Europa Engolida
As condicionantes da dimensão europeia surgidas do brilhantismo de algumas cabeças do Departamento de Estado norte-americano já tinha empurrado a Rússia para os braços chineses, o que seria um êxito, do ponto de vista deles, na medida em que, inconscientes do perigo que se avizinha, fazia conter a aliada Europa em proporções que não rivalizavam. Mas a segunda parte do programa falhou ontem, completamente. Queriam erguer a Ucrânia contra Moscovo e o partido que favorece a aproximação das duas ex-repúblicas soviéticas foi o mais votado, com a Iulia bosiana a conseguir um bom resultado. «Ucrânia» continuará a justificar o seu significado de "fronteira", só que, em vez de ser como Washington desejava, a linha oposta pelo Ocidente aos Russos, passa a ser aquela de onde estes, instalados, contemplam o mutilado Velho Continente. Claro que outra eleição, com desfecho inverso, pode modificar tudo. Mas atenção, a política, ali, é levada mais a sério do que do lado de cá. Exemplar era a imagem da Mulher do triunfante Viktor Ianukovitch a benzer-se, ao colocar o voto. Como, também, a de uniformizados popes, esses sacerdotes ortodoxos, abençoarem a própria urna, no seu momento de sufrágio. Signo de uma força unificadora à margem do Ocidente. Para o quiosque de Miss Rice, o sucesso em afastar Putin dos Europeus foi um triunfo que, equilibrado pela derrota de ontem, salda a sua estratégia num empate. A nossa pobre Europa perdeu duas vezes.
1 Comments:
At 6:39 PM, Paulo Cunha Porto said…
Meu Caro Espadachim:
uma «grande coligação», à alemã, teria de incluir os partidos mais votados. Ora o que se perspectiva é uma coligação contra O mais votado, o que, a prazo mais curto do que se supõe, atirará o governo para o bolso dos pró-russos, a quem caberá, por ora, o monopólio da oposição. Veremos se não estou certo.
Abraço.
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