O Rosto Humano

Não é motivo de espanto que os Presidentes dos Conselhos de Administração de grandes empresas tenham criado blogues para chegar aos clientes, porém é de estarrecer a desculpa que aventam para tal inovação: dar uma face mais humana à empresa! Não há muito tempo, Amy L. Baylor, cientista da Universidade da Florida, procurava disfarçar os computadores de forma a não os apresentar com uma aparência tão desumana; presentemente, as companhias de maior dimensão querem aproveitá-los para se darem uns pozinhos de humanidade. Mas é uma falsa questão, pois não creio que os blogues institucionais, embora assinados pelos dirigentes desses monstros económicos, possam transmitir a imagem de uma pessoa com os seus valores, porque afrontaria metade dos clientes potenciais, ou humores, pois, além de correr o risco de afastar a restante, contrariaria o ideal de imutabilidade que se associa ao vendedor.
A única humanidade que se pode encontrar nesta forma de relacionamento é a fraqueza consumista que se pretende vampirizar. E se as intenções aquisitivas forem vultuosas admito que, por uma vez o sorriso do administrador-chefe não seja de circunstância, mas de genuína satisfação, a migalha de humanidade que pode sugar ao público.
Afinal o bloguismo sempre está apto ao objectivo pretendido.