Utopia que citas. Publicada na Gulbenkian, a comprar e a ler.
Quanto à beleza do corpo sem dúvida que faz parte da beleza da alma com que o espírito a quem nos vamos associar nos encanta. Mas separar um do outro pode levar ao velho dito de que nem tudo o que reluz é ouro.
Ver além dos corpos, as almas e mais além ainda o espírito, aí se encontram os sábios e santos, masculinos ou femininos, na unidade do espírito santo, amor.
P.
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