O Mentiroso
Discordo de muitas posições expressas ao longo de décadas por Gunter Grass, não gosto da postura do homem e nem sequer tenho especial admiração pelo seu talento literário. Mas o coro de recriminações pela revelação do seu passado nas SS - nas Waffen, note-se -, partindo do próprio gabinete da Sr.ª Merkel, com assessores em histeria dizendo que ele deveria ser riscado da lista dos laureados com o Nobel, revela ao pior da Alemanha pós-guerra, com uma incapacidade de conviver com o seu passado que a leva, desesperadamente, a tentar mostrar-se mais anti-nazi do que os próoprios vencedores da Guerra. Outro tanto já tinha acontecido quando foi descoberto que o Filósofo Gadamer também havia servido na mesma organização.
Quanto ao protagonista, nada de novo. Julgando, talvez com razão, sepultadas na confusão do primeiro período de ocupação as confissões que fizera às autoridades militares americanas, criou para si um passado bastante fictício, segundo o qual o seu serviço militar apenas teria decorrido numa anódina unidade de DCA. E só admitiu o seu "negro curriculum", ao saber que historiadores, na ex-RDA, tinham encontrado fichas reveladoras. Hoje, garante que, quando na Juventude Hitleriana, tinha preenchido papéis, dando-se como voluntário para os submarinos, verificando mais tarde que lhe teriam dado a assinar um oferecimento para as forças de Himmler. Huuuuum, quem mentiu uma vez pode bem mentir duas.
No fim de contas, considerando o entusiasmo com que a grande maioria do Povo Alemão seguiu os hitlerianos, não é muito mais do que fazem os seus Compatriotas, acerca dos anos 1930´s e 1940´s, bem como da redução a uns poucos das maldades reconhecidas.
1 Comments:
At 7:34 PM, Paulo Cunha Porto said…
Sim um está bem para os outros e vice-versa. Não admira que não se estimem reciprocamente. Vêem contornos próprios no que olham.
Ab.
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