Leitura Matinal -310
Ao sentir a opressão da imagem que os outros fazem de si, pelo riso
destruindo facilmente a atmosfera de sublime que o ser que ama tem como própria, por direito inalienável da sua paixão, no grande jogo das conformações do pensado e do expresso, pela sua obsessão, cai frequentemente na cegueira que advém de não conceder menos do que o absoluto à esfera do seu amar. E de não perceber que também
os outros poderiam considerar-se deformados pela sua ultra-sensibilidade, prestes a desprezá-los, tanto como ferir-se pela pobreza que detecte nas exteriorizações, coniventes ou não, do Amado e sua coincidência com os que estão de fora. Porque a condenação a portador da máscara pode vivificar-se, se vier a constituir-se em
catalisador das concretizações carnais que conferem paroxismos mas exigem transigências, acabando por arremessar os anseios de pura correspondência ao que se julga a unidade absoluta para uma zona pessoal interdita a outrem e à extensão. Da boca para fora, certamente. Mas o horror à diferença percebida entre o ideal e o obtido é bem verdadeiro e pode despertar sofrimento por demais agudo.
De Maria do Carmo Abecassis:
CIRCO
O mundo que me rodeia
a rir à gargalhada
de tédio
e desolação e eu a ser ideia
engendrada
na paixão desenfreada
entre mundo e eu.
Eu de máscara vestida
carnaval lacónico
mordaz
de carne que vive nua
enlanguescida
dentro de si
e ainda não nasceu
para a tal paz
angustiada
e apodrecida.
Contraste irónico
entre o que pensas
e me gera
e o que dizes
e me sufoca.
Fruto podre de raízes
que ninguém toca.
Oh! quem me dera
neste circo de palhaços
ser eu apenas
abertos os braços
de matéria inexistente
a amar sensualmente
nas arenas
dos meus próprios espaços.
Atado a «Riso», de Iuri Tomberg, «Nu
Mascarado», de Jack Morocco e «No
Meu Próprio Mundo», de Poncho
destruindo facilmente a atmosfera de sublime que o ser que ama tem como própria, por direito inalienável da sua paixão, no grande jogo das conformações do pensado e do expresso, pela sua obsessão, cai frequentemente na cegueira que advém de não conceder menos do que o absoluto à esfera do seu amar. E de não perceber que também
os outros poderiam considerar-se deformados pela sua ultra-sensibilidade, prestes a desprezá-los, tanto como ferir-se pela pobreza que detecte nas exteriorizações, coniventes ou não, do Amado e sua coincidência com os que estão de fora. Porque a condenação a portador da máscara pode vivificar-se, se vier a constituir-se em
catalisador das concretizações carnais que conferem paroxismos mas exigem transigências, acabando por arremessar os anseios de pura correspondência ao que se julga a unidade absoluta para uma zona pessoal interdita a outrem e à extensão. Da boca para fora, certamente. Mas o horror à diferença percebida entre o ideal e o obtido é bem verdadeiro e pode despertar sofrimento por demais agudo.
De Maria do Carmo Abecassis:
CIRCO
O mundo que me rodeia
a rir à gargalhada
de tédio
e desolação e eu a ser ideia
engendrada
na paixão desenfreada
entre mundo e eu.
Eu de máscara vestida
carnaval lacónico
mordaz
de carne que vive nua
enlanguescida
dentro de si
e ainda não nasceu
para a tal paz
angustiada
e apodrecida.
Contraste irónico
entre o que pensas
e me gera
e o que dizes
e me sufoca.
Fruto podre de raízes
que ninguém toca.
Oh! quem me dera
neste circo de palhaços
ser eu apenas
abertos os braços
de matéria inexistente
a amar sensualmente
nas arenas
dos meus próprios espaços.
Atado a «Riso», de Iuri Tomberg, «Nu
Mascarado», de Jack Morocco e «No
Meu Próprio Mundo», de Poncho
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