Nova Letra Escarlate
Quando, há uns anos, o juiz texano Ted Poe, hoje congressista, usou os amplos poderes inventivos dos juízes americanos em matéria de determinação de sanções, para estabelecer verdadeiras penas acessórias a condenados por fraudes e pequenos furtos, no sentido de terem, X dias por semana, de passar em frente às lojas e escritórios das suas vítimas, encontrando colocadas nas portas e montras a sua fotografia, com a descrição das malteitorias, justificava-se, como forma de protecção dos comerciantes e por ser altamente improvável, no Ocidente de hoje, que pequenas ratoneirices excitassem gerassem reacções desproporcionadas.
Já a decisão das autoridades do Estado do Mississipi de afixar pelas ruas as fotos dos agressores sexuais parece extremamente perigosa. As violações e a pedofilia - que disso se trata - são comportamentos de molde a propiciarem que actuações privadas venham a substituir-se às funções públicas, dada a facilidade que têm em excitar os ânimos. Receio que tenhamos de regresso a democracia total, no seu macabro pleno: o linchamento, sem sequer a capa dos tribunais de júri.
3 Comments:
At 9:28 PM, Anonymous said…
Apetece seguir o instinto neste tipo de crimes hodiondos mas efectivamente se temos que ser racionais é neste tipo de matérias. Todas as condenações sumárias (sem excepção) devem ser condenadas, bem como as violações dos direitos humanos cometidas em nome da religião, da democracia, da liberdade... se preferirmos optar por excepções, não tarda a excepção ficar a regra. Agora é que me vou mas volto para ler os teus sensatos e pertinentes comentários.
At 10:06 PM, Paulo Cunha Porto said…
Claro que apetece, Amiga Mocho. Mas é perigosíssimo deixar à irracionalidade colectiva a condenação e a execução. Por isso defendo o que repugna a muitos Amigos, a reinstauração da pena de morte para os crimes de homicídio qualificado, aqueles que mais nos repugnam. Se querem continuar a não o permitir, aceito, em nome de um extremo de Caridade Cristã. Mas não se tente descartar a responsabilidade, passando-a para as multidões que, escondendo-se no anonimato, tomando-lhe o gosto, como dizes, acabarão (in)justiçando culpados e inocentes a eito. E o mecanismo descrito no "post" parece-me perigosa inconsideração e incitamento. Por muito que ache - e acho - que eles merecem o pior.
At 11:03 AM, Paulo Cunha Porto said…
Babel, a todos nós. Concordo com quase tudo, salvo com o assumir do Papel de Deus. Deus dá a vida, não a tira. E se é bom que o ser humano a não retire a seres inocentes, no que toca aos culpados das piores acções penso termos o dever de, com a rapidez possível, levá-los à prestação de contas ao Criador.
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