Os Demónios na Escrita

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11 de Novembro, dia do nascimento de Dostoievski, o Autor do romance que coloco sobre todos, esse «CRIME E CASTIGO» que pouquíssimo original me faz. Onde outros, em tempos mais recentes sublinharam, com força a meu ver menor, a necessidade da acção de Judas para a efectividade da Paixão, querendo apresentar essa instrumentalidade como entendimento, o extraordinário Russo soube mostrar um assassínio sórdido e quase macguffinesco na sua gratuitidade, a partir do ponto de vista que não emane da vítima, como componente necessário de uma Remissão que só poderia advir do sacrifício expiatório, para o efeito consubstanciado na pena, mas traduzindo pobremente o que mais importava, que era a necessidade moral em quem partira da negação da necessidade da Moral. Por isso D. se queria um realista, por ter testemunhado nos criminosos que conhecera essa convicção íntima da inevitabilidade actuante da transcendência da retribuição, que, como Outrora, permitisse a mudança de lado, sem ser o mísero triunfo da força institucional da Autoridade, embora sem poder prescindir dela. Gide levou centos de páginas a sublinhar que o traço mais característico de Dostoievski era a crença nas forças demoníacas. Não terá errado de todo, salvo no «mais». Porque o que verdadeiramente o individualizará, cada vez mais, é a Fé nos tortuosos caminhos para à Paz e ao Amor chegar, o mais eficaz concorrente da água benta para as afastar.