A Regra da Instabilidade
A decisão do Presidente da Autoridade Palestiniana convocar eleições antecipadas é uma competência prevista, análoga à que é atribuída aos Primeiros-Ministros do Reino Unido e do Canadá, não me parecendo, portanto, comparável à anulação de eleições, como sucedeu na Argélia, ou à batota de referendar sucessivamente até obter o resultado pretendido. O que é específico é as duas facções que as vão disputar entrarem na pré-campanha a matar-se uma à outra e a grande vantagem que o partido do presidente pode apresentar é de receber mais naturalmente os subsídios com que o estrangeiro alimenta a região e que suspendeu perante a governação adversa.
Por outro lado, no Irão, cantam-se hossanas ao eleitorado que elegeu reformistas, precisamente o mesmo que tinha escolhido radicais, no sufrágio anterior. Desenganem-se os que pensam ir testemunhar uma mudança de regime. Estamos perante uma transposição para o Mundo Islâmico da frustração e nova aposta com que, sucessivamente, se adormece os Povos do Ocidente. Só que as camadas populacionais mais politizadas ainda levam a coisa pública demasiado a sério, por não estarem tão rotinadas no egoísmo de se esgotarem na própria vida. A Democracia é má em todo o lado. Aqui, está mais em evidência o facto, e tudo.
Por outro lado, no Irão, cantam-se hossanas ao eleitorado que elegeu reformistas, precisamente o mesmo que tinha escolhido radicais, no sufrágio anterior. Desenganem-se os que pensam ir testemunhar uma mudança de regime. Estamos perante uma transposição para o Mundo Islâmico da frustração e nova aposta com que, sucessivamente, se adormece os Povos do Ocidente. Só que as camadas populacionais mais politizadas ainda levam a coisa pública demasiado a sério, por não estarem tão rotinadas no egoísmo de se esgotarem na própria vida. A Democracia é má em todo o lado. Aqui, está mais em evidência o facto, e tudo.
4 Comments:
At 12:01 PM, Maríita said…
Nestes países, o que me consegue surpreender sempre, é a fé inabalável de que as coisas vão mudar e ainda por cima, para melhor.
Às vezes acho que vivo à demasiado tempo na Europa, onde já está tudo decidido e pré-estabelecido e que situações como, a independência do Montenegro, são "anómalas" e lufadas de ar fresco no panorama político.
Beijinhos
At 3:51 PM, Jansenista said…
O Confrade Combustões diz tudo o que há a dizer: notável peça, já leu?
At 5:54 PM, Anonymous said…
Querido Paulo
Nem vou comentar, mas sim deixar-lhe
um beijinho
At 6:27 PM, Paulo Cunha Porto said…
Querida Maria:
No caso palestiniano é ainda mais patente o que digo, com as direcções partidárias a entenderem-se e os militantes de base a resistirem a esses acordos.
Mas permito-me puxar a brasa à minha sardinha: verdadeira lufada de ar fresco em países europeus só com uma restauraçãozita monárquica...
Meu Caro Jansenista:
Li só agora, ao chegar a casa. Excelente texto, com efeito, mas temo que um pouco optimista: receio bem que, no próximo ciclo eleitoral, o inenarrável indivíduo que o Miguel descreve esteja outra vez por cima...
Já agora, vendo-O entusiasmado pela Memória do Xá, podemos contá-Lo entre os novos aderentes ao Ideal Monárquico?
Querida Marta:
deixe-me adivinhar: a frase de que gostou mais foi a penúltima?
Pois dou-Lhe dois, em troca, lembrando que «o gesto é tudo» e os elementos do texto não passam de "words, words, words"...
Beijinhos e abraço.
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