Leitura Matinal -115
Disse-vos que todo o homem escreve versos e eu não
sou excepção.
Tenho perfeita consciência de que a poética não é o
tom em que melhor me exprimo. E, ajuntando à consciência
da minha ineptidão, o pudor de desvendar sentimentos e
sensações que desejo reservar à esfera da estrita intimidade,
fica completamente tolhida a hipótese de trazer a público
muito verso que fiz e guardei. Versos que não quero publicar,
por muito os pretender recordar ou esquecer. Há, porém, um
poema de combate, cuja génese remonta a cerca de dez anos
atrás, que não me importo de vos submeter. Se a arte dele é
incipiente, peço que não duvideis da sua recta intenção. E
assim, caucionada esta asneira pela muita excelente poesia
que aqui tendes lido, lá vai, de quem se dirige a Vós,
O QUE É SÓRDIDO
Sórdido...
...é o termo que não cabe num poema,
é desdenhar do Belo sendo feio,
é ter a igualdade como lema
e querer ser livre, sem receio;
apedrejar o incapaz de reagir,
maxime, abortar, em vez de parir.
É prezar os ricos porque o são,
como odiá-los em nome da razão.
Competir fora do Desporto,
crismar de certo o que está torto,
chorar-se a si e rir do Outro.
É ferir um bicho por prazer,
encher, gozar, logo esquecer;
condenar a recíproco o afecto
e desprezar quem comunga o tecto.
E é
o admirador de si - injusto enquanto tal,
que inverte, segundo as modas, Bem e Mal,
em suma, incensar o próprio pranto;
sobre tudo: pecar contra o Espírito Santo.
sou excepção.
Tenho perfeita consciência de que a poética não é o
tom em que melhor me exprimo. E, ajuntando à consciência
da minha ineptidão, o pudor de desvendar sentimentos e
sensações que desejo reservar à esfera da estrita intimidade,
fica completamente tolhida a hipótese de trazer a público
muito verso que fiz e guardei. Versos que não quero publicar,
por muito os pretender recordar ou esquecer. Há, porém, um
poema de combate, cuja génese remonta a cerca de dez anos
atrás, que não me importo de vos submeter. Se a arte dele é
incipiente, peço que não duvideis da sua recta intenção. E
assim, caucionada esta asneira pela muita excelente poesia
que aqui tendes lido, lá vai, de quem se dirige a Vós,
O QUE É SÓRDIDO
Sórdido...
...é o termo que não cabe num poema,
é desdenhar do Belo sendo feio,
é ter a igualdade como lema
e querer ser livre, sem receio;
apedrejar o incapaz de reagir,
maxime, abortar, em vez de parir.
É prezar os ricos porque o são,
como odiá-los em nome da razão.
Competir fora do Desporto,
crismar de certo o que está torto,
chorar-se a si e rir do Outro.
É ferir um bicho por prazer,
encher, gozar, logo esquecer;
condenar a recíproco o afecto
e desprezar quem comunga o tecto.
E é
o admirador de si - injusto enquanto tal,
que inverte, segundo as modas, Bem e Mal,
em suma, incensar o próprio pranto;
sobre tudo: pecar contra o Espírito Santo.
6 Comments:
At 2:44 PM, Anonymous said…
Palavras
"O estilo está sob a palavras como dentro delas.É igualmente a alma, e a carne de uma obra."
Flaubert
São as tuas palavras a luz a minha vida.
bj
At 2:52 PM, Anonymous said…
Onde estás?
At 12:10 AM, Ricardo António Alves said…
Gostei do teu poema.
At 2:15 PM, Paulo Cunha Porto said…
Obrigado, I. Uma luz baça, receio.
Caríssimo e Fraternal RAA: é um grande alívio o que me dizes. Bem hajas.
At 6:03 PM, João Villalobos said…
Caríssimo,
Imperdoável mas só agora percebi que este poema era da tua autoria. Ena! Dez anos, dizes tu? Toca mas é a por cá para fora o resultado inédito desta década. Muitos e muitos parabéns. Mesmo!
At 8:57 PM, Paulo Cunha Porto said…
Meu Caro João:
Obrigadão, são Olhos Amigos, sem dúvida.
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