O Misantropo Enjaulado

O optimismo é uma preguiça do espírito. E. Herriot

Saturday, January 06, 2007

O Absurdo Tem Passado

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Passo os olhos pelos Diários de Ionesco e - depois de ver o Pan-Arabismo condenado, no que concordo, pois sei da História que as Nações são construídas e alargadas, paulatinamente, por Reis e Povos e, se deixadas a movimentos de intelectualidade transnacional, quais Pan-Germanismo e Pan-Eslavismo, acarretam sempre maus resultados -, leio as seguintes linhas, plenas de justiça,mas capazes de estragar o fim de semana aos meus Leitores anti-judaicos:
«De momento, Julho de 67, já não há quase guerra em Israel. Aqui e ali algumas escaramuças. Todo o mundo se preparava, alegremente, para chorar a matança de dois milhões e seiscentas mil pessos. As vítimas no se deixaram manejar. Os que queriam matar foram desarmados. Perante este facto, claro está, produziu-se um deslizamento da opinião dos que são chamados intelectuais a favor dos árabes, sobretudo desde que se pôde perceber até que ponto a Rússia anti-semita toma partido a favor dos árabes, quer dizer, a favor dos seus chefes. Alguns árabes quiseram não tomar parte no golpe de todos os árabes e parece, segundo me dizem os que chegam de Tunes, que os Tunesinos vivem no receio de ser atacados pelos argelinos.
(...)Sartre condena os israelitas por terem atacado primeiro. Diz que são eles os agressores.
(...)
Na realidade, ideologicamente e estrategicamente, os egípcios atacaram. Quando os coreanos do Norte atacaram, em 1950, a Coreia do Sul e os coreanos do Sul, com os americanos, não fizeram mais do que responder à agressão, os comunistas diziam que os coreanos do Norte tinham atacado primeiro, mas materialmente, tendo ideológica e estrategicamente sido os coreanos do Sul e os americanos a atacar. Aquele «ideologicamente» e aquele »estrategicamente» não é válido hoje para os israelitas nem para os egípcios: sem embargo, desde há meses os egípcios preparavam ideologicamente, estrategicamente, propagandisticamente, a guerra santa. Ademais, os seus exércitos dirigia-se para a fronteira israelita e instalavam-se nela. Torna-se difícil compreender. Com efeito, umas vezes é a ideologia que se declara objectiva, como no caso da Coreia do Norte, outras ela não é mais do que pura subjectividade, como no caso da recente guerra no Médio Oriente.
Nunca me pareceu tão estendida a confusão como hoje. Admite-se, contudo, geralmente, o direito à existência do Estado de Israel. Nem sempre. Entre os que pedem o aniquilamento deste Estado estão, em primeiro lugar, certos judeus. Representam o estado de ânimo e o desejo de muitos, claro está. Mas como se mataram tantos judeus, como se destruiu na Rússia toda uma cultura judia, os judeus não se atrevem já docemente a expressar e expressar-se a si mesmos um anti-semitismo que se esconde debaixo do nome de anti-sionismo. Mas os próprios judeus podem muito bem pedir para ser assassinados. É o que fazem alguns. Em nome do Comunismo, dizem, porque, segundo o tópico, Israel é o criado do Imperialismo
».
Como se vê, em quase quarenta anos nada se aprendeu. E descontando o comunismo, que já conheceu melhores dias, as mesmas pulsões estão lá, iguaizinhas. Até a oscilação entre considerar o País do Sr. Olmert ora Satanás, ora um Demónio menor, serventuário de outro, como também a participação de sectários ultra-ortodoxos do judaísmo nas iniciativas culturais do presidente iraniano...
A caricatura é de Jan Op de Beeck

2 Comments:

  • At 6:47 PM, Anonymous Anonymous said…

    Mas será o Pan-Arabismo comparavável aos seus congéneres eslavos e germânicos? Creio que não. Existe todo um fundamento religioso e ideológico comum ao mundo árabe, enquanto os outros se baseiam em pressuposto raciais. Aliás, este pan-arabismo chegou a ser exaltado por ocidentais como Lawrennce. Mas numa época em que ainda não existiam fundamentalismos...


    Hoje não temos uma referência ao Dia de Reis!?

     
  • At 7:45 PM, Blogger Paulo Cunha Porto said…

    Meu Caro Capitão-Mor:
    Sem prejuízo de o Pan-Elavismo se ter associado indissociavelmente à cosmovisão Ortodoxa e de o Pan-Germanismo subalternizar as partes Católicas do respectivo meioào comando da Prússia. O que eu quis censurar foi a construção de uma Ideia Nacional assente em prévios esquemas doutrinários, em vez de na paciente obra de reunião de regiões e consolidação de fronteiras em que as Coroas e os Súbditos se jogaram. Sempre que o poder mobilizador caiu nos salões ou no café deu bota.

     

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