O Misantropo Enjaulado

O optimismo é uma preguiça do espírito. E. Herriot

Saturday, September 16, 2006

A Mulher

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Uma alcateia de pressurosos comentadores blogosféricos, sob a liderança de alguém que se assina «Mounir», tem inundado as caixas de língua francesa, dizendo, a propósito do falecimento de Oriana Fallaci, que «é mais uma fascista que se vai». Trata-se de um uso da qualificação tão atendível como o emprego pelo Presidente Bush do termo «Islamo-Fascismo» para designar o terrorismo islamista. Dar a um fanatismo religioso o nome de uma ideologia retintamente laica, desconfiada das religiões e, nos seus começos, até anti-clerical é tão acertado como chamar a alguém que se estreou na vida pública dentro das fileiras da resistência ao regime de Mussolini o nome que se davam os adeptos deste. Fallaci nunca o foi. Como nunca foi racista, outra acusação que lhe fazem. E nem era anti-muçulmana, até que aconteceu o 11 de Setembro. Pode-se dizer que este ainda a terá mudado mais do que mudou a inflexão da política externa norte-americana, num progressivo afastamento da militância feminista e pacifista radical, na direcção da luta contra o perigo apresentado por uma facção do Islão e de uma aproximação progressiva e encomiástica à Igreja Católica, que culminou numa audiência com o Papa. A sua apaixonada oposição ao Maometismo vinha quer do que este ameaçava fazer à Mulher, na perspectiva da conversão forçada que muitos dos seus prosélitos dão como fim, quer ao Ocidente, pela força da morte e do terror. Mas antes do 11 de Setembro não fora assim, chegara a entrevistar Khomeini. Foi a suprema infâmia desse dia que a retirou do casulo onde escrevia um romance e da cegueira que ainda hoje atinge muitos desculpadores oficiais dos que nos querem mal. Nem sempre foi justa: culpou todo o Islão, quando várias correntes dele se opõem tenazmente a esta modalidade de defesa da Fé. Mas tem a desculpa de ter identificado no património doutrinário que é comum a todos os seguidores de Maomé as sementes da catástrofe.
Para além de mudar o género ao título de um livro seu, penso que a melhor maneira de A homenagear será dar notícia desta compilação de estudos científicos sobre a condição feminina no Irão dos Ayatollahs. Não são opiniões, são pesquisas técnicas e imparciais, com reprodução da legislação vigente. Só esta bastava para secundar muitas das posições que foram as mais recentes desta grande Jornalista desaparecida.

5 Comments:

  • At 7:55 PM, Blogger Jansenista said…

    Diga-nos os sites!

     
  • At 8:31 PM, Blogger Paulo Cunha Porto said…

    Ui, vou à cata deles. Vi isso hoje de manhã...
    Ab.

     
  • At 8:54 PM, Blogger Paulo Cunha Porto said…

    Já "linkei" um, mas eles andaram por outros lados.

     
  • At 5:37 PM, Blogger António Viriato said…

    Oriana Falacci disse, porventura demais, aquilo que outros dizem de menos. Nalgumas coisas, terá exagerado, mas, no geral, todo o seu veemente grito, para estancar a onda de obscurantismo que o Islão fundamentalista, o único que se faz ouvir, representa para nós, se justificou pelo rumo ameaçador que aquela onda foi tomando cada vez com maior nitidez, para todos os que prezam os valores do Ocidente.

    E claro que nunca foi fascista, antes creio que andou pelo socialismo ou por grupos de inspiração política marxista, igualmente ameaçados pelo fanatismo islãmico, apesar da sua ilusão política, que toma aquele por aliado nas suas obsessões anti-americanas.

    Era um mulher de coragem, disso não podem restar dúvidas. O seu livro «A Raiva e o Orgulho» custa a ler, não por ser fascista, mas por entrar como uma espada afiada na nossa mal confortada consciência cívica.

    Não sabia que tinha morrido, apesar da terrível doença que há anos a rondava. Paz à sua alma.

     
  • At 10:24 PM, Blogger Paulo Cunha Porto said…

    É verdade que sim, Caro António Viriato. Uma Mulher de grande coragem, também na forma como viveu a doença e que é insusceptível de ser dada como vendida aos americanos, por a sua biografia, mesmo na parte final, virar os olhos para outro lado, no caso derradeiro para a orientação do Vaticano. O que não quer dizer que não pretendesse a unidade do Ocidente contra o perigo, ou que desprezasse qualquer potência instrumental no combate aos inimigos da nossa Civilização.
    Deus Há-De recebê-la bem, estou certo.
    Abraço.

     

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