Os Gémeos Siameses
.
São o Poder e o Saber mas a História separou-os. Na antiguidade temos, intimamente relacionados com a famosa Bibloteca de Alexandria, aqui numa especulativa imagem moderna facultada por Paul Joachim, dois Homens que personificaram vias inversas na caminhada para a Perfeição. O primeiro foi Demétrio de Falera, cuja efígie se reproduz ao lado, que não hesitou depois de ter governado Atenas a seu bel-prazer, em se tornar o superlativo bibliotecário do maior depósito de escritos da Antiguidade, até que a mordedura de uma serpente, cúmplice, desta feita, em vez de instigadora, da maldade humana, o fez caminhar do exílio para a morte.
Já o Imperador Dioceciano foi o responsável por uma destruição de parte do acervo daquele altar da Sabedoria. É costume falar apenas das outras três grandes destruições de livros, a da tomada da cidade no tempo de Júlo César, a Cristã ordenada por Teófilo e a final, dos Árabes de Omar. Mas este governante de Roma ordenou uma outra, especializada, a de todos os livros de magia e alquimia que lá se encontrassem. Justificou-a por recear que, se conseguissem fabricar ouro, os Egípcios usassem os recursos para levantar exércitos contra si. Mas é mais natural que este filho de um antigo escravo, tão lesto a eliminar enraizamentos quase sagrados, como o do governo do império a partir da Cidade Eterna, quisesse, pura e simplesmente, cortar rente as asas de um poderio concorrente, baseado numa sabedoria de alcance prático que não dominaria. No que viria a encarnar pioneiramente o que tanto se viu repetido mais tarde: o afastamento grosseiro dos políticos de um ideal de aperfeiçoamento espiritual que também vazia parte do fulcro das aspirações alquímicas.
0 Comments:
Post a Comment
<< Home