Indigências da Tragédia
A Sr.ª Barbara Bush, sobrinha-neta, mulher e mãe de
presidentes dos EUA, acha que «tratando-se de indigentes,
as operações de auxílio no sul do seu país até nem correram
mal». Certamente pensava no sargento da polícia da Luisiana
que se suicidou por se ver incapaz de cumprir a sua missão,
ou na equipa de salvamento que deixou umas jovens isoladas
num telhado, por elas se terem recusado a desnudar os seios,
conforme os salvadores lhes exigiam. Sou insuspeito, insurgi-me
contra os banimentos da nudez peitoral impostos pelas autoridades
de Veneza e da China. Mas parece-me desajustado que o equilíbrio
surja, em circunstâncias anormais, numa parte do mundo que nada
tem a ver com aquelas.
Sempre me intrigou o facto de ninguém jogar com os nomes do furacão
Katrina e a personagem de Shakespeare de «A Fera Amansada», Katharina.
Talvez isso se deva a nenhuma força ter conseguido deter o carácter bravio
do primeiro. E, nesta procissão de tempestades de ressonâncias
shakespeareanas, a senhora que se segue, aproximando-se da
Florida, dá pelo nome de Ophelia...
presidentes dos EUA, acha que «tratando-se de indigentes,
as operações de auxílio no sul do seu país até nem correram
mal». Certamente pensava no sargento da polícia da Luisiana
que se suicidou por se ver incapaz de cumprir a sua missão,
ou na equipa de salvamento que deixou umas jovens isoladas
num telhado, por elas se terem recusado a desnudar os seios,
conforme os salvadores lhes exigiam. Sou insuspeito, insurgi-me
contra os banimentos da nudez peitoral impostos pelas autoridades
de Veneza e da China. Mas parece-me desajustado que o equilíbrio
surja, em circunstâncias anormais, numa parte do mundo que nada
tem a ver com aquelas.
Sempre me intrigou o facto de ninguém jogar com os nomes do furacão
Katrina e a personagem de Shakespeare de «A Fera Amansada», Katharina.
Talvez isso se deva a nenhuma força ter conseguido deter o carácter bravio
do primeiro. E, nesta procissão de tempestades de ressonâncias
shakespeareanas, a senhora que se segue, aproximando-se da
Florida, dá pelo nome de Ophelia...
3 Comments:
At 3:36 PM, Anonymous said…
kkkkk
At 2:54 AM, Anonymous said…
Nem sei o que dizer.
Desconhecia esse pormenor das meninas em cima do telhado.
Mas acompanhei, via Net, o salvamento de Oliver, o poodle do blogger Alexandre Castro Almeida, um brasileiro do www.liberallibertariolibertino.blogspot.com (aconselho vivamente) que ficou fechado em casa, em New Orleans. Foi salvo por um fotógrafo americano de ascendência chinesa, amigo de um amigo de uma amiga...
Vale a pena irem ao blog para lerem uma história de New Orleans com happy ending.
At 1:11 PM, Bruno Santos said…
«A Fera Amansada» é um belíssimo texto. Inovador, a seu tempo, no tratar das relações entre homens e mulheres, antecipando até o esforço de "libertação" das mesmas. Para uma peça do século XVI não está mal.
Mas não há motivo para jogos de palavras com os nomes do furacão e da protagonista da peça. Os nomes de personagens de Shakespeare já foram utilizados para baptizar os satélites de Urano (excepto dois, que ficam a dever o nome à imaginação criadora de Alexander Pope). De «A Fera Amansada», a personagem chamada a baptizar um dos satélites foi a Bianca. Já chega, pois, de confusões entre o génio de Stratford-upon-Avon e a Natureza.
«A Fera Amansada» é uma comédia; o Katrina foi uma tragédia — o "pesadelo de uma noite de Verão", se quisermos manter o registo shakesperiano. E a Katharina, de fera indomável, transmudou-se em esposa submissa e fiel às mãos de Petruchio. (É certo que o leitor mais atento apercebe-se de que é Katharina, conscientemente, quem se deixa domar, talvez para assim dominar ainda mais o 'domador'; mas nestas coisas, porém, o marido costuma ser sempre o último a saber).
Se a senhora que se segue responde pelo nome de Ophelia, isso dá-nos um registo mais pessoano, o que se calhar não augura nada de bom para os americanos; e os que se espantam das chantagens dos 'salvadores', aguardem por 2006: quando chegar o Isaac, temo que vá ser o cabo dos trabalhos e das judiarias.
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