Ritmos Sensíveis
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Que a indagação não é uniforme, já se sabe. Se por vezes oferece vias insuspeitadas para a abordagem que empreende, noutras, impondo a aridez do esgotamento racional, obsta a que nos deixemos embalar numa visão que, longe de se incompatibilizar com a inteligência que descobre, lhe oferece meios mais eficazes de premir as teclas da sensibilidade de quem escuta.
É a variante da vulgaridade que não tem de si o conceito exclusivista do pensar sistemático do filosofar. Mais ainda, é a capacidade de ignição de uma harmonia sobre a adormecida vontade de desfrutar e compartir, que raro se alcança pelo exaustivo questionar de outras áreas. É o factor de união mais digno do nome, na medida em que promove a comunicação versando um estímulo, sem necessitar do preconceito de que só o seu patamar de aproximação tem validade.
De Luís Filipe de Castro Mendes,
inspiradíssimo:
A MÚSICA DA POESIA
Que distingue, afinal, a poesia
da conversa banal do dia a dia?
«Conversa inteligente», no dizer
de Thomas Eliot, não parece ser.
Em muita coisa pára a poesia
que a inteligência logo desafia.
Poesia é lenta, mais que o entender
(«poiesis» não se esgota no fazer).
Como distinguir, pois, no intermédio,
tudo o que de nós fala sem remédio?
E que separa assim a «melopeia»
da música de fundo que se ateia
pelos aeroportos, na estação,
nesses supermercados todo o Verão,
nas compras em qualquer loja de aldeia,
nos esconsos desvãos de uma ideia
que nos serve de escusa e de perdão?
Que distingue afinal a poesia
senão tanto que a excede e contagia?
Reforçado por «Poesia», de L. Colette
e
«Artes», de Alain Gagnon.
Que a indagação não é uniforme, já se sabe. Se por vezes oferece vias insuspeitadas para a abordagem que empreende, noutras, impondo a aridez do esgotamento racional, obsta a que nos deixemos embalar numa visão que, longe de se incompatibilizar com a inteligência que descobre, lhe oferece meios mais eficazes de premir as teclas da sensibilidade de quem escuta.
É a variante da vulgaridade que não tem de si o conceito exclusivista do pensar sistemático do filosofar. Mais ainda, é a capacidade de ignição de uma harmonia sobre a adormecida vontade de desfrutar e compartir, que raro se alcança pelo exaustivo questionar de outras áreas. É o factor de união mais digno do nome, na medida em que promove a comunicação versando um estímulo, sem necessitar do preconceito de que só o seu patamar de aproximação tem validade.
De Luís Filipe de Castro Mendes,
inspiradíssimo:
A MÚSICA DA POESIA
Que distingue, afinal, a poesia
da conversa banal do dia a dia?
«Conversa inteligente», no dizer
de Thomas Eliot, não parece ser.
Em muita coisa pára a poesia
que a inteligência logo desafia.
Poesia é lenta, mais que o entender
(«poiesis» não se esgota no fazer).
Como distinguir, pois, no intermédio,
tudo o que de nós fala sem remédio?
E que separa assim a «melopeia»
da música de fundo que se ateia
pelos aeroportos, na estação,
nesses supermercados todo o Verão,
nas compras em qualquer loja de aldeia,
nos esconsos desvãos de uma ideia
que nos serve de escusa e de perdão?
Que distingue afinal a poesia
senão tanto que a excede e contagia?
Reforçado por «Poesia», de L. Colette
e
«Artes», de Alain Gagnon.
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