Uma Questão de Fé
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No conflito que opõe a Ordem dos Notários ao Governo, a propósito de entidades como advogados e solicitadores poderem passar a reconhecer certos documentos, dou inteira razão aos tabeliães profissionais, quando argumentam que «só um oficial público, dotado de fé pública» está em condições de conferir a autenticidade. Não gosto da ideia de profissões que visam a prossecução de interesses de parte poderem outorgar a um qualquer escrito a força probatória que só deve permitir-se que dê quem está acima deles, sob pena de confusão das versões particulares com o que a Comunidade está preparada para reconhecer. E a defesa do Governo, dizendo que visa instituir concorrência e simplicidade onde elas inexistem apavora-me. Fazer prova não deve ser coisa simplificada à outrance, antes se deseja que tenha um mínimo de solenidade que desperte o respeito na generalidade dos espíritos, mesmo que inconscientemente. E a concorrência, temo que traga o efeito de degradação que teve nas televisões e nos jornais desportivos: que na corrida para arrebanhar clientela, a atenção e o respeito dos requisitos do que se reconheça fiquem esquecidos em algum recanto obscuro.
Todavia, em medida menos dilatada, considerações desta ordem também poderiam ter sido esgrimidas contra a privatização dos cartórios. O desejo do lucro não deveria ter impelido os ilustres colegas deste «Notário» de Fernando Botero a libertarem-se da condição de servidores totais do Estado.
No conflito que opõe a Ordem dos Notários ao Governo, a propósito de entidades como advogados e solicitadores poderem passar a reconhecer certos documentos, dou inteira razão aos tabeliães profissionais, quando argumentam que «só um oficial público, dotado de fé pública» está em condições de conferir a autenticidade. Não gosto da ideia de profissões que visam a prossecução de interesses de parte poderem outorgar a um qualquer escrito a força probatória que só deve permitir-se que dê quem está acima deles, sob pena de confusão das versões particulares com o que a Comunidade está preparada para reconhecer. E a defesa do Governo, dizendo que visa instituir concorrência e simplicidade onde elas inexistem apavora-me. Fazer prova não deve ser coisa simplificada à outrance, antes se deseja que tenha um mínimo de solenidade que desperte o respeito na generalidade dos espíritos, mesmo que inconscientemente. E a concorrência, temo que traga o efeito de degradação que teve nas televisões e nos jornais desportivos: que na corrida para arrebanhar clientela, a atenção e o respeito dos requisitos do que se reconheça fiquem esquecidos em algum recanto obscuro.
Todavia, em medida menos dilatada, considerações desta ordem também poderiam ter sido esgrimidas contra a privatização dos cartórios. O desejo do lucro não deveria ter impelido os ilustres colegas deste «Notário» de Fernando Botero a libertarem-se da condição de servidores totais do Estado.
2 Comments:
At 12:21 PM, Anonymous said…
- É tudo pelo dinheiro, senhor! Tudo pelo dinheiro!~
Cumpts.
At 7:02 PM, Paulo Cunha Porto said…
Pois é, Caro bic Laranja. Ai! E eu que enfiei «Fé» no título! Que imprevidência!
Abraço.
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