Sem dúvida. No Caso desta «Memória» pensava que alguém poderia pegar no facto de se mirar num espelho, tal como a «Alegoria do Amor Profano», dois "posts" acima...
Já andei a pensar nesta escultura, rememorei ao vê-la. Mais propriamente em Junho (acabei de lá buscar)
Deixo, em tom de elo: "Ao olhar a escultura de Chester, relativa à memória, é do domínio do evidente que está nua, mirando-se num espelho... Por isso, atrevo-me a pensar que o autor vê a memória despojada de artifícios ou acessórios, na essência da corporalidade. E desconfio da ideia dele sobre a memória.
A memória está vestida, em cada um de nós, dos trajes que lhe colámos à pele, dos acessórios que vivemos ou inventámos, das lembranças que temos das coisas que vivemos (ou das coisas que pensamos que vivemos). O lençol sobre o qual se recosta pode ser o pano dos vividos ou d0s lembrados... e mira-se num espelho, virado para trás, que, de forma bizarra, altera as percepções do presente e as expectativas do futuro.
Julgo a memória estruturante da identidade. Por isso, até a poderia imaginar despida - mas por breves momentos, apenas num certo bater de «meia-noite», em que qualquer gata borralheira pode ser cinderela. Seria melhor Chester tê-la envolvida em véus, como penumbras, como leves peças de casulos ainda que, decisivamente, considere muito interessante que a tivesse posto a olhar-se ao espelho."
Tudo que dizeis subscrevo, Senhora, enveredand por essa via. Mas ainda procuraria uma alternativa para a significação da nudez: a vontade de fixar os traços e contornos que se sabe sujeitos a fatal degradação, recorrendo, para tanto à imagem espelhada. Se quiserdes, é o drama da ausência de uma máquina fotográfica... Vestes e ornamentos não sofrem, por fungíveis, a tragédia da decadência. Por isso... Beijo.
Aceito bem essa perspectiva da nudez como definição de contornos, potencialmente em risco. Embora estejam quase sempre nublados, isto é, em falta ao cinzel delimitado e delimitante. Vestes fungíveis? sorriso... como as lembranças.
Como as lembranças,em verdade. Mas não é a mente humana que decide pela substituição destas. Das faltas e das permanências delas se faz muita do nosso sentimento trágico. Beijo.
5 Comments:
At 7:16 PM, Paulo Cunha Porto said…
Sem dúvida.
No Caso desta «Memória» pensava que alguém poderia pegar no facto de se mirar num espelho, tal como a «Alegoria do Amor Profano», dois "posts" acima...
At 9:27 PM, Viajante said…
Já andei a pensar nesta escultura, rememorei ao vê-la. Mais propriamente em Junho (acabei de lá buscar)
Deixo, em tom de elo:
"Ao olhar a escultura de Chester, relativa à memória, é do domínio do evidente que está nua, mirando-se num espelho...
Por isso, atrevo-me a pensar que o autor vê a memória despojada de artifícios ou acessórios, na essência da corporalidade. E desconfio da ideia dele sobre a memória.
A memória está vestida, em cada um de nós, dos trajes que lhe colámos à pele, dos acessórios que vivemos ou inventámos, das lembranças que temos das coisas que vivemos (ou das coisas que pensamos que vivemos). O lençol sobre o qual se recosta pode ser o pano dos vividos ou d0s lembrados... e mira-se num espelho, virado para trás, que, de forma bizarra, altera as percepções do presente e as expectativas do futuro.
Julgo a memória estruturante da identidade. Por isso, até a poderia imaginar despida - mas por breves momentos, apenas num certo bater de «meia-noite», em que qualquer gata borralheira pode ser cinderela.
Seria melhor Chester tê-la envolvida em véus, como penumbras, como leves peças de casulos ainda que, decisivamente, considere muito interessante que a tivesse posto a olhar-se ao espelho."
E?
At 3:46 PM, Paulo Cunha Porto said…
Tudo que dizeis subscrevo, Senhora, enveredand por essa via. Mas ainda procuraria uma alternativa para a significação da nudez: a vontade de fixar os traços e contornos que se sabe sujeitos a fatal degradação, recorrendo, para tanto à imagem espelhada. Se quiserdes, é o drama da ausência de uma máquina fotográfica...
Vestes e ornamentos não sofrem, por fungíveis, a tragédia da decadência. Por isso...
Beijo.
At 4:58 PM, Viajante said…
Aceito bem essa perspectiva da nudez como definição de contornos, potencialmente em risco. Embora estejam quase sempre nublados, isto é, em falta ao cinzel delimitado e delimitante.
Vestes fungíveis? sorriso... como as lembranças.
Beijos.
At 8:12 AM, Paulo Cunha Porto said…
Como as lembranças,em verdade. Mas não é a mente humana que decide pela substituição destas. Das faltas e das permanências delas se faz muita do nosso sentimento trágico.
Beijo.
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