Memorial de Santo António

Casamenteiro e Achador das Coisas Perdidas o querem as Gentes, Doutor da Igreja o fizeram, em tempo brevíssimo o canonizaram. Uns o chamam de Lisboa, outros por Pádua puxam. Mas que espanta que possa ocupar dois lugares em simultâneo Quem em vida se celebrizou pela bilocação, salvando o Pai da forca na sua Pátria de origem, enquanto em Serviço de Deus andava na estranja?
Aconselhava sempre a que não nos apressássemos no momento das orações, clara indicação para que se não permitisse que o amor do mundo roubasse algum do tempo consignado ao Amor a Deus. Lição que também nos deve vacinar para a celeridade que queremos à viva força imprimir à satisfação de desejos individuais, com prejuízo para as aspirações que nos fazem menos indignos dos melhores de entre os Outros.
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Verdadeiro amigo da Obra Divina, nos seus prodígios protagonizam os animais, como os auditores atentíssimos que foram os peixes, ou a reverenciadora mula, aqui reproduzida, a partir das «Riquíssimas Horas do Duque de Berry». Prioridade dada ao alimento espiritual sobre o material, que, conjugada com o exemplo de se não deixar envenenar, fosse pela comida ingerida do milagre ou pelas nutrições publicitadas como diversão nos dias de hoje, que têm oculto o torpe desígnio de, tomando-a por totalidade, rebaixar ainda mais o Homem.
O Seu Exemplo, com a erudição imensa, bebida enquanto crúzio, posta ao serviço da humildade dos Pregadores, dissipou algum do temor que o Grande São Francisco de Assis tinha da perdição dos seus Frades pelo «inchaço do saber» contra o qual já S. Paulo alertara. Pudéssemos todos conciliar informação, talento atractivo e Missão como Ele o fez e no Mundo haveria bem menos heresias, logo infelicidade.