Do Riso e do Símbolo

Não tendo sido obtida nenhuma condenação dos paparazzi que muitos culpam de ter contribuído para a morte de Diana de Gales, veio a Cour de Cassation, tribunal superior francês, obrigar os três caçadores de imagens a pagar um euro, por violação de privacidade, na medida em que fotografaram os corpos dos acidentados dentro do carro fatal e publicitaram as fotos. Parece, evidentemente, importante tentar impor pela lei o que devia vir do berço: um mínimo de respeito pelo que ainda era, ou tinha acabado de ser, uma Pessoa. No caso de uma Princesa, ou no de qualquer outro. Considero essencial estender o mais possível a criminalidade das condutas intrusivas. O que não está conforme é o carácter meramente moral da sanção. Se fosse uma indemnização, acharia bem que se procurasse não lucrar com a infelicidade, optando-se pela exigência de um efectivo sacrifício aos infractores, podendo-se anunciar, à partida, que o dinheiro reverteria para uma qualquer instituição de caridade. Sendo, como foi, uma multa, o caso é mais grave. Porque, transformando a desaprovação numa mera reprimenda, consagrando o carácter simbólico da irrisória condenação, trai-se o papel da simbologia. A qual, no que toca à dignidade pública, é incompatível com o ridículo.