Lei Seca

Já disse aqui o que pensava da homossexualidade, o que,
resumindo, considero absoluta falta de gosto, mas com
que ninguém tem alguma coisa a ver, desde que não seja
imposta publicamente, como vão insistindo em fazer os
adeptos da "cultura" gay. Mas falava eu da homossexualidade
masculina. Sempre tive sentimentos muito mais acolhedores
para com o lesbianismo. Vejam só a generosidade e a inegável
complacência do misantropo: não cultivar a reprovação por
quem, pelo menos num ponto o rejeita, ou não prefere! É com
atitudes destas, esperemos, que se vê franqueadas as Portas do
Céu.
Esta minha benevolência não vai beber tanto ao pendor lúbrico
a que as casas de peep-show fazem apelo, com a oferta de shows
lesbianos (sic). É simplesmente motivada por uma tentativa de
coerência intelectual e moral: se eu gosto de Mulheres, não vejo
como possa censurar quem tenha a mesma opção, mesmo que
seja uma Delas.
Vem toda a viscosa prosa que antecede com o fito de dizer um
par de coisas sobre a história das miúdas que se beijaram no
recreio de uma escola de Gaia. E, sobretudo da histeria que
explodiu com acusações de homofobia. O que eu estranho é
que haja um estabelecimento de ensino que ainda vede as
osculações dos alunos. E que o faça, justificando-o com a douta
interpretação de que esses gestos podem constituir um
atentado ao respeito, o que não seria a linha de fundamentação
que, à partida, me ocorreria. Até porque suspeito que nas aulas
da inovadora disciplina de «Educação Sexual», e talvez noutras,
a preocupação em manter-se dentro dos limites traçados pelas
reivindicações do lobby rosa e da correcção política daí emergente
será muito mais chocante, para as mentalidades mais susceptíveis,
do que o que as Moças terão feito. Não fora a generalidade da
interdição e as repreendidas poderiam defender-se, dizendo que
estavam a treinar, para melhor agradar... aos rapazes!
Afinal, um beijo é algo bem inocente. Como acaba por o ser, noutro
sentido, no da ingénua proibição dele, qualquer que seja a
modalidade que abranja. Como o é menos, já se está a perceber, a
escolha do título deste post.