Tributo de um Nefelibata Castigado
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Mas hoje comemora-se também a data de nascimento de John Constable. Creio já aqui ter contado que, pelos meus vinte anos, saído de uma extraordinária conferência de Jorge Calado sobre este Artista e Turner e o tratamento dos fenómenos meteorológicos e atmosféricos na pintura de ambos, fui atropelado por mota de bom porte em plena Praça de Espanha, ressultando uma fissura na omoplata a acrescer a dolorosas contusões.
O Pintor festejado celebrizou-se como paisagista; e desse domínio acabou, nalguns trabalhos, por fixar as nuvens a que deu tratamento célebre. Ainda não a solo esse pendor é constatável em quadros como este que Vos trago: «A Abertura da Ponte de Waterloo», de 1829 em que a dissolução dos contornos na luz me parece bastante mais vincada do que no outro que proponho, oito anos anterior, «Meio-Dia, Hay Wain», apesar, ou talvez por causa, da hora meridiana.
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8 Comments:
At 9:34 PM, Anonymous said…
Existe uma frase de Constable adoravél: «É natural que eu pinte melhor os meus sítios - a pintura não é mais do que outra maneira de dizer sentimento».
Na "A Carroça de Feno" existe, a meu ver um pormenor excelente O Cão, que conduz o nosso olhar para o ponto de interesse, a carroça.
Em tempos alguém disse que esta presença canina tinha sido acrescentada à obra.Não obtive a certeza.
Poderá ser?
At 10:07 PM, Paulo Cunha Porto said…
É interessante que esse quadro, evocando uma cena do Sufolk, foi pintado "de memória", ou, em todo o caso, sem o local e a cena à vista. Foi-o em Londres, até. Até por isso, é mais do que possível o acrescento dessa "batuta animada" que orienta a leitura.
Bom ponto!
At 7:31 PM, Anonymous said…
Praça de Espanha = Antipática
At 12:06 AM, Anonymous said…
Belas escolhas! Cumpts.
At 5:47 AM, Anonymous said…
Extraordinário tratamento da luz.
Gosto muito de Turner.
At 9:01 AM, Paulo Cunha Porto said…
Caro Amigo de Espanha:
Pobre Praça que tem um edifício tão belo, como é o da embaixada do País do nome e culpa nenhuma no acidente! Essa cabe por inteiro à distracção deste sujeito desastrado que escreve.
Caro Bic Laranja:
Obrigado. Ontem tentei comentar no Blogo, mas o meu dispensável acrescento não entrou. A ver vamos se daqui a pouco já consigo.
Caro Luís:
Estes são do Constable, que, tal como o Turner é muito digno de ser fruído. Sem dúvida, quanto à luz.
Abraços aos Três.
At 5:17 AM, Anonymous said…
Eu vi que era Constable, mas sou um pouquinho menos ignorante em relação a Turner. O que não quer dizer que a ignorância não seja majestosa. Estou como no jazz, sou apreciador/fã.
E concordo com a Maria. Se apanhasse um quado de Constable e estivesse num concurso televisivo, certamente o iria identificar como Turner.
Ou Sisley, se me desse para aí.
Já era mais difícil confundir com Carlos Botelho ou José de Guimarães. Dois pintores de que também gosto muito.
At 9:22 AM, Paulo Cunha Porto said…
Querida Maria: Claro que acho, aliás na conferência extraordinária que, involuntariamente, originou o desastre estabelecia-se justamente uma certa genealogia entre ambos. O azul é também a minha cor favorita, idumentária incluída.
Ah! Também pinta? Fico com água na boca... Se quiser escolher a fotografia de uma obra para "expor" aqui no misantropo, serão honra e prazer inigualáveis...
Meu Caro Luís:
Calculei que sim, só não queria ver algum Leitor menos prevenido em erro quanto à autoria. Claro que a diluição na luz em certos períodos de ambos aproxima as respectivas pinturas. E sim, apesar de muito admirar Constable ainda me sinto mais próximo de Turner. Tenho um livro muito interessante, com reproduções de quadros menos célebres dele, só que as ilustrações são... a preto e branco. Neste Autor é pouco menos do que criminoso.
Beijinhos e abraços.
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