Ser Recordado É Viver
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16 de Agosto traz a lembrança de Jules Laforgue, poeta de quem é difícil dissociar a morte precoce da obra que produziu, já que ele próprio o não fez, chegando a dar a paisagem como vitimada pela tuberculose que o atingira e não tardaria a levá-lo. Mas não é desse poema, também conhecido, que hoje falarei, mas sim de um daqueles em que ressuscitou um género quase desaparecido, o da Complainte, poema-canção popular que, na sua versão medieval, era isento da ironia que viria a imperar a partir de Quinhentos e que reputo do mais parecido com o Fado que as letras francesas puderam produzir. Se nelas não toma o lugar de honra a Saudade, está ao volante o Destino e, ao lado, a Dor. E na específica concretização que Vos trago há também o problema da memória, com a diferença de se não centrar naquele que procura recordar, mas nos que têm medo de ser esquecidos, em face da concorrência aviltante das satisfações pequeninas da vida. É a específica grandeza que nos impele a que lembremos os Nossos Mortos, no fim de contas uma retoma da função original da poesia, a qual terá visado obstar ao esquecimento.
16 de Agosto traz a lembrança de Jules Laforgue, poeta de quem é difícil dissociar a morte precoce da obra que produziu, já que ele próprio o não fez, chegando a dar a paisagem como vitimada pela tuberculose que o atingira e não tardaria a levá-lo. Mas não é desse poema, também conhecido, que hoje falarei, mas sim de um daqueles em que ressuscitou um género quase desaparecido, o da Complainte, poema-canção popular que, na sua versão medieval, era isento da ironia que viria a imperar a partir de Quinhentos e que reputo do mais parecido com o Fado que as letras francesas puderam produzir. Se nelas não toma o lugar de honra a Saudade, está ao volante o Destino e, ao lado, a Dor. E na específica concretização que Vos trago há também o problema da memória, com a diferença de se não centrar naquele que procura recordar, mas nos que têm medo de ser esquecidos, em face da concorrência aviltante das satisfações pequeninas da vida. É a específica grandeza que nos impele a que lembremos os Nossos Mortos, no fim de contas uma retoma da função original da poesia, a qual terá visado obstar ao esquecimento.
COMPLAINTE DE L´OUBLI DES MORTS
Mesdames er Monsieurs,
Vous dont la mère est morte,
C'est le bon fossoyeux
Qui gratte à votre porte.
Les morts
C'est sous terre ;
Ça n'en sort
Guère.
Vous fumez dans vos bocks,
Vous soldez quelque idylle,
Là-bas chante le coq,
Pauvres morts hors des villes !
Grand-papa se penchait,
Là, le doigt sur la tempe,
Sœur faisait du crochet,
Mère montait la lampe.
Les morts
C'est discret,
Ça dort
Trop au frais.
Vous avez bien dîné,
Comment va cette affaire ?
Ah ! les petits mort-nés
Ne se dorlotent guère !
Notez, d'un trait égal,
Au livre de la caisse,
Entre deux frais de bal :
Entretien tombe et messe.
C'est gai,
Cette vie ;
Hein, ma mie,
Ô gué ?
Mesdames et Messieurs,
Vous dont la sœur est morte,
Ouvrez au fossoyeux
Qui claque à votre porte ;
Si vous n'avez pitié,
Il viendra (sans rancune)
Vous tirer par les pieds,
Une nuit de grand'lune !
Importun
Vent qui rage !
Les défunts ?
Ça voyage....
2 Comments:
At 9:19 PM, Anonymous said…
Je voudrais tout simplement Vous féliciter, Cher M. Cunha Porto.
Le poème est beau, et votre blog est aujourd'hui le seul, au Portugal, a dédier une miette d'attention aux Belles Lettres Françaises.
Hélas, tout passe!
Très amicalement,
L'Homme au Masque de Fer
At 10:12 PM, Paulo Cunha Porto said…
Cher "Masque":
J´aimerai bien de rendre un tout petit service a cette Litterature Mythique
Votre.
m
Meu Caro Visconde:
Laforgue é sempre recomendável e muito recomendado, mas, por cá, não é muito costume pegar por aqui.
Abraços a Ambos.
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