Muito Cá de Casa

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Foi num 5 de Julho, sessenta e tal anos atrás, que foi concebido um grande amigo desta página, daqueles em que nunca podemos deixar de pensar, quer quando estão presentes, quer quando não comparecem. Falo do bikini, Senhores, resultado da mais excitante corrida por uma descoberta, desde que Leibnitz e Newton competiram pela do cálculo infinitesimal. Sabe-se como Jacques Heim fez um avião rebocar uma faixa de propaganda do seu «Átomo, o fato de banho mais pequeno do Mundo» e como Louis Réard usou o mesmo meio para o nosso conhecido, nomeado a partir do atol das experiências com bombas atómicas, dizendo o dístico «o fato de banho que é mais pequeno do que o fato de banho mais pequeno do Mundo».
Mas nesta história conhecida poucos terão atentado em que se tratava de uma vitória da técnica sobre a arte, uma vez que Heim era um conceituado criador de moda de Cannes e Réard um engenheiro mecânico. Assim como a utilização da vedeta da dança nua do Casino Paris, Micheline Bernardini, para desfilar com o novo modelo costuma sempre ser referida como tendo tido lugar em virtude de as profissionais da passerelle se terem recusado fazê-lo, omitindo-se que de um adicional e notável truque publicitário se tratava, uma vez que o público terá afluído, quanto a mim, na mira de ver um espectáculo raríssimo, o qual, aliás, se revelaria único: uma exibição da vedeta citada com alguma (ainda que escassa) roupa em cima.

Mas pelos triângulos de pano, desde que não sejam de dimensões exageradas, impõe-se dar graças.