O Citério dos Holofotes
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A adopção é um meio que permite a muito boa gente suprir a privação do amor paternal, ao mesmo tempo que pode preencher a carência do recebimento dele em crianças que a sintam, já se sabe. No tempo em que eu estudei Direito da Família, aprendi, contudo, que os serviços competentes deveriam ter em conta quer a proximidade de características físicas de adoptandos e adoptados, quer a perspectiva de estabilidade familiar. A voga que grassa entre as estrelas de Hollywood de adoptar pequenos de outras etnias vem duplamente contra esta orientação, conhecida que é a contínua alteração de estados civis da maior parte delas. Nesse sentido, o risco para o futuro dos miúdos ainda vai além das dificuldades decorrentes da adaptação às vidas expostas ao público, que hoje refere o DN: em dias vindouros os adoptados poderão desesperar, ao sentirem que a razão de os haverem vinculado a uma nova família não se prendeu com a vontade de dar afecto à sua individualidade, mas de testemunhar um sentimento, por positivo que seja, para com um grupo étnico ou nacional. E sabe-se como a necessidade de ser amado convive mal com companhias muito numerosas.
Não querendo privar, à partida, os actores célebres do que é concedido ao comum dos mortais e nem mencionando casos, contudo extremados e pouco representativos, como o de Allen/Farrow e da adoptada e sucessora coreana, estranha-se que tantos casais com uma vida tranquila e ansiosos por se transformar numa família maior esperem eternidades pela decisão que lhos permita, enquanto que as celebridades, com mais contras, o consigam de mão beijada. Mal vai o tempo...
A «Adopção», de Julie Annette Meyer, exprime o optimismo da espiritualidade dirigida idealmente por uma Mãe ao Filho que será seu, mas que outra teve. Julgo que os organismos competentes para resolver estes casos repousam em confianças similares, abdicando do sentido crítico, de cada vez que encontram pela frente um nome famoso.
A adopção é um meio que permite a muito boa gente suprir a privação do amor paternal, ao mesmo tempo que pode preencher a carência do recebimento dele em crianças que a sintam, já se sabe. No tempo em que eu estudei Direito da Família, aprendi, contudo, que os serviços competentes deveriam ter em conta quer a proximidade de características físicas de adoptandos e adoptados, quer a perspectiva de estabilidade familiar. A voga que grassa entre as estrelas de Hollywood de adoptar pequenos de outras etnias vem duplamente contra esta orientação, conhecida que é a contínua alteração de estados civis da maior parte delas. Nesse sentido, o risco para o futuro dos miúdos ainda vai além das dificuldades decorrentes da adaptação às vidas expostas ao público, que hoje refere o DN: em dias vindouros os adoptados poderão desesperar, ao sentirem que a razão de os haverem vinculado a uma nova família não se prendeu com a vontade de dar afecto à sua individualidade, mas de testemunhar um sentimento, por positivo que seja, para com um grupo étnico ou nacional. E sabe-se como a necessidade de ser amado convive mal com companhias muito numerosas.
Não querendo privar, à partida, os actores célebres do que é concedido ao comum dos mortais e nem mencionando casos, contudo extremados e pouco representativos, como o de Allen/Farrow e da adoptada e sucessora coreana, estranha-se que tantos casais com uma vida tranquila e ansiosos por se transformar numa família maior esperem eternidades pela decisão que lhos permita, enquanto que as celebridades, com mais contras, o consigam de mão beijada. Mal vai o tempo...
A «Adopção», de Julie Annette Meyer, exprime o optimismo da espiritualidade dirigida idealmente por uma Mãe ao Filho que será seu, mas que outra teve. Julgo que os organismos competentes para resolver estes casos repousam em confianças similares, abdicando do sentido crítico, de cada vez que encontram pela frente um nome famoso.
5 Comments:
At 7:20 PM, Anonymous said…
Tem razão Paulo
mas mesmo assim não será melhor para a criança ser adoptada do que ficar em instituições por toda uma vida?
Tenho uma admiração imensa pelos casais que adoptam crianças; acho-os de uma generosidade imensa. Não sei se alguma vez seria capaz de o fazer.
Beijinho
At 7:56 PM, Paulo Cunha Porto said…
Querida MFBA:
Comungo do sentimento, porquanto também me vejo muito tímido nessa senda. Mas o problema dos Hollywoodescos é diferente, na sua maioria. Não procurarão ter filhos próprios, para evitar atrasos na carreira e muitas destas opções extra-civilizacionais terão os intuitos de promoção que o artigo toca. Não dou um tostão furado pela felicidade das crianças a que calhem tais "famílias". Claro que não me refiro aos casos, que creio minoritários nesta classe, de disponibilidade e afeição efectivos e acompanhantes.
Beijinho.
At 11:20 PM, Anonymous said…
Saindo do tema da classe:
o que diz o Direito da Família sobre a proximidade de características físicas entre a família e o adoptado? (A estabilidade familiar é evidente, aliás, a estabilidade familiar deveria estar acima da Família enquanto conceito abstracto, mas não é isso que quero abordar agora.)
Abraço
At 11:15 AM, Paulo Cunha Porto said…
Mencionava o manual do já longíquo ano de 1986, Caro Miguel, que os serviços na dependência das autoridades que decidem a adopção deveriam procurar orientar-se pela proximidade de características físicas entre candidatos a adoptantes e adoptandos, para que a integração familiar não sofresse mais um perigo de rejeição ulterior.
Abraço.
At 10:46 AM, Anonymous said…
tens toda a razão meu caro Paulo, sempre achei q nesta circunstância difícil da adopção, o interesse das crianças deveria vir primeiro, e mais... acho mesmo q essa é "a" razão. Tudo o resto me parece paisagem.
Se mantivermos esse princípio em perspectiva...seguramente que as hipóteses da família, como tal serão maiores.
abracinho,
MI
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