Leitura Matinal -172

A insatisfação espiritual com o que se tem, ou é, constitui
a maior fonte de liberdades, na medida em que as imagina
em cada reverso da vida estabelecida. E ignora que ser livre
exige um grau de estabilidade emocional que, não chegando
a atrofiar o pensamento crítico e a inteireza de sentimentos,
precisa de amarras ou fundações que o não deixem perder-se.
Consequência: a "liberdade" encontrada deixa cair a máscara
e, despojando-se do mavioso canto de sereia, reduz-se ao mais
opressivo mal estar. A vida tem destas surpresas, ao não ser
nas cores mais intensas, nem no inconformismo de fachada, que
encontramos facilmente a Liberdade com "L" grande. Por muito
que se repita o contrário, na tentativa de nos convencermos a
nós e aos outros, pobre lamento digno de dó.
Oiçamos Jim Morrison:

NORMA UNIVERSAL

Eu era prisioneiro da norma universal,
sentia-me perfeitamente.
Abria portas, libertava pessoas,
Corria-me tudo bem.

Foi então que apareceste
com uma mala e uma cantiga,
deste-me volta à cabeça.
E agora sinto-me só,
ando à procura de um lar,
a toda a parte onde vou.
Sou o homem da liberdade, sou o homem da liberdade.
Sou o homem da liberdade, tal foi a sorte que tive.