Consenso, Mas Não Com Senso

Chamo a atenção aos assessores do Dr. Mendes para o facto de que a adopção de um posicionamento sobre o envio de tropa portuguesa para o Líbano semelhante ao do Governo pode ser uma esperteza, considerando as cautelas paralisantes de que se rodeia, ao pedir «resolução da ONU esclarecedora» da que ela produziu, mas será sempre uma fraqueza, por fingir não perceber que a obscuridade foi propositada e por não ter a coragem de opor-se firmemente à simples possibilidade dessa aventura sem glória e à sua congeminação socrática. Nem um dos lados consentirá em ser desarmado, nem o outro em ver vedadas as incursões. E não é justo que se queira atirar para cima de ombros lusos uma responsabilidade que não pode nem deve ser sua, ainda que por via clarificadora.

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Onde uns pecam por excesso, fazem-no outros por defeito: não sou, longe de mim, Provedor dos Socialistas Portugueses, mas penso que teriam toda a vantagem em nomear consensualmente com o PSD o novo Procurador Geral da República, pois as jeremíadas da «cabala» os revelaram incompetentes, do seu ponto de vista, para operar a escolha referida. Todo o triste rol de queixas da férrea direcção do PS contra o Dr. Souto de Moura que o próprio Ministro António Costa escolheu, quando na Justiça, fazem, por outro lado, pensar que a insistência na unilateralidade da designação visa assegurar um nome encobridor dos dignitários do Rato, se outro megaprocesso ao jeito do da Casa Pia for despoletado.

Mas é gastar energia em vão. Ou muito me engano ou, tendo presente o que aconteceu ao Antecessor, o próximo PGR voltará à prática estabelecida de não mover uma palha, de cada vez que surjam nomes politicamente sonantes, em nome da dificuldade de prova, mais que não seja. Se não por solidariedade ideológica, ao menos por instinto de conservação da cadeira.