O Arruaceiro
Tenho seguido com interesse a saga eleitoral do México, um País mais importante do que o seu desempenho histórico. Lopez Obrador, à partida, até poderia despertar-me alguma simpatia, pela defesa que faz da prioridade do combate à pobreza, não tendo, nesta campanha eleitoral em que era o favorito, enveredado por uma retórica contra o mundo euro-americano, à Chavez, ou pela da luta de classes. E metia um olho pelo outro quanto ao aparente vencedor, Calderón, do PAN, por temê-lo um homem dos americanos, quer pela formação, quer pelos contactos que desenvolveu, quando no sector da energia, apesar de parecer uma pessoa agradável. Simplesmente, a reacção às contagens do perdedor, querendo mobilizar a rua contra os resultados, é inaceitável. Os observadores dizem que não houve problemas de maior, mas nem é nisso que me baseio para o condenar. É que ele produziu duas afirmações falsas, ao dizer que o instituto oficial de apuramento lhe tinha dado a vitoria no escrutínio e depois feito marcha-atrás; e ao acusar o adversário de ter garantido que a vitória era sua, antes do fim, o que seria sinal de um entendimento com as autoridades, no sentido da fraude. Nada disso se passou dessa maneira: os dados divulgados, com noventa e tal por cento dos votos contados, deram a Obrador não um triunfo, mas uma curta liderança. E o seu oponente fez uma comunicação em que dizia estar certo da vitória, por já terem sido conferidos os sufrágios dos bastiões da Esquerda, a vantagem ser tão curta e faltar apenas conhecer o desfecho em áreas de largo predomínio seu.
Ou seja, o que o mau perdedor fez foi como se, hipoteticamente, por cá, o PCP garantisse ter ganho as eleições por haver saído vitorioso no círculo de Beja, tendo este sido o primeiro a fechar, sem atender ao que faltava, no resto do País. Aliás, o terceiro posicionado, do PRI, que, apesar de tudo, ainda representa largos milhões de pessoas, já felicitou o vencedor.
Pode-se contestar a validade de um governo saído de eleições. Eu grito-o, continuamente. Mas não se pode fazê-lo, depois de, como candidato, aceitar as regras do jogo.
1 Comments:
At 7:10 PM, Paulo Cunha Porto said…
Penso, Caro Espadachim, que há alguma razão nisso, já que ele presidiu aos destinos do município da Cidade do México, como se sabe. É provável que tenha querido aproveitar a gratidão dos munícipes dessa enorme cidade, por algum trabalho de valia que tenha efectuado. Curioso verificar que, para o parlamento, o partido do vencedor conseguiu melhor resultado que o do seu candidato presidencial.
Abraço.
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