A Contradição Humana
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Apesar de tantas coisas nos separarem, a começar pelas adesões que escolheu, quer quando dado à Esquerda, quer quando posto à Direita, que para mim Rojos da Guerra de Espanha e De Gaulle estão para lá do aceitável, sei bem quando começou a minha afeição por André Malraux: na leitura juvenil, aos treze anos, do final de «A Condição Humana», em que um revolucionário condenado à morte que dispunha de uma cápsula de veneno a cede a um camarada aterrorizado com a perspectiva de ser morto num incenerador, enfrentando ele o sacrifício mais doloroso.
Mais do que a coincidência das nossas datas de nascimento, ou dos seus escritos estéticos, em que me entusiasma mais o que diz da Crítica do que o quanto reflecte sobre a Arte, foi bem a sua concepção de que «Ninguém é absurdo» a formulação que, paradoxalmente, encontrei mais próxima de que "toda a gente é absurda, embora alguns felizardos não se apercebam disso". Na distinção que apenas remetesse a uns o sórdido da absurdidade reside o opróbrio da Espécie.
E dou como comprovação e sublinhado o que muitos acharão uma marginal característica e eu vejo como um corolário: o gosto exacerbado pelos gatos. Nunca poderia deixar de me sentir próximo de Alguém que, em certo momento da vida, assinou como se mostra ao lado.
Apesar de tantas coisas nos separarem, a começar pelas adesões que escolheu, quer quando dado à Esquerda, quer quando posto à Direita, que para mim Rojos da Guerra de Espanha e De Gaulle estão para lá do aceitável, sei bem quando começou a minha afeição por André Malraux: na leitura juvenil, aos treze anos, do final de «A Condição Humana», em que um revolucionário condenado à morte que dispunha de uma cápsula de veneno a cede a um camarada aterrorizado com a perspectiva de ser morto num incenerador, enfrentando ele o sacrifício mais doloroso.
Mais do que a coincidência das nossas datas de nascimento, ou dos seus escritos estéticos, em que me entusiasma mais o que diz da Crítica do que o quanto reflecte sobre a Arte, foi bem a sua concepção de que «Ninguém é absurdo» a formulação que, paradoxalmente, encontrei mais próxima de que "toda a gente é absurda, embora alguns felizardos não se apercebam disso". Na distinção que apenas remetesse a uns o sórdido da absurdidade reside o opróbrio da Espécie.
E dou como comprovação e sublinhado o que muitos acharão uma marginal característica e eu vejo como um corolário: o gosto exacerbado pelos gatos. Nunca poderia deixar de me sentir próximo de Alguém que, em certo momento da vida, assinou como se mostra ao lado.
10 Comments:
At 11:26 PM, Guilherme Roesler said…
Muito bom este blog. Sem duvidas, voltarei mais vezes. Parabens!
Abraços,GR
At 12:43 AM, Anonymous said…
Querido Paulo,
Muitos Parabéns da visitante
"uruguaia".
Passo o ano novo em Portugal e,
se quiseres "actualizar-me" o teu
e-mail, será mais fácil combinar o
cafézinho pois de que outra forma te poderei entregar os pacotes de açúcar? (aqui que ninguém nos ouve...já vais adiantado na coleção?).
Um grande abraço
da
carmo
At 1:08 AM, Ricardo António Alves said…
Esta é boa! Só para ter um «comment» da Carmo, franquearia de bom grado o meu blogue. O que vale é que a minha rapaziada põe-me de vez em quando em contacto com o Uruguai.
P.S. Andei a ver se via o Jorge na Cimeira. Ele que apareça!Ósculos, Omrac.
Quanto a ti, quadragenário, tens os parabéns no post abaixo. Abraço.
At 2:02 AM, Anonymous said…
RAA: tens um "comment" meu no teu
e-mail...e nem precisaste de franquear o teu fantástico blogue!
Neste caso, deu-me muito jeito o sistema do P, pois confesso que me
conseguiu baralhar com os seus endereços electrónicos. Querem lá ver que tenho de ir lá arrombar-lhe a porta?
Ósculos para ambos
da vossa
omrac
At 10:28 AM, Paulo Cunha Porto said…
Meu Caro Guilherme Roesler:
Muito obrigado pelas Suas palavras de apreço. Espero tê-Lo por cá muito mais vezes. Sempre que nos dê a honra da Sua companhia será recebido de braços abertos.
Querida Carmo:
Já valeu a pena fazer anos, para ter um comentário Teu! O e-mail? Está por baixo do "profile":
misantropo_enjaulado@yahoo.com
Vamos a isso. Tenho-me mantido actualizado sobre Vós, já que encontro a Tua Mãe dia sim, dia não.
Obrigado, Caríssimo RAA. Quadragenário, sim, mas já há bastante tempo. E estás a ver como é bom não impedir que "o comentário, quando nasce, seja para todos"? Nem interromper-lhe voluntariamente a gestação?
Querida Carmo:
Espero que vencida esta barreira psicológica venham muitos mais. Se soubesse que resultava, até prescindia do e-mail, para Te ter aqui a comentar, todo o Santo Dia. E até em dias infernais, como o de ontem.
Beijinhos e abraços.
At 5:04 PM, Ricardo António Alves said…
Oh, o meu mail!... É tão restrito que caducou por falta de uso, a Deus graças! Mas com o Sype das minhas crianças, para que é preciso mail? Até já!
Paulo, meu caro: sou contra as interrupções, como sabes, e qualquer dia falarei sobre isso. Abraço.
At 7:29 PM, Paulo Cunha Porto said…
Óptimo, Caríssimo RAA!
Quanto ao "mail", eis o que faz a nostalgia da Pátria: tão grande é a saudade e a ânsia de comunicar, que chega a fantasiar-se a Tua Pessoa a abri-lo todos os dias!
Cai na real, Carmo!
Beijinhos e abraços.
At 10:54 PM, Xantipa said…
Que belo postal!
Louvo a atitude de apreço pela estética, mesmo quando as posições políticas não são coincidentes!
E que bela assinatura do Malraux!
:)
At 12:08 PM, Paulo Cunha Porto said…
Querida Xantipa:
Quer por inclinação, quer por atenção ao meu Mestre Léon Daudet, desde muito cedo bani a política das minhas apreciações em Literatura e em Arte. A realização estética é o critério que preside aos meus interesses nessas áreas.
Mas no caso de Malraux há ainda outra afinidade: a preocupação em encarar o Homem como «mais do que o indivíduo» também me é comum. Optámos por vias diferentes, mas a semente é a mesma.
Beijinhos.
At 12:09 PM, Paulo Cunha Porto said…
PS: a assinatura era coisa de que gostaria de ter tido a ideia!
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