Crime e Castigo II

A visita do Prof. Alan Beane veio trazer-nos um vocábulo mais, mas não um conceito de equivalente novidade. Com efeito, a tentativa de humilhação dos colegas e a agressão dos mesmos é espectáculo tão triste e tão velho quanto o da instituição escolar e, antes da ultra-ligação contemporânea, era a dura triagem das naturezas fortes que a essas indisfarçadas vazões da maldade conseguiam resistir e das que sucumbiam procurando os escapes que as arruinavam. Assim, o que há de inovador no uso da Internet para ampliar a audiência de rejeição das vítimas é a diminuição das probabilidades de esperança que restariam a estas. Nas juvenis mentes dos humilhados e ofendidos de outrora jazia a expectativa de agradar a outros que no futuro se conhecesse, fora daquele grupo que os feria continuamente. Com as práticas do tal bullying a que o especialista se refere, os marginalizadores surgem nos espíritos dos zurzidos com a dimensão do Mundo, pois o seu calvário abarca como partícipes toda a gente que conseguem vislumbrar, desde que ao alcance de um clic deles estejam. É este alargamento dos verdugos que explica a verdadeira carne viva em que se transforma a esfera sensível dos agredidos. E que justifica a desproporção das reacções.
Mas no seu íntimo talvez não sejam desproporcionadas, pois terão visto tirar-lhes o que mais importa. A adolescência oferece ainda menos defesas contra a insinuação diabólica, está mais do que comprovado.