Saddamizado
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Não entrarei em manifestações de júbilo pela condenação de um Homem, por muito merecida que a ache. Não farei fretes aos Amigos que preferiam ter em Bagdad um poder que ameaçava a tranquilidade dos Estados próximos, prezando mais a estabilidade sanguinolenta de um com largas bolsas de pobreza, apesar dos recursos que tinha para a combater, do que a continuidade das Monarquias do Golfo, que têm má imprensa, mas deram aos seus escassos nacionais um nível de vida e uma asistência social únicos. A sentença de Saddam Hussein, ao julgar a repressão vingativa sobre os Shihitas de Dujail, é uma vendetta, por sua vez. Que é a única maneira de fazer justiça em política revolucionária, apesar de escondida pela capa nada enganadora da farsa de um "julgamento".
Penso que os que determinaram a morte do seu ex-Chefe de Estado deveriam pensar bem e conceder a execução, conforme pedido, por um pelotão de fuzilamento, na medida em que o político apeado lhes comandou os militares e decidiu, em última instância, os apelos. Por uma questão de honra, como já aqui defendi, mas não só. Não fica bem a um País que quer sobreviver matar uma sua ex-primeira figura da mesma maneira que elimina os criminosos banais. A menos que se queira repartir, de vez, o território em três nações, com o que até concordaria. Mas, nesse caso, seria ainda conveniente conceder a morte honrosa, capaz de satisfazer os que viram os seus chacinados, mas não acrescentando à inflicção da pena capital a exteriorização do vexame que estimulasse as pulsões revanchistas entre os futuros vizinhos.
Saddam deve ser tratado de acordo com a sua lei, mas não com o exagero aviltante, para a sua memória e para a consciência dos decisores.
3 Comments:
At 12:03 AM, Anonymous said…
Nem sei que pensar deste assunto. Se forem espertos, os iraquianos, devem mandá-lo para o Bush e lavar as mãos.
Cumpts.
At 9:13 AM, T said…
Eu acho barbárie uma execução. Vão transformá-lo num mártir. Talvez seja o que se pretenda.
At 10:53 AM, Paulo Cunha Porto said…
Meu Caro Bic Laranja:
Mas é isso que eles não querem: xiitas e curdos, para tirar desforço, esses mais os outros, para mostrar que, se não conseguem eliminar sozinhos os insurrectos, ao menos são capazes de dar cabo deste inimigo...
Querida T:
O problema é, na concepção deles, «um mártir morto ser talvez menos perigoso do que um herói vivo»...
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