Cicuta no Século XXI
Sabe Deus - e também o Leitor porque lho disse
num post precedente - o que eu penso do
comportamento dos políticos que, pedindo sacrifício
nas reformas dos cidadãos comuns, sprintam para
a obtenção de pensões privilegiadas que acumulem com
os vencimentos de governantes. Mas, dito isto, não posso
deixar de exprimir a pena que me causou um episódio
de ontem, em que foi protagonista o Eng.º Sócrates:
O P.-M., perante uma plateia que se supunha amistosa,
anunciou a pia intenção de, daqui em diante, o governo
limitar as benesses excepcionais da classe política. A
assistência rompeu em aplausos.
Mas logo o Chefe de Governo lembrou, porque outra coisa
não poderia fazer, que essa estatuição valerá somente
para o futuro, em virtude da obrigação legal e geral de
respeito pelos direitos adquiridos. E então foi ver aquela
pavorosa multidão desatar a protestar, com ooooohs de
desilusão, e inventando o apupo em surdina ao pobre
orador que tentava explicar as razões de um respeito odiado.
Aquela gente queria sangue. Era composta pelo tipo de pessoas
que, minuto sim, minuto sim, reduzem a reflexão política ao
queixume, visando «aqueles ladrões que vão para o tacho
encher-se à nossa custa»; todos dispostos à revolta se lhes
tocassem num tostão que já auferissem, mas ardendo por que
sugassem as subvenções de quem lhes está acima; uma
actualização da plebe romana que implorava o polegar para
baixo. Enfim, um grupo de tal forma repulsivo que merece
bem os governantes que tem, ou não os tivesse eleito.
Note, Senhor Primeiro-Ministro, esses ouvintes eram mais
venenosos que o preparado que o seu homónimo bebeu, vai para
2400 anos.
num post precedente - o que eu penso do
comportamento dos políticos que, pedindo sacrifício
nas reformas dos cidadãos comuns, sprintam para
a obtenção de pensões privilegiadas que acumulem com
os vencimentos de governantes. Mas, dito isto, não posso
deixar de exprimir a pena que me causou um episódio
de ontem, em que foi protagonista o Eng.º Sócrates:
O P.-M., perante uma plateia que se supunha amistosa,
anunciou a pia intenção de, daqui em diante, o governo
limitar as benesses excepcionais da classe política. A
assistência rompeu em aplausos.
Mas logo o Chefe de Governo lembrou, porque outra coisa
não poderia fazer, que essa estatuição valerá somente
para o futuro, em virtude da obrigação legal e geral de
respeito pelos direitos adquiridos. E então foi ver aquela
pavorosa multidão desatar a protestar, com ooooohs de
desilusão, e inventando o apupo em surdina ao pobre
orador que tentava explicar as razões de um respeito odiado.
Aquela gente queria sangue. Era composta pelo tipo de pessoas
que, minuto sim, minuto sim, reduzem a reflexão política ao
queixume, visando «aqueles ladrões que vão para o tacho
encher-se à nossa custa»; todos dispostos à revolta se lhes
tocassem num tostão que já auferissem, mas ardendo por que
sugassem as subvenções de quem lhes está acima; uma
actualização da plebe romana que implorava o polegar para
baixo. Enfim, um grupo de tal forma repulsivo que merece
bem os governantes que tem, ou não os tivesse eleito.
Note, Senhor Primeiro-Ministro, esses ouvintes eram mais
venenosos que o preparado que o seu homónimo bebeu, vai para
2400 anos.
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