Anatomia do Vício
Darlene E. Russell pintou a sua «Admiração» sob a forma de um anjo extático.E apetece dizer que, no Nosso Pais está o raríssimo sentimento restringido aos Etéreos Espíritos de que os Homens andam tão afastados, apesar de algum ressurgimento em práticas onde o esoterismo e a popularidade se anulam, por definição. Como escreveu António de Cértima:
«O lusíada é, por vício biológico, avesso ao sentimento de admiração espontânea. Isto, certamente, pela convicção - um verdadeiro mito nacional - que tem instilado no seu ânimo do muito que pode e sabe fazer. Este «mito» pesa de tal maneira na balança dos seus juízos, que o outro prato da balança, onde a capacidade dos que não são «ele» é posta em equação, está sempre muito longe do fio da igualdade. Se possui um culto que, pela sua própria causa, tenha que confinar-se em pessoa humana, reduzi-lo-á àquele «culto de superfície» posto em relevo por Nietzsche, presciente do facto que a dádiva do seu eu a uma admiração exterior anularia nele todas as suas faculdades de poderio.».
É a absoluta convicção de uma superioridade radicada em ses tranquilizantes que estagna, na medida em que, curiosamente, prescinde da sua confirmação concreta, ao entender o seu "pensar-se" apontado para o imediato, pronto a ser infirmado por qualquer distracção de reconhecimento que o desse como seguidor de um homem particular, o que o torna isco fácil para aqueles que querem torná-lo refém de um qualquer partido, bastando excitar-lhe a solidariedade a que a detracção faz apelo. Aquele que procura preservar-se demasiado é sempre o que fica mais à mercê de todos os enganos que se assumam como adversários do único que julga identificar.
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