A Escolha do Campo

Como se fosse inteiramente desconhecida a fidelidade dos marginais aos que os comandam, o «CORREIO DA MANHû finge-se surpreso com o facto de as prostitutas a exercerem ilegalmente a actividade em França preferirem manter-se fiéis aos patrões, em vez de aproveitarem para delatá-los, ganhando assim, como recompensa, uma autorização especial de residência provisória. Que esperariam os inocentes legisladores? Mesmo descontando as especificidades da relação nesse meio, claro que, na maior parte dos casos, quem foi sobrevivendo num ramo, sem papelada, preferirá recomeçar a meter-se numa alternativa desconhecida, a fornecer por quem é por elas visto como frustrador do seu esforço diário e não como libertador. Mas a vaidade dos poderes constituídos não concebe que alguém os tenha em tão má conta. Como as pequenas deslealdades por que, fatalmente, têm de passar, para ascender, os obriga a pensar que em nenhum meio se pode encontrar um nexo mais forte do que o da obtenção das vantagens.