Friday, March 31, 2006
Uma Alemã de 44 anos chamou a polícia, para que retirassem o Marido de frente ao televisor, por não o ter conseguido arredar de lá, mesmo tendo-se oferecido como alternativa. Como o computador também se faz valer por meio de um pequeno écran e não quero ficar como o Consorte da desesperada Senhora, saio para jantar.
Bom fim de semana.
Trauma
Fui acusado por uma Amiga de «só publicar fotografias de lambisgóias». Corri ao dicionário mais autorizado. Dei com três grandes sentidos. Dois deles não me parece poderem colher: o de "mulher presumida" e o de "mulher intrometida e mexeriqueira" são impossíveis de comprovação, por as piquenas não abrirem a boca, nem esboçarem olhares de alto. O terceiro estigma é que me deixou inconsolável: "mulher pouco atraente". Estarei eu condenado a ser uma opinião isolada? E os comentários aprovadores das caixas ditados pela mera amizade?
Puzzle
O que têm de comum estas duas imagens? A resposta é simples: apontarem ambas para a minha Querida Amiga India, recém-chegada de mais uma aventurosa viagem, mesmo a tempo de comemorar mais um aniversário.
Congelador
O João Villalobos conseguiu pôr-me fora do sério com a acusação de que a Gene Tierney era demasiado fria, quando a frieza dela era somente q.b.. Se querem saber do meu conceito de "Beleza Fria" virem-se para Eva Marie Saint, a Actriz de «INTRIGA INTERNACIONAL» e «HÁ LODO NO CAIS», que agora volta aos filmes, com 81 anos orgulhosos, pela mão de Wim Wenders. E que garante nunca se deixar tentar a escrever memórias. Nem precisa, na medida em que permanece na dos cinéfilos...
A Paleta dos Artistas
Já por cá gritei que considero a Lei da Paridade manifestamente insuficiente, porque põe a paridade fora da lei, e não no bom sentido. Estaria disposto a apoiar dois terços de Mulheres na AR; até a transigir com 50%. Acho 33% um osso para Elas abocarem. Mas enfim, a composição das bancadas de São Bento passará a estar muito mais colorida, por confronto com a cinzentona mancha que conhecemos. Agora, o grupo de individualidades que subscreveu um documento congratulando-se com «esta grande vitória da Democracia» não deve gostar de mim, um bocadinho que seja. É evidente que impor um Género a um lugar é vitória de qualquer coisa, menos da democracia, a menos que os ilustres subscritores hajam chegado ao grau de imodéstia de totalmente identificarem o demos com as suas pessoas. Mas ouvindo dizer que eu não gosto nem um pouquinho desta democracia, não devem ter arranjado melhor meio para me tentarem a dizer mal da iniciativa. Pois não conseguem!
Ah, agora há que institucionalizar concursos de Misses, para preencher os assentos parlamentares... por mérito.
(S)Alta... Diplomacia!
Eu sei que a sinceridade em estado bruto é incompatível com as complexidades das negociações internacionais. No entanto, daí à mentira mais despudorada devia distar um grande fosso e só constatamos a existência de um pequeno passo, já dado, de resto. O Ministro Freitas ousou dizer ao seu Homólogo Canadiano, aludindo aos portugueses repatriados à força, que «quem está ilegal tem de se ir embora como acontece em Portugal». Só de gargalhada! Compreende-se que o irresponsável das Necessidades tivesse querido promover a imagem do País, mas para se conformar com a verdade deveria ter acrescentado que os únicos ilegais expulsos sistematicamente são as trabalhadoras das casas de alterne, classe profissional que continua a ser vítima dos tristes patrões e governo que temos. Aos outros estende-se, sucessiva e repetidamente os prazos de legalização.
Mas não se ficou por aqui o ex-presidente da A.G. da ONU: acrescentou que, «as deportações de portugueses vão continuar, porque a lei é para cumprir, mas agora a diplomacia portuguesa e o governo canadiano trabalharão em conjunto». E mais disse, que isso «era uma vitória para os dois países». De súbito fez-se luz no meu cérebro: como a Administração Sócrates não consegue expulsar os ilegais de Portugal, expulsando os do Canadá conjuntamente com o Governo Local, pode dar-se a ilusão de cumprir o papel que lhe cabe nesse campo....
Pobre Soveral, já não há túmulo para tantas voltas!
Leitura Matinal -312
Passamos a vida a idealizar o Amor. E a forma mais comum de o fazer
é querê-lo durando para sempre. A eternização dos momentos felizes começa por reduzir o sempre à duração da própria vida. Mas não tarda em ver sentido no alargar da esperança à memória que o amante sobrevivo possa guardar do que alimenta o desejo. Este prolongamento post-mortem cresce e ganha volume
à medida que se sente o fim aproximar-se. Quando a aspiração é mais altruísta toma a forma delicada que se centra não no desejo de ver perpetuado o culto, mas na generosidade de desejar ver quem fica poupar-se ao desgaste persistente da tristeza e do sofrimento, cujo lugar seria ocupado pela serenidade da memória. Mas há culminâncias mais elevadas
ainda: as que se escalam ao prescindir da satisfação dessa própria continuidade, com o intuito de não perturbar quem na Terra ainda se arrasta. É que se a Eternidade é o envelope sublime em que se envolve a intensidade do coração, é bem pálida embalagem, quando comparada com a supremacia da construção que lhe sucede - o Sacrifício.
De Chistina Rossetti:
RECORDA
Recorda-me quando eu já tiver partido,
......Partido longe adentro da terra silente,
......Quando não mais a mão me possas dar,
Nem eu, semi-virar-me para ir, e ao virar-me ficar.
Recorda-me quando não mais, dia a dia,
......Me contares o nosso futuro que planeaste:
......Recorda-me apenas. Compreendes,
Já será tarde para dar conselhos e rezar.
Porém, se por um momento me esqueceres
......E se depois recordares, não lamentes:
......Pois se o escuro e a corrupção deixarem
......Um vestígio dos pensamentos que uma vez tive,
É de longe melhor que esqueças e sorrias
......Que por recordar entristeças.
Posto ao lado de «Eu desejaria que Este Momento
Durasse Para Sempre», de A. Magill, «Tristeza»,
de Caroline Beasley e «O Sacrifício do Amor», de
Cynthia Williams.
é querê-lo durando para sempre. A eternização dos momentos felizes começa por reduzir o sempre à duração da própria vida. Mas não tarda em ver sentido no alargar da esperança à memória que o amante sobrevivo possa guardar do que alimenta o desejo. Este prolongamento post-mortem cresce e ganha volume
à medida que se sente o fim aproximar-se. Quando a aspiração é mais altruísta toma a forma delicada que se centra não no desejo de ver perpetuado o culto, mas na generosidade de desejar ver quem fica poupar-se ao desgaste persistente da tristeza e do sofrimento, cujo lugar seria ocupado pela serenidade da memória. Mas há culminâncias mais elevadas
ainda: as que se escalam ao prescindir da satisfação dessa própria continuidade, com o intuito de não perturbar quem na Terra ainda se arrasta. É que se a Eternidade é o envelope sublime em que se envolve a intensidade do coração, é bem pálida embalagem, quando comparada com a supremacia da construção que lhe sucede - o Sacrifício.
De Chistina Rossetti:
RECORDA
Recorda-me quando eu já tiver partido,
......Partido longe adentro da terra silente,
......Quando não mais a mão me possas dar,
Nem eu, semi-virar-me para ir, e ao virar-me ficar.
Recorda-me quando não mais, dia a dia,
......Me contares o nosso futuro que planeaste:
......Recorda-me apenas. Compreendes,
Já será tarde para dar conselhos e rezar.
Porém, se por um momento me esqueceres
......E se depois recordares, não lamentes:
......Pois se o escuro e a corrupção deixarem
......Um vestígio dos pensamentos que uma vez tive,
É de longe melhor que esqueças e sorrias
......Que por recordar entristeças.
Posto ao lado de «Eu desejaria que Este Momento
Durasse Para Sempre», de A. Magill, «Tristeza»,
de Caroline Beasley e «O Sacrifício do Amor», de
Cynthia Williams.
Thursday, March 30, 2006
A Consequência Indesejada
Depois de ter dado luz verde para que o respectivo estado fosse o primeiro da Federação Norte-Americana a autorizar os casamentos homossexuais, o Supremo Tribunal do Massachusetts determinou agora, para obviar ao adivinhável afluxo de muitos noivos de outras proveniências, com o fito de dar o nó, que os não-residentes não teriam acesso a essa possibilidade. Não sei, não quero saber e até tenho raiva a quem sabe, como vai ser compatibilizado com o princípio da igualdade perante a lei este acordão. Apenas quero deixar clara a minha sensação de que o incremento da afluência vai subsistir. Sob a forma de mudança de residência. Ou seja, uma ameaça passageira metamorfoseada em permanente.
A Recorrência do Belo
.
Em dia cheio de obstáculos à postagem, tenho de recorrer a todos os truques para me animar. Foi Dela a primeira imagem que coloquei. A ela voltei, com a admirável consequência de uma troca de impressões preciosíssima, na qual o Jansenista e o Eurico referiram, admiravelmente, a infelicidade familiar que a assolou. E, contudo, ainda há Amigos Íntimos, como o Francisco Agostinho que nao recordam esses factos. Lembrei-me que as fotos anteriores eram a preto e branco. Fui procurar uma a cores e achei esta, que condiz com o template, um ganho acrescido. A Actriz cuja beleza prefiro, como morena: Gene Tierney. Até fere!
Sugestivo
Ouvido no tempo de antena da CGTP/INTER, que precedeu o Telejornal da RTP1: «no dia 1 de Abril vamos todos sair à rua, em nome da verdade!».
Leitura Matinal -311
A redução do Mundo ao enlace amoroso não encontrará melhor imagem
do que a autosuficiência dos dois termos da relação. Falecendo um, a atomização dos constituintes pode operar-se, como estrangulamento da felicidade que se conheceu e que agora se vê impossibilitada de consumação pela ausência de um dos seus termos essenciais. Fragmentados, os componentes do Amor transformam-se nos
causadores da insuportabilidade que se arrasta, arrasta, arrasta. Quanto mais duradoura a existência por eles garrotada, mais doloroso e interminável o afastamento se torna, numa regeneração aflitiva que acompanha a duração biográfica, sempre estimulada pela recordação de quem se perdeu. Desta condicionada
e lacrimosa sobrevivência surge o desejo de libertação do lamentoso fado, pronto a acolher a libertação que as esperanças querem assimilar à corrida no sentido percorrido pelo Ente Amado. É tudo uma pesagem do que mais consome. A oposição ao vagaroso trabalho corrosivo das dosagens conhecidas, em vias de verem os
seus lugares ocupados por aumentos extraordinários que apressam a decomposição, pelos paroxismos que deixam de parecer inpossíveis de aguentar, por o serem, efectivamente. E este fim cavalga a inconfessável esperança de que, ganhando velozmente sobre o avanço concedido, se torne possível uma nova reunião. Porque, diz-se, não há amor sem esperança. E que outra seria aceitável, neste ponto, que permitisse a subsistência da chama?
De John Donne, traduzido por Helena Barbas:
A DISSOLUÇÃO
Ela está morta, e tudo o que morre
.......Regressa aos seus primeiros elementos:
Nós éramos de nós próprios os mútuos elementos,
...................E feitos um do outro.
............Então, o meu corpo o dela deve envolver,
E as coisas de que eu aí consisto; por esse meio
Crescem elas em mim, abundantes e pesadas,
..................Não alimentam, mas asfixiam
.............O fogo da minha paixão, suspiros de ar,
Água de lágrimas, e o triste e terreno desespero,
.....................Os meus materiais que,
(embora quase esgotados pela segurança do amor),
Para meu mal, ela deverá renovar com a sua morte.
............Assim, poderei viver longamente infeliz
A não ser que o meu fogo cresça com o meu combustível.
....................Agora, tal como os reis enérgicos
..............A quem as conquistas estrangeiras trazem tesouros,
E recebendo mais, gastam mais, cedo se arruinando,
Isto - do qual me espanto que possa falar -
.............Esta morte, conseguiu que as minhas reservas
...................Aumentassem com o meu gasto,
E assim a minha alma, com maior fervor libertada
Ultrapassará a dela, como as balas disparadas primeiro
São alcançadas por uma bala tardia com mais pólvora.
Além de «Fogo da Paixão», de Mary Beth Fidler, «Lágrimas
Arrepiantes», de Joseph Cohen, «Suspiros Silenciosos», de
Noel Lynn e «O Espírito do Desespero».
do que a autosuficiência dos dois termos da relação. Falecendo um, a atomização dos constituintes pode operar-se, como estrangulamento da felicidade que se conheceu e que agora se vê impossibilitada de consumação pela ausência de um dos seus termos essenciais. Fragmentados, os componentes do Amor transformam-se nos
causadores da insuportabilidade que se arrasta, arrasta, arrasta. Quanto mais duradoura a existência por eles garrotada, mais doloroso e interminável o afastamento se torna, numa regeneração aflitiva que acompanha a duração biográfica, sempre estimulada pela recordação de quem se perdeu. Desta condicionada
e lacrimosa sobrevivência surge o desejo de libertação do lamentoso fado, pronto a acolher a libertação que as esperanças querem assimilar à corrida no sentido percorrido pelo Ente Amado. É tudo uma pesagem do que mais consome. A oposição ao vagaroso trabalho corrosivo das dosagens conhecidas, em vias de verem os
seus lugares ocupados por aumentos extraordinários que apressam a decomposição, pelos paroxismos que deixam de parecer inpossíveis de aguentar, por o serem, efectivamente. E este fim cavalga a inconfessável esperança de que, ganhando velozmente sobre o avanço concedido, se torne possível uma nova reunião. Porque, diz-se, não há amor sem esperança. E que outra seria aceitável, neste ponto, que permitisse a subsistência da chama?
De John Donne, traduzido por Helena Barbas:
A DISSOLUÇÃO
Ela está morta, e tudo o que morre
.......Regressa aos seus primeiros elementos:
Nós éramos de nós próprios os mútuos elementos,
...................E feitos um do outro.
............Então, o meu corpo o dela deve envolver,
E as coisas de que eu aí consisto; por esse meio
Crescem elas em mim, abundantes e pesadas,
..................Não alimentam, mas asfixiam
.............O fogo da minha paixão, suspiros de ar,
Água de lágrimas, e o triste e terreno desespero,
.....................Os meus materiais que,
(embora quase esgotados pela segurança do amor),
Para meu mal, ela deverá renovar com a sua morte.
............Assim, poderei viver longamente infeliz
A não ser que o meu fogo cresça com o meu combustível.
....................Agora, tal como os reis enérgicos
..............A quem as conquistas estrangeiras trazem tesouros,
E recebendo mais, gastam mais, cedo se arruinando,
Isto - do qual me espanto que possa falar -
.............Esta morte, conseguiu que as minhas reservas
...................Aumentassem com o meu gasto,
E assim a minha alma, com maior fervor libertada
Ultrapassará a dela, como as balas disparadas primeiro
São alcançadas por uma bala tardia com mais pólvora.
Além de «Fogo da Paixão», de Mary Beth Fidler, «Lágrimas
Arrepiantes», de Joseph Cohen, «Suspiros Silenciosos», de
Noel Lynn e «O Espírito do Desespero».
Dia Sem Net
De manhã, coloquei as capas dos dois livritos que comprei ontem. Quando me ia lançar na publicação do poema e das imagens a net sumiu-se. A coisa arrastou-se até à minha hora habitual de saída. Quando cheguei, pouco passava das 18.00H ainda... nada. Quem tem acompanhado a vida deste simulacro de blogue pode ter imaginado grande estado de irritação, previsível pelos antecedentes, do escravo dele que vou sendo. Mas por uma vez a boa disposição não foi estragada. Atribuo-o ao facto de ter almoçado em Magnífica Companhia. Não há dúvida, ter Amigos destes é muito bom e... muito mais do que mereço.
Wednesday, March 29, 2006
Nudez=Verdade?
Nunca me importei demasiado com as chamadas telefónicas que me acordassem, mas afino solenemente com as que me interrompem o banho. Nisso me sinto irmanado ao Capitão Haddock, que, num dos albuns, Hergé faz passar por esse suplício. É excelente razão para atender como Deus nos pôs no Mundo. Agora, imaginando que não setrata de discar para uma linha de sexo telefónico, por que carga de água é que alguém fará uma chamada em pelo? Num clima longe dos calores tropicais, como é o britânico, leio, com pasmo, que 40% dos Homens e 27% das Mulheres confessam telefonar... ao natural! Isto comprova, em primeiro lugar, é que se faz sondagens para todos os gostos. O que me levou a pensar que talvez as respostas não traduzam a verdade nua e crua. Com efeito, concebo perfeitamente que, sentindo-se agredida com a coscuvilhice da pergunta, boa parte do público tenha dado, como desforço, a resposta que lhe surgiu como "mais chocante", mesmo que não correspondesse à verdade!
O Signo da Infâmia
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Não se trata da habitual misantropia, já que me recuso a acreditar que este monstro pertença à Espécie Humana. A condenação à morte do terrorista Asahara pelos tribunais japoneses é importante como demarcação do horror supremo que foram os "ensinamentos" do indivíduo que tornou universal o conhecimento do nome do gás Sarin. Mesmo que seja comutada, a decisão tem a virtude de separar as águas. A alegria com a perspectiva da morte de um homem não é bonita. Hoje, porém, não posso senão desobedecer a esse ideal ético de perdão.
Não se trata da habitual misantropia, já que me recuso a acreditar que este monstro pertença à Espécie Humana. A condenação à morte do terrorista Asahara pelos tribunais japoneses é importante como demarcação do horror supremo que foram os "ensinamentos" do indivíduo que tornou universal o conhecimento do nome do gás Sarin. Mesmo que seja comutada, a decisão tem a virtude de separar as águas. A alegria com a perspectiva da morte de um homem não é bonita. Hoje, porém, não posso senão desobedecer a esse ideal ético de perdão.
A Décima da Esperança
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Jennifer Lopez anunciou que vai iniciar uma dieta à base de espinafres para aumentar os índices de ácido fólico que lhe facilitem atingir a ambicionada maternidade. É intenção que merece respeito. Mas acrescentou que, caso não resulte, não importa, pois «ficará com uns músculos como os do Popeye». Para além de só um Brutus se alegrar com a visão de tal mudança, no intento de evitar que as Leitoras do misantropo caiam na esparrela de se tentarem a culturismo tão fácil, há que infirmar a coisa: o conteúdo de ferro do espinafre foi determinado em 1870 pelo Doutor E. von Wolf; por um lapso de colocação da vírgula, decuplicou o teor férreo do alimento, que não varia muito em relação aos dos outros vegetais verdes. A verdade só foi reposta em fins dos anos 1930´s, mas como foram cientistas alemães a fazê-lo, pode bem acontecer que a inteligência aliada tenha suspeitado de uma estratégia para enfraquecer os exércitos dos já então presumíveis inimigos. A difusão da saga do marujo dos desenhos animados teria sido então uma operação de contra-propaganda.
O último período e a segunda parte do penúltimo acabam de ser inventados, hic et nunc. Lembre-se, se os factos vierem a corroborá-los, foi aqui que os leu primeiro, no ME.
Empenhamentos
Pois é, em Israel o Kadima ganhou, mas não por aí além E é má notícia que o partido mais empenhado numa paz equilibrada tenha de fazer negociações complicadas para governar. A boa notícia é que o Sr. Netanyahu levou uma banhoca e, se ainda restar alguma voz autónoma no Likud, até a liderança estará em perigo, dando de barato que não lhe contrariarão a ida para a oposição. Mas há sinais preocupantes, como a vitória relativa do Sr. Lieberman, que quer uma espécie de instituição legal dum para-apartheid entre Árabes e Israelitas no País, como o bom resultado de um movimento parecido com o Partido de Solidariedade Nacional dos tempos do Prof. Sérgio, o que indica sempre desconfiança da população face ao poder. E pode ser a pior notícia para o Estado Hebraico e, quanto a mim, para o Ocidente: caso a abstenção record indicie igualmente um abatimento no empenho em defender a sobrevivência do País. É conveniente estar atento aos sinais.
Costas Estreitas
Em primeiro lugar devo dizer que considero o Ministro Costa (Alberto) como intrinsecamente incompetente para o desempenho de funções governativas, facto já devidamente atestado pelo seu despedimento, ao tempo de Guterres. E que tenho constatado o Ministro Costa (António) como uma revelação em matéria de incompetência política, comprovada pela paralisia aquando dos fogos do Verão passado, bem como pelo arrepedimento socialista face ao PGR actual, por si nomeado, e aos problemas que mecanismos de investigação e processuais penais implementados no seu tempo da Justiça têm levantado. E esta ideia de reciclar dois ministros fracos pondo cada um na pasta do outro até parece coisa do Sr. Koeman, a fazer a linha com jogadores fora das suas posições naturais. Só que ali, estas ainda se sbe quais sejam, coisa que duvido que alguém possa dizer dos nossos governantes.
Posto isto, quanto ao problema que terá levado ao último adiamento na justiça e na segurança que se visava melhorar, devo dizer que acho que o Dr. António tem razão em não querer que o Dr. Alberto tenha uma espécie de força especial de intervenção em crises, porque a função da Polícia Judiciária é investigar, não resolver situações especiais de confronto da pura esfera da repressão ou neutralização de ameaças. E penso que o Dr. Alberto está certo, quando deseja para a sua tutela o tal grupo, por não confiar que, em situações problemáticas que envolvam os seus, o Dr. António seja suficientemente expedito em garantir a aplicação do princípio de manutenção da ordem pública, dados os seus antecedentes de lesma em acudir aos incêndios.
Conclusão: Caro Eng.º Sócrates, o problema só pode ser resolvido depois de mandar os dois para casa. O que talvez seja mais cedo do que se julga.
Posto isto, quanto ao problema que terá levado ao último adiamento na justiça e na segurança que se visava melhorar, devo dizer que acho que o Dr. António tem razão em não querer que o Dr. Alberto tenha uma espécie de força especial de intervenção em crises, porque a função da Polícia Judiciária é investigar, não resolver situações especiais de confronto da pura esfera da repressão ou neutralização de ameaças. E penso que o Dr. Alberto está certo, quando deseja para a sua tutela o tal grupo, por não confiar que, em situações problemáticas que envolvam os seus, o Dr. António seja suficientemente expedito em garantir a aplicação do princípio de manutenção da ordem pública, dados os seus antecedentes de lesma em acudir aos incêndios.
Conclusão: Caro Eng.º Sócrates, o problema só pode ser resolvido depois de mandar os dois para casa. O que talvez seja mais cedo do que se julga.
Leitura Matinal -310
Ao sentir a opressão da imagem que os outros fazem de si, pelo riso
destruindo facilmente a atmosfera de sublime que o ser que ama tem como própria, por direito inalienável da sua paixão, no grande jogo das conformações do pensado e do expresso, pela sua obsessão, cai frequentemente na cegueira que advém de não conceder menos do que o absoluto à esfera do seu amar. E de não perceber que também
os outros poderiam considerar-se deformados pela sua ultra-sensibilidade, prestes a desprezá-los, tanto como ferir-se pela pobreza que detecte nas exteriorizações, coniventes ou não, do Amado e sua coincidência com os que estão de fora. Porque a condenação a portador da máscara pode vivificar-se, se vier a constituir-se em
catalisador das concretizações carnais que conferem paroxismos mas exigem transigências, acabando por arremessar os anseios de pura correspondência ao que se julga a unidade absoluta para uma zona pessoal interdita a outrem e à extensão. Da boca para fora, certamente. Mas o horror à diferença percebida entre o ideal e o obtido é bem verdadeiro e pode despertar sofrimento por demais agudo.
De Maria do Carmo Abecassis:
CIRCO
O mundo que me rodeia
a rir à gargalhada
de tédio
e desolação e eu a ser ideia
engendrada
na paixão desenfreada
entre mundo e eu.
Eu de máscara vestida
carnaval lacónico
mordaz
de carne que vive nua
enlanguescida
dentro de si
e ainda não nasceu
para a tal paz
angustiada
e apodrecida.
Contraste irónico
entre o que pensas
e me gera
e o que dizes
e me sufoca.
Fruto podre de raízes
que ninguém toca.
Oh! quem me dera
neste circo de palhaços
ser eu apenas
abertos os braços
de matéria inexistente
a amar sensualmente
nas arenas
dos meus próprios espaços.
Atado a «Riso», de Iuri Tomberg, «Nu
Mascarado», de Jack Morocco e «No
Meu Próprio Mundo», de Poncho
destruindo facilmente a atmosfera de sublime que o ser que ama tem como própria, por direito inalienável da sua paixão, no grande jogo das conformações do pensado e do expresso, pela sua obsessão, cai frequentemente na cegueira que advém de não conceder menos do que o absoluto à esfera do seu amar. E de não perceber que também
os outros poderiam considerar-se deformados pela sua ultra-sensibilidade, prestes a desprezá-los, tanto como ferir-se pela pobreza que detecte nas exteriorizações, coniventes ou não, do Amado e sua coincidência com os que estão de fora. Porque a condenação a portador da máscara pode vivificar-se, se vier a constituir-se em
catalisador das concretizações carnais que conferem paroxismos mas exigem transigências, acabando por arremessar os anseios de pura correspondência ao que se julga a unidade absoluta para uma zona pessoal interdita a outrem e à extensão. Da boca para fora, certamente. Mas o horror à diferença percebida entre o ideal e o obtido é bem verdadeiro e pode despertar sofrimento por demais agudo.
De Maria do Carmo Abecassis:
CIRCO
O mundo que me rodeia
a rir à gargalhada
de tédio
e desolação e eu a ser ideia
engendrada
na paixão desenfreada
entre mundo e eu.
Eu de máscara vestida
carnaval lacónico
mordaz
de carne que vive nua
enlanguescida
dentro de si
e ainda não nasceu
para a tal paz
angustiada
e apodrecida.
Contraste irónico
entre o que pensas
e me gera
e o que dizes
e me sufoca.
Fruto podre de raízes
que ninguém toca.
Oh! quem me dera
neste circo de palhaços
ser eu apenas
abertos os braços
de matéria inexistente
a amar sensualmente
nas arenas
dos meus próprios espaços.
Atado a «Riso», de Iuri Tomberg, «Nu
Mascarado», de Jack Morocco e «No
Meu Próprio Mundo», de Poncho
Augúrio
.
Há presságios que... me impressionam particularmente. O facto de precisamente ontem ter sido o dia em que visualmente contactei com a maior bicicleta do mundo, construída por Didi Senft, com bolas de futebol, para promover o próximo Campeonato do Mundo só pode querer significar que ao Glorioso Sport Lisboa e Benfica não falta pedalada para prosseguir na «Champions».
Há presságios que... me impressionam particularmente. O facto de precisamente ontem ter sido o dia em que visualmente contactei com a maior bicicleta do mundo, construída por Didi Senft, com bolas de futebol, para promover o próximo Campeonato do Mundo só pode querer significar que ao Glorioso Sport Lisboa e Benfica não falta pedalada para prosseguir na «Champions».
Tuesday, March 28, 2006
Portugal Ignorado
.
Almoço saboroso, na sempre magnífica Companhia do DFF, cheio de boas notícias, do Siarom e mais Amigos. Para digerir bem o repasto, uma deliciosa aguardente caseira, disponibilizada numa garrafa com um rótulo de sonho, por mim completamente desconhecido. Vejam lá se não é uma delícia... Graças ao Sr. Joaquim, do Restaurante «Floresta do Salitre», em homenagem a todos os meus Amigos de Castelo Branco.
Almoço saboroso, na sempre magnífica Companhia do DFF, cheio de boas notícias, do Siarom e mais Amigos. Para digerir bem o repasto, uma deliciosa aguardente caseira, disponibilizada numa garrafa com um rótulo de sonho, por mim completamente desconhecido. Vejam lá se não é uma delícia... Graças ao Sr. Joaquim, do Restaurante «Floresta do Salitre», em homenagem a todos os meus Amigos de Castelo Branco.
Querer a Lua
.
Se alguém disser que este vosso amigo fica satisfeito com um zero, eu nego, N-E-G-O, nego, como dizia um personagem de Jô Soares, de saudosa memória. E desde que não tirem golos de dentro das balizas, o que, todavia, acontece com impensável frequência, não me ouvirão culpar as arbitragens, por estranho que pareça um liner da pátria que inventou o futebol não saber interpretar a lei do off-side, ou um árbitro pensar estar a apitar um jogo de handball. São contingências do jogo, como um livre perigosíssimo sobre o Simão, nque mandaria o central catalão para o duche. O que interessa dizer é que o SLB hoje esteve ao seu nível de finalização e o Barça, estranhamente evidenciou um grau zero de diferença, neste campo. Um e outro tiveram jogadores isolados face aos guarda-redes. Qualquer deles não conseguiu metê-la na capoeira. E agora? Pretender um segundo jogo tão desinspirado no remate pelo F. C. Barcelona pode bem ser querer a Lua. Mas como prova a imagem, há quem consiga caçá-la. Não se diz que o Benfica joga bem é em contra-ataque? E, curioso, o formato lunar assemelha-se a um zero... Hoje tivemos muitos. Por que não alguns mais?
Se alguém disser que este vosso amigo fica satisfeito com um zero, eu nego, N-E-G-O, nego, como dizia um personagem de Jô Soares, de saudosa memória. E desde que não tirem golos de dentro das balizas, o que, todavia, acontece com impensável frequência, não me ouvirão culpar as arbitragens, por estranho que pareça um liner da pátria que inventou o futebol não saber interpretar a lei do off-side, ou um árbitro pensar estar a apitar um jogo de handball. São contingências do jogo, como um livre perigosíssimo sobre o Simão, nque mandaria o central catalão para o duche. O que interessa dizer é que o SLB hoje esteve ao seu nível de finalização e o Barça, estranhamente evidenciou um grau zero de diferença, neste campo. Um e outro tiveram jogadores isolados face aos guarda-redes. Qualquer deles não conseguiu metê-la na capoeira. E agora? Pretender um segundo jogo tão desinspirado no remate pelo F. C. Barcelona pode bem ser querer a Lua. Mas como prova a imagem, há quem consiga caçá-la. Não se diz que o Benfica joga bem é em contra-ataque? E, curioso, o formato lunar assemelha-se a um zero... Hoje tivemos muitos. Por que não alguns mais?
O Triunfo do Ódio
Já em estágio para o jogo que é o evento do dia, uma breve, para meditar em como as anunciadas medidas de redução de presença e de serviços básicos no interior consagram o velho ódio de uma parte da Esquerda, oriunda da burguesia republicana de Lisboa e Porto, a tudo o que venha da Província. Depois da emigração e do êxodo rural, aparece agora o golpe de misericórdia, que pode transformar grande parte do país em mero destino de férias, ainda mais do que já se constata. Começo a pensar numa mudança de ares e em abalar para uma dessas regiões. Misantropo que sou, dever-me-ia ser menos custoso vagabundear por paragens com menos gente...
Invocação Para Logo
Eis como Woody Crumbo viu «A Dança da Águia», pela qual se pedia a protecção dela. Penso que não será despropositado usar o mesmo movimento propiciatório para retribuir um tanto e demandar a protecção para tão magnânimo Pássaro, nas dificuldades que se avizinham. Em jeito de magia electrónica, QUE AS ASAS TE NÃO FALHEM, Ó ÁGUIA!
Leitura Matinal -309
Por que razão alguns exemplos de avanço aparentemente calmo pelas
águas da Vida se revelam no tratamento das convulsões do Mundo que lhes parecem passar ao lado? Porque o Poeta é Homem e tem responsabilidades acrescidas, na medida em que se propõe publicitar a sua sensibilidade, coisa que só encontrará justificação se ela revelar apuro acima da média e força expressiva adequada a servi-la. Assim, constatando as lutas e desastres inerentes à Espécie, como Humano que é
e cantor que se pretende, sentirá a atracção pelo turbilhão de sofrimento e de catástrofes a que os seus se vão fazendo condenados, bem como o imperativo de cantá-los como etapa de redenção, em sempre presente tributo à Suprema Generosidade da Encarnação,
que achou o Sagrado Meio na Disponibilidade Virginal da Nova Aliança. Não admira pois que, sucubindoà malignidade e à fraqueza, se consubstancie em obra a consciência do estatuto de perecível que é o nosso; e que, errandopor entre os azares do Mundo, se escolham os maiores deles para mote da produção. Na certeza do fim, alinhando pelo geral diapasão de que difícil é escapar, mas tentando não perder de vista o Solitário Referencial que permita uma Esperança, a da Saída.
De Duarte de Viveiros:
Nas baías atlânticas do sonho,
Onde eu navego, sob um luar de prata,
Nunca me esquece a ardente serenata
Do meu destino, o temporal medonho!
Amo os naufrágios, amo a cor vermelha
Dos incêndios, do sangue das batalhas!
Amo a volência moira das navalhas
E eu mesmo rasgo a minha bíblia velha...
Oh neves do futuro! oh praias ermas!
Por vós levanto as minhas mãos enfermas...
E por ti, Virgem-Mãe, que estás no Céu!
Eis porque escrevo como um vagabundo
O cancioneiro trágico do mundo
Que a Senhorta da Vida concebeu!...
Pretexto para ««Cena de Canal ao Luar», de Art Van
Der Neer, «Batalha», de Tintoretto e «Assunção de Maria»,
de Mateo Cerezo.
águas da Vida se revelam no tratamento das convulsões do Mundo que lhes parecem passar ao lado? Porque o Poeta é Homem e tem responsabilidades acrescidas, na medida em que se propõe publicitar a sua sensibilidade, coisa que só encontrará justificação se ela revelar apuro acima da média e força expressiva adequada a servi-la. Assim, constatando as lutas e desastres inerentes à Espécie, como Humano que é
e cantor que se pretende, sentirá a atracção pelo turbilhão de sofrimento e de catástrofes a que os seus se vão fazendo condenados, bem como o imperativo de cantá-los como etapa de redenção, em sempre presente tributo à Suprema Generosidade da Encarnação,
que achou o Sagrado Meio na Disponibilidade Virginal da Nova Aliança. Não admira pois que, sucubindoà malignidade e à fraqueza, se consubstancie em obra a consciência do estatuto de perecível que é o nosso; e que, errandopor entre os azares do Mundo, se escolham os maiores deles para mote da produção. Na certeza do fim, alinhando pelo geral diapasão de que difícil é escapar, mas tentando não perder de vista o Solitário Referencial que permita uma Esperança, a da Saída.
De Duarte de Viveiros:
Nas baías atlânticas do sonho,
Onde eu navego, sob um luar de prata,
Nunca me esquece a ardente serenata
Do meu destino, o temporal medonho!
Amo os naufrágios, amo a cor vermelha
Dos incêndios, do sangue das batalhas!
Amo a volência moira das navalhas
E eu mesmo rasgo a minha bíblia velha...
Oh neves do futuro! oh praias ermas!
Por vós levanto as minhas mãos enfermas...
E por ti, Virgem-Mãe, que estás no Céu!
Eis porque escrevo como um vagabundo
O cancioneiro trágico do mundo
Que a Senhorta da Vida concebeu!...
Pretexto para ««Cena de Canal ao Luar», de Art Van
Der Neer, «Batalha», de Tintoretto e «Assunção de Maria»,
de Mateo Cerezo.
Monday, March 27, 2006
Ovo de Colombo.
Jerónimo de Sousa censura o Governo Socialista por levar a cabo uma política de fecho sistemático em todo o Interior, de acordo com a ideia de «eliminar o que não é competitivo e dá despesa». Onde está a dúvida? Pelo menos para esta gente, a eliminação das assimetrias regionais fica resolvida quando deixar de haver regiões diversas, com população. É o rachar do ovo que o permite equilibrar.
O Culto e o Cine
Há injustiças de que não nos arrependemos, e que não renegamos.
Gloria Swanson teve grande carreira no mudo, com duas nomeações para os Oscars e vida íntima suficientemente publicitada pelo exemplo que Joseph Kennedy o futuro derrotista embaixador dos EUA em Londres, deu aos filhos, conseguindo que aquele que chegou a presidente lhe refinasse as viagens estelares. Apesar de tão preenchido curriculum, para mim será para sempre Norma Desmond, a vedeta do Passado em «SUNSET BULLEVARD/O CREPÚSCULO DOS DEUSES», a fita que prefiro entre todas, cheia de private jokes, actores as themselves e intervenientes, como v. Stroheim, em aproximações de si.
Toda a luta para anular o impiedoso esquecimento da actualidade, com o salto do convívio com outros contemporâneos retirados a converter-se na apropriação de um oportunista algo gigolo, condenado ao papel extinto de admirador escravizado, constituindo a dopagem que precede o alucinado e fingido regresso rodeado de cumplicidades baseadas na pena, até ao crime final, com a descida da escadaria que recupera o protagonismo. É, levada à caricatura de um estrato profissional desamparado quando abandona o galarim, a luta tão humana pelo afecto e contra o esquecimento, o horror da decadência que faz não acreditar no espelho.
G.S. nasceu num 27 de Março. O «Misantropo Enjaulado» mostra-se pronto para o close up dela.
Gloria Swanson teve grande carreira no mudo, com duas nomeações para os Oscars e vida íntima suficientemente publicitada pelo exemplo que Joseph Kennedy o futuro derrotista embaixador dos EUA em Londres, deu aos filhos, conseguindo que aquele que chegou a presidente lhe refinasse as viagens estelares. Apesar de tão preenchido curriculum, para mim será para sempre Norma Desmond, a vedeta do Passado em «SUNSET BULLEVARD/O CREPÚSCULO DOS DEUSES», a fita que prefiro entre todas, cheia de private jokes, actores as themselves e intervenientes, como v. Stroheim, em aproximações de si.
Toda a luta para anular o impiedoso esquecimento da actualidade, com o salto do convívio com outros contemporâneos retirados a converter-se na apropriação de um oportunista algo gigolo, condenado ao papel extinto de admirador escravizado, constituindo a dopagem que precede o alucinado e fingido regresso rodeado de cumplicidades baseadas na pena, até ao crime final, com a descida da escadaria que recupera o protagonismo. É, levada à caricatura de um estrato profissional desamparado quando abandona o galarim, a luta tão humana pelo afecto e contra o esquecimento, o horror da decadência que faz não acreditar no espelho.
G.S. nasceu num 27 de Março. O «Misantropo Enjaulado» mostra-se pronto para o close up dela.
A Traça e a Luz
Leio os ensaios que Kant escreveu, a propósito do Terramoto de Lisboa, de 1755; e surge-me esta pérola que, em dois séculos e meio, não parou de ganhar actualidade:
«O homem está tão soberbo de si que se julga o único objectivo das acções divinas, e estas não têm senão que cuidar dele de modo a estabelecer as medidas e regimento do mundo conforme os seus interesses.
Sabemos, porém, que a Natureza inteira é objecto digno da sabedoria divina e das suas obras. Nós não passamos de uma parte da Natureza, mas queremos ser considerados como se fôssemos ela inteira. Não queremos aceitar as regras gerais a que obedece a Natureza e desejamos que tudo esteja determinado só para nós.
Tudo o que há no mundo de comodidade e prazer pensamos nós que foi criado por nossa causa e que não há coisa, na Natureza, que traga ao homem incomodidade, que não aconteça para o corrigir, para o ameaçar ou para que Deus nele exercite a cólera divina».
Antes, o Filósofo de Koenigsberg tinha-se alongado sobre vantagens trazidas pelos tremores de terra, tais como infuência sobre as propriedades das águas que possibilitassem criações termais e melhorassem a vida futura. O que parecerá optimismo em excesso. Mas há que ter em conta que toda a prosa do Autor das «Criticas» tinha como finalidade contestar o entendimento da catástrofe como um castigo de Deus. Um primeiro comentário para interrogar-me se a atribuição ao Deus Trino de um desastre não prefigurará um caso paralelo ao do Pecado contra o Espírito Santo, o estabelecimento da autoria de um mal pela Intervenção de Deus, que é Amor. O segundo segue de perto a repugnância do Pensador Setecentista - estamos hipnotizados com a nossa imagem, qual traça com a luz. Mas o insecto tem mais gosto, escolhe pólos de atracção mais luminosos e volteja em torno de realidades exteriores a si. Pode dar-nos lições.
«O homem está tão soberbo de si que se julga o único objectivo das acções divinas, e estas não têm senão que cuidar dele de modo a estabelecer as medidas e regimento do mundo conforme os seus interesses.
Sabemos, porém, que a Natureza inteira é objecto digno da sabedoria divina e das suas obras. Nós não passamos de uma parte da Natureza, mas queremos ser considerados como se fôssemos ela inteira. Não queremos aceitar as regras gerais a que obedece a Natureza e desejamos que tudo esteja determinado só para nós.
Tudo o que há no mundo de comodidade e prazer pensamos nós que foi criado por nossa causa e que não há coisa, na Natureza, que traga ao homem incomodidade, que não aconteça para o corrigir, para o ameaçar ou para que Deus nele exercite a cólera divina».
Antes, o Filósofo de Koenigsberg tinha-se alongado sobre vantagens trazidas pelos tremores de terra, tais como infuência sobre as propriedades das águas que possibilitassem criações termais e melhorassem a vida futura. O que parecerá optimismo em excesso. Mas há que ter em conta que toda a prosa do Autor das «Criticas» tinha como finalidade contestar o entendimento da catástrofe como um castigo de Deus. Um primeiro comentário para interrogar-me se a atribuição ao Deus Trino de um desastre não prefigurará um caso paralelo ao do Pecado contra o Espírito Santo, o estabelecimento da autoria de um mal pela Intervenção de Deus, que é Amor. O segundo segue de perto a repugnância do Pensador Setecentista - estamos hipnotizados com a nossa imagem, qual traça com a luz. Mas o insecto tem mais gosto, escolhe pólos de atracção mais luminosos e volteja em torno de realidades exteriores a si. Pode dar-nos lições.
Europa Engolida
As condicionantes da dimensão europeia surgidas do brilhantismo de algumas cabeças do Departamento de Estado norte-americano já tinha empurrado a Rússia para os braços chineses, o que seria um êxito, do ponto de vista deles, na medida em que, inconscientes do perigo que se avizinha, fazia conter a aliada Europa em proporções que não rivalizavam. Mas a segunda parte do programa falhou ontem, completamente. Queriam erguer a Ucrânia contra Moscovo e o partido que favorece a aproximação das duas ex-repúblicas soviéticas foi o mais votado, com a Iulia bosiana a conseguir um bom resultado. «Ucrânia» continuará a justificar o seu significado de "fronteira", só que, em vez de ser como Washington desejava, a linha oposta pelo Ocidente aos Russos, passa a ser aquela de onde estes, instalados, contemplam o mutilado Velho Continente. Claro que outra eleição, com desfecho inverso, pode modificar tudo. Mas atenção, a política, ali, é levada mais a sério do que do lado de cá. Exemplar era a imagem da Mulher do triunfante Viktor Ianukovitch a benzer-se, ao colocar o voto. Como, também, a de uniformizados popes, esses sacerdotes ortodoxos, abençoarem a própria urna, no seu momento de sufrágio. Signo de uma força unificadora à margem do Ocidente. Para o quiosque de Miss Rice, o sucesso em afastar Putin dos Europeus foi um triunfo que, equilibrado pela derrota de ontem, salda a sua estratégia num empate. A nossa pobre Europa perdeu duas vezes.
Leitura Matinal -308
Os restos do torreão irredutível que, em qualquer luta espiritual,
a aspiração de uma unidade projectada quer impor às múltiplas pessoas que latejam no íntimo, como via única para a construção da personalidade, acaba, com a passagem do seu tempo, se houve talento ou génio nesse confronto, por reconverter-se em local de picnic para visitantes devotos ou ingénuos, mais ou menos fascinados, em busca de diversão no lugar onde imperou a absorção, ainda que cindida.
Singular e plural, jogatana de nomes e coisa nomeada, humana é, mas, dissolvida, ameaça perder os traços da humanidade reconhecível, que não os de objecto de culto? Às graças que se arvorassem como leves capas de uma cela, pode-se contrapor a completa seriedade da opção pluripessoal, com o mergulho que invalide as veleidades do retorno. O que leva a
máscara a ser a libertação de um sistema de predomínio unilateral sobre pretensos comparsas menores. O que há de terrível na vontade de alteração das configurações ontológicas é a eliminação do carácter lúdico de um mero jogo de olhares, em prol da perenidade e autenticidade das edificações paralelas, as tais que se não encontram e menos se fundem. Mas todo este combate arrasante acaba por consagrar uma verdade que muitas vivências menos ricas já descobriram: a relevância da adequação de uma chave para o "Eu" encontra total dependência no simples facto de se ter alguém à espera.
De John Wain, a propósito de Pessoa:
O que será o Eu? Exclamei.
Anda, mostra-me onde mora.
Com que entregas de dinheiros
me quer comprar o fratricídio?
Eu sei que tenho irmãos
tímidos que me assombram a morada;
chegam quando menos se prevê,
partem para dar consolo a outra gente:
e algumas vezes eu e eles
trocamos de nomes e de rostos
e passeamos por sítios conhecidos
sob um céu que vai mudando.
Em mim, um Eu quer ter-me prisioneiro
ruminando esta massa de sonhos
esquecendo os raios de luar selvagem
e as tormentas que fui capaz de dominar.
Ergue uma torre de espessas paredes
selada com um nome;
a torre ficará inalterada
mas o nome há-de perder o seu domínio.
Tens que ser uno e singular
recusa o espírito que flui
no crescimento ou na agonia
não consintas nenhum companheiro
e descobre quando a noite cai
que viajaste em volta, em volta
de uma porção árida de terra
e não andaste por campos nem cidades
O poeta olhou a chave
que rodava na porta do Eu,
olhou o tecto, paredes e chão
desconfiado e de soslaio
recusando a decisão definitiva
sobre a máscara ou o diagrama
o «isto sou eu» fechado com um selo:
a sua voz plural era precisa.
Multiplicado por «Eu-Não Eu - Ouro -Azul - Vermelho»,
de Sandra Sunnyo Lee, «Prisioneiro», de Velizas Krstic
e «Máscara«, de Ben Shahn.
a aspiração de uma unidade projectada quer impor às múltiplas pessoas que latejam no íntimo, como via única para a construção da personalidade, acaba, com a passagem do seu tempo, se houve talento ou génio nesse confronto, por reconverter-se em local de picnic para visitantes devotos ou ingénuos, mais ou menos fascinados, em busca de diversão no lugar onde imperou a absorção, ainda que cindida.
Singular e plural, jogatana de nomes e coisa nomeada, humana é, mas, dissolvida, ameaça perder os traços da humanidade reconhecível, que não os de objecto de culto? Às graças que se arvorassem como leves capas de uma cela, pode-se contrapor a completa seriedade da opção pluripessoal, com o mergulho que invalide as veleidades do retorno. O que leva a
máscara a ser a libertação de um sistema de predomínio unilateral sobre pretensos comparsas menores. O que há de terrível na vontade de alteração das configurações ontológicas é a eliminação do carácter lúdico de um mero jogo de olhares, em prol da perenidade e autenticidade das edificações paralelas, as tais que se não encontram e menos se fundem. Mas todo este combate arrasante acaba por consagrar uma verdade que muitas vivências menos ricas já descobriram: a relevância da adequação de uma chave para o "Eu" encontra total dependência no simples facto de se ter alguém à espera.
De John Wain, a propósito de Pessoa:
O que será o Eu? Exclamei.
Anda, mostra-me onde mora.
Com que entregas de dinheiros
me quer comprar o fratricídio?
Eu sei que tenho irmãos
tímidos que me assombram a morada;
chegam quando menos se prevê,
partem para dar consolo a outra gente:
e algumas vezes eu e eles
trocamos de nomes e de rostos
e passeamos por sítios conhecidos
sob um céu que vai mudando.
Em mim, um Eu quer ter-me prisioneiro
ruminando esta massa de sonhos
esquecendo os raios de luar selvagem
e as tormentas que fui capaz de dominar.
Ergue uma torre de espessas paredes
selada com um nome;
a torre ficará inalterada
mas o nome há-de perder o seu domínio.
Tens que ser uno e singular
recusa o espírito que flui
no crescimento ou na agonia
não consintas nenhum companheiro
e descobre quando a noite cai
que viajaste em volta, em volta
de uma porção árida de terra
e não andaste por campos nem cidades
O poeta olhou a chave
que rodava na porta do Eu,
olhou o tecto, paredes e chão
desconfiado e de soslaio
recusando a decisão definitiva
sobre a máscara ou o diagrama
o «isto sou eu» fechado com um selo:
a sua voz plural era precisa.
Multiplicado por «Eu-Não Eu - Ouro -Azul - Vermelho»,
de Sandra Sunnyo Lee, «Prisioneiro», de Velizas Krstic
e «Máscara«, de Ben Shahn.
Sunday, March 26, 2006
Deuses e Heróis
O «DN» diz-nos que a cesariana está em expansão. Poderiam os leitores pensar que tal se devesse a uma voga instituída para imitar figuras tão diversas entre si, como dignas de seguimento, quais Asclépio, Júlio César e Paulo Cunha Porto, por esse expedito meio entradas neste mundo atribulado. Com efeito, reza a mitologia que o Deus grego da Medicina terá sido retirado de dentro de Sua Mãe, Coronis, por Apolo, o Pai, através da incisiva opção.
E uma lenda quer que o Conquistador da Gália tenha conhecido a vida autónoma ao ser extraído de sua mãe por idêntico processo. A versão é contrariada por etimologias várias e pelo relato de que a Senhora teria vivido até uma idade muito mais avançada, havendo ainda tido notícia da expedição à Bretanha, quando é certo e sabido que na Antiguidade do Ocidente só se praticava a operação em Mulheres mortas. Já o nascimento da terceira personalidade, real em vez de fabuloso, é facto certo e documentado.
E chegamos então aos dias de hoje. Diz-se que o crescimento populacional por este método representa 30% dentro da assistência proporcionada pelo SNS; e 65% de igual prestação no sector privado, quando a OMS decreta que só deve haver razão clínica em 15% dos partos. Gostava de saber como se pode estabelecer assim, em abstracto, uma percentagem, mas enfim. Entre as razões aduzidas, o aumento da idade da primeira maternidade e os erros de diagnóstico cedem perante a «desresponsabilização das iminentes mães e a imagem dada pela Comunicação Social de meio apto a tudo resolver». Ou seja, a rendição aos grandes deuses da contemporaneidade, o Comodismo e a Moda, não vem desde o berço. É-lhe ainda anterior!
E uma lenda quer que o Conquistador da Gália tenha conhecido a vida autónoma ao ser extraído de sua mãe por idêntico processo. A versão é contrariada por etimologias várias e pelo relato de que a Senhora teria vivido até uma idade muito mais avançada, havendo ainda tido notícia da expedição à Bretanha, quando é certo e sabido que na Antiguidade do Ocidente só se praticava a operação em Mulheres mortas. Já o nascimento da terceira personalidade, real em vez de fabuloso, é facto certo e documentado.
E chegamos então aos dias de hoje. Diz-se que o crescimento populacional por este método representa 30% dentro da assistência proporcionada pelo SNS; e 65% de igual prestação no sector privado, quando a OMS decreta que só deve haver razão clínica em 15% dos partos. Gostava de saber como se pode estabelecer assim, em abstracto, uma percentagem, mas enfim. Entre as razões aduzidas, o aumento da idade da primeira maternidade e os erros de diagnóstico cedem perante a «desresponsabilização das iminentes mães e a imagem dada pela Comunicação Social de meio apto a tudo resolver». Ou seja, a rendição aos grandes deuses da contemporaneidade, o Comodismo e a Moda, não vem desde o berço. É-lhe ainda anterior!
Junto duas gravuras quinhentistas, relativas aos dois primeiros nascimentos referenciados, publicadas originariamente em «DE RE MEDICA», de Alessandro Beneditti e numa «VIDA DOS DOZE CÉSARES», de Suetónio.
Dotes Interpretativos
.
Jessica Alba, aparentemente, confia tanto nos sus dotes interpretativos que teme ver colada a si a imagem das interpretações anteriores. Daí que se tenha confessado cansada de interpretar a slutty girl, ambicionando agora papéis de boa, embora atraente rapariga - sex kitten -, em comédias românticas. Como se vê é aspiração antiga, de antes da pintura do cabelo, facto amplamente atestado pela pureza e inocência simbolizadas pelo branco da vestimenta desta ingénua fotografia...