Ervas Daninhas

Não sou dos que desprezam a obra de José Saramago,
que respeito, como tecnicamente elaborada, sem, contudo,
nutrir por ela qualquer afecto. O que me não impede de
saber separar o homem do escrito. Como ser humano o nosso
Nobel é do mais repelente com que tenho deparado. Nem sequer
falarei da sanha persecutória que o afamou no pós 25A. Refiro,
unicamente, as declarações com que nos vai brindando de quando
em vez. Desta, não acha nada contraditório apoiar dois candidatos
à Presidência, Jerónimo e Soares. Acreditando que não esteja a
remeter para mais uma candidatura fictícia do PCP, faz-me lembrar
aqueles adeptos da Académica, ou do Estoril que, para o Título,
apoiam um dos grandes. E quando as duas equipas jogam entre elas,
sentem-se de tal modo divididos que querem que nenhum ganhe, única
forma de se forçarem a crer que ambas venceram. Só que, em eleições
uninominais, há empatas, mas não há empates.
E o pior de tudo foi a justificação: afinal quem ganhe nem lhe
interessa por aí além: segundo o próprio, «só quero que a Direita
perca». É o puro ódio que formou muita esquerda doutros tempos. E
há quem seja incurável...