A Aura da Acção
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A outra efeméride respeita a T. E. Lawrence, de quem o próprio e os biógrafos posteriores fizeram crer, após a triunfante actividade combatente contra os Turcos, que se teria rendido ao fascínio da civilização árabe e à amizade com Faisal, o terceiro Filho do Xerife de Meca, passando o resto da vida amargurado por não ter conseguido que os governantes de Londres actuassem de modo a ser mantida a sua palavra no sentido de criar um grande estado árabe de coroa hashemita. É preciso andar com cautelas. Os arranjos diplomáticos e o memorando sobre a «Reconstrução da Arábia» que enviou ao Gabinete Britânico, em 4 de Novembro de 1918, manifestam uma sintonia bastante acentuada, no sentido de fragmentar o poder árabe e garantir o predomínio inglês sobre os emirados ou reinos a estabelecer. E a tão propalada traição à palavra dada não foi tão triunfante como isso, conforme prova o que escreveu numa carta a William Yale, em 1929, dizendo que o acordo obtido por Churchill em 1922 o tinha satisfeito inteiramente e «deixado de mãos limpas».
Não, o maior problema do Lawrence das Arábias foi o de qualquer intelectual que lidera uma acção revoltosa: o de não poder determinar o final dela, como escreveria o termo de um romance. Ser agente secreto é compatível com uma e outra dessas duas condições, mas o problema do aniversariante de 16 de Agosto era ser muito agente e ter pouquíssimo de secretismo. Nem na sexualidade. Talvez tenha sido a busca dele que determinou a anónima parte final da sua vida, na RAF.
A outra efeméride respeita a T. E. Lawrence, de quem o próprio e os biógrafos posteriores fizeram crer, após a triunfante actividade combatente contra os Turcos, que se teria rendido ao fascínio da civilização árabe e à amizade com Faisal, o terceiro Filho do Xerife de Meca, passando o resto da vida amargurado por não ter conseguido que os governantes de Londres actuassem de modo a ser mantida a sua palavra no sentido de criar um grande estado árabe de coroa hashemita. É preciso andar com cautelas. Os arranjos diplomáticos e o memorando sobre a «Reconstrução da Arábia» que enviou ao Gabinete Britânico, em 4 de Novembro de 1918, manifestam uma sintonia bastante acentuada, no sentido de fragmentar o poder árabe e garantir o predomínio inglês sobre os emirados ou reinos a estabelecer. E a tão propalada traição à palavra dada não foi tão triunfante como isso, conforme prova o que escreveu numa carta a William Yale, em 1929, dizendo que o acordo obtido por Churchill em 1922 o tinha satisfeito inteiramente e «deixado de mãos limpas».
Não, o maior problema do Lawrence das Arábias foi o de qualquer intelectual que lidera uma acção revoltosa: o de não poder determinar o final dela, como escreveria o termo de um romance. Ser agente secreto é compatível com uma e outra dessas duas condições, mas o problema do aniversariante de 16 de Agosto era ser muito agente e ter pouquíssimo de secretismo. Nem na sexualidade. Talvez tenha sido a busca dele que determinou a anónima parte final da sua vida, na RAF.
9 Comments:
At 4:10 AM, Anonymous said…
Vi o "Lawrence da Arábia" na última fila da plateia do saudoso Império.Tinha 10 anos.
Nunca mais deixei de rever o filme.
At 8:35 AM, Paulo Cunha Porto said…
Caríssimos Visconde e Luís:
Penso que Peter O´Toole é adequadíssimo ao personagem, pelo halo de "non-straight sexuality" que exala. E até pela fisionomia, apesar do contra de a sua estatura física ser muito mais elevada do que a do Lawrence real.
Abraços a Ambos.
At 12:57 PM, Anonymous said…
Estimado Misantropo,
Creo que con Lawrence por lo menos una lección podremos aprender: la necesidad de estudiar las culturas y los pueblos árabes, la posibilidad de descubrirlos y admirarlos.
Las sombras son insoslayables... pero no son todo.
El Guerrero del Antifaz
At 7:38 PM, Paulo Cunha Porto said…
Meu Caro Guerrero:
Isso já ele tinha feito enquanto académico e concordo perfeitamente com tal. A paixão que quis convergente e se mostrou concorrente, traduzida na embriaguês da acção, é que veio a redundar na admiração de si próprio e na pueril necessidade de falar dela. É essa a parte que censuro, não o desinteressado olhar para o Outro.
Abraço.
At 7:49 PM, Anonymous said…
El Guerrero del antifaz se ha convertido a lo políticament correcto.......
At 8:09 PM, Paulo Cunha Porto said…
Meu Caro Roberto:
El Guerrero? No puedo creerlo!
Ab.
At 5:08 PM, Anonymous said…
Roberto, cuando vuelva Pedrín pídele que te explique mejor lo del politicamente correcto.
El Guerrero del Antifaz
At 8:35 PM, Anonymous said…
Amigo Guerrero: Pedrín se ha emancipado y se ha casado con una contable de nacionalidad dominicana.....¡Los superhéroes españoles somos así.......!
At 8:51 PM, Anonymous said…
Esperemos que Juan Centella siga siendo anti- comunista......
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