Leitura Matinal -280
A Nossa esfera interior é como o ciclo da vida. A cada fim corresponde
um começo e vice-versa, sendo que o termo de um é o princípio de outro, numa sucessão que constitui, ela própria, a mola vital. A perda do equilíbrio reside muitas vezes em apegar-se exclusivamente ao luto por uma ilusão, ou ao aborto de uma expectativa natural. A atrofia do futuro, ou a recusa de assunção do passado, podem ser vistas como a eliminação
do gosto de viver, privado da resposta à necessidade de entrega a nova ordem de perspectivas. A recolha das asas de um objecto do nosso desejo encerra, por si só, a imagem ideal para descrever a retoma do voo, após o descanso. Por isso é recolhimento e não corte. Ao renunciar a aplicar-se está perdida a corda que mantém em movimento cada humana individualidade.
Ou seja, dentro de nós devemos assegurar o processamento normal do ciclo entre o dia e a noite, para que a alternância entre as géneses e as extinções se refiram à naturalidade dos nossos estados de alma, obviando, dessa eficaz maneira, a que se transfira, mais depressa do que o impõe a inevitabilidade física, para a substituição do nosso ser por outro, na vastidão do Universo, ou, ao menos, na parcela que conhecemos.
De Aguinaldo Brito Fonseca:
CÍRCULO
Nascemos, morremos, tornamos a nascer
Em cada sonho, cada ideia, cada gesto.
Cada dia que chega é flor que se abre ao sol
Com novo cheiro, nova cor, nova beleza.
Nossos desejos são asas que se elevam
Cruzando o céu da vida em voo largo...
Mas nunca chegam, nunca param
Enquanto corre o sangue e a vida cresce e rola.
O fim dum sonho é o começo doutro,
cada horionte outro horizonte aponta
E uma esperança morta outra esperança aquece.
Há mágoas, alegrias, desesperos...
E a gente, insatisfeita,
Enquanto ri ou chora ou canta ou fica triste,
Vai nascendo, morrendo e renascendo
Cada dia, cada hora, cada instante
Noutra vida, noutro sonho, noutra esperança.
Apoiando-se em: «O Fim do Princípio», de Craig La Rotonda,
«Apoclipse de Angers: A Mulher Recolhe as Suas Asas», de
Nicolas Bataille e «Renascimento», de Iv Toshain.
um começo e vice-versa, sendo que o termo de um é o princípio de outro, numa sucessão que constitui, ela própria, a mola vital. A perda do equilíbrio reside muitas vezes em apegar-se exclusivamente ao luto por uma ilusão, ou ao aborto de uma expectativa natural. A atrofia do futuro, ou a recusa de assunção do passado, podem ser vistas como a eliminação
do gosto de viver, privado da resposta à necessidade de entrega a nova ordem de perspectivas. A recolha das asas de um objecto do nosso desejo encerra, por si só, a imagem ideal para descrever a retoma do voo, após o descanso. Por isso é recolhimento e não corte. Ao renunciar a aplicar-se está perdida a corda que mantém em movimento cada humana individualidade.
Ou seja, dentro de nós devemos assegurar o processamento normal do ciclo entre o dia e a noite, para que a alternância entre as géneses e as extinções se refiram à naturalidade dos nossos estados de alma, obviando, dessa eficaz maneira, a que se transfira, mais depressa do que o impõe a inevitabilidade física, para a substituição do nosso ser por outro, na vastidão do Universo, ou, ao menos, na parcela que conhecemos.
De Aguinaldo Brito Fonseca:
CÍRCULO
Nascemos, morremos, tornamos a nascer
Em cada sonho, cada ideia, cada gesto.
Cada dia que chega é flor que se abre ao sol
Com novo cheiro, nova cor, nova beleza.
Nossos desejos são asas que se elevam
Cruzando o céu da vida em voo largo...
Mas nunca chegam, nunca param
Enquanto corre o sangue e a vida cresce e rola.
O fim dum sonho é o começo doutro,
cada horionte outro horizonte aponta
E uma esperança morta outra esperança aquece.
Há mágoas, alegrias, desesperos...
E a gente, insatisfeita,
Enquanto ri ou chora ou canta ou fica triste,
Vai nascendo, morrendo e renascendo
Cada dia, cada hora, cada instante
Noutra vida, noutro sonho, noutra esperança.
Apoiando-se em: «O Fim do Princípio», de Craig La Rotonda,
«Apoclipse de Angers: A Mulher Recolhe as Suas Asas», de
Nicolas Bataille e «Renascimento», de Iv Toshain.
2 Comments:
At 3:33 PM, Viajante said…
Ainda resisto à metáfora biológica - ou seja, a considerar sob a imagem da vida natural a esfera interior.
Por duas ordens de razões: porque a sucessão é linear numa e não na outra - e assim tenderemos a aceitar a decadência ou a degradação como naturais - e porque a alternância exterior teria espelhamento na complexidade interior, onde géneses e extinções convivem em simultâneo.
Talvez seja (apenas) receio da "biologização" orgânica do espírito, afinal... :)
beijo e sorriso
At 4:22 PM, Paulo Cunha Porto said…
Claro que internamente não há o automatismo da exterioridade. Se quiserdes, era uma programática sugestão, no sentido da garantia de alguma sanidade mental e espiritual, se é que tal coisa é possível.
Honra-Vos o escrúpulo que resiste a assimilar os dois mundos e com ele honrais a psique humana. Mas não devemos permitir que a Fidelidade se torne patológica...
Beijo (um tudo nada apreensivo).
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