A Tábua de Salvação
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A 20 de Julho de 1944 muitos oficiais e diplomatas que tinham aceite o advento Nacional-Socialista na Alemanha, a contragosto, decidiram-se a um golpe desesperado, eliminando a cabeça do regime e tentando salvar do seu País o que fosse possível. Já evoquei Stauffenberg nesta página, como poderia referir os quatro marechais, dezenove generais e demais altas patentes que, por directa perseguição ou ordens complementares, foram despachados pelas instituições, em consequência esperável. Muitos deles tinham-se disposto ao sacrifício de coabitar com os demagogos levados ao poder pelo povo, como meio de superar a anarquia e as draconianas imposições internacionais que afligiam os Alemães. Houve, porém, Um que nunca quis a Guerra, mesmo antes dela começar, alertando o Mundo para não ceder às reivindicações teritoriais de Hitler, em 1937, nem quando ela corria bem, aliando-se ao General Beck, sem obter grande eco, em 1940. Enquanto a maior parte dos outros foi decidida à acção por a aventura estar a degenerar, ele considerou-a, desde o início, a própria degeneração. Se a maioria dos conjurados queria um governo de transição sob chefia militar prestigiosa, que permitisse uma negociação da paz na Frente Ocidental, Este viu bem que só o regresso tão rápido quanto possível da Monarquia poderia salvar a Nação e evitar feridas maiores na Europa. Perante a cabeça decepada de Carl Goerdeler, que nem era militar, nem diplomata, inclino-me, esquecendo que cedeu à baixeza de um atentado, pois é por demais visível o desejo de evitar mal muito maior, bem simbolizado por uma inaceitável consequência que resultou do falhanço da bomba em atingir o alvo: a substituição da saudação militar tradicional por uma de extracção partidária.
A 20 de Julho de 1944 muitos oficiais e diplomatas que tinham aceite o advento Nacional-Socialista na Alemanha, a contragosto, decidiram-se a um golpe desesperado, eliminando a cabeça do regime e tentando salvar do seu País o que fosse possível. Já evoquei Stauffenberg nesta página, como poderia referir os quatro marechais, dezenove generais e demais altas patentes que, por directa perseguição ou ordens complementares, foram despachados pelas instituições, em consequência esperável. Muitos deles tinham-se disposto ao sacrifício de coabitar com os demagogos levados ao poder pelo povo, como meio de superar a anarquia e as draconianas imposições internacionais que afligiam os Alemães. Houve, porém, Um que nunca quis a Guerra, mesmo antes dela começar, alertando o Mundo para não ceder às reivindicações teritoriais de Hitler, em 1937, nem quando ela corria bem, aliando-se ao General Beck, sem obter grande eco, em 1940. Enquanto a maior parte dos outros foi decidida à acção por a aventura estar a degenerar, ele considerou-a, desde o início, a própria degeneração. Se a maioria dos conjurados queria um governo de transição sob chefia militar prestigiosa, que permitisse uma negociação da paz na Frente Ocidental, Este viu bem que só o regresso tão rápido quanto possível da Monarquia poderia salvar a Nação e evitar feridas maiores na Europa. Perante a cabeça decepada de Carl Goerdeler, que nem era militar, nem diplomata, inclino-me, esquecendo que cedeu à baixeza de um atentado, pois é por demais visível o desejo de evitar mal muito maior, bem simbolizado por uma inaceitável consequência que resultou do falhanço da bomba em atingir o alvo: a substituição da saudação militar tradicional por uma de extracção partidária.
posted by Paulo Cunha Porto @ 10:49 AM
3 Comments:
At 12:43 PM,
Jansenista said…
Um homem de coragem em tempos impossíveis. Às vezes vale a pena contrastar esses exemplos com a cultura de sucesso dos troca-tintas que se desdobram em panegíricos a quem lhes meta medo.
At 6:14 PM,
Anonymous said…
Oportuna evocação. Imperdoável o atentado fracassado de Stauffenberg, tratando-se de um coronel do Estado-Maior que, sendo embora uma reacção tardia, tinha antecipado o final da guerra em cerca de nove meses, período em que a Alemanha sofreu uma implacável e penosa destruição, e em que o seu povo e os sub-humanos que enchiam os campos de concentração, passaram por atrozes sacrifícios, sem esquecer as consideráveis baixas das forças aliadas, ainda a braços com a guerra do Pacífico.
Abaços.
Zé
At 6:57 PM,
Paulo Cunha Porto said…
Meu Caro Jansenista:
e de uma constância sem par, para além de não lhe poder ser assacada qualquer vingança pessoal contra os hitlerianos, que, pelo contrário, lhe tinham pedido para continuar em funções oficiais em Leipzig, sendo a iniciativa da ruptura toda dele, em função do que via e adivinhava. Escolhi-O também porque para servidores do Estado nas carreiras militar e diplomática poderia sempre estabelecer-se um conflito de lealdades entre o Bem Pátrio e o juramento ao Poder do Momento. Lembra-se das minhas dúvidas quanto ao que terá passado pela consciência de Stauffenberg, a que o Meu Querido Amigo e o Rafael Castela Santos opuseram entendimento filosófico e cristão da admissibilidade do tiranicídio? Goerdeler estava livre destes contratempos. E usou essa liberdade de uma forma que é difícil encontrar mais digna.
Meu Caro Zé:
Tenho-me perguntado muitas vezes se os Aliados Ocidentais teriam concedido o armistício a um governo militar alemão presidido por Rommel, evitando o prolongamento de todas as desgraças que tão bem evoca e detendo o Exército Vermelho muitíssimo antes de Berlim, dando à possibilidade da Guerra Fria uma dimensão muito menor. O Chefe de Estado Maior de Eisenhower diz que os anglo-americanos, avisados pelo Número 2 de Canaris, esperavam muito do atentado. E a doutrina acordada era não negociar com Hitler. Teria podido haver acordo, o que é diferente de Rendição Incondicional, para pôr Estaline fora da carroça?
Abraços a Ambos.
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