Tuesday, February 28, 2006
Barómetro


Critérios de aptidão artística, em Hollywood, sabe-se como são condicionados pela tradução em dinheiro. Nomeadamente, o do cachet que as vedetas auferem. Reese Witherspoon é agora, mais do que nunca, a favorita ao boneco dourado, pela interpretação em Jonnhy Cash, esse nome premonitório, pois ultrapassou Julia Roberts como a actriz mais bem paga da indústria cinematográfica norte-americana. Saber qual é o ovo e qual a galinha é questão ociosa que deixo a quem tenha vagares para a dilucidar.
Mas por falar em cotação, a Meca do Cinema deveria preocupar-se com a sua própria. A Juliette Lewis de «NASCIDOS PARA MATAR» e «O CABO DO MEDO» - lembram-se? - decidiu que vai secundarizar a actividade de representação, privilegiando a de cantora Rock. Seria bom que, antes de ditar o rank das intérpretes, a capital dos filmes porfiasse para manter a sua reputação cimeira.
Gémeos Heterozigóticos

práticas que informam o pluripartidismo português, nos dois últimos séculos. A proximidade das opções sociais remete as discussões políticas para duas grandes viciações: a intriga e o rumor. A primeira é protagonizada normalmente por membros da classe política, que simulam dela afastar-se, para, convenientemente, animarem o comentarismo que lhes serve de tribuna. Baseia-se em informações obtidas "do interior" dos orgãos de poder e partidários, quando não da cabeça dos seus membros, para elaborar cenários e aumentar a relevância de divergências pessoais. Foi a escola que celebrizou o «EXPRESSO» e que vem sendo seguida pelos outros jornais e pelas televisões.

Vícios antigos, como se vê.
Refundações
Leitura Matinal -281



De Alphonsus de Guimaraens Filho:
Aqui venho depor uma palavra
que alguém me segredou, mas onde e quando?
Eu sei apenas que alguém falava.
E eu ficava escutando.
Aqui venho depor um sentimento
que é silêncio, talvez.
Eu nada sei senão que vibra ao vento
distante e tormentosa lucidez.
Deixo latejar uma palavra
que não foi minha, mas vivi.
A vida quase que se revelava...
Onde e quando, esqueci.
Com «Escutando», David George, «Sentimento»,
de Mara McWilliams e «Na Aurora silenciosa»,
de Nancy Schieman.
Homenagem a Je Maintiendrai
Monday, February 27, 2006
Incógnita

Como há já uma quase vintena de anos que abandonei as lides universitárias, não me importo de procurar esta beldade. Alguém sabe dizer qual é o blogue desta Colega? Esperteza não lhe falta, para se esconder dos cães de caça que lhe andam no encalço. Não podia faltar, no dia em que os livros e a feminilidade estiveram na berra...
As Páginas do Êxtase


inteira a digerir um único texto. Da mesma forma, a coesão de um indivíduo deverá aumentar pela dedicação a uma Mulher. Mas, claro isto é pura especulação e, sobre o assunto, muito melhor escreveu o Nosso Amigo. Direi apenas uma coisa: para muitos homens, criar um livro e uma Mulher será maneira bem compreensível de seguir o Exemplo de Deus, que é o Redactor Primeiro da Bíblia e inventou Eva, com o auxílio de uma costela nossa. Pelo que, em jeito de hino a Essas Duas Maravilhas, junto a estátua que imortaliza os Objectos deste "post" e um par de serra-livros de femininas figuras, ao melhor estilo Art Nouveau.
Escrito nas Estrelas


Venham cá defender a coerência das predisposições astrológicas! Bem sei que o ano e o local de nascimento também são tidos como influentes. Mas que dizer quando a 27 de Fevereiro se comemoram os anos de Elizabeth Taylor, celebrizada por uma continuada actividade de casa-descasa, vertida garrafalmente para a imprensa, e os de Joanne Woodward, cujo casamento com Newman se revelou discreto e de uma rara durabilidade no Mundo de Hollywood? Ora, que importa isso, perante duas extraordinárias actrizes? De Liz, já Vos tenho falado, é muito cá de casa, mas da Woodward tem de ser referido o inevitável, multifacetado e oscarizado desempenho de «THE THREE FACES OF EVE». É interpretação que merece, todinha, a fama que tem.
Marilyn contra Russell
Meninos Precoces
Leitura Matinal -280



Ou seja, dentro de nós devemos assegurar o processamento normal do ciclo entre o dia e a noite, para que a alternância entre as géneses e as extinções se refiram à naturalidade dos nossos estados de alma, obviando, dessa eficaz maneira, a que se transfira, mais depressa do que o impõe a inevitabilidade física, para a substituição do nosso ser por outro, na vastidão do Universo, ou, ao menos, na parcela que conhecemos.
De Aguinaldo Brito Fonseca:
CÍRCULO
Nascemos, morremos, tornamos a nascer
Em cada sonho, cada ideia, cada gesto.
Cada dia que chega é flor que se abre ao sol
Com novo cheiro, nova cor, nova beleza.
Nossos desejos são asas que se elevam
Cruzando o céu da vida em voo largo...
Mas nunca chegam, nunca param
Enquanto corre o sangue e a vida cresce e rola.
O fim dum sonho é o começo doutro,
cada horionte outro horizonte aponta
E uma esperança morta outra esperança aquece.
Há mágoas, alegrias, desesperos...
E a gente, insatisfeita,
Enquanto ri ou chora ou canta ou fica triste,
Vai nascendo, morrendo e renascendo
Cada dia, cada hora, cada instante
Noutra vida, noutro sonho, noutra esperança.
Apoiando-se em: «O Fim do Princípio», de Craig La Rotonda,
«Apoclipse de Angers: A Mulher Recolhe as Suas Asas», de
Nicolas Bataille e «Renascimento», de Iv Toshain.
Sunday, February 26, 2006
Águia de Ouro

Uma Flor de Lis que fez resplandecer este belo Animal, bem longe da ameaça que sofrem as aves do seu País. Está justificada a contratação. E a de Léo sobre todas. Não me canso de dizer que a dupla Petit-M. Fernandes está a regressar à carburação. Aqui fica a imagem do brilho. E o jogo foi muito melhor do que o do Liverpool.
Não falo do Nuno Gomes, para não estragar a festa.

Condenado No Pedido
A Mulher em Chamas

Lembram-se do título de um filme pouco atractivo de Robert van Ackeren? Nem o Carnaval, nem a protagonista fazem, minimamente, o tipo do misantropo. No entanto, o Jansenista tinha pedido e há que dar honra ao Mérito. Faz parte do meu imaginário a cena da maratonista suíça que, numa final Olímpica, se arrastou, esgotada e desidratada, até à meta. Imagino que a equivalência possível, no desfile das escolas de Samba do Rio de Janeiro, se haja dado hoje, quando a Rainha da «Mocidade Alegre», Nani Moreira viu a parte da fantasia que lhe cobria a cabeça pegar fogo, tendo, depois de extinto este, com queimaduras na testa e na mão, prosseguido, até ao termo do programa. Eis uma fotografia dela, quando vencedora, em 2004.
A Razão Verdadeira
Trela Curta
Leitura Matinal -279



De Ángel Crespo
TEMA DE ORFEU
Sinto receio
de reler o que já escrevi.
Como vou regressar
sobre as pegadas do tempo,
destecer a tapeçaria tramada
com tanto medo às figuras
que os fios iam revelando?
Agora, quando já vivem
sua existência a meus olhos alheia,
nesse país ou deserto
sobre que se deteve o sol,
- como imiscuir-me em seus ritos
insuspeitos, que talvez
apenas pretendem desterrar-me?
Sinto receio
de achar o que tinha perdido
de encontrá-lo entre as gretas
- visíveis só para mim -
que forma o avesso dos versos.
Quem me assegura que mais tarde
poderei esquecer os gestos hostis
- ou talvez demasiado leves -
que deixei convertidos em chuva
que não acaba nunca de cair,
em raízes famintas
que bem poderiam devorar-me?
Com a colaboração de «Homem Criativo», de
Dane Rudhyar, «Fantasmas do Passado», de
Jean Nind e «Exílio», de Bruno Cavellec.
Saturday, February 25, 2006
A Vitória é Difícil, Mas é Nossa!
A Salvaguarda da Independência

Quem diria, quem diria! Dos meus lábios sair um vigoroso ataque contra uma Aliança Inglesa! Calma, não é dessa que estou a falar, mas da anunciada por Mischa Barton, a Mulher que os Súbditos masculinos de Sua Majestade mais gostariam de conhecer intimamente, sobre quem surgiu a irritante notícia de, em breve, ir dar o nó com o seu ainda namorado. É caso para, com todo o despeito e mais algum, dizer que o sujeito não vale mais do que um Cisco... Adler, que é o seu nome.
Estudo Para um Nu
Momento Intimista do Dia

Como o Sábado é dia predisposto para estas coisas, gostaria de partilhar Convosco um facto da minha infância. Quando a maternal destreza didáctica me dava a conhecer as diversas profissões, o universalismo pré-misantrópico deste Vosso pobre amigo fê-lo mostrar receptividade, tenção mesmo, de abraçar quase todos os ofícios cujo conteúdo lhe ia sendo explicado. Uma solitária excepção quebrou a coerência desta abertura. o Limpa-Chaminés. Ficou, na memória da família, como único item rejeitado. E, um tanto por remorso, quero aqui prestar a minha homenagem a uma profissão quase extinta. Numa época que polui mais do que as precedentes, apesar de o uso do carvão ter diminuído, a função, pessoalizada, já não se encontra pelas ruas. Suponho-a hoje desempenhada por empresas bem geridas e sem chama, o que pode fazer concluir que já nem as chaminés são tratadas como antigamente...

Nunca Digas Mal...
Origens Reptílicas da Incompreensão
A Quebra Humana
Leitura Matinal -278



De Edmond Jabés, três dos segmentos - II, III e IV - de
«ERIGIDAS SOBRE AS NOSSAS FÁBULAS Uma Sumptuosa Morada»,
na tradução de Pedro Tamen:
II
Os passos são telhados esperados. Ao andar, privo de calor
o chão que os meus pés abandonam.
III
Avancei mais do que me permitiam as pupilas. (Lá onde a obscuridade
se torna em degraus gratuitos, vertigem roubada à vigilância.)
A idade da transparência habita a memória dos homens.
As guerras contribuem para o seu prestígio.
O teu cabelo é o halo alongado do meu desespero. (Será o
teu rosto o astro de que a manhã nasceu?)
As mãos trepavam, selvagens, até à boca do abismo de que
ninguém suspeita ao passar, distraído pelas dobras ondulantes
das horas iluminadas que estriam o céu.
IV
(Há que admitir a nossa ausência do mundo, a nossa confortável
segurança perante as marionetas inspiradas com que as crianças
sonham. Há que admitir a nossa irrealidade que respeita
as deambulações dessas criaturas incómodas.)
Aproximados de «Vigilância - o Preço da Liberdade», de
Howard Hughes, «Vertigem», de Annie Retivat e «Abismo»,
de John DiNero.
Friday, February 24, 2006
Insulto Sem Arte
Uma Questão de Fé

O «CORREIO DA MANHû de hoje noticia o videoclip em que Deeyah, a apelidada Madonna muçulmana, troca uma burkha por um bikini, bem como das ameaças que ela garante ter sofrido por islâmicos que se terão sentido insultados. Do que não dá conta é de que, apesar de a biografia oficial a apresentar como filha de pais do Irão e do Paquistão, a cantora, nascida na Noruega e residente em Londres, é suspeitada pelo Concelho Muçulmano Britânico de ser uma hindu encapotada, a partir do nome atribuído - Deepika Thathaal; bem como de o parcelar strip estar sendo considerado uma manobra publicitária. Ora bem, aqui está uma tese que, muito mais do que salomonicamente, satisfaria todos: os maometanos não têm jurisdição sobre não-crentes, pelo facto de despirem a armadura que esconde algumas das Mulheres da sua religião. A rapariga faria mais uns cobres. O bikini não é, correntemente, proibido no hinduísmo, apesar de um sari ser talvez mais adequado do que a tanga. Nós poderíamos todos deliciar-nos. Só ficariam de fora as feministas radicais, divididas entre "o aplauso a um acto pelo qual uma Mulher se exime às opressões religiosas, dispondo livremente da sua nudez" e a "condenação de uma cedência à exibição do corpo que alimenta os machismos abjectos". Mas Como é que essas teriam uma hipótese de ficar satisfeitas?
Meio do Império, Império do Meio
Taxas & Taxados
Leitura Matinal -277



Como escreveu Gottfried Keller, segundo A. Herculano de
Carvalho:
«Todo o saber que eu tinha, andava em minha trança,
Tôda a minha ciência, em meus lábios vermelhos,
E todo o meu poder, nessa água que descansa
Dos meus olhos no fundo, azul, de claro espelho.
Cem discípulos vi desta bôca suspensos,
Presos de meu cabelo em tão sábios anéis;
Cem súbditos possuí, de meus olhos imensos
Desejando um clarão, como escravos fiéis.
Pende agora, mortal, meu cabelo, coitado!
Como vela no mar quando a brisa não vem,
E sinto o coração no corpo abandonado
Qual pêndula a bater num quarto sem ninguém.
Sublinhado por «Audiência», de Diana Ong, «Envelhecido»,
de Andrew Jones e «Vazio», de Joseph Marek.
Thursday, February 23, 2006
Fins

O caminho para um embarque ou para um suicídio é, na sua maior parte, o mesmo. A diferença está no que espera, para lá da borda. E situações há em que a dúvida se sobrepõe: quando falta o barco, não se pode navegar, como não é comum ir ao encontro da morte com um guarda-chuva. Está explicada a envolvência que faz com que muitos dos que pensaram partir voltem para trás. Enquanto o cais também não cede.