Leitura Matinal -309
Por que razão alguns exemplos de avanço aparentemente calmo pelas
águas da Vida se revelam no tratamento das convulsões do Mundo que lhes parecem passar ao lado? Porque o Poeta é Homem e tem responsabilidades acrescidas, na medida em que se propõe publicitar a sua sensibilidade, coisa que só encontrará justificação se ela revelar apuro acima da média e força expressiva adequada a servi-la. Assim, constatando as lutas e desastres inerentes à Espécie, como Humano que é
e cantor que se pretende, sentirá a atracção pelo turbilhão de sofrimento e de catástrofes a que os seus se vão fazendo condenados, bem como o imperativo de cantá-los como etapa de redenção, em sempre presente tributo à Suprema Generosidade da Encarnação,
que achou o Sagrado Meio na Disponibilidade Virginal da Nova Aliança. Não admira pois que, sucubindoà malignidade e à fraqueza, se consubstancie em obra a consciência do estatuto de perecível que é o nosso; e que, errandopor entre os azares do Mundo, se escolham os maiores deles para mote da produção. Na certeza do fim, alinhando pelo geral diapasão de que difícil é escapar, mas tentando não perder de vista o Solitário Referencial que permita uma Esperança, a da Saída.
De Duarte de Viveiros:
Nas baías atlânticas do sonho,
Onde eu navego, sob um luar de prata,
Nunca me esquece a ardente serenata
Do meu destino, o temporal medonho!
Amo os naufrágios, amo a cor vermelha
Dos incêndios, do sangue das batalhas!
Amo a volência moira das navalhas
E eu mesmo rasgo a minha bíblia velha...
Oh neves do futuro! oh praias ermas!
Por vós levanto as minhas mãos enfermas...
E por ti, Virgem-Mãe, que estás no Céu!
Eis porque escrevo como um vagabundo
O cancioneiro trágico do mundo
Que a Senhorta da Vida concebeu!...
Pretexto para ««Cena de Canal ao Luar», de Art Van
Der Neer, «Batalha», de Tintoretto e «Assunção de Maria»,
de Mateo Cerezo.
águas da Vida se revelam no tratamento das convulsões do Mundo que lhes parecem passar ao lado? Porque o Poeta é Homem e tem responsabilidades acrescidas, na medida em que se propõe publicitar a sua sensibilidade, coisa que só encontrará justificação se ela revelar apuro acima da média e força expressiva adequada a servi-la. Assim, constatando as lutas e desastres inerentes à Espécie, como Humano que é
e cantor que se pretende, sentirá a atracção pelo turbilhão de sofrimento e de catástrofes a que os seus se vão fazendo condenados, bem como o imperativo de cantá-los como etapa de redenção, em sempre presente tributo à Suprema Generosidade da Encarnação,
que achou o Sagrado Meio na Disponibilidade Virginal da Nova Aliança. Não admira pois que, sucubindoà malignidade e à fraqueza, se consubstancie em obra a consciência do estatuto de perecível que é o nosso; e que, errandopor entre os azares do Mundo, se escolham os maiores deles para mote da produção. Na certeza do fim, alinhando pelo geral diapasão de que difícil é escapar, mas tentando não perder de vista o Solitário Referencial que permita uma Esperança, a da Saída.
De Duarte de Viveiros:
Nas baías atlânticas do sonho,
Onde eu navego, sob um luar de prata,
Nunca me esquece a ardente serenata
Do meu destino, o temporal medonho!
Amo os naufrágios, amo a cor vermelha
Dos incêndios, do sangue das batalhas!
Amo a volência moira das navalhas
E eu mesmo rasgo a minha bíblia velha...
Oh neves do futuro! oh praias ermas!
Por vós levanto as minhas mãos enfermas...
E por ti, Virgem-Mãe, que estás no Céu!
Eis porque escrevo como um vagabundo
O cancioneiro trágico do mundo
Que a Senhorta da Vida concebeu!...
Pretexto para ««Cena de Canal ao Luar», de Art Van
Der Neer, «Batalha», de Tintoretto e «Assunção de Maria»,
de Mateo Cerezo.
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